Friday, April 30, 2021
ХI International Biennial for Caricature "Masters of Caricature", Bulgaria 2021
MUNICIPALITY OF PLOVDIV
REGIONAL ETHNOGRAPHIC MUSEUM
LOVDIV
UNIVERSITY OF AGRIBUSINESS AND
RURAL
DEVELOPMENT – PLOVDIV
PLOVDIV CARTOONISTS
ASSOCIATION
ХI International Biennial for Caricature "Masters of Caricature", Plovdiv 2021
SUBJECT: THE MUSEUM
In Antiquity, the
Musaeum was the Temple of the Muses – patrons of the arts. Since the very
beginning of the creation of the museum, it became a center of the cultural and
social life of the community, a place where different scientific researches and
discoveries were presented. For more than two millennia, the museums have kept
the knowledge and traditions, the tangible and intangible treasures, they
educate and they are desirable destinations for cultural tourism…
The museums' purpose is to preserve the cultural and historical heritage and
successfully pass it forward.
They manage to
provide something for every taste – for some people, it is a source of
knowledge; for others, it is a place for reflection and entertainment or a
journey back in time. Over the years, they have become organizations that build
up their universal character and language intelligible to everyone – no matter
the sex, race, or religion. The museum is a specific communication tool for
people from different epochs removing the barriers between them, shortening the
distances, breaking and eradicating the stereotypes.
How do
caricaturists “see” the museum? Could this heritage treasury be “described” and
“characterized” with pencil, pen, or ink?
We are looking
forward to your answers.
Address for
submission:
Regional
Ethnographic Museum – Plovdiv
2 Dr. Stoyan
Chomakov str.
4000 Plovdiv
BULGARIA
ELIGIBILITY REQUIREMENTS:
1. The Biennial for Caricature
is open to professional and amateur caricaturists from all over the world.
2. Each participant should
send up at least one piece of work 210/297 (A4 format).
3. The caricatures may be
colourful or black-and-white.
4. Participants should send
their caricatures by July 31, 2021.
5. Caricatures, sent only via
email can be included in the exhibition but will not participate in the
competition and will not be awarded.
6. It is advisable that
together with their caricatures, participants also send a photograph or take-off
and CV.
7. An international jury will
nominate five caricaturists who will be conferred the title Master of
Caricature.
8. Awarded caricatures are not
sent back.
9. The rest of the caricatures
will be sent back if authors state that in written form.
10. The Catalogue of the
exhibition will be given free of charge to participants whose caricatures are
included in the Catalogue.
Time and venue: October
1st, 2021, at 18:00
In the Regional Ethnographic
Museum.
Submission deadline: July
31, 2021
The nominated works will be
kept in Works of Fine Art Stock of Regional Ethnographic Museum – Plovdiv
Phone:
++ 359 32 626339
E-mail: ethnograph@abv.bg
«Descomprimir pelo humor» por Osvaldo Macedo de Sousa in revista «Cais» nº 87 / Maio 2004
Ensinam-nos, desde o berço, que há idades para tudo: idade para aprender, brincar, ser irreverente… até que chega a idade do juízo, da seriedade, do trabalho. Dizem-nos, que quanto mais se avança na idade cronológica, mais domínio devemos ter no riso, no humor, no pensamento irreverente. Esquecem-se de nos ensinar que a luta pela sobrevivência não tem idades específicas e que todas elas são importantes e que é pela irreverencia que o mundo avança.
Se existe algum segredo para a
sobrevivência, nesta vida, ela está certamente no Humor, na capacidade de
auto-crítica, de nos rirmos das adversidades, de nós próprios. Quem possui esse
dom é sobrevivente nato, é um resistente pela liberdade e democracia., é,
fundamentalmente um Homem Sério.
A seriedade (como símbolo de
honestidade, como democraticidade) é algo que rareia na sociedade humana,
dominada poe economicismos, por advocacias de demagogia legislativas. Hoje em
dia, vivemos esse terrorismo do politicamente correcto, em que o riso, o humor
é estigmatizado como uma ameaça aos senhores da guerra e da paz. Vive-se hoje,
uma idade de turbulências, de irracionalidades.
Já houve a Idade da Pedro, a
Idade do Ferro, a Idade Média… agora andamos numa idade baixa, a Idade do Ódio,
Claro que, em toda a existência do Homem, já houve outros períodos de grande
ódios, crueldades, intolerância… (nem nisto há originalidade) e em todas, o
riso foi perseguido.
Hoje, em nome de economias de
mercado, vende-se a alma do humanismo e se há bons dividendos para o poder, o
fosso com as camadas sociais aumenta a depressão, a irracionalidade da revolta…
Todos vemos como esse poder tenta canalizar essa irreverencia, essa revolta
para campos ditos não perigosos, só que o controle já não está na mão dos
Senhores. Perante o terrorismo do Capital, germinou um terrorismo maior, de
intolerâncias e ódios. Se o primeiro destrói pela ganância, de mata pela fome e
pela desprotecção do Homem… o segundo mata pela cegueira. Desenvolvem-se então
as intolerâncias trabalhistas, religiosas, politicas, clubísticas…
Muito se fala do terrorismo
religioso, ou de oposição cultural Ocidente / Médio Oriente, mas não nos
podemos esquecer de todas as outras intolerâncias e terrorismos do nosso pacato
dia a dia, onde o clubismo tem grande peso nessa opressão.
São as hordas de vândalos de
intolerância que povoam estádios, que destroem e que, por vezes, até matam. O
desporto, criado para manter num corpo são, uma mente sã, está a degenerar em
mentes insanas, já que as pessoas vão para o desporto despejar toda a sua
violência e intolerância diária. Ao serem incapazes de dizer ao chefe o que
está errado (insulta o árbitro), de se revoltar contra as humilhações do dia a
dia (insulta os amigos de outros clubes), as horas intermináveis nos
transportes públicos, o pouco dinheiro que levam para casa e a incapacidade de
se sentirem realizados consigo próprios fá-los ir para os campos desportivos em
bandos, em matilha, em grupos onde se sentem senhores do mundo da ordem e da
desordem, se sentem com o poder de construir e destruir… O desporto (como
actuantes passivos) acaba por não ser uma distracção, antes um foco de stress,
um pólo dinamizador de ódios, sectarismos, de intolerância e raiva. O desporto
(do sedentarismo de sofá ou de bancada) acaba por realçar que o Homem nunca
deixou de ser um selvagem, uma figura onde a inteligência se desvanece, se
evapora facilmente. É o triunfo do trogloditismo.
O humor, aqui, é muito mal visto
(excepto o grotesco destrutivo dos adversários), A intolerância a uma anedota
engraçada, referente ao seu clube é total.. Aqui, a maior parte é incapaz de se
reconhecer ao espelho do grotesco das suas acções. Se não existem mais
processos cíveis contra cartoonistas, desencadeados pelos políticos, nos dias
de hoje, ainda há dirigentes desportivos a tentar silenciar o humor em
tribunal. A incapacidade de aceitar a crítica, uma sátira, uma ironia, um
humor, vai desde os mais altos dirigentes aos adeptos básicos. Um dia em que
estes senhores consigam rir-se, em conjunto, das suas atitudes grotescas, que
saibam olhar com olhos críticos os seus erros e os resolvam com com um sorriso
de compreensão, então o terrorismo terá os dias contados.
Neste mês do Europeu de Futebol,
a revista CAIS convidou-me (Humorgrafe) para coordenar uma iniciativa de humor
e de desporto CAIS é uma revista de tolerâncias, que procura fazer ver o mundo
com outro olhar, não o da caridade pela caridade, mas o da desconstrução de um
mundo sério, cheio de erros, voltado para a construção de um mundo alegre, com
mais humanismo, de um mundo onde o riso possa brilhar e vá desde a boca dos
desdentados, desprotegidos até á dos protegidos e bem na vida. Ainda não foi
desta que nos rimos dos próprios problemas dos sem-abrigo – uma atitude que só
será possível quando se aceitar uma real resolução para esses problemas.
Neste recolha de caricaturas de
atletas do euro, não vamos apenas glorificar os artistas dos estádios, os
ídolos que, momentaneamente, nos fazem
esquecer as agruras da vida. Não estão aqui representados todos os que
mereciam esta glória. A primeira selecção foi a dos jogadores dos países que se
apuraram para o Euro 2004; depois os jogadores desses países que se destacaram
no período de apuramento; finalmente, dessa lista, surgem os que os artistas
conseguiram fazer, ou já tinham feito.
Agradecemos a generosidade dos
artistas, todos eles profissionais e dos que, sendo estrangeiros, estão de
alguma forma ligados a Portugal.
Em relação a vós, leitores,
agradecemos o vosso sorriso diário. Que o «fair-play» não seja uma anedota, mas
uma forma de vida, no nosso quotidiano. Tenhamos a inteligência de desconstruir
as agruras do dia-a-dia, as depressões e de reconstruir, pelo humor, um
antídoto cheio de esperança. Que o desporto seja uma forma sã de viver a vida.
Tenhamos consciência que todos erramos e que se hoje perdemos um jogo, um
campeonato, amanha é outro dia, com um sorriso à nossa espera.
Thursday, April 29, 2021
«João Abel Manta, a irreverência Gráfica» por Osvaldo Macedo de Sousa in «Artes Plásticas» nº 16 Fevereiro de 1992
Se há arte de que Portugal se pode orgulhar neste século, é sem dúvida a das artes gráficas, já que quase todos os nossos mestres da pintura e até alguns da arquitectura, se debruçaram sobre este género, como sobrevivência, como experimentalismo… Inclusive, alguns deles apresentam-se como excelentes pintores quando não passaram de excelentes gráficos que souberam colorir a sua obra.
Um pintor e arquitectos da actualidade que se debruçou
magistralmente sobre as artes gráficas foi João Abel Manta. Apesar dele, muita
das vezes, menosprezar esta sua faceta, vincando-lhe a efemeridade para que
foram concebidas; a temporalidade que respeitaram como acontecimento histórico;
a tecnicidade que explorara como veiculo tipográfico que eram… somos obrigados
a não respeitar essa sua humildade ou teimosia; somos obrigados a esquecer os
seus desejos e redescobrir essa obra magistral que ele tanto deseja esquecer.
João Abel Manta (Lisboa 1928) é um artista plástico, filho de dois artistas plásticos (Maria Clementina Carneiro de Moura e Abel Manta). Como tal, desde criança que a sua vivência e educação estão embrenhadas da cultura e das artes. A vivência deu-lhe um espirito humanista, conhecendo desde muito cedo, ao vivo, as obras dos clássicos e dos contemporâneos, através das viagens pela Europa. Conhecendo desde muito cedo todos os problemas culturais do seu país, através de tertúlias do Chiado e de sua casa, onde seus pais eram reis.
Esse espírito humanista, levou-o não só a uma cultura ampla, eclética como liberal, colocando-se desde muito cedo ao lado da juventude irreverente que se opunha ao regime, que se opunha ao modernismo já academizado. Por isso, não será de estranhar que as suas primeiras obras fossem influenciadas por um certo surrealismo e neo-realismo, estilos que se entrecruzavam como vanguardas do momento. Participará na II Exposição Geral de Artes Plásticas da SNBA e as suas obras, como a dos outros, apreendidas pela polícia.
Paralelamente a esta educação paternal e vivencial humanista, João Abel Manta teve outro factor educacional que o influenciaria profundamente nas artes – o curso de Arquitectura. Fê-lo entre 1946 e 51 na ESBAL.
João Abel gosta muito de citar a seguinte frase de Saul Steinberg: «O estudo da arquitectura é um treino maravilhoso para tudo, menos para a arquitectura. A ideia assustadora de que aquilo que se desenha se pode transformar num edifício, faz com que a nossa maneira de desenhar se torne ponderada e racional». Dessa forma, os seus trabalhos gráfico e pictoral, foram também enriquecidos com essa ponderação e racionalidade.
A ponderação e racionalidade expressam-se através de um trabalho de minúcia, de pesquisa das melhores formas de atingir o objectivo estético. O humanismo expressa-se através da diversidade de estilos, optando-o, consoante o tema, o fim da obra. Essa riqueza de técnicas e estilos ficou logo expressa desde os seus primeiros trabalhos publicados, seja em periódicos, como edições bibliográficas, ilustrando nomes como Boccaccio, Dante, Cervantes, D. Francisco Manuel de Melo, Padre António Vieira, E. Waugh, Aquilino Ribeiro, Ferreira de castro, José Cardoso Pires… o desenho torna-se então como componente intrínseca da obra, desdobrando-se no mesmo estilo literário e estético.
O desenho, como alicerce da obra plástica, domina então toda a sua obra. E será esse poder mágico, que o consagrará com os primeiros prémios da carreira – Prémio de Desenho na II Exposição de artes Plásticas da Fundação Gulbenkian (1961); Medalha de Prata na Exposição Internacional de artes Gráficas de Leipzig (1965)… Esta sua preocupação de nunca ficar soterrado por um estilo, levou-o a desenvolver outros trabalhos gráficos que não eram vocacionados para a impressão, podendo assim desenvolver muitas das técnicas que o trabalho tipográfico não deixa explorar, por questões técnicas ou económicas do nosso país. Desses trabalhos criados na década de sessenta destacam-se as séries de «Shakespeare», dos «Missionários», «Piazza», «Santo Ofício»… plenos de magia, teatralidade, erotismo, opressão…
Apesar de não estar abertamente manifesto, há sempre por detrás da ideia destas obras, uma irreverência política, atacando a falsa moralidade da sociedade pelo erotismo, desmascarando os catequizadores das colónias, expondo mecanismos da tortura. É a actualidade disfarçada de história, pela ironia, pelo surrealismo e magia do pormenor perdido numa vasta cena.
É preciso não deixar de reparar no poder técnico das obras, na qualidade estética do miniaturista e do cenógrafo, originando uma «realização» impar das artes plásticas.
Dentro desta riqueza estética e técnica estão os trabalhos que mais tarde realizará (1981 a 85…) no «Jornal de Letras, Artes e Ideias». Este jornal, nos seus primeiros cinco números é totalmente desenhado por João Abel, em que as capas são pequenas obras-primas de grafismo numérico, plenas de ironia, em fotomontagens de símbolos da realidade e do onírico. O interior, até ao número dez, é uma lição de versatilidade e domínio das técnicas possíveis do retrato, da ilustração. Depois deste triunfo gráfico, a pintura tem dominado o seu espírito, sendo ciumento de qualquer outro género artístico.
Entretanto, pelo meio ficou uma experiência demais relevante para a arte portuguesa – o desenho de humor.
Desde muito cedo que a ilustração humorística surge na sua obra, publicando tanto no «Século Ilustrado», como no «Almanaque», «Eva», «Seara Nova», «Gazeta Musical e de todas as Artes». Já aqui optava por um estilo que se demarcava do que se fazia na época, porém seria a partir de 1969 («Diário de Lisboa» / «Mosca») que a sua contribuição neste género artístico iria revolucionar o meio.
O humor, a caricatura, com a longa ditadura, tinha-se esmorecido na sátira e fundamentalmente na estética. Vingava então o anedotário e um modernismo academizado num certo amadorismo gráfico. Abel manta impõe, não só um humor inteligente e actuante, como lhe restitui o seu papel de vanguarda, conjugando a fotomontagem com a ironia, a Pop-arte, Op ou infografia com a irreverência satírica. Jogando com o surrealismo e absurdo da vida política de então, ele cria um estilo incisivo e actuante, onde o censor se sentia desarmado e impotente. Uma das raras vezes que o censor descobriu, á posteriori, a armadilha que João Abel manta lhe tinha imposto, foi no «Nacional-Cancionetismo», uma charge ao Festival da Canção e da Bandeira-Nacional, que lhe trouxe um processo judicial (que acabaria por ganhar).
As suas vitimas, foram então os símbolos do regime, da história deturpada por esse regime, a vida parolamente enclausurada do português «orgulhosamente só» ou a política internacional. Com este trabalho, João Abel Manta reinventou a caricatura política em Portugal.
Com o 25 de Abril e a explosão de liberdade, o anti-fascista transformou-se no porta-bandeira da liberdade e da democracia, vivendo no «cartoon» as novas esperanças, desgraças, sonhos e pesadelos da luta revolucionária. Foi um sonho efémero, reunido num álbum, em 1975.
Perante o esmorecer das esperanças embriagadoras, perante a realidade dos brandos costumes portugueses, onde os patrões não mudam, apenas o seu traje, o cartoonista retira-se da liça, sem contudo se sentir derrotado. Do seu eremitério, em 1978, João Abel manta impõe um momento de reflexão – cria o manifesto da sua geração, em estilo humorístico. Era a «necessidade de relembrar que houve fascismo e em que consistia». Este álbum - «Caricaturas Portuguesas dos anos de Salazar» é um marco da história do humor, da história sócio-política da história da arte.
Abandonando o cartoonismo por quebra de necessidade interior de intervenção, a sua obra permanece como um mito do humorismo de uma «terceira geração» modernista, que não existiu, permanecendo como uma «ilha» que (ainda) não fez escola entre nós.
Estas ruturas com o humorismo, com as artes gráficas deixam um amargo de boca no amante das artes, visto nem termos o direito de encontrar a explosão estética nestas artes maiores. João Abel manta é a ausência mítica, ao mesmo tempo que é o símbolo vivo dessas artes. Se a arquitectura sempre existiu, de uma forma discreta, e mais internacional que nacional, fica-nos a curiosidade de um dia podermos descobrir a pintura que tanto o ocupa, mas ainda desconhecida do grande público.
Enquanto isso não acontece, poderá recordar o seu trabalho nas salas do Museu Bordallo pinheiro em Lisboa.
Livros de Arte / A Arte em Livro: «Portugal: O riso e a Raiva» por Osvaldo Macedo de Sousa in «Artes Plásticas» nº 17 Maio 1992
Riso ou sorriso de prazer, é ver que as editoras finalmente dão valor
à caricatura, editado livros de arte sobre a mesma. Pena é que os livreiros
ainda não tenham compreendido o que é caricatura / humor. Por essa razão é
normal ver os livros de humor, por serem de «bonecos», estarem nas prateleiras
dos livros juvenis, em vez das
prateleiras de arte. O mais curioso é o que se passa na Bertrand com o livro
«Caricatura Politica em Portugal», um livro sobre a historia da caricatura que
não se encontra na arte, mas nas
ciências políticas…
Voltando ao tema desta resenha critica, é com agrado que vejo a edição
de um livro sobre a caricatura do final do seculo XIX. Da autoria de A. Farinha
de Carvalho, «Portugal o Riso e a Raiva» (Prefaciado por António Valdemar) é
uma viagem pelos trabalhos de Leal da Câmara, Trindade Correia, Chico Lisboa e
J. silva nos jornais «A Marselheza» e «A Corja», dois periódicos fundados por
Leal da Câmara, os quais foram uma pedrada no charco monárquico e republicano,
ao levantar esta ultima ideologia como solução única para o país, ao impô-la
como solução em revolução armada. Estes
dois periódicos transformaram o desenho irónico complacente que dominava a
imprensa, em sátira panfletária.
O texto de Valdemar, como sempre, é precioso e cumpre a sua função de
prefácio. Pena é que Farinha de carvalho não tenha ido tão longe na sua análise
da época, do riso e da raiva. Deixou que os desenhos falassem por si só…
Se «glorifico» a editora e o autor por esta edição, o mesmo não posso
fazer em referência ao preço. A qualidade dos artistas (salvo Leal da Câmara) e
das obras não justificam tanto «luxo».
Uma edição mais simples, mais barata
seria o correcto, gastando-se esse precioso dinheiro na edição de outros
livros sobre caricatura, que bem falta fazem… até mete raiva.
«Portugal: O riso e a Raiva» é um livro interessante, com o senão do
preço.
Tuesday, April 27, 2021
IV International Competition of Satirical Drawing «DZHMELYK», Ukraine, 2021
IV International Competition of Satirical Drawing «DZHMELYK» Dolyna, Ukraine, 2021
The founder: Dolyna City Council.
Organizers: CI “Center of Culture and Arts” Department of Culture of
Dolyna City Council
“City House of Culture” of Dolyna, Ukraine Association of Cartoonist
1.The Competition can be attended by citizens of Ukraine, foreigners,
stateless persons. Participation in the Competition is free.
2.Competition is held in the following age categories:
Category I (from 7 to 11 years old)
Category II (12 to 17 years old)
Category III (17 years and older)
3.Theme of work: bumblebee, bee, wasp, bee products and others.
4.The winners of the Competition will be awarded with prizes and
monetary rewards. Prize fund of the Competition is 40 thousand hrn. The
organizer may assign additional prizes in any form or quantity determined by
him.
5.To participate in the Competition, the competitioner fills in the
Entry Form and sends the work.
The works are accepted in two variants on a choice:
original versions of the handwritten drawing or qualitative copies on a
dense paper at the address:
«Dzhmelyk»
CI “Center of Culture and Arts»,
Dolyna City House of Culture
6 Prospect Nezalezhnosti,
Dolyna, Ivano-Frankivsk
region,
77504, Ukraine
by e-mail: artdolyna@gmail.com
Necessarily! For an electronic version the title of the file has to be
next:
surname → space → country → space → work number
6.A competitioner can submit no more than 3 works, on a sheet of paper
from A4 to A3. For the electronic version: A4 format, RGB color concept, 300
dpi resolution, maximum file size up to 3 MB.
7.The deadline for submitting works is May 31, 2021.
8.Each work (original or copy) must be described in reverse way as
follows: surname, name and address of the author, year of birth, telephone or
electronic contact, optional work title. Also, with the drawings, the
participant's Entry Form MUST BE SENT in printed or electronic form (if the
work was sent by e-mail).
9.The submitted work must be authored. The participant accepting the
terms of this Regulation confirms that he is the author of the work he sent and
has the right to his unlimited copyright and related rights to use and dispose
of the work submitted.
10.Works submitted to the Competition that do not meet the conditions
set forth in this Regulation will not be included in the Competition. Also,
works that promote violence, religious and ethnic hatred are not allowed to the
Competition.
11.Submissions will be evaluated according to the following main
criteria:
- having a sense of humor;
- interesting plot;
- creative approach;
- technique of execution;
- conformity of works to the subject of the Competition.
12.The quantitative and personal composition of the jury is determined
by the organizer, approved by the mayor's decree. The jury selects works for
the exhibition and defines the winners of the Competition in three age
categories.
The jury's decision is final and can not be appealed.
13.The organizers of the contest provide catalog printing. Each
participant of the Competition, whose work is included in the number of
selected works of the winners, will receive a catalog of the Competition.
14.The winners of the Competition will be announced and awarded during
the Festival of Humor «Vesela Kopytcya» on July 7, 2021. The selected works
will be exhibited in The Dolyna Regional Museum of Tetyana and Omelan
Antonovych «Boykivschyna» (Dolyna, Chornovola St., 2a).
15.This Regulation is the only document that determines the conditions
of the Competition. Changes and additions to this Regulation are made in the
order of its adoption.
16.The organizers of the Competition reserve the right to use works in
conducting further exhibitions, to prepare and publish informational materials,
printed products (catalogs, calendars, booklets), publications on the
competition, etc. in the media and on the Internet. The organizers are obliged
to provide the corresponding reference to the author of the work in any public
reproduction of the works of the participant.
17. E-mail for help: centre_art@ukr.net
Tel.: +38 (050) 6405330 - Galyna Kurus, Director of the Organizing
Committee of the Competition.
CI «Center of Culture and Arts ,, Department of Culture of Dolyna City
Council, City House of Culture» of Dolyna,, Nezalezhnosti ave. 6, the city of
Dolyna, Ivano-Frankivsk region. 77504,
Ukraine
«Da Europália à Cartoonopália» (Entrevista a Jurg Sphar director do Museu Sammlung Karikaturen Cartoons de Basel) por Osvaldo Macedo de Sousa in «Artes Plásticas» nº 14 de Dezembro de 1991
/…/ A Sammlung Karikaturen & Cartoons de Basileia é uma das maiores colecções mundiais de desenho de humor, não só pela quantidade (2.200 originais de 600 artistas de 35 países), mas sobretudo pela qualidade dos artistas representados, como por exemplo Bosc, Bretecher, Al Capp, Dubout, Feiffer, Fellini, Folon, André François, Grosz, Gulbransson, Heine, Hoffnung, J.Carlos, Levine, McCay, Mingote, Searle, Steadman, Steinberg, Tetsu, Ungerer, Ziraldo…
Agora quis descobrir o mundo português, deslocando-se
ao nosso país onde gastou cerca de dois milhões de escudos, na aquisição de cinquenta trabalhos dos
cartoonistas António, José Bandeira, Carlos «Zíngaro», Augusto Cid, António
Maia, Pedro Metello, Pedro Palma, Rui Pimentel, Vitor Milheirão, Vasco e Zé
Manel, ficando ainda o desejo de completar a colecção com obras do Mestre João
Abel Manta. É um cartoonopália que será inaugurda a 16 de Maio de 1992 e ficará
patente ao público durante oito meses.
OMS – Agora quisemos descobrir este Museu Suiço, por
isso entrevistamos o seu director Jurg Sphar. O que pensa do humor gráfico em
Portugal?
Jurg Sphar – De
alta qualidade gráfico-estética e de humor. Estou muito satisfeito, pois o
Museu sai bem enriquecido.
OMS – Como e quando nasceu o Museu?
Jurg Sphar – Foi
em 1978, porém era já um velho sonho do Mr. Burckhardt.
O Mr.
Burckhardt era um homem de negócios que trabalhava no campo da química e quando
se reformou, começou a colecionar originais de caricatura e cartoon. Desde
sempre tinha sido um amante do humor, comprando álbuns, lendo os jornais, mas a
sua colecção só se iniciou em 1976. E tenho o prazer de lhe dizer que o
primeiro original comprado pelo Mr. Burckhardt, numa exposição de nove
humoristas de Basel, era meu.
Eu já o
conhecia de vista, no âmbito social, em casa de amigos comuns. Na exposição
conhecemo-nos melhor.
Passados dois
anos (1978), encontrei-o na «Feira da Ladra» e então ele convidou-me para ir a
sua casa, conversar sobre um projecto que tinha em ideia. Fui, e diante de um
copo de whisky começamos a desenvolver a sua ideia de aumentar a colecção, de
criar um Museu de Caricatura e cartoon do séc. XX, que fosse aberto ao público,
de forma a recordar aos visitantes que rir é próprio do Homem, mostrar que a
caricatura é uma autêntica obra de arte. Perguntou-me se a ideia era boa e se
eu aceitava ser o «curador» da colecção. Como caricaturista, isto era
maravilhoso e de imediato aceitei.
Os primeiros
trabalhos a serem selecionados, naturalmente foram os suiços. Desde aí temos
percorrido país por país a escolher trabalhos dos melhores artistas nacionais.
Eu servia de conselheiro artístico, e ele escolhia. Agora que ele morreu (em
Fevereiro), faço o trabalho sozinho, apesar de acompanhado pela viúva madame
Sophie Burckardt.
Desde logo a
selecção foi regida pela regra de humor não político, universal e se possível
sem palavras. Ficamos apenas pelo séc. XX, porque não queríamos senão
originais, o que é quase impossível encontrar em relação aos grandes mestres do
século XIX. Não quisemos humor político, porque o Homem esquece-se muito
rapidamente das figuras, das personagens, dos acontecimentos… o que nos
obrigava, para a exposição desses cartoons, de grandes textos explicativos de
quem eram as personagens, o que se passava historicamente… Pela mesma razão
imediatista do humor, preferimos cartoons sem texto, para ser mais
universalizante.
OMS – Quando faz a escolha o que valoriza?
Jurg Sphar – Primeiro
preocupo-me com a qualidade gráfico-estética, depois o humor e em terceiro a
universalidade da ideia. Mas, por exemplo, se a qualidade artística for
excepcional e o tema muito nacional, porque não adquiri-lo? O charme da nossa
colecção é o público compreender tanto um desenho japonês, como português,
Americano ou Russo.
OMS – Essa qualidade estética que vocês valorizam, é o
que tem imposto a caricatura como uma
das vanguardas contemporâneas da arte?
Jurg Sphar – É
verdade. Para mim, a arte contemporânea encontra-se mais nma caricatura do que
nos salões de Belas Artes. Os pintores poderão ser, eventualmente mais
avançados, lançados para o futuro, enquanto o espirito irreverente da sociedade
contemporânea, encontra-se mais na caricatura. Por exemplo, Steinberg é um
génio da arte contemporânea, da estética vanguardista, o Papa da caricatura do
séc. XX.
OMS – O humor é a caligrafia da arte contemporânea?
Jurg Sphar – Está
certo, mas eu não gosto muito de filosofar sobre a minha profissão (Jurg é
o cartoonista Jusp). O caricaturista
exerce um metier inovador, criativo e
comunicativo que vê repercussão do seu trabalho no público e o público vê-se
nesse trabalho. Muitos dos nossos caricaturistas são tecnicamente e
esteticamente superiores à maioria dos mestres das ditas artes maiores.
OMS – Voltando ao Museu. Ao especializar-se nos
mestres da caricatura deste século, este espaço é ideal para a investigação?
Jurg Sphar – Na
realidade temos uma biblioteca complementar, dirigida por Madame Sophie
Burckhart, onde se encontram livros de todo o mundo, sobre caricatura e humor
de todos os tempos e não apenas deste século. As intenções de Mr. Burckhardt
eram não só a colecção, a biblioteca assim como fazer um centro de estudos
sobre o fenómeno humorístico. Eu sempre fui ceptico a este objectivo, pois
conheço os meus colegas, a ideia continua viável, há estudantes e interessados
que consultam os livros, mas sem profundidade.
OMS – Por
exemplo, há uma história publicada sobre o humor suíço?
Jurg Sphar – Não.
OMS – Quem deveria fazer investigação, não eram os
caricaturistas apenas, mas sobretudo os historiadores, sociólogos, os
conservadores de museus…
Jurg Sphar – Tem
razão, mas por exemplo, já reparou que quem aprende a profissão de conservador
de múseu, de crítico de arte, de historiador não aprende praticamente nada
sobre a caricatura, portanto como podem eles saber da importância da cultura caricatural,
sociológica e estética?
OMS – Como é a frequência do Museu?
Jurg Sphar – Variada, com uma média de 100 pessoas por dia. Desde excursões de
escolas, turistas até aos habitantes de Basel, ou estudiosos do humor. Muitos
entram com o ar triste de todos os dias e saem todos sorridentes.
OMS – O público tem noção da excelência dos nomes da colecção?
Jurg Sphar - Claro que o que nos interessa são os grandes nomes, porém, creio que a maior parte do público prefere a qualidade humorística, sem se aperceber por vezes da assinatura. Outros procuram a colecção para observar os mestres, a qualidade estética.
OMS – Estão todas as obras expostas?
Jurg Sphar – Não,
porque temos um espaço pequeno, uma casa do séc. XVI, no centro histórico de
Basel (entretanto já se mudou para um espaço maior, na mesma rua). Fazemos exposições temáticas, de oito em
oito meses (já que o público, em média, não vai mais do que uma vez por ano ao
museu), rodando as obras e apresentando-as nas suas diferentes leituras:
nacional, temática, estilística… por exemplo a 16 de Março de 1992 inaugurará a
exposição temática “Portugal, Brasil”, o que será uma revelação para muita
gente, como já foi para nós.
Sunday, April 25, 2021
International "Caneva Ride" Award 2021, Italy
1 - Theme
Pro Castello di Caneva promotes the international award Caneva Ride! (Caneva Laughs!) for humoristic sketches and satirical costume about the theme "You Learn by Making Mistakes" (Sbagliando si impara) out of the frying pan into the fire.
2 - Participation
The award is open to all cartoonists of the world from 16 years old. Participants can apply individually or in groups (in case of several authors, the referent for all communications with the award’s promoters shall be indicated).
3 - Techniques
Up to three (3) unpublished works, realized by any technique, color or black and white, which haven’t been awarded in other prizes.
The maximum format shall be A4 (21x29.7 cm).
4 - Terms And Deadlines
The works must be received no later than midnight on July 17, 2021 at canevaridecontest@gmail.com in .jpg, .tiff or .pdf format at a resolution of 300 dpi, together with the registration form with personal data ( name, surname, full address, telephone number, in the case of minors, the name of a parent authorizing the participation).
The individual files must not exceed the weight of 5 MB.
For more works proceed with individual submissions.
5 - Jury
Giorgio SOMMACAL - Cartoonist President of the Jury
Pietro FRANCESCO - Manfè Pro Castello Caneva
Mario ZORZETTO - Heirs Toni Zampol
Vicenzo BOTTECCHIA - Cultural Comics Operator
Giancarlo RUPOLO - Photographer
6 - Awards
FIRST PRICE 600,00 euro
SECOND PRICE 250,00 euro
THIRD PRICE 150,00 euro
The premium is gross of withholding tax, according to the tax legislation in force in the relevant countries.
The Jury reserves the right to report further works, which will not receive cash prizes.During the exhibitions of the works there will be the possibility for visitors to indicate their favorite work.
The authors, participating in the competition, give the non-exclusive right to publish the works on any support for promotional purposes of the Pro Loco Castle without having anything to claim as copyright.
7 - Exhibition
Opening of the exhibition and prize giving will be held Saturday, 28/8/ 2021 at Villa Frova, Caneva.
Website: canevaride.blogspot.com
«Sam e o Pássaro» por Osvaldo Macedo de Sousa in «O Dia» de 23/6/1986
Era uma vez um artista a crescer e a andar. O artista tinha humor e arte, Andava pelo mundo, qual vagabundo, criando aqui e ali, no bosque do acaso. Tinha espírito e tinha sonhos.
«/…/ Certo dia, tinha o Outono principiado havia pouco, ouviu o artista,
bem perto de si, o canto novo de uma ave /…/ que cantava os sonhos que
aprendera nos seus voos de fora do mundo.
/…/ Esta história não teria fim. Não teria fim porque a eternidade está com
os pássaros e com os artistas que se amam. E não teria fim se esles, pássaro e
artista, fossem apenas seres da natureza que cremos conhecer. /…/ O artista que
caminhava atrás do seu destino era… um rei da ironia».
Era… uma vez um humorista que ganhou asas, como se
as asas não fossem o instrumento do humor, e fez-se pássaro em múltiplos
gestos, em «’transparência» ou «reflexos metalizados». O humorista é o Sam, o
«Barão do Humor» que mais parece esse rei romântico, o Fernando, rei e artista.
Os pássaros são os seus últimos sonhos, feitos arte, que levantam voo desde
Altamira.
Sam (Samuel Azavey Torres de Carvalho) é um
artista conhecido, mas talvez seus «filhos» Ricardo, Heloísa, Ulisses… o sejam
mais, pois nem sempre é fácil, aos pais, mantê-los sob «alçada». Para evitar
essas ingratidões, virou-se escultor, qual mago que petrifica para a eternidade
o seu espirito, mesmo que este apareça como absurdo, como marginalização do
quotidiano, em deformação por humor – cadeiras, funis, enxadas, torneiras…
Hoje, os seus sonhos cristalizados foram
identificados por uma criança como «piu-pius», e desde aí ele acreditou que os
sonhos também podem ser pássaros. Eu, depois de os ter visto, também acredito.
Para quem deseje apreciar, ou comprar esta arte
feita pássaros, recomendo que o faça até 17 de Julho de 1986 na Altamira – R.
Filipe Folque 48ª.
No fundo, os humoristas, com ou sem asas, são uns
poetas.