Sunday, February 10, 2013
Work-shop - "Lisboa-Safari": animais em diário gráficopor Richard Câmara
Estão oficialmente
abertas as inscrições para o meu próximo workshop intensivo de diários
gráficos intitulado "Lisboa-Safari" a decorrer no
fim de semana de 9 e 10 de Março de 2013, das 10h às 13h e das 14h30 às
17h30 em ambos dias. Desta vez iremos desenhar os vários animais que podemos
encontrar pela cidade, passando pelo recinto do Museu da Cidade, os jardins da
Fundação Calouste Gulbenkian, a Quinta Pedagógica dos Olivais e como não
poderia deixar de ser, o Jardim Zoológico de Lisboa. E a inscrição neste
workshop já inclui um bilhete gratuito no Zoo de Lisboa!
Para os interessados:
- Qualquer
pessoa pode pedir o envio do programa através do gda@montepio.pt
- As
inscrições são aceites por ordem de chegada e limitadas às vagas
disponíveis e só
são válidas após o pagamento/pessoa de 30€ para Associados ou 40€ para
não Associados do Montepio.
- Para se inscrever deverá fazer a respectiva transferência bancária para a conta do Montepio com o NIB 0036 0216 99100097452 89, enviando a referência por email do seu pagamento ao gda@montepio.pt com o seu nome completo, data de nascimento, NIF, contacto telefónico e número de Associado (caso o tenha).
Atenção: A participação
no workshop está limitada às vagas disponíveis e o período de inscrição acaba
na quinta-feira 7 de Março de 2013.
UMA MANHÃ CLARAMENTE PORTUGUESA por Daniel Abrunheira
Leiria, 9/II/2013, sábado
Sim, é uma manhã claramente portuguesa.
A luz é toda. Dos lados da Taberna lagoa (fundada em 1930), o Rio faz bem só de
ser olhado. As aves regurgitam saúde no azul muito branco. De manhã, amandei-me
uma posta de bacalhau desfiado, alhado e azeitado em punheta. À tarde, há União
de Leiria-Marrazes no estádio. Um homem lê A Bolamurmurando labiações
soletrantes. Passa de BMW o Rodrigues da farmácia com a amante. No Lagoa, um
solitário de botas de cavador trincha um belo pedaço de orelheira amaila uma
meia litrada de roxo. Três rapazes do chá-mon enrolam mortalhas de papel-bíblia
com tabaco-de-onça marca Águia. A Noémia da confeitaria coça uma mama
distraída enquanto se prognostica a irremediabilidade do amor contrariado que
há tantos anos nutre pelo Pascoal dos plásticos, que nunca s’há-de separar da
mulher, aquela bisca, aquela manilha, aquela sota. Cato pão esmifrado na relva
dos pardais: tinha, como eu, o pão, envelhecido em casa. Ando à luz – e dou por
mim sem pensar nos meus amados mortos há mais de meia hora: um recorde
olímpico. Sou o de blusão verde-ranho pela beira-Lis. Sou o contabilista de
instantes inofensivos. Ao contrário do que vaticinava o meu Professor Elias,
acabei por não salvar o mundo. Em compensação, apascento sílabas que querem ser
quilovátios. A vida é bonita do lado esquerdo. Pensar que um dia as moléculas
se rompem para se tornarem outras corporações. À noite, no Louriçal, há noite
de fados com a Cristina, filha júnior do João Portulez. No mostrador, um naco
de presunto ensina ao olhar a púrpura emoldurada a ouro-ranço. Uma mosca dura
como um fragmento de botelha patanisca-se em mármore. Há coisas que podem e
devem ser ditas, Noémia. Não me chamo Pascoal, sou tão-só feliz à beira-Lis – e
sou, claramente, sou, por minhas voz & vez, um matutino claramente
português.
Antes cavalo nos relinche, que asno nos Ulrich - Cronica de daniel Abrunheira
A revista Forbes ulrichou recentemente a filha do presidente vitalício de Angola como primeira mulher afrobilionária. E isto dá-se, vergonhosamente, ao mesmo tempo que a UNICEF, sempre boazinha como o padre Melícias e a senhora Maria Barroso desde o susto da avionet’UNITA do filho na Jamba, se propõe outra vez pedinchar por aí umas migalhas de milhões de dólares “para” (mas é mentira, como tudo o que faz esta espécie de gente) as crianças subnutridas da malograda Angola. O que eu digo à UNICEF é que os vá pedir à Isabelinha. De volta. Que os milhões, um dia, devem desmilhõenar-se de volta a quem os criou.
Belinha
por Belocas, acontece portugalmente à custa dos carneiros que Isabel Diana
Bettencourt Melo de Castro Ulrich (pois, Ulrich)
foi re-ulrichada por Cavaco a 9 de Março de 2011 como “consultora” da Casa
Civil da Presidência da República. Já o era desde 2006. Ena de carreira! No Diário da República, a profissão da
senhora é “funcionária do PSD”. É demasiada profissão, digo eu, para merecer
DR. Porra.
Ou
chiça.
Franquelim,
ali da Linhaceira, Tomar, foi agora ulrichado secretário de Estado do
Empreendorismo por essa có(s)mica evidência de Nada (ou Nata) chamada Álvaro.
Vem, o Franquelim, da SLN, esse esgoto por onde se escoou em alegre
im(p)unidade a cenosa cloaca chamada BPN. Se o pastel de nata é cake-cream, o cream compensa.
Ou
então vou eu descalço sobre silva(s) de Tavira a Valença.
A
3 último do corrente, no Público,
Jorge A. Fernandes citava um economista espanhol chamado Molina. E,
parafraseando o bom e saudoso Dinis Machado, o que diz Molina? Diz esta
admirável e contundente verdade: “A
classe política é uma elite assente num sistema de captura de rendas que
permite, sem criar nova riqueza, desviar rendas da maioria da população.”.
Contundente. Sim. Mas. Inútil.
Inútil
– porque tudo demonstra que o que se diz à classe política não entra por um
ouvido para sair pelo outro. Porquê? Porque o som não se propaga no vácuo.
O
problema é a vida ser agora.
O
problema é aquele verso de Jorge Fazenda Lourenço: “(…) que nada ter depois é pior que não ter nada.”.
O
problema é termos mais carneiros por metro quadrado do que a Nova Zelândia.
O
problema é termos deixado que nos ulrichassem o 25 de Abril.
O
problema é sermos precisos dez milhões de sem-abrigo para sustentar um único
Ulrich.
O
problema é que o que ontem era República hoje ser Reprivada.
Quando
deixaremos nós de ser um estábulo manso de carneiros da Nova Zelândia a que
qualquer besta de pasto vem acertar as horas de pulso-Rolex? A que horas é que
o pastor dos carneiros vem, sustentado pela ordenha do Estado, conferir-BPI a
hora da ração?
A
que horas acertaremos enfim a hora da razão?
Ou,
alvalademente falando, quando é que seremos dez milhões de sportinguistas a
correr com o Godinho que não querem o Coelho de ninguém?
Eu
sei o que diz Molina. Mas esse é espanhol. Estou mais para adulterar um
provérbio asiático, fácil de perceber até para o resto dos dez milhões de
carneiros que não são asiáticos mas vivem entre Tavira e Valença. Assim:
Se vires um pobre, não lhe dês peixe algum; dá-lhe o Ulrich e ensina-o, ao pobre, a amanhar.
Se vires um pobre, não lhe dês peixe algum; dá-lhe o Ulrich e ensina-o, ao pobre, a amanhar.
O
Ulrich.