Friday, March 30, 2007
O Fim da Linha de Osvaldo Cavandoli
Desapareceu um dos magos do humor animado. A 3 de Março de 2007, morreu em Milão o genial cartoonista italiano Osvaldo Cavandoli (Maderno sul Garda 1/1/1920 – 3/3/2007), ou CAVA, como assinava suas obras.
Nos tempos em que a RTP deu espaço à divulgação da arte do desenho animado, que deu espaço a Vasco Granja para este divulgar esta genial arte, descobri uma linha que andava, que se revoltava, que gritava contra seu criador. Só muito depois descobri que quem a fazia era um tal Osvaldo Cavandoli. De tempos a tempos procurava reviver essa linha viva, até que descobri o seu óbito. Não queria deixar passar esse acontecimento sem partilhar com os meus amigos a sua arte, a única forma de se homenagear um artista.
http://www.tv5.org/TV5Site/la_linea/
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Wednesday, March 28, 2007
Smiling Europa
Para comemorar os 50 Anos dos Tratados de Roma, ou seja o nascimento da Comunidade Europeia, o Grupo Português do Parlamento Europeu, resolveu fazer um livro com cartoons sobre a Comunidade Europeia. Após um ano de trabalho, chegaram à conclusão que não tinham material suficiente. Contactaram-me e em 30 dias consigui quase duas centenas de trabalhos, ou seja após os cortes, mais de 60% do livro foi feito com material por mim conseguido. Não podiam pagar nada, mas pediram-me um texto, de 3 a 4 pa´ginas. Escrevi 3. Censuraram-me uma página inteira. O texto com alguns dos cortes esta a seguir. Estes foram os que eu exigi repor, senão não permitia a publicação, preferia não aparecer no livro. Alguns deixei, porque não me queria chatear. Mesmo assim, eles publicaram o tecto com todos os coretes indo contra a minha vontade. è este o pais onde vivemos
O livro não está à venda, é para ofertas. Certamente se fizerem contacto com o Parlamento Europeu em Lisboa, dar-lhes-ao um exemplar. Os que participam receberão em casa o seu livro.
Smiling Europa - A EUROPA E A SÁTIRA
Por: Osvaldo Macedo de Sousa
Diz a lenda que a “Europa” foi raptada, violada… mas não por nenhum sátiro ou sátira. Foi-o pelo senhor todo-poderoso, o Poder travestido em Touro, a imagem da força e da brutalidade viril. O poder sempre teve dificuldade em não se desviar dos caminhos da persuasão, e muitas vezes caiu na tentação de se impor pela via mais curta.
O exercício do poder pode ser encarado como um acto de gestão, de patronato, militar… mas, de todos, o que melhor lhe veste a pele é a política, a arte suprema de governo da polis. Utopicamente, tal poder deveria ser entregue aos mais sábios e competentes, uma actividade exercida democraticamente pelos “melhores” entre os melhores. Sabe-se que infelizmente isso não aconteceu e que, ao longo dos séculos, o enorme fascínio pelo poder convocou, à luta pela sua posse, mesmo quem não possuía as aptidões ideais.
Não sabemos quando surgiu a primeira gargalhada satírica no Homem, mas de certeza que foi perante o acto ridículo de algum mau chefe. No registo histórico temos testemunhos de que o seu nascimento é contemporâneo ao das primeiras civilizações, como nos hieróglifos satíricos que demonstram um pensamento irreverente na civilização do Antigo Egipto. No âmbito gráfico, de referir as cerâmicas gregas e etruscas… Assim, mal nasceu o político, surgiu o primeiro crítico, como contraponto.
Porque o governante necessita de ter os pés na terra…. As Comédias, as “Falofórias”, as festas Dionisíacas, as “Saturnais”, os “Carnavais"… são a expressão pública desse contrapoder, a consciência junto à frequente inconsciência do poder. Não sabemos qual o seu nome no Antigo Egipto, mas ele já lá andava na corte. O Rei Salomão tinha um Marcoulf para zelar pela sua saúde mental através do riso. O grande conquistador Tarmelão não prescindia da companhia de Khoja (também conhecido por Nasr-Es-Din ou Si-Djoha). Os Gregos transformaram-nos em mimos, personagens da dramaturgia… O Truão, o Bufão, o Bobo, são designações que perduraram na civilização da Europa Ocidental.
O Bobo ou o contra-político é o Sr. Sátira, o irreverente que serve de consciência ao Sr. Político através do riso, uma expressão de comunicação que é exclusiva do ser humano. O riso é a mais poderosa estrutura imunológica do corpo humano, um antibiótico de largo espectro poucas vezes devidamente explorado. Em breves palavras, ele é o mais potente exercício aeróbio, que exercita dezenas de músculos faciais, peitorais… promove o exercício cardiovascular, activa a oxigenação pulmonar e cerebral, faz despoletar uma série de endorfinas e outros químicos que desenvolvem o sistema imunológico e combatem o stress, a depressão, o pessimismo. O riso é uma arma poderosa, razão pela qual os senhores do poder sempre a temeram.
Se há um riso salutar, saudável… encontramos também o uso maléfico do cómico, transformado em chacota, grotesco. Para separar as águas, é comum dividir a comicidade como proveniente do baixo-ventre (escatológico, grosseiro, vingativo), do alto-ventre (com coração, inteligência, sentido filosófico). A fronteira entre eles é diáfana, razão pela qual a irreverência desliza por vezes para a má educação e esta ultima, em algumas circunstâncias, indevidamente defendida como irreverência.
O humor é a comicidade encarada como o riso democrático, filosófico e inteligente. O verdadeiro humor deve ser um ECO da sociedade (Elegante, Conveniente e Oportuno). Deve o humorista rir COM o seu objecto, não torná-lo numa vítima ao rir-se DELE. Mas este também deve ter a inteligência de aceitar a crítica, de saber rir-se com o humorista e, fundamentalmente, consigo próprio.
Dentro do Humor há várias formas de usar a irreverência cómica, ou seja, a visão anedótica, irónica ou satírica. Na sátira a crítica é directa, a irreverência mais acutilante, numa crítica que não se deixa subjugar à censura do politicamente correcto. Por essa razão, a sátira é o género que se identifica com a verdadeira crítica politico-humorística.
Há testemunhos de críticas políticas desde o Antigo Egipto, mas a sátira política, tal como a encaramos na contemporaneidade, nasceu na Europa, na Alemanha de 1500. A primeira guerra satírica terá sido a luta entre o Vaticano e a Reforma Luterana. O desenvolvimento da gravura, que não está desligado da revolução da tipografia, foi um forte aliado para a exploração desta arma de opinião e panfletária, propícia a uma época dominada pelo analfabetismo das massas. Foi um século de transição entre as pranchas noticiosas grotescas, para a imagética da crítica ideológica.
Com o século XVII, os italianos Anníbal e Augustin Carrache desenvolvem o jogo dos exageros (caricare) faciais, criando a arte da caricatura. A junção da sátira sócio-política à caricatura deu-se com o fim do absolutismo, com o desenvolvimento do indivíduo político.
A Revolução Francesa foi a segunda guerra da sátira política, em que tanto os franceses como os ingleses exploraram à exaustão esta arma panfletária. O liberalismo deu nova alma ao animal político, do qual, como contra-poder, nasceu uma nova profissão, a do caricaturista político, do sátiro político.
A Europa da idade contemporânea cresceu, amadureceu com o desenvolvimento da imprensa, com a sátira gráfica e, desde aí, toda a sua história está registada nas páginas dos jornais. Durante o séc. XIX houve uma sã confrontação entre políticos e jornalismo satírico. Este último esteve na vanguarda, não só do comentário político, como de uma parte da revolução tecnológica e, fundamentalmente, da ruptura do pensamento estético. Na viragem do século, o lado plástico quase se sobrepôs ao político, liderando o modernismo até à implantação do abstraccionismo numa filosofia de maior crítica social que política. Com a abstracção, o humor gráfico perdeu o seu papel de vanguarda, embora o tenha mantido na luta ideológica e, de certo modo, política.
Durante o séc. XX, a Europa exportou a sátira gráfico-política para outros continentes (para os EUA já o tinha feito durante o séc. XIX) e outras culturas. Durante este século a sátira teve momentos pungentes e gloriosos, e momentos de quebranto, subjugada por ditaduras ou pela passividade social. Lutou contra duas guerras mundiais, e contra uma miríade de guerras regionais, locais, individuais… Sobretudo, deixou o seu registo, uma crónica histórica. Viajar pelos desenhos satíricos ao longo dos anos é viver o dia a dia do riso de uma sociedade, de uma comunidade, com as suas preocupações, os seus temores e as suas vitórias.
Com o séc. XX, a sátira foi-se desvanecendo em ironia, já que os caricaturistas deixaram de ser editores dos seus próprios jornais. Ao assalariarem-se na grande imprensa, tiveram de se submeter às directivas das linhas editoriais, dos interesses próprios dos proprietários da comunicação social. O “Politicamente Correcto”, a forma mais discreta de controlo da mensagem, foi-se impondo como pensamento dominante. A sátira política transmutou-se em ilustração (por vezes) irreverente.
O humor, como crítica satírica ou crónica sorridente, nunca foi um acto de ruptura política. Nunca um governante foi derrubado por um humorista, mas muitos humoristas foram presos, torturados ou mortos por ordem de políticos, ditadores e déspotas dos inúmeros totalitarismos da História. A sátira não destrói, apenas desnuda, alerta, reclama e incomoda as más consciências. O desenhador satírico é o grilo falante da alegoria do Pinóquio, é a consciência que nos faz rir das nossas desgraças.
É um grito em gargalhada de esperança, uma mentira que contamos a nos próprios. É bom continuar a acreditar que podemos rir do poder, que podemos desmascarar com um sorriso as corrupções, as injustiças… Uma mentirita que só nos faz ser mais optimistas.
A Comunidade Europeia, como organização vital na estrutura politica da Europa, é naturalmente alvo dos desenhos satíricos de todos os países europeus, e até de outros continentes. Poder-se-ia inclusivamente fazer a sua génese, evolução e história através dos comentários dos diferentes cartoonistas, um trabalho meticuloso e longo que poderia ser interessante. Contudo não foi esse o objectivo desta iniciativa do Gabinete em Portugal do Parlamento Europeu. Não foi uma investigação exaustiva, antes um convite aos cartoonistas europeus - e de países terceiros - para enviarem trabalhos seus sobre a União Europeia. É apenas uma meditação, uma introspecção, uma paragem momentânea para reflectir como é que a sociedade vê esta Organização, na altura em que ela comemora os 50 Anos dos seus Tratados fundadores. É um convite para nos rirmos todos, em harmonia irreverente, uns COM os outros (os 27), e meditar sobre o futuro com optimismo crítico.
Nesta colectânea há hiatos, mas também há muita informação. Podemos sentir o que mais preocupa os Europeus, saber como vêem esse poder central, longínquo, mas que influencia as suas vidas. Talvez o factor dominante seja a União Europeia vista como um senhor poderoso cheio de dinheiro que os pode favorecer com um bom quinhão. Também alguma desilusão, porque ela não é a galinha de ovos de ouro, mas uma aliança político-económica entre países. Outra das críticas é precisamente a desunião de facto desse conjunto de países, aparentemente unidos.
Este álbum é um simples pulsar de pensamentos diferenciados de Europeus, mas os políticos podem daqui tirar conclusões. Eu desafiaria mesmo os parlamentos de todos os Estados-membros a estabelecerem um arquivo dos desenhos satíricos publicados no seu país, e convidaria o Parlamento Europeu a gerar e gerir um arquivo com os desenhos satíricos publicados na Europa.
Estou convencido de que o sorriso nos lábios é um bom bálsamo para o "stress", e uma injecção de endorfinas para uma democracia mais participativa.
P.S. – Estupidamente, este texto foi censurado pela comissão organizadora, porque há partes que podem “incomodar” os políticos. Ser Funcionário Público, dependente de Políticos, traz muito stress, e muitos medos.
Para compreenderem a estupidez, coloquei a vermelho as partes censuradas. Os cortes foram maiores, mas depois de negociar, consegui reintroduzir estas partes, deixando de fora mais meia página de texto que acham que eram importantes, mas não fundamentais na linha de raciocínio do texto. Alguém consegue compreender o porquê destes cortes? O que mais me incomoda é a falta de ética. Uma pessoa trabalha de graça para estes tipos, e eles ainda nos usam como querem.
Diz a lenda que a “Europa” foi raptada, violada… mas não por nenhum sátiro ou sátira. Foi-o pelo senhor todo-poderoso, o Poder travestido em Touro, a imagem da força e da brutalidade viril. O poder sempre teve dificuldade em não se desviar dos caminhos da persuasão, e muitas vezes caiu na tentação de se impor pela via mais curta.
O exercício do poder pode ser encarado como um acto de gestão, de patronato, militar… mas, de todos, o que melhor lhe veste a pele é a política, a arte suprema de governo da polis. Utopicamente, tal poder deveria ser entregue aos mais sábios e competentes, uma actividade exercida democraticamente pelos “melhores” entre os melhores. Sabe-se que infelizmente isso não aconteceu e que, ao longo dos séculos, o enorme fascínio pelo poder convocou, à luta pela sua posse, mesmo quem não possuía as aptidões ideais.
Não sabemos quando surgiu a primeira gargalhada satírica no Homem, mas de certeza que foi perante o acto ridículo de algum mau chefe. No registo histórico temos testemunhos de que o seu nascimento é contemporâneo ao das primeiras civilizações, como nos hieróglifos satíricos que demonstram um pensamento irreverente na civilização do Antigo Egipto. No âmbito gráfico, de referir as cerâmicas gregas e etruscas… Assim, mal nasceu o político, surgiu o primeiro crítico, como contraponto.
Porque o governante necessita de ter os pés na terra…. As Comédias, as “Falofórias”, as festas Dionisíacas, as “Saturnais”, os “Carnavais"… são a expressão pública desse contrapoder, a consciência junto à frequente inconsciência do poder. Não sabemos qual o seu nome no Antigo Egipto, mas ele já lá andava na corte. O Rei Salomão tinha um Marcoulf para zelar pela sua saúde mental através do riso. O grande conquistador Tarmelão não prescindia da companhia de Khoja (também conhecido por Nasr-Es-Din ou Si-Djoha). Os Gregos transformaram-nos em mimos, personagens da dramaturgia… O Truão, o Bufão, o Bobo, são designações que perduraram na civilização da Europa Ocidental.
O Bobo ou o contra-político é o Sr. Sátira, o irreverente que serve de consciência ao Sr. Político através do riso, uma expressão de comunicação que é exclusiva do ser humano. O riso é a mais poderosa estrutura imunológica do corpo humano, um antibiótico de largo espectro poucas vezes devidamente explorado. Em breves palavras, ele é o mais potente exercício aeróbio, que exercita dezenas de músculos faciais, peitorais… promove o exercício cardiovascular, activa a oxigenação pulmonar e cerebral, faz despoletar uma série de endorfinas e outros químicos que desenvolvem o sistema imunológico e combatem o stress, a depressão, o pessimismo. O riso é uma arma poderosa, razão pela qual os senhores do poder sempre a temeram.
Se há um riso salutar, saudável… encontramos também o uso maléfico do cómico, transformado em chacota, grotesco. Para separar as águas, é comum dividir a comicidade como proveniente do baixo-ventre (escatológico, grosseiro, vingativo), do alto-ventre (com coração, inteligência, sentido filosófico). A fronteira entre eles é diáfana, razão pela qual a irreverência desliza por vezes para a má educação e esta ultima, em algumas circunstâncias, indevidamente defendida como irreverência.
O humor é a comicidade encarada como o riso democrático, filosófico e inteligente. O verdadeiro humor deve ser um ECO da sociedade (Elegante, Conveniente e Oportuno). Deve o humorista rir COM o seu objecto, não torná-lo numa vítima ao rir-se DELE. Mas este também deve ter a inteligência de aceitar a crítica, de saber rir-se com o humorista e, fundamentalmente, consigo próprio.
Dentro do Humor há várias formas de usar a irreverência cómica, ou seja, a visão anedótica, irónica ou satírica. Na sátira a crítica é directa, a irreverência mais acutilante, numa crítica que não se deixa subjugar à censura do politicamente correcto. Por essa razão, a sátira é o género que se identifica com a verdadeira crítica politico-humorística.
Há testemunhos de críticas políticas desde o Antigo Egipto, mas a sátira política, tal como a encaramos na contemporaneidade, nasceu na Europa, na Alemanha de 1500. A primeira guerra satírica terá sido a luta entre o Vaticano e a Reforma Luterana. O desenvolvimento da gravura, que não está desligado da revolução da tipografia, foi um forte aliado para a exploração desta arma de opinião e panfletária, propícia a uma época dominada pelo analfabetismo das massas. Foi um século de transição entre as pranchas noticiosas grotescas, para a imagética da crítica ideológica.
Com o século XVII, os italianos Anníbal e Augustin Carrache desenvolvem o jogo dos exageros (caricare) faciais, criando a arte da caricatura. A junção da sátira sócio-política à caricatura deu-se com o fim do absolutismo, com o desenvolvimento do indivíduo político.
A Revolução Francesa foi a segunda guerra da sátira política, em que tanto os franceses como os ingleses exploraram à exaustão esta arma panfletária. O liberalismo deu nova alma ao animal político, do qual, como contra-poder, nasceu uma nova profissão, a do caricaturista político, do sátiro político.
A Europa da idade contemporânea cresceu, amadureceu com o desenvolvimento da imprensa, com a sátira gráfica e, desde aí, toda a sua história está registada nas páginas dos jornais. Durante o séc. XIX houve uma sã confrontação entre políticos e jornalismo satírico. Este último esteve na vanguarda, não só do comentário político, como de uma parte da revolução tecnológica e, fundamentalmente, da ruptura do pensamento estético. Na viragem do século, o lado plástico quase se sobrepôs ao político, liderando o modernismo até à implantação do abstraccionismo numa filosofia de maior crítica social que política. Com a abstracção, o humor gráfico perdeu o seu papel de vanguarda, embora o tenha mantido na luta ideológica e, de certo modo, política.
Durante o séc. XX, a Europa exportou a sátira gráfico-política para outros continentes (para os EUA já o tinha feito durante o séc. XIX) e outras culturas. Durante este século a sátira teve momentos pungentes e gloriosos, e momentos de quebranto, subjugada por ditaduras ou pela passividade social. Lutou contra duas guerras mundiais, e contra uma miríade de guerras regionais, locais, individuais… Sobretudo, deixou o seu registo, uma crónica histórica. Viajar pelos desenhos satíricos ao longo dos anos é viver o dia a dia do riso de uma sociedade, de uma comunidade, com as suas preocupações, os seus temores e as suas vitórias.
Com o séc. XX, a sátira foi-se desvanecendo em ironia, já que os caricaturistas deixaram de ser editores dos seus próprios jornais. Ao assalariarem-se na grande imprensa, tiveram de se submeter às directivas das linhas editoriais, dos interesses próprios dos proprietários da comunicação social. O “Politicamente Correcto”, a forma mais discreta de controlo da mensagem, foi-se impondo como pensamento dominante. A sátira política transmutou-se em ilustração (por vezes) irreverente.
O humor, como crítica satírica ou crónica sorridente, nunca foi um acto de ruptura política. Nunca um governante foi derrubado por um humorista, mas muitos humoristas foram presos, torturados ou mortos por ordem de políticos, ditadores e déspotas dos inúmeros totalitarismos da História. A sátira não destrói, apenas desnuda, alerta, reclama e incomoda as más consciências. O desenhador satírico é o grilo falante da alegoria do Pinóquio, é a consciência que nos faz rir das nossas desgraças.
É um grito em gargalhada de esperança, uma mentira que contamos a nos próprios. É bom continuar a acreditar que podemos rir do poder, que podemos desmascarar com um sorriso as corrupções, as injustiças… Uma mentirita que só nos faz ser mais optimistas.
A Comunidade Europeia, como organização vital na estrutura politica da Europa, é naturalmente alvo dos desenhos satíricos de todos os países europeus, e até de outros continentes. Poder-se-ia inclusivamente fazer a sua génese, evolução e história através dos comentários dos diferentes cartoonistas, um trabalho meticuloso e longo que poderia ser interessante. Contudo não foi esse o objectivo desta iniciativa do Gabinete em Portugal do Parlamento Europeu. Não foi uma investigação exaustiva, antes um convite aos cartoonistas europeus - e de países terceiros - para enviarem trabalhos seus sobre a União Europeia. É apenas uma meditação, uma introspecção, uma paragem momentânea para reflectir como é que a sociedade vê esta Organização, na altura em que ela comemora os 50 Anos dos seus Tratados fundadores. É um convite para nos rirmos todos, em harmonia irreverente, uns COM os outros (os 27), e meditar sobre o futuro com optimismo crítico.
Nesta colectânea há hiatos, mas também há muita informação. Podemos sentir o que mais preocupa os Europeus, saber como vêem esse poder central, longínquo, mas que influencia as suas vidas. Talvez o factor dominante seja a União Europeia vista como um senhor poderoso cheio de dinheiro que os pode favorecer com um bom quinhão. Também alguma desilusão, porque ela não é a galinha de ovos de ouro, mas uma aliança político-económica entre países. Outra das críticas é precisamente a desunião de facto desse conjunto de países, aparentemente unidos.
Este álbum é um simples pulsar de pensamentos diferenciados de Europeus, mas os políticos podem daqui tirar conclusões. Eu desafiaria mesmo os parlamentos de todos os Estados-membros a estabelecerem um arquivo dos desenhos satíricos publicados no seu país, e convidaria o Parlamento Europeu a gerar e gerir um arquivo com os desenhos satíricos publicados na Europa.
Estou convencido de que o sorriso nos lábios é um bom bálsamo para o "stress", e uma injecção de endorfinas para uma democracia mais participativa.
P.S. – Estupidamente, este texto foi censurado pela comissão organizadora, porque há partes que podem “incomodar” os políticos. Ser Funcionário Público, dependente de Políticos, traz muito stress, e muitos medos.
Para compreenderem a estupidez, coloquei a vermelho as partes censuradas. Os cortes foram maiores, mas depois de negociar, consegui reintroduzir estas partes, deixando de fora mais meia página de texto que acham que eram importantes, mas não fundamentais na linha de raciocínio do texto. Alguém consegue compreender o porquê destes cortes? O que mais me incomoda é a falta de ética. Uma pessoa trabalha de graça para estes tipos, e eles ainda nos usam como querem.
Tuesday, March 27, 2007
Homenaje a Roberto Fontanarrosa, el gran maestro del humor argentino e mundial
Fontanarrosa por Sabat
Mensaje de la Comisión Organizadora
Queridos amigos: Como todos saben, el Homenaje al Negro Fontanarrosa "Fontanarrosa con F de Fútbol", había sido proyectado para realizarlo "in situ" en la propia ciudad de Rosario, terruño natal y laboral del maestro.
Casi 200 dibujantes de Argentina y del Mundo se hicieron presentes en esta convocatoria llevada a cabo por el Museo de la Caricatura Severo Vaccaro durante el 2006, junto con el Museo Itinerante, y con la difusión a nivel mundial de la Fundación General de la Universidad de Alcalá (España), la Asociación Cultural Humoralia (Cataluña, España), y el Museo del Fumetto Franco Fossati (Italia). También se sumó la Asociación de Dibujantes de Rosario, y el Museo del Dibujo "Oscar Blotta".
Las circunstancias hicieron que el homenaje se vaya postergando, y que ahora sea reformulado en su expresión.
Queridos amigos: Como todos saben, el Homenaje al Negro Fontanarrosa "Fontanarrosa con F de Fútbol", había sido proyectado para realizarlo "in situ" en la propia ciudad de Rosario, terruño natal y laboral del maestro.
Casi 200 dibujantes de Argentina y del Mundo se hicieron presentes en esta convocatoria llevada a cabo por el Museo de la Caricatura Severo Vaccaro durante el 2006, junto con el Museo Itinerante, y con la difusión a nivel mundial de la Fundación General de la Universidad de Alcalá (España), la Asociación Cultural Humoralia (Cataluña, España), y el Museo del Fumetto Franco Fossati (Italia). También se sumó la Asociación de Dibujantes de Rosario, y el Museo del Dibujo "Oscar Blotta".
Las circunstancias hicieron que el homenaje se vaya postergando, y que ahora sea reformulado en su expresión.
Así es que hoy, les presentamos el blog "Fontanarrosa con F de Fútbol": http://homenajealnegro.blogspot.com/ ,
en donde se irán publicando periódicamente, TODOS los trabajos recibidos hasta la fecha. La aparición de los mismos será por la orden de llegada en la casilla de mail que abrimos para tal fin. Casi con seguridad, El Negro los disfrutará desde su estudio. Lamentamos que las circunstancias nos obliguen a actuar de esta manera, pero creemos que es la mejor opción tanto para El Negro como para todos los que participan del homenaje. No resta más que decir: "Para vos, Negro querido, todo nuestro cariño".
Un saludo afectuoso,
Comisión Organizadora MUSEO DE LA CARICATURA SEVERO VACCARO
Lima 1037 - Buenos Aires - Argentina
Página Oficial: http://espanol.groups.yahoo.com/group/museo_caricatura_noticias/
Monday, March 26, 2007
A Caricatura e o “Livro de Curso”
A tradição de fechar o ciclo académico com a edição de um livro, onde se guarda a memória dos colegas de curso, nasceu em Coimbra. Nos finais do séc. XIX, a fotografia fazia furor como uma arte pioneira do retrato, o que levou a alguns irreverentes estudantes de Coimbra a aproveitarem essa inovação e registaram para a posteridade o grupo que compunha a sua classe.
No início do séc. XXI, com a reforma do ensino, a que se foi dado o nome do “Enterro do Grau” (deixou de haver o grau de Bacharéis), os humoristas foram chamados para animar as hostes com desenhos, edição de um livro e poemas humorísticos, postais. Dai surgiu a ideia de em vez de usar as fotografias (caras na altura), usarem uma arte mais irreverente, e mais em consonância com o espírito estudantil, a caricatura. Assim surge em 1904 um dos primeiros álbuns de Curso. Aos poucos esse gosto foi-se desenvolvendo e na década de 20 já todos os Cursos em Coimbra editavam o seu Livro de Curso. Lisboa e o Porto em breve seguiriam esta tradição, e depois do 25 de Abril essa arte ainda teve uma divulgação ainda maior.
Através dos livros de Curso, se pode ver a obra dos grandes mestres da caricatura, desde o João Amaral, passando pelo Correia Dias, Christiano Cruz, José Valério, Amarelhe, Zamith, Teixeira Cabral, Hélder, Santana, Tossam, pedro Homero, Baltazar, Francisco Zambujal… Zé Oliveira…
Hoje a caricatura de rua desenvolveu-se como uma atracão turística, mas infelizmente a maioria dos artistas que por ai andam são de péssima qualidade, e temos de lutar por uma memórua digna de registo num Livro de Curso. Heis alguns dos exemplo da boa caricatura, a caricatura repentista dos Livros de Curso desenhadas por Zé Oliveira (o-oliveiradaserra@sapo.pt ), um veterano destas andanças.
Através dos livros de Curso, se pode ver a obra dos grandes mestres da caricatura, desde o João Amaral, passando pelo Correia Dias, Christiano Cruz, José Valério, Amarelhe, Zamith, Teixeira Cabral, Hélder, Santana, Tossam, pedro Homero, Baltazar, Francisco Zambujal… Zé Oliveira…
Hoje a caricatura de rua desenvolveu-se como uma atracão turística, mas infelizmente a maioria dos artistas que por ai andam são de péssima qualidade, e temos de lutar por uma memórua digna de registo num Livro de Curso. Heis alguns dos exemplo da boa caricatura, a caricatura repentista dos Livros de Curso desenhadas por Zé Oliveira (o-oliveiradaserra@sapo.pt ), um veterano destas andanças.