Saturday, March 06, 2021
Caricaturas crónicas: «Jomal – a descoberta da dimensão simples» por Osvaldo Macedo de Sousa in Diário de Notícias de 15/7/1990
A historia é feita de pequenos nadas, é construída pela multitude de intervenientes, e , na caricatura, como em todas as artes, nem só os génios, os mestres, os profissionais contam.
A descoberta, é
uma das principais recompensas do historiador. É mesmo uma meta por vezes
difícil de atingir, mas noutras, a adesão de terceiros, que lhe fazem chegar
apontamentos, croquis de histórias, anedotas, fragmentos que, associados entre
si, facilitam o conseguir atingir os objectivos.
É o que tem acontecido, nesta minha pesquisa para
estas crónicas, neste reunir gota a gota a história da caricatura. Infelizmente
é um mundo onde as obras se foram perdendo pelas redacções, pelas tipografias,
em que muita das vezes os indivíduos / artistas não passam de assinaturas
(reconhecíveis ou irreconhecíveis) nos desenhos, sem rosto, sem histórias de
vida associadas e reconhecidas do grande público, apenas nomes simples nas
paginas dos jornais e nas tesourarias dos periódicos. Ainda hoje, em que há uma
estrutura mais solida de burocracia administrativa, é difícil encontrar
referências sobre muitos deles nos próprios jornais onde trabalhavam e tinham
cumplicidades jornalísticas. Em contrapartida, amigos e familiares de alguns
desses artistas têm-me contactado (ao contrário de outras que se recusam falar
do passado e dos entes desaparecidos), proporcionando informações importantes,
base destes textos.
A história é feita destes pequenos nadas, é construída
pela multitude de intervenientes e, na caricatura, como em todas as artes, nem
só os génios, os mestres, os profissionais contam. É o que tem acontecido
nestas crónicas onde procuro descobrir os múltiplos traços e autores do nosso
humorismo gráfico.
Hoje descobri um novo nome – Jomal. Um artista que se
dispersou por múltiplos géneros criativos, incluindo naturalmente o humor.
Jomal é João José de Magalhães Alves, natural de Tomar, onde nasceu a 31 de
Março de 1919. A fotografia e o desenho é uma herança que tem antecedentes na
família, razão pela qual não é de estranahr essa sua obsessão infantil e
juvenil de criar jornais para o pequeno círculo familiar, como «O Pequenino»
(quando tinha 9 anos), seguindo-se «O Bébe», «A Penha», «Ver. Barquinha», «A
Voz do Estudante»…
Como não podia deixar de ser, a preocupação
fundamental foi a sobrevivência, a procura de uma profissão estável,
tornando-se funcionário público. Nas horas vagas, a criatividade descomprimia a
burocracia, trabalhando para a publicidade (em agencias, revistas, criando
panos de boca para teatros e cinema…), escrevendo (contos, artigos), fazendo
ilustrações em jornais como «Gazeta do Sul», «Região de Leiria», «Cidade de
Tomar», «Jornal do Entroncamento», «Comércio do Porto»…), fazendo fotografia… A
fotografia deu-lhe, inclusive, diversos prémios em exposições nacionais e
internacionais.
A fotografia foi a grande rival do desenho, porém,
este soube estar presente em momentos importantes, como ilustração e desenho
humorístico. Os jornais onde o humor/caricatura tiveram maior presença foram o
«Jornal Português de economia & Finanças» e «Boletim dos Pecuários».
Porém, destaca-se na sua criação plástica o desenho em
relevo, ou seja «os trabalhos manuais», como ele refere. «Eu procurava criar
coisas com originalidade, e assim surgiu o desenho tridimensional».
Isso aconteceu nos anos cinquenta / sessenta, e agora
que a reforma lhe dá mais tempo disponível, as artes estão de novo a invadir-lhe
o quotidiano, através da pintura, da caricatura simples, e da redescoberta do
humor tridimensional co cujos trabalhos participou nos Salões Nacionais de
Caricatura.
PS: Jomal é pai do grande artista Carlos Corujo
“Zingaro”.
Friday, March 05, 2021
Caricaturas Crónicas: «A Mulher e o Humor» por Osvaldo Macedo de Sousa in Diário de Notícias de 20/5/1990
Em Portugal
pode-se dizer que há muito poucas mulheres caricaturistas reconhecidas. Nos
anos dez, Milly Possoz e Sara Afonso participaram nos Salões dos Humoristas.
Mas a base dessa participação não era o humor, antes o modernismo como
vanguarda.
É lugar-comum dizer que por detrás de um grande homem
há sempre uma grande mulher, porém, nunca ouvi defender que por detrás de uma
grande mulher há sempre um grande homem. Talvez porque este, por questões
sociais e educacionais, se apresente de imediato como primeiro (o dominante),
tendo por detrás de si essa grande mulher, essa potencial líder.
Nunca ouvi dizer que por detrás de um grande humorista
houvesse sempre uma grande mulher com muito humor e criatividade. Talvez apenas
uma mulher com muita paciência, tolerância e compreensiva com a loucura a
irreverencia do marido. A mulher sempre a subalternizar-se.
Ainda hoje, finais do século XX, continua, continua a
haver discriminação racial e sexual. A problemática sexual, como todas as
outras, está interligada a várias questões culturais, e, se hoje o feminismo
não apresenta a agressividade de um passado não muito longínquo, ainda tem que,
em muitas circunstâncias, lutar pela igualdade de condições, lutar contra a
discriminação com todas as armas possíveis, como poderia ser a sátira, a ironia
e o humor.
Um dos exemplos frequentemente apresentados é a
utilização da mulher como símbolo-objecto de manuseamento do homem na
publicidade, nas revistas para adultos, masculinas, onde o humor constrói
«Flausinas» celestiais, misses do
imaginário sexual de uma cultura ocidental bastante erotizada. Porém, se os
corpos torneados feitos desejo, o deleite gráfico posto em partes erógenas,
apimentadas com legendas brejeiras, são importantes nesse mundo humorístico, a
mulher que mais tem dominado o anedotário é, sem dúvida a sogra.
A mulher surge então, no humor, como objecto de
desgraça masculina, sob o peso inquisitorial da «santa», sob a tentação dos
líbidos machistas que o leva ao adultério… e raramente surge a mulher numa
imagem de igualdade.
Raramente a mulher aparece como membro pleno entre os
criticadores e criticados. Será porque o humor, é uma palavre ou conceito
masculino? Por as mulheres não terem um humor compreensível para o homem?
Quantas mulheres aparecem caricaturadas na imprensa actual, em relação aos
homens? Não aparecem por serem menos proeminentes na política, na sociedade, ou
porque são mais sensíveis à desfiguração caricatural, sentindo-se
exageradamente magoadas no seu ego narcísico? (Na realidade conheço vários
caricaturistas masculinos que não gostam de caricaturara mulheres por esta
razão, para não sofrerem as consequências de instintos de violência mal
contidos).
O humor é masculino? Claro que não, mas… Numa primeira
abordagem do mundo dos humoristas (fundamentalmente no género gráfico), ficamos
com a sensação de uma total ausência de mulheres na criação humorística. Porém,
um estudo mais profundo leva-nos a encontrar pontualmente uma ou outra
caricaturista, cartoonista de qualidade na historia do humor mundial, algumas
poucas que conseguiram vencer todas as barreiras impostas pelos editores,
chefes de redacção, agencias de distribuição, vencer os preconceitos.
No âmbito dos países de expressão portuguesa houve
brasileiras que se notabilizaram: Marguerita Bornstein e Hilda Weber. Os EUA,
em princípio é o pais com mais mulheres profissionais do cartoon (por ter o
maior numero de publicações a publicarem cartoons e porque qualquer esposa de
um cartoonista está registada na associação de cartoonistas como cartoonista)
com nomes sonantes como Helen Hokinson, Dorothy Mckay, Mary Petty, Betty
Swords, Hilda Terry, Trina Robbins, Jan Eliot… São também de referir a
espanhola Pompeia Núria, a francesa Claire Bretecher, a dinamarquesa Renate
Bachem e Franziska Bilek… Quase todas elas vivem da ilustração, divagando de
tempos a tempos no campo do humor, e raramente são totalmente cartoonistas
políticas ou caricaturistas. Contudo, o país com mais humoristas gráficas no
activo de web é o Irão, cujas mulheres necessitam de se expressão como uma voz
de revolta, de se afirmarem contra uma cultura que as oprime.
Em Portugal pode-se dizer que há muito poucas mulheres
caricaturistas reconhecidas. Nos anos dez, Milly Possoz e Sara Afonso
participaram nos Salões dos Humoristas. Mas a base dessa participação não era o
humor, antes o modernismo como vanguarda. Ainda hoje se podem encontrar
elementos caricaturais e humorísticos na pintura de diversas artistas, mas são
meios de criação e não objectivos. Na
Imprensa, pontualmente encontramos trabalhos da Mamya Roque Gameiro, da Maria
Almira Medina… Sempre houve ilustradoras
de qualidade, algumas com uma pitada de humor ou ironia e nos Salões Nacionais
de Caricatura têm aparecido várias, como a Adam (Adriana Macedo), a primeira a
lançar-se nessas exposições (1987 e 88), um pseudónimo que curiosamente noutros
idiomas é masculino – Adão. Adam publicou regularmente durante dois anos na
imprensa e desapareceu (o mesmo virá a acontecer com Joana Campante). No Salão
Nacional de Caricatura de 1989 surgiram trabalhos de Filomena Laranjeira e de
Maria de Fátima Vieira. Será que em Portugal o humor no feminino está em vias
de extinção? Será que estará adormecido?...
Thursday, March 04, 2021
XXIII Balkanska Smotra Mladih Strip Aujtora - Leskovac school comics "Nikola Mitrović Kokan"
This year Leskovac school comics "Nikola Mitrović Kokan" operating within the Leskovac Cultural Centre will organize the event The Balkans festival of young comics creators" for the twenty-third time. The event will take place from 25th June to 27th June 2021 in the premises of Leskovac Cultural Center, the National Museum of Leskovac and the Public Library "Radoje Domanović".
As for the propositions for participating
in the competition, they are as follows: the term young author means those
authors under thirty years of age, and all who meet this basic requirement are
free to present their works to the jury in any of the four categories. The
older authors may also exhibit their works, and they are indeed invited to do
so in order to set the example for the younger artists, but they will not enter
the competition for awards. ). Award-wise, only Balkan-based authors can compete, but anyone
from around the world can be part of the exhibit (on the Twenty-second Balkans
festival of young comics creators in 2020, for example, 2839 authors from 73
countries from six continents had their works on display). In the category of illustration you can apply illustrations in color
and black and white illustrations alsike. The comic scenarios and theoretical
texts should be submitted typed. One can also submit a finished and completed
comic that is based on a scenario. The pages doesn`t have to be from a complete
comic, and one can participate with as many works as one likes. Also, the
work(s) you are submitting does not have to be done specifically for our
festival or done during last year. It is only important that it has not been exhibited
in The Balkans festival of young comics creators before. Note: It is important
to clearly state one`s age so as to avoid all possible misunderstandings.
This notification is therefore a call for
participation to all young comics authors, comic schools and comics workshops
operating in the Balkans; Leskovac school of comics will do our best to be the
best possible host for all guests.
Important note: The works should be sent to
the following address:
Miloš Cvetković
Kozaračka 48
16000 Leskovac
no later than 01st May 2021. The high-quality copies and prints
are desirable, as well as scans in 300 DPI to the address balkanska.smotra.stripa@gmail.com
where it is also possible to get additional information.
The festival has a blog on: http://balkanskasmotra.blogspot.com/
«História da Arte da Caricatura de Imprensa em Portugal -. 1938 » Por Osvaldo Macedo de Sousa
Estes anos serão dominados pela actividade do Grupo dos Humoristas, contudo nem todos estão empenhados nesse labor. A vida continuava na sua luta pela sobrevivência, e para além do trabalho quotidiano para a imprensa, e demais clientes, faziam-se exposições individuais… Fernando Bento é um dos que realiza este ano uma exposição, cujos "Ridículos" (de 23/4/38) noticiam da seguinte forma: Nas artes, como em tantas outras manifestações de actividade, há os que vencem à força dos seus próprios méritos e os que triunfam mercê de amparos e favores que, normalmente, se alheiam sempre da cultura profissional do indivíduo. Fernando Bento pertence aos primeiros. O seu talento artístico, o seu desejo de se aprefeiçoar a despeito dos louros que tem colhido na sua, embora curta, carreira - como caricaturista, desenhista ou figurinista - grangearam-lhe lugar de merecido relevo entre os da sua geração, de que vai ser prova a exposição que hoje, ás 15,30, abrirá no salão "Garret"…
O Salão dos Humoristas em preparação, não é apenas uma exposição do Grupo, mas sim uma magna Historia da Caricatura Portuguesa, onde não só brilharão as obras gráficas, como se farão diversos estudos, se animarão certas estruturas. Para isso, irão remexer em todos os baús dos sótãos dos sócios, e não sócios, na procura de todos os elementos possíveis, e interessantes. É sem dúvida a maior, e mais interessante exposição jamais realizada sobre esta arte, o humor, abrangendo todos os campos criativos onde ele vive.
Ao longo
destes meses de preparação da exposição, o Grupo não deixou de realizar as
seguintes conferências: “Raphael Bordalo (Nacionalista)” por D. Julieta Ferrão,
“O Direito e o Humorismo” pelo Dr. Luíz d’ Oliveira Guimarães, ilustrado pelo
Dr. João Valério, “Evocações de Celso Hermínio e Manuel Gustavo” por Leal da
Câmara com ilustrações de Francisco Valença, Alfredo Cândido e Leal da Câmara,
“Publicidade e Humorismo” por Leal da Câmara. "Um Serão Humorístico"
A Exposição
acabará por se realizar de
A exposição propriamente dita, é constituída pela
Secção Retrospectiva: Manuel Macedo
- Manuel Maria Bordalo Pinheiro - Nogueira da Silva - Raphael Bordallo Pinheiro
- Columbano Bordallo Pinheiro - Júlio Mardel - Emílio Pimentel - Celso Hermínio
- Manuel Gustavo - Francisco Teixeira - José Malhoa - Artur Loureiro - Anjos
Teixeira - Jorge Cid - Sebastião Sanhudo - Julião Machado - M. Pinto - Azevedo
e Silva - Virgílio Ferreira - Correia Dias - Apeles Espanca - D. Luísa Câmara
Pestana, Menezes Ferreira - Norberto Correia - Joaquim Guerreiro - Cândido
Silva - Alfredo Mancio, Zémarkes etc jornais humorísticos - catálogos de
exposições humorísticas. Comissão : D. Julieta Ferrão, Albino Forjaz Sampaio,
Manuel Cardoso Marta, Alfredo Cândido
Secção Literária: 1500 - A farsa de Gil
Vicente (Mofina Mendes - Ana Parda, etc) / O poeta Chiado; 1740 - A
phenix renascida de Jerónimo Bahia; 1778 - O teatro de Correia Garção;
1834 - Poema heroicómico O Hissope de Cruz e Silva; 1850 - Os epigramas
de Bocage; 1860 - As sátiras de Nicolau Tolentino (ilustrado por
Nogueira da Silva) / As poesias cómicas de Garret / Sátiras e epigramas
de João de Deus / os Contos de Gervásio Lobato – os tipos
caricaturescos de Eça de Queiroz - as Sátiras à mulheres de Augusto
Gil - as obras de André Brun e de Campos Monteiro, Fialho
d’Almeida, Francisco Palha, Sousa Bastos, Ramalho Ortigão,
Júlio Cesar Machado, Henrique Roldão e de tantos outros que fizeram humorismo bem
português. No Humorismo Literário, na
impossibilidade de expor obras dos “Trovadores” e “Cantigas de Escárneo
e Mal Dizer”, julgo a ideia do Exmº Sr. Dr. Luíz d’ Oliveira Guimarães optima.
Um serão de evocação literária, em que actores, actrizes ou amadores de
categoria, recitassem, lessem ou cantassem as composições satíricas ou de
crítica dos “Trovadores” e que seriam precedidas como que de um ...preambulo
feito por escritor especializado no assunto. Comissão: Fernandes da Silva, Dr.
Xavier da Costa, Julieta Ferrão, Dr. Luíz d’Oliveira Guimarães, Cardoso Marta,
Albino Forjaz Sampaio
Arte Popular Caricatural: esculturas populares - Cerâmicas
- Doçaria - Bordados - rendas - Tapetes - Encanastrados
de esteiras - embutidos - tabuletas. Não basta Ter a
ingenuidade popular para que a consideremos humorística pois também não basta a
um desenho a ingenuidade própria aos rudimentares conhecimentos, para que seja
considerada humorística ou caricatural. É indispensável, ao objecto cerâmico ou
ao desenho, ou pintura que seja executado dentro das síntese contíguas à
“ingenuidade” mas é necessário que também demonstre essa outra qualidade intencional,
a crítica que a torna humorística e lhe dá todo o sabor particularista
da verdadeira caricatura e que a distingue da Nossa Senhora A Arte Séria !... Comissão: Francisco Valença, Alfredo
Cândido
Ilustrações dos “Lusíadas” por Julião
Machado: Comissão - Dr. Joaquim Madureira, Conde d’Almarjão, Dr. João Valério,
Alfredo Cândido.
Concerto de Música Humorística :
Interpretadas por Maria Helena - D.
Maria Adelaide - D. Maria Francisca. Conferência sobre musicas regionais por
Aquilino Ribeiro. Comissão: Botelho, Cruz e Silva.
Teatro: Matinée Teatral. Conferência
de Ramada Curto. Colaboradores: D. Maria Adelaide Lima Cruz - Lino Ferreira -
Roberto dos santos - Augusto Pina - D. Maria Mattos - Nascimento Fernandes - D.
Beatriz Costa - Carlos Leal - Villaret. Comissão: D. Maria Adelaide Lima Cruz,
Dr. Ramada Curto, Amarelhe, Roberto dos Santos.
Baile: Trajes de
Festas, Cortejos e exposições:
Maquettes de carros alegóricos - Barcos ornamentados - Pavilhões de Exposições
- Stands. Comissão Cunha Barros, Roberto dos Santos
Secção Contemporânea: Helena Bourbon e Menezes, Leal da Câmara, Alfredo Cândido, Leonel Cardoso, Jorge Colaço, Hipolito Collomb, Jaime Cortezão, Maria Adelaide Lima, Eduardo Faria, Prostes da Fonseca, A. Hogan, Hugo Sarmento, Ramalho Louro, Manuel Cardoso Martha, Secretário Martins, J. Motta, Natalino Melchiades, Balha e Mello, Alfredo de Morais, Emmérico Nunes, José Pargana, José Pereira, Arnaldo Ressano, Abel Salazar, Octávio Sérgio, Fernandes da Silva, João da Silva, L. Sourdy, Júlio Sousa, Francisco Valença, João Valério, Rocha Vieira, Raul Xavier, Zéco. Além destas há mais algumas participações não mencionadas no catálogo.
Nem todos os sócios chegaram a mandar obras para a exposição, e observando a evolução das participações, vamos aqui encontrar alguns veteranos (em idade e participações). Mais uma vez está Emmérico (Christiano Cruz desde 20 que está afastado das artes), está o Valença, Hipólito Collomb, Alfredo Cândido, Rocha Vieira, Leal da Câmara... e alguns novos. Pena é que as presenças marcantes do modernismo humorístico dos anteriores Salões estejam ausentes, como Almada, Barradas, Soares, Bernardo Marques, assim como alguns dos novos modernistas como Botelho, Nobre, D. Fuas, Teixeira Cabral... Alguns dos que estiveram em todos os outros Salões aparecem agora na retrospectiva, por já não serem vivos.
No pequeno
catálogo da exposição fica mais uma promessa, que infelizmente ficou por
cumprir: O Grupo dos Humoristas
Portugueses não podia apresentar as suas produções, que o público poderá seguir
pelo presente catálogo (sem imagens), sem
afirmar o respeito que tem pela tradição, esse fio subtil que une o presente ao
passado e a tradição, para ele, consta dos trabalhos artísticos daqueles que já
desapareceram, mas que deixaram, nas suas obras, a afirmação de várias fórmulas
do humorismo.
Por esse motivo, se apresentam alguns
trabalhos artísticos, livros, autógrafos, etc., de escritores e de artistas
falecidos, e ainda exemplares de publicações desaparecidas com carácter
humorístico e em que trabalharam artistas portugueses.
Este importante material artístico e
bibliográfico, não consta do presente catálogo - não só porque, cedidos por
vários coleccionadores, chegaram a nossas mãos tarde de mais, para que fosse
possível uma séria e minuciosa catalogação, mas sobretudo, porque o Grupo dos
Humoristas Portugueses, tem no seu programa a realização de várias exposições
parciais referentes a um só artista, mostrando a sua obra e o que foi a sua vida,
e é para essas exposições, organizadas com tempo e com a dedicação dos
Coleccionadores, que o Grupo editará os respectivos catálogos, as conferências
realizadas e até, os artigos e críticas que tiverem sido feitas ás suas obras.
O conjunto destas publicações, referentes
aos vários artistas evocados, formará uma contribuição valiosa para o estudo do
Humorismo Português.
Muitas foram
as críticas, a maioria inócuos, ou complacentes, como a do "Século"
(de 6/3/38): /…/ Toda a nave da S.N.B.A.
é uma documentação de riso saudável, desde a ala evocadora dos mortos, à ala
dos vivos que trabalham, e à ala documental, popular, pitoresca, onde se reúnem
exemplares das mil formas do ridendo castigat mores.
/…/ Presidem à exposição obras graves,
notabilíssimas, retratos do pincel de Columbano e de Malhoa, e outras espécies,
e, sobretudo, o famoso quadro Une soirée chez lui, obra espantosa do grande
mestre dos cinzentos e das sombras, quadro que vale uma fortuna, e que o seu
proprietário, sr. Agostinho Fernandes, cedeu para esta parada de humorismo,
como para temperar as irreverências e espiritualizar as notas menos delicadas.
A sala dos artistas mortos é cheia de
interesse e faz saudades. Rafael, Manuel Gustavo, Celso Hermínio, Jorge Cid,
Francisco Teixeira, José Marques e tantos mais estão largamente representados.
A galeria de Jorge Cid chega a ser impressionante. Em vitrinas, obras de
humoristas, jornais satíricos e de caricaturas, uma «letra» aceita por
Beldemónio, autógrafos de grandes escritores do género, litografias
caricaturais de 1840 e tal, desenhos picarescos de José Rodrigues e de outros
artistas do século XIX, honram a sala.
Á outra sala extrema acolheu-se a
representação popular e pitoresca: - barros antigos e modernos; pratos pintados
caricaturalmente; a imaginária ridente dos barristas; bonecos de madeira
recortada, de metal recortado, cromado e colorido, feitos graciosamente por
Leonel Cardoso; bordados a ponto cruz e, sobretudo, as esculturas em pão e
biscoito; caricaturas de altas personagens, figuras e tipos populares, um carro
de bois e, até, a ponte do Porto.
Na sala central estão os artistas de agora
/…/ É uma parada de forças.
Este certame, que vai desde o pincel de
Columbano aos dedos peritos do doceiro que faz «perus» e «galinhas» de figo
algarvio, tem interesse indiscutível e ainda curiosidade, que é o interesse do
grande público.
Queria também
destacar a de "O Diabo" (de 3/4/38), por ser a mais crítica. É
assinada por A. G. (?Adriano de Gusmão
?): O Grupo dos Humoristas Portugueses
afirma-se nesta I Exposição como resultante dum esforço sério para a
organização duma valiosa entidade cultural. Simplesmente, este impulso
consentiu ainda deficiências - aliás reconhecidas, pelos próprios
organizadores, no preâmbulo do catálogo - deficiências na determinação e
definição dos objectivos, na catalogação das obras apresentadas, na escolha e
na própria apresentação delas.
Definição
dos objectivos do grupo. A recolha de materiais para o estudo do humorismo
em Portugal, em todas as manifestações de arte popular e de «elite» parece que
foi a ideia informadora deste certame, constituindo precípuamente a denuncia
dum primeiro passo, que todos os artistas afins e os coleccionadores devem
apoiar em futuras exposições. Atribuindo aos valores passados o lugar que o
Grupo pense terem ocupado na génese do humorismo português - tal como é hoje
possível reconstrui-la - , parece admitir um estudo de conjunto tocante a toda
a obra literária e plástica portuguesa, propondo-se até ao estudo e
apresentação das obras de cada personalidade.
Ora, tais proposições indicam uma tarefa
séria, ponderada, exigente duma actividade coordenadora, e coordenada, de
alguns especialistas. Quando se baseiam na tradição para arrancar-lhe quanto de
vivo ainda em nós permanece dela, o trabalho tornar-se-à profícuo: mas
afigura-se insuficiente a simples
inscrição de nomes como o de Gil Vicente nas paredes do recinto da exposição,
se é certo que a sua obra poderia proporcionar, pelo humor, a graça e o jocoso,
em analises cuidadas, o conhecimento duma época. E não se alcançarão os
resultados culturais (não vos parece ?) que o Grupo certamente tem em vista,
por mais «notas de alegria e de arte, de fantasia e de bom-gosto» com que
adornam os bailes dos humoristas.
Catalogação
das obras apresentadas. Quaisquer que sejam as causas que, nesta
organizações, se acumulam indestrinçavelmente umas após outras, o catálogo
desta exposição, a-pesar-disso, é de nenhum modo desculpável: foi organizado à
pressa; e até o preâmbulo explicativo nos deixa a impressão de que o Grupo não
soube dizer quanto pretende. Não há indicações que permitam p público
não-iniciado ver o artistas e as
respectivas obras na sua época e muitos deles não vêem ali mencionados. Não se
faz uma distribuição por géneros, nem se numeram as peças em presença, por
forma a facilitar a consulta: senãos que teem explicação e que, em futuras
exposições, menos se justificarão.
Escolha
e apresentação dos trabalhos. Com vista na quantidade, o Grupo relegou a
qualidade, a selecção das obras. Numa exposição de conjunto como esta, a
escolha das obras é um ponto essencial, pois que interessa sobretudo a linha
geral do certame e não a particularidade, o pormenor deste ou daquele artista,
desta ou daquela obra. Demais que o Grupo promete “exposições parciais referentes
a um só artista”. Mas, as deficiências vão mais adiante: alguns dos melhores
caricaturistas estão representados com poucos trabalhos (Francisco Valença, por
exemplo), outros artistas apresentam obrinhas, cuja presença nesta exposição
parece descabida (por ex: os figurinos de Maria Adelaide de Lima Cruz e alguns
desenhos de Júlio de Sousa).
Por outro lado, a ordenação na disposição
nem se pode dizer que haja sido arbitrária (excepção à sala destinada ao
humorismo popular, de que falaremos adiante), porque o que se sente é uma
acumulação de quadros, desenhos, caricaturas e 2vitrines” a entravar o
visitante.
Entretanto, há que não esquecer: trata-se
duma empresa séria no nosso meio. Não é já pouco o que fez: possibilitar uma
retrospecção, no sector do humorismo, proporcionando ao público o contacto com
artistas de outro tempo, como Celso Hermínio, Raphael, Columbano. E também, há
que sublinhar que esta é a 1ª exposição - prometendo a direcção do grupo a
realização de conferências, edição destas e de catálogos, etc. O Grupo dos
Humoristas Portugueses pode desenvolver uma acção útil à nossa cultura e à
elucidação do povo pelo povo.
Entre os expositores, avultam, quanto às
obras expostas: Celso, Leal da Câmara, Raphael, Ressano, Emmérico e, dos novos,
Zémarkes (já falecido). Nas caricaturas de Celso, de bom desenho, o bom humor
é: a ‘allure’, asseguram-lhes duradoiro sabor. Rafael, com as suas paródias
talentosas, Ressano, com as suas admiráveis distensões, argutas, claras,
Emmérico, com o seu humorismo de ar livre, focando as multidões domingueiras -
reproduzem-nos a paisagem social dos últimos cinquenta anos.
Leal da Câmara, seguro, sóbrio, algo de
humour inglês, dá-nos, entre outras maravilhas, uma deliciosa «boutade»: Portugal à sombra da oliveira.
Zémarkes deixou alguns trabalhos
exuberantes de graça e de espírito (a propósito: porque não se expôs a sua
auto-caricatura ?). Dos novos que aqui se apresentam, Zémarkes é o que melhor
se afirma - pela segurança, pelo charme (lembram-se do seu Brito Camacho ?)
Zéco, Pargana e outros apresentam-se
débeis. Será que a caricatura se prejudica num ambiente sorno, e , até, se veja
na contingência de coibir-se por mais talentosa que se mostre na sua expansão ?
Outros nomes carecem de referências: Jorge
Colaço, Alfredo Cândido - que ilustravam o certame com caricaturas e desenhos
valiosos. Secretário (um novo) apresenta algumas caricaturas, pretensamente ao
sabor das de Ressano, mas simplificando o processo de desenho, parecendo querer
chegar depressa a uma hipertrofia dos modelos, que nunca é possível atingir
arbitrariamente.
Os barros, madeiras e doçarias, que
representam uma das modalidades jocosas do povo, constituíram uma nota de algum
interesse nesta exposição. Porém, certa desordem, a deficientíssima indicação
no catálogo, a falta de selecção e de critérios de apresentação prepararam à
sala do humorismo popular uma atmosfera de bric-á-brac de feira. E, por fim,
uma pergunta: porque não expuseram Cabral e Stuart ?
Esta foi a primeira grande retrospecção da caricatura em Portugal, 91 anos após o seu nascimento. Foi uma oportunidade perdida de se concretizar por escrito, e com excelentes acerbo de originais, a História da Caricatura, através de homens que a viveram profundamente, e que estiveram em contacto directos com e todos os seus fundadores. De todas as formas foi um sucesso de público, e sem contar com as borlas, os convidados... venderam-se 820 bilhetes de ingresso na exposição, o que para a época é excelente.
Mas a acção
deste Grupo não foi apenas a Exposição. Esta era uma meta, alcançada com muito
sacrifício, entre muito trabalho, que teve continuidade após a exposição. As
Conferências prosseguem, falando o Dr. João de Barros de “Raphael Bordallo Pinheiro Céu Azul - Riso
Amarelo”; Gustavo Matos Sequeira do “Humorismo noutros tempos”; João Valério e
Américo Leite Rosa d’ “O Amor de há 30 anos e o Amor em
No
"Sempre Fixe" de 31/3/1938 saiu publicada a seguinte palestra.
proferida pelo sr. dr Tomás Ribeiro Colaço, na Festa da Rosa, no «Maxim's»: Minhas Senhoras; meus senhores: -
Noticiaram alguns jornais que eu vinha aqui fazer uma conferência humorística.
Foi uma calúnia, uma das muitas calúnias lisboetas cá na terra; é tal o tráfego
dessa mercadoria, que o Marquês de Pombal, ao pensar em fazer a Rua dos
Fanqueiros, a dos sapateiros, e outras, - não se esqueceu de mandar construir o
Cais «Calúnias».
Nunca eu me meteria a fazer conferências
humorísticas. Falta-me, acima de tudo, o físico.
O humorista português é geralmente um homem
magro, nervoso, moreno, com grandes olhos negros e ciumodores, que atravessa o
Chiado todas as tardes, muito solene, parecendo transportar consigo uma intensa
tragédia intima; parece - e transporta: - é a tragédia de ninguém lhe achar
«piada nenhuma».
Se vem a público, pensando alcançar com uma
das suas «charges» a imortalidade do «Charlot» faz muitos gestos tem muitos
sorrisos, sublinha os seus ditos com espirituosas inflexões, entendendo lá no
fundo que os humoristas são como as «bolachas»; isto é, precisam de «lata».
Ora eu não possuo olhos escuros não sou
magrinho não me importo nada de saber que as pessoas não me acham graça e não
tenho «lata». Nunca fiz nem farei portanto conferências humorísticas.
/…/ Vamos lá dizer algumas palavras sobre cinema, que foi o que me pediram. Acedi logo, porque não percebo nada de cinema -e a gente só deve falar daquilo que não percebe. Hoje em dia, nos assuntos em que somos batidos, só nos apetece dizer mal. Quem percebe de futebol, - critica «acerbamente» os «onze» todos, e assiste aos desafios a rogar pragas aos jogadores que não fazem o que deviam fazer. Quem percebe de Teatro - torce-se na plateia ao ver o sem número de erros cometidos pelos interpretes. Quem percebe de música - arrepia-se todos ao ouvir certas senhoras darem o dó. Até faz dó ! O que vale, para este mundo não ser um vale de lágrimas, - são as muitas pessoas que felizmente não percebem nada de coisa nenhuma…
Voltando ao Grupo dos Humoristas. Temos uma acta de uma reunião de 13 de Novembro de 1938, onde a Comissão Fiscalizadora anuncia que a Direcção do grupo se demitia, fundo um ano de trabalho, e onde faz vistoria ás contas, apresenta as seguintes conclusões: Não obstante os embaraços criados por uma difícil cobrança e por múltiplos atrasos no pagamento de cotas, além de ser muito limitado ainda o numero de sócios deste grupo... conseguiu-se um saldo positivo de 5.193$25. A cobrança das cotas será o mal da sociedade, já que neste momento existem 18 sócios com cotas em atraso, alguns com posto importante no Grupo, e que praticamente nunca pagaram: Rocha Vieira (Cota e 11 meses), Cardoso Martha (6 meses), Pargana (17 meses), Armando Bruno (Joia e 14 meses), Mouton Osório (13 meses), Alberto Sousa (12 meses), Armando Boaventura (12 meses), Alfredo Cândido (11 meses), Fernando Homem Cristo (10 meses), Zéco (9 meses), Eduardo faria (8 meses), Armando ferreira (8 meses), ... (ou seja dois dos três membros da comissão Fiscalizadora de Contas são devedores, mas que têm a consciência limpa, porque sem mesmo pagarem, o saldo é positivo)
A 15 de Dezembro reúne-se uma Assembleia Geral Extraordinária para aprovação do relatório da Direcção Demissionária, do Relatório de contas, e para eleição de uma nova Direcção:
Camaradas: A Comissão directiva apresenta a
sua demissão para tornar lógica uma Assembleia que a Lei determina que se
realizasse em Janeiro. /.../ O nosso agrupamento tem atravessado vários
períodos: o da pré-história, correspondendo ás suas passadas e longínquas
actividades.
Entramos, com a reorganização do Grupo, no
período que me permitirei chamar o Histórico pois não devemos esquecer a
contextura do agrupamento e que é heterogéneo, da pequena quantidade de
humoristas “praticantes” que estão, de facto, associados e a quantidade de
associados simpatizantes aos quais é necessário compensar - pelo menos com
algumas demonstrações do nosso bom humor, de preferência à apresentação de
quaisquer maus humores.
Havia também a atender ao próprio espírito
do humorismo e da caricatura que deixou de ser talvez, por circunstancias que
não foram determinadas por nós, aquilo que foi em outros tempos.
(Neste texto aparece-nos um Leal da Câmara ‘velho’, sem a garra panfletária da sua juventude, culpando os tempos pela falta de irreverência do humor, sujeitando-se de braços caídos, como fatalismo, os condicionalismos da imprensa nesse período de ditaduras, e onde as opções de irreverência política se extremam.)
Cumpre-nos evocar que o Grupo dos
Humoristas dormia o sono quase milenário de 13 longos anos de inactividade
forçada e até de dissociação de antigos membros do grupo talvez, porque tivesse
chegado este espírito humorístico, com Raphael Bordallo, Celso Hermínio e outros,
ao apogeu do que era licito e possível fazer-se em matéria de crítica e de
demolição política.
É curiosa a sua posição, tal como o fez Christiano Cruz, na qual se defende que depois de Raphael, de Celso (e do jovem Leal da Câmara) nada de novo se fez em caricatura política, mas se Christiano defendia uma reformulação na caricatura impessoal, para deixar de atacar figuras, para se ir mais profundamente atacando o sistema, as estruturas, a vida, Leal agora defende que não há solução senão sobreviver como se tem sobrevivido. Contudo esta será a intervenção mais política de Leal nestes anos, dando-nos um retrato deprimente, irónico e fiel da vida dos humoristas nessa época.
A caricatura em Portugal e até no mundo
inteiro, evoluiu como a própria sociedade e os seus costumes.
Se olharmos para a caricatura
internacional, realizada após a guerra, constatamos facilmente que aquele
espírito panfletário que fez o sucesso dos caricaturistas de 1900 desde Raphael
Bordallo até Jean Véber ou Forain, se transformou por completo, reduzindo à
impotência, ou pela censura oficial ou pelos próprios costumes que são
diferentes, aquele vigoroso ímpeto dos caricaturistas de antanho.
Não é que a caricatura e o humorismo tenham
morrido.
Bem ao contrário, esse espírito continua vivaz
como a fogo debaixo das cinzas do passado mas só toma a actividade combustiva
quando em contacto com a vida e com o gosto da multidão, por intermédio do
Teatro para onde os humoristas trabalham e podem trabalhar, pintando cortinas e
cenários, desenhando tipos e figurinos. Sempre
em contacto com as necessidades da vida quando se dedica à decoração e à
criação de fantasias dinâmicas como são, por vezes, esse magníficos carros
decorados tão graciosamente ou ainda barcos transformados e que formam os actuais
cortejos públicos.
A ilustração de livros, de estampas, de
postais, de calendários, e tantas outras manifestações do humorismo como nas
artes aplicadas, provam que esse espírito não morreu, nem pode morrer pois o
gosto da Multidão é eternamente o mesmo, eternamente ingénuo, eternamente
infantil, eternamente predisposto a aceitar, sob a forma da fantasia
caricatural, o eterno conflito entre o Bem e o Mal e a prova, aí está bem
evidente no êxito retumbante d’ esse filme maravilhoso do humorista Disney (A
Branca de Neve), no qual, através de uma
velhíssima e sempre a mesma história de fadas, de rainhas, de gnomos e de
irrealidades, se entusiasma em 1938, durante mais de um mês e em 2 cinemas, um
público não só de crianças, mas também de velhos, todas as classes sociais,
desde as senhoras da alta sociedade até ás criadas de servir e desde os
conspiquos e integérrimos juízes até aos humildes serventes da via pública
porque aquelas caricaturas que se mexem no écran, teem fantasia, observação e
sobretudo, muito e bom humorismo.
Este género de humorismo, é eterno, e nós,
grupo dos humoristas, colectividade subordinada a este espírito, devemos contar
com estas novas correntes e não ficarmos
intransigentemente agarrados a teorias estéticas que tiveram a sua grande
época, cheia de glória mas que perderam talvez a actualidade.
A Direcção eleita pelo grupo, assumiu os
seus encargos em situação bem delicada. Não só não se baseava em qualquer
quantia inicial para poder actuar mas tomou o compromisso de realizar um plano
que o Presidente da direcção apresentara e cuja finalidade principal era a
realização de uma grande exposição no Palácio das Belas Artes.
Este compromisso foi tomado sem ainda se
conhecer a contextura do grupo, quanto a numero de sócios e suas capacidade expositórias.
Cumpria à Comissão Directiva, realizar o
seu objectivo, desbravando o caminho emaranhado de dificuldades e realizando,
ao mesmo tempo, os recursos que eram necessários ás suas múltiplas actuações
/.../
Segue-se o rol de actividades que já temos conhecimento
Como já tivemos ocasião de assinalar, a
contextura do grupo era uma incógnita naquele momento mas, atendendo aos
estatutos, podia prever-se a entrada de sócios, profissionais ou pelo menos
praticantes do humorismo plástico ou literário mas também devia prever-se a
entrada de sócios que não eram humoristas mas que, pelos estatutos aprovados,
tinham direitos absolutamente iguais aos humoristas propriamente ditos.
Isto mostrava claramente a impossibilidade
em que se encontrava a Comissão Directiva em conduzir o agrupamento para uma
forma corporativa ou de sindicato de classe com os direitos próprios ao
exercício do seu mister pois não só os humoristas praticantes são em pequeno
numero mas ainda nem todos se tinham associado ao grupo, e, como já foi dito, o
Grupo também se compunha de sócios que nos permitiram, de classificar como
simpatizantes do humorismo.
A orientação a dar ás manifestações do
grupo, deveria tomar cuidado d’ esta complexidade estrutural, d’ esta simbiose
de humoristas e de não humoristas e estabelecer o seu programa de acção por
forma a desenvolver e propagar o humorismo mas dando aos simpatizantes cujo
numero pode ser acrescido constantemente o que não acontece com os humoristas,
as diversões próprias a uma sociedade, dita de recreio, como os estatutos
mostram indicar.
É interessante, e curiosa esta critica à forma como se estruturou a sociedade, quando Leal da Câmara esteve desde logo à frente do grupo. Para os Humoristas, naturalmente que teria sido mais importante um grupo corporativo, ou mesmo sindical, só que não sei até que ponto seria eficaz numa época como aquela. Para o humorismo...?? Como ele reconhecerá mais tarde, os não humoristas é que serão um motor, senão criativo, pelo menos economicamente importante para a manutenção do Grupo
Aliás, os sócios d’ este grupo, após um ano
de existência da colectividade podem classificar-se pela seguinte forma: Sócios
em dia com os seus pagamentos são em numero de 25. Sócios atrasados nos seus
pagamentos são em numero de 16. Os sócios que se afirmaram como tal mas que
nunca pagaram os recibos apresentados à cobrança são em numero de 11 .
O sócios, em dia, compõem-se de
profissionais, ou pelos menos praticantes do humorismo plástico - 11;
Escritores humoristas - 3; simpatizantes do humorismo -11 = 25 /…/ Pode
concluir-se portanto que há mais simpatizantes no Grupo que pagam do que,
propriamente Humoristas que paguem...
/.../ Por esta forma, a Comissão Directiva
conseguiu realizar vários objectivos ao mesmo tempo:
- Agitava ideias afins ao humorismo; / -
Realizava uma boa propaganda d’ essas ideias / - Divertia os sócios e os seus
convidados / - Ainda tirava algum lucro.
/.../ O êxito da Exposição foi absoluto,
dentro do que é lícito esperar em um meio como o de Lisboa em que o público só
se manifesta em questões da Arte, ou gostando ou não gostando - ou indo ou não
indo ás Exposições. E o público foi à nossa Exposição e gostou.
/.../ O que nos apraz constatar é que, após
alguns meses de convívio e de colaboração, muitos dos que eram anteriormente -
simples pessoas conhecidas, se transformaram em amigos íntimos e até familiares
/.../
Camaradas : O que acabamos de descrever e
que constitui o Relatório da Comissão Directiva, por melhor que pareça a uns ou
por maiores criticas que mereça da parte de outros, representa contudo um
grande esforço colectivo mas é o passado !...
/…/ Impõe-se organizar um novo plano de
actuação que não pode ser perfeitamente igual ao do ano passado, porque seria
banalizar, repetir o anteriormente feito.
A actual direcção já tinha feito alguns
estudos para esse fim que, desde já apresenta a esta assembleia e, se ela
entender que tem qualquer valia, poderá servir de base para próximos futuros
estudos que se desenvolverão como a nova Direcção entender conveniente:
-
1º Publicação em volume, luxuosamente impresso, da síntese gráfica da nossa
Exposição com a evocação das 3 secções e com as respectivas ilustrações.
No
mesmo volume poderiam vir incluídas as conferências realizadas pelo Grupo e
devidamente ilustradas. Por esta forma, o volume representaria a obra colectiva
do Grupo em 1938
-
2º Organização de uma série de conferências…
/…/ A futura Comissão Directiva poderia
desenvolver, como está no seu programa, o estudo dos problemas que se ligam com
o humorismo e que são os mais variados.
Para este fim, conviria criar um Instituto
de Alta Cultura Humorística, ao qual fossem atraídos aqueles que, pelo seu
saber e erudição sejam capazes de nos ajudar no desenvolvimento que é
necessário dar à actividade do grupo cujo espírito não deve limitar-se ás
vulgares aldrabofilias.
Nós não podemos ignorar que se preparam
festas luzidas para comemorar em 1940 os dois centenários.
Sem irmos a reboque de nenhuma organização
e conservando a nossa independência, necessitamos mostrar urbi et orbe,
nesse momento, quem somos e o que valemos. Um grande Congresso do
Humorismo e da Caricatura, impõe-se. N’ esse congresso, para o qual é
necessário convidar pelo menos um ou dois grandes humoristas como por exemplo
Abel Faivre ou Poulbot, poderão ser apresentadas teses que, pela sua
contextura, representarão o grau de tradição e de cultura do Humorismo
português
Para exemplo do que poderiam ser essas
teses e os assuntos que seria lógico que abordassem, desde já expomos algumas:
Pedagogia do Humorismo / Direitos de Autor para os Humoristas / O Humorismo e a
caricatura serão compatíveis com a psicologia infantil ? / A Caricatura nas
Artes Regionais / O Humorismo e a Moda / O Humorismo na Literatura Portuguesa.
/…/ Este Congresso do Humorismo, em 1940,
poderia ser acompanhado por uma grande Exposição Nacional ou Internacional de
Humoristas mas, para acompanhar os 2 centenários, seriam evocadas, em uma das
secções da Exposição os ditos e feitos e as figuras Humorísticas mais
interessantes da nossa História, desde o séc. XII até à Restauração.
/…/ Esta secção histórica, representaria,
por assim dizer, a tradição do bom humor nacional, verdadeira retrospectiva d’
este espírito singular que, por vezes, tem descambado na baixa chalaça e na
vulgaridade própria da falta de cultura.
Mas o humorismo e a manifestação de bom
humor, sempre existiram em Portugal e é a sua evocação que constituirá o fundo
de uma das partes da nossa Exposição.
Outro sector, será dedicado aos desenhos de
crianças e aos desenhos e objectos dedicados ás crianças.
Por estes desenhos infantis, se verá o
humorismo sintético de observação da natureza, e os processo primitivos de que
se servem as crianças para transformarem as suas impressões em forma plástica.
Ao fundo d’esta secção poderia ser
construído um Teatro Infantil, género Guignol, conhecido em Portugal como o
teatro dos Robertos e onde seriam representadas farsas características, pelo
fantoches.
Esta Exposição, tanto na parte infantil que
seria uma glorificação à Mocidade Portuguesa como na parte Histórica, onde se
evocaria o espírito humorístico dos 2 Centenários, seria a nossa contribuição
para as Festas de 1940 com realizações espirituosas mas subordinadas sempre ao
espírito da nossa divisa - Por Bem.
Leal da Câmara não pára de sonhar. Mesmo não sabendo se continua à frente do Grupo, apresenta um programa detalhado sobre o que “deveria” fazer a nova Direcção. Por vezes fala como se fosse ele, sem duvida que estará à frente. Denota-se também aqui o Professor, que ele é nos últimos 20 anos, e suas preocupações com a juventude.
Depois desta grande síntese de um ano de actividade, e projectos para mais outros, e aprovados os relatórios, passou-se à eleição de uma nova Comissão Directiva. Os resultados foram os seguintes
Comissão Directiva -
Presidente Leal da Câmara com 14 votos (Arnaldo Ressano teve 5 votos)
Tesoureiro - Francisco Valença com 19 votos
Secretário - Dr. João Valério com 19 votos
Suplentes:
Presidente - Tertuliano Marques com 18 votos (Luíz d’ Oliveira Guimarães teve 2, e Hugo Sarmento teve 1 voto)
Tesoureiro - Santos Cunha com 18 votos
Secretário - Albino Forjaz Sampaio com 18 votos
Politicamente, o país vive em harmonia, com novas eleições legislativas, onde a União Nacional, 'curiosamente' consegue 100% dos votos. Harmoniosamente, também, Salazar reconhece oficialmente o regime triunfante de Franco, em Espanha.
Wednesday, March 03, 2021
Caricaturas Crónicas: «Maria Almira Medina; A caricatura no feminino» por Osvaldo Macedo de Sousa in Diário de Notícias de 20/5/1990
Com quase setenta anos, Almira Medina sente de novo
uma tentação de regressar à caricatura. Será que o nosso humor voltará a ser
enriquecido com uma caricatura no feminino?
A excepção é a consequência da regra, ou vice-versa,
razão pela qual no mundo masculino do humor português dos anos quarenta /
cinquenta encontramos a Maria Almira Medina.
Nascida em 1920, em Tavarede – Figueira da Foz, desde
os seis anos que se radicou em Sintra, localidade que lhe ensinou a poesia dos
trechos rústicos, o lirismo da linha tipográfica, onde o seu pai era mestre.
Como todos os artistas de alma, as suas raízes, encontramo-las nos seus primeiros
gatafunhos, no giz da escola: «O menino
vai desenhar no quadro uma linha infinita. – poesia em prosa de Almira
Medina – Quase todos os meninos acham
fácil desenhar no quadro uma linha infinita. Mas este menino sente que a linha
infinita está no coração do giz. Ora, o coração do giz não cabe no quadro preto
da escola. O menino risca a parede toda da sala, abre a porta, sai continua a
riscar, contínua à procura de espaço, voa. O mundo é comprido, mas não chega
para o coração de giz. O professor esquece. O menino viaja. Continua a riscar.
E um dia – morto ou vivo – há-de chegar».
A «Menina Girassol», também conhecida por Almira,
desde qie viaja com esse pau de giz, tem aberto o seu coração às múltiplas
formas de criação artística, desde a poesia, passando pelo conto para crianças,
desenho animado, publicidade, pintura, debuxadora de tecidos para crianças,
cerâmica, esmalte sobre cobre, ilustração de livros, trapologia até à
caricatura. Neste úlrimo género, foi galardoada com o Prémio Leal da Câmara, promovido
pela SNBA, e Gente da Rádio, pela Casa do Pessoal da E.N.
Perante o facto de ser das raras mulheres
caricaturistas, ela coloca o assunto da seguinte forma: «As mulheres habituaram-se a ser passivas, um hábito de séculos. As
regras que os homens inventaram cortaram-lhes um pouco a liberdade de
expressão. Mas essa passividade é aparente e sempre houve mulheres corajosas».
«Agora, não é
necessária tanta coragem, ou não deveria ser necessária, porque a mulher quase
já é aceite integralmente. Conheço mulheres com muito sentido de humor, só que
não o extravasam em desenho, antes na vida. A vida já é uma luta, a qual só se
vence com uma dose de amor, talento e humor. Fazer humor é conseguir uma real
manifestação de liberdade. O sentido de humor devia-se praticar como se faz
ginástica».
«O humor é
uma quebra da rotina, onde se descobre poesia, ternura, mas também com as
devidas excepções, porque há pessoas que não merecem a nossa ternura. Por essa
razão, a caricatura, acima de tudo, não é um gesto maldoso, porém confesso que
já as fiz verrinosas».
«A caricatura
deve ser humorística no bom sentido, que adivinhe a psicologia do caricaturado,
dando um dinamismo muito especial ao desenho, nada estático, da cabeça aos pés.
É uma onda de vida, porque a crítica pode implicar ternura».
Ela desde cedo desenhava, mas quem a incentivou para a
continuação no percurso da caricatura foi o caricaturista Francisco Paxhecoi,
um artista da caricatura-sintese, sobre o qual já escrevi a breve biografia
nestas crtónicas. Outro humorista, o José de Lemos, seria o incentivador para o
lado da ilustração e dos contos infantis, dispersando-se assim Maria Almira
pelas múltiplas actividades do entretenimento, visto a profissão dominante (e
castradora) ser o professorado e, depois da «reforma», a direcção do jornal
(onde publicou seus trabalhos nas décadas de quarenta / cinquenta) que seu pai
lhe deixou como herança, o «Jornal de Sintra» que ainda hoje dirige.
Como se costuma dizer, em casa de ferreiro espeto de
pau e, dessa forma, apesar de ser dona de uma tipografia e de um jornal, não
publica as suas caricaturas, e mesmo a sua poesia e contos, e nunca mais foram
recolhidos num volume único.
Agora, nos seus quase setenta anos sente de novo uma
tentação de regressar à caricatura. Será que o nosso humor voltará a ser
enriquecido com uma caricatura no feminino? Não, infelizmente é apenas uma
vontade…
PS:
Em 2001 outorguei-lhe o Prémio AmadoraCartoon
pela sua carreira humorística. Maria Almira virá a falecer a 18 de
Janeiro de 2016 com 96 anos
Tuesday, March 02, 2021
Caricaturas Crónicas - «Um humor desportivo» por Osvaldo Macedo de Sousa in Diário de Notícias de 8/4/1990
«Desportivo» foi durante muito tempo sinónimo de descontraído, saudável… Um humor desportivo era, ou deveria ser portanto, um acto de descontração risível, amizade… Porém, a sociedade vai alterando os seus hábitos e costumes e hoje «desportivo» tem mais sugestão de «violência tribal», «violência em campo», «suborno», «subjectividade de arbitragem»… Contudo, na imprensa, nas boas normas do humorismo crítico continua a ser o comentário, a crítica a todas essas violências de campo e de bancadas, continua a ser a crónica da vida no universo do desporto, umas vezes mais importante, outras menos no quotidiano da sociedade.
Assim, dos anos 30 a sessenta deste século (XX), poder-se-á falar no domínio do humor desportivo em toda a imprensa e sociedade nacional, porque, por um lado, o humor era obrigado a ser descontraído, sem grandes voos de crítica e, por outro, o desporto era menos violento nas bancadas (na vida e na sociedade bem policiada) ao mesmo tempo que era o «opio» da sociedade que a acalmava, que desviava a raiva politica e social para esses fins de semana onde se poderia ser violento nas palavras contra os árbitros, ou equipas adversárias e pouco mais. Ainda não eram tempos da moda «desporto é vida», publicitada como beneficiadora salutar dos 7 aos 77 anos. Era mais a passividade na poltrona, a escutar a rádio (e depois a televisão), enriquecida pelo extravasamento de insultos contra o árbitro (a culpa dos maus resultados nunca é dos seus heróis mas do árbitro).
Eram tempo adversos à critica política e o desporto dominou o humor gráfico, e quase todos os desenhadores de imprensa dessa época dedicaram um espaço mais ou menos vasto a esta temática hipnotizante da sociedade. Deu-se então a junção de duas artes, as humorísticas e as desportivas, tendo estas últimas toda uma ciência de fintas, um léxico de dribles, uma filosofia de penalties úteis às primeiras, para eventualmente, ou de longe a longe, um ou outro criador mais irreverente introduzir mensagens subliminares da política ou da crítica social. Por isso, quase poderíamos defenir o bom humorista como um «árbitro» (no sentido puro da palavra) que vigia ambos os campos (do poder e da oposição dos políticos e da sociedade…), objectivo sem clubismos, criticando-os, advertindo-os ou penalizando todos aqueles que cometem faltas, quer sejam da sua cor, quer tenham as mesmas ideias. Isso, utopicamente, seria ter um bom sentido desportivo, um bom sentido de humor.
O humorista, também pode resolver assumir a camisola do jogador (com a cor dos «oprimidos») em confronto com o poder, tomando o público, desta vez, o lugar do árbitro. Nesse caso a táctica é por os políticos off-side e marcar da melhor forma os livres directos e indirectos…. É isso o que tentaram os humoristas desportivos desses anos, veiculando nos seus «bonecos», não só o comentário aos jogos, à vida dos clubes, mas também outras críticas.
É este registo da história do desporto, e das motivações sociais que está patente ao público na exposição «O humor e A Bola», integrada nas comemorações dos 46º Aniversário daquele periódico desportivo, e realizada na Casa do Humor – Museu Bordalo Pinheiro, organizada por mim.
São quarente e cinco anos de humor, num periódico que soube sempre dar um espaço a esta forma de jornalismo, orgulhando-se de aí ter empregado grandes humoristas. No caso da escrita, por ali passaram nomes como Carlos Correia (Solrac), Rebellos de Carvalho, Alberto Valente, António Gomes de Almeida, Acácio Correia, Carlos Pinhão, Rolo Duarte, Álvaro Magalhães dos Santos…
O humor gráfico está presente também a partir do nº1, pela pena do grande mestre Baltazar Ortega, que teria uma colaboração breve, tal como o natalino Melchiades, o mestre da caricatura síntese Teixeira Cabral, o bandadesenhista-ilustrador Meco e Tito de Moraes, os caricaturistas Bensaúde, Orelo, Maia… Estes últimos a colaborarem ao mesmo tempo que o Stuart Carvalhais e Pargana, então titulares do grafismo humorístico da «Bola» nos anos 40 e 50.
Por volta de 52 aparece um Nicas, que em 55 se assume como Martins (e depois Mat – O João Martins), o qual viria a instituir-se como titular e imagem gráfica do jornal (curiosamente, é neste artista, que ali trabalha mais de vinte anos, que se denota a evolução mais vincada do gosto gráfico das épocas, em conjugação com a evolução do artista). A partir dos primeiros anos de sessenta dividirá o espaço de ilustração com o mestre Francisco Zambujal, o qual mantém a titularidade na actualidade.
A existência destes artistas «efectivos» (e de grande valor / carreira artística) não impediu ao jornal de contar com outras colaborações esporádicas mais ou menos longas, como a do Gomes Ferreira (o qual teria várias assinaturas ao longo da sua carreira como Ton, Quim…), Nando, Orlando, Osvaldo, Alm, DiFreitas, Serer…. Enriquecendo desta forma o espólio daquele jornal.
PS: Após a morte de Zambujal a titularidade do humor naquele jornal foi assumida primeiro pelo António Nunes seguindo-se o Luís Afonso e o Ricardo Galvão, mantendo-se estes dois últimos ainda no activo.
Monday, March 01, 2021
II PREMIO INTERNACIONAL DE HUMOR GRÁFICO “FRANCISCO DE QUEVEDO” 2021
BASES II PREMIO INTERNACIONAL DE HUMOR GRÁFICO “FRANCISCO DE QUEVEDO”
RULES II INTERNATIONAL
PRIZE OF CARTOON AND CARICATURE “FRANCISCO DE QUEVEDO”
“Quevedo y la economía”
“Quevedo and the economy”
ORGANIZACIÓN - ORGANIZATION
Las entidades promotoras de este premio son:
Excma. Diputación de Ciudad Real
Ilmo. Ayuntamiento de Villanueva de los Infantes (Ciudad Real)
Organizado por:
Fundación Francisco de Quevedo
Patrocinado por:
Denominación de Origen Queso Manchego
Cooperativa Ntra. Sra. de la Antigua de Villanueva de los Infantes
El Hiper del Campo de Montiel – HiperCash GB
Grupo IDV – ITV Services
The entities promoting this award are:
City Council of Ciudad Real
Villanueva de los Infantes Town Hall (Ciudad Real)
Organized by:
Francisco de Quevedo Foundation
Hosted by:
Manchego Cheese Denomination of Origin
Cooperativa Ntra. Sra. De la Antigua de Villanueva de los Infantes
HiperCash GB, Supermarkets
IDV Group – ITV Services
PARTICIPACIÓN - PARTICIPATION
Podrá participar en el concurso todo aquel que lo desee sin límite de edad, tanto individualmente como de forma conjunta entre dos o más dibujantes o entre guionista y dibujante. Cada participante podrá presentar un máximo de tres obras.
Anyone who wishes to participate in the contest
may do it, without age limit, both individually and jointly between two or more
cartoonists or between writer and artist. Each participant may submit a maximum
of three works.
TEMÁTICA - THEMATIC
La temática de las obras estará relacionada directa o indirectamente con la figura de Francisco de Quevedo y Villegas, pudiendo aparecer el personaje o cualquier tema relacionado con su vida o su obra y tendrán una clara intención humorística. En esta segunda edición la temática de las obras se centrarán alrededor del lema: “Quevedo y la economía” (1).
The theme of the works will be directly or indirectly related to the figure of Francisco de Quevedo y Villegas, the character or any subject related to his life or work may appear and will have a clear humorous intention. In this second edition, the theme of the works will be centered around the motto: "Quevedo and the economy" (1).
CARACTERISTICAS DE LOS DIBUJOS A CONCURSO - CHARACTERISTICS OF THE DRAWINGS TO CONTEST
Las obras presentadas deberán ser de creación propia e inéditas, podrán ser en viñeta, tira, página de cómic, caricatura, etc. y no haber sido premiadas en otro concurso ni estar pendientes de fallo en certámenes similares. La presentación de las obras serán necesariamente originales y firmadas si son en papel u otro material. Los trabajos realizados digitalmente se enviarán en JPG a 300dpi y al 100% del tamaño original. Podrán ser en color o blanco y negro, la dimensión máxima será de 29,7 x 42 cms (A3) y pueden presentarse en formato horizontal o vertical.
The works
submitted must be of their own creation and unpublished, may be in vignette,
strip, comic page, cartoon, etc. and not to have been awarded in another
contest or to be pending of failure in similar contests. The presentation of
the works will necessarily be in paper, original and signed. Digitally submitted works will be sent in JPG
at 300dpi and 100% of the original size. They can be in color or black and white, the
maximum dimension will be 29.7 x 42 cm (A3) and can be presented in horizontal
or vertical format.
Ejemplos de frases de Quevedo / Examples of sentences by Quevedo
- "No es sabio el que sabe dónde está el tesoro, sino el que trabaja y lo saca".
- "He who knows where the treasure is is not wise, but he who works and takes it out."
- "Poderoso caballero don Dinero".
- "Powerful gentleman Mr. Money".
- "El rico come, el pobre se alimenta".
- "The rich eats, the poor it feeds
- "Por nuestra codicia, lo mucho es poco; por nuestra necesidad, lo poco es mucho".
- "Because of our greed, much is little; because of our need, little is much."
- “Lo mucho se vuelve poco con sólo desear otro poco más”.
- "Much becomes little just by wanting a
little more."
LENGUA - LANGUAGE
Las obras serán sin texto, pero se admiten las que contengan texto. Los textos de las obras pueden redactarse en cualquiera de las lenguas oficiales de España. Las que provengan de fuera de España deben rotularse en castellano.
The works will be
without text, but those that contain text are admitted. The texts of the works
can be written in any of the official languages of Spain. Those coming from outside of Spain
must be labeled in Spanish.
PLAZOS Y ENVÍO - DEADLINES AND SHIPPING
La fecha límite para la entrega de las obras será a las 23,59 horas del 15 de julio de 2021. Se considerará como válida la fecha y hora del franqueo postal en la oficina de correos correspondiente.
La presentación de las obras se realizará en la siguiente dirección postal:
Premio de Humor Gráfico de Quevedo
Fundación Francisco de Quevedo
Paseo de la Estación, 17 - 5º D
28904 – Getafe (Madrid)
Las obras en formato digital se enviarán por correo electrónico o WeTransfer a: secretaria@franciscodequevedo.org
En todos los casos las obras deberán ir acompañadas de la hoja de inscripción donde se reflejen los datos de los participantes como: nombre y apellidos, teléfono, año y lugar de nacimiento, dirección postal y correo electrónico.
The deadline for the delivery of the works will be at 23.59 hours on July 15, 2021. The date and time of the postage will be considered valid at the corresponding post office.
The presentation of the works will be made at
the following postal address:
Premio de Humor Gráfico de Quevedo
Fundación Francisco de Quevedo
Paseo de la Estación, 17 - 5º D
28904 – Getafe (Madrid)
The works in digital format will be sent by email or WeTransfer to: secretaria@franciscodequevedo.org
In all cases, the works must be accompanied by
the registration form where participants` data are reflected, such as: name and
surname, telephone number, year and place of birth, postal address and email
address.
EXPOSICIÓN DE LOS TRABAJOS - EXHIBITION OF THE WORKS
La presentación de las obras a concurso implica la autorización expresa al Museo de Humor Gráfico de Quevedo a utilizar las imágenes a efectos expositivos en el propio Museo y/o en las instalaciones de cualesquiera de los promotores, organizadores o entidades patrocinadoras.
De las obras presentadas, un número determinado serán seleccionadas, a juicio del Jurado, para la exposición que se realizará. La exposición de las obras no generará derecho económico alguno para ninguna de las partes.
Asimismo, se realizará un catálogo en formato Pdf, que se remitirá a los dibujantes seleccionados y, caso de ser factible, se realizará en papel, que se remitirá a los dibujantes premiados.
The submission of the works to the contest implies the express authorization to the Museum of Graphic Humor of Quevedo to use the images for exhibition purposes in the Museum itself and / or in the facilities of any of the promoters, organizers or sponsoring entities.
Of the works presented, a certain number will be selected, in the judgment of the Jury, for the exhibition to be held. The exhibition of the works will not generate any economic right for any of the parties.
Likewise, a catalog will be made in PDF format,
which will be sent to the selected artists and, if feasible, will be made on
paper, which will be sent to the awarded artists.
PREMIOS - AWARDS
Esta 2ª edición del Premio Internacional de Humor Gráfico “Francisco de Quevedo” consta de los siguientes premios y dotación económica:
1er Premio: 1.500 euros y placa
2º Premio: 1.000 euros y placa
3er Premio 500 euros y placa
Accésit: 250 euros y placa
Los importes de los premios estarán sujetos a los impuestos y retenciones legales que les sean de aplicaión.
Los premiados deberán aportar el número de una cuenta bancaria y su correspondiente IBAN en la que se hará efectivo el pago de cada uno de los premios regulados en estas bases.
Los premiados con el 1º, 2º y 3er Premio, que vivan en el territorio español (Excepto Canarias y Baleares), se comprometen a recoger el premio en persona en el acto que se programe a estos efectos. Los gastos de transporte y hospedaje, si fuera necesario, serán de cuenta de la organización.
This 2nd edition of the International Prize for
Graphic Humor “Francisco de Quevedo” consists of the following awards and
financial endowment:
1st Prize: 1,500 euros and plate
2nd Prize: 1.000 euros and plate
3rd Price 500 euros and plate
1 Accésit 250 euros and plate
The amounts of the prizes will be subject to
the taxes and legal withholdings that apply to them.
The winners must provide the number of a bank
account and its corresponding IBAN in which the payment of each of the prizes
regulated in these bases will be effective.
The winners with
the 1st and 2nd Prize, who live in the Spanish territory (except Canary Islands
and Balearic Islands), undertake to collect the prize in person at the event
scheduled for this purpose. Transportation and accommodation expenses, if necessary, will be borne
by the organization.
9. JURADO - JURY
El jurado del Concurso de Humor Gráfico estará compuesto por:
. Un representante de la Fundación Francisco de Quevedo
. José María Gallego, humorista gráfico (de Gallego y Rey) – España
. Arturo Molero, humorista gráfico – España
. Adriana Mosquera, humorista gráfico - Colombia
. Un representante de los patrocinadores.
The jury of the Graphic Humor Contest will
consist of:
. A representative of the Francisco de Quevedo Foundation
. José María Gallego, graphic humorist (of Gallego y Rey) – Spain
. Arturo Molero, graphic humorist – Spain
. Adriana Mosquera, graphic humorist – Colombia
. A representative of the sponsors
FUNCIONAMIENTO DEL JURADO - JURY OPERATION
El Jurado actuará en pleno, siendo necesaria la asistencia de la mayoría simple de sus miembros. El Jurado se reserva el derecho de declarar desierto alguno de los premios de no existir, a su juicio, obras con la suficiente calidad. El fallo del Jurado se realizará en un plazo de 2 meses tras la fecha límite de presentación de los trabajos y su veredicto será comunicado a todos los participantes y publicado en las páginas web de las instituciones y entidades organizadoras así como en diferentes medios de comunicación y RRSS
The Jury will act
in full, being necessary the assistance of the simple majority of its members.
The Jury reserves the right to declare empty any of the prizes, if in its
opinion works wouldn’t have enough quality. The jury's decision will be made within 2
months after the deadline for submission of the work and its verdict will be
communicated to all participants and published on the websites of the
institutions and organizing entities as well as in different media and social
media.
DERECHOS Y PROPIEDAD DE LAS OBRAS - RIGHTS AND PROPERTY OF WORKS
Los trabajos premiados entrarán a formar parte de los fondos del Museo de Humor Gráfico de Quevedo y copia digital de los mismos quedarán en propiedad de cada uno de los promotores y patrocinadores. Los autores ceden todos sus derechos para la publicación, exposición y divulgación por cualquier medio, citando siempre su autoría y siempre que no se generen ingresos de las mismas. En caso de que la publicación, exposición y divulgación generase derechos económicos, se fija un 25 % de los mismos para los autores.
Los trabajos no premiados serán devueltos a cargo de la organización, siempre que en el envío así se solicite expresamente. En caso contrario formarán igualmente parte de los fondos del Museo de Humor Gráfico de Quevedo.
En todos los casos, siempre que así se solicite, se entregará Certificado de Donación de la obra.
The awarded works
will become part of the funds of the Museum of Graphic Humor of Quevedo and a
digital copy of them will remain the property of each of the promoters and
sponsors. The authors assign all their rights for publication, exhibition and
divulgation by any means, always citing their authorship and provided that no
income is generated from them. In the event that the publication, exhibition and disclosure generates
economic rights, 25% of these are set for the authors.
Non-awarded works
will be returned by the organization, in case the shipment is expressly
requested by the author. Otherwise
they will also be part of the Museum of Graphic Humor of Quevedo Funds.
In all cases, whenever requested, a Certificate
of Donation of the work will be delivered.
ACEPTACIÓN DE LAS BASES – RULES ACCEPTANCE
La presentación de las obras supone la aceptación de estas bases por parte de todos los/las autores/as
The presentation of the works implies the
acceptance of these bases by all the authors.