Saturday, October 21, 2006
O Cartoon e o início do séc. XXI
THE CARTOON AND THE BEGINNING OF THE 21st CENTURY
INTRODUCTION
Por: Osvaldo Macedo de Sousa
The poet wrote: Times change so as wishes. Time is composed of changes. Sometimes they happen slowly but some other times they happen so quickly they overtake us. The global warning is as undeniable reality. The ‘cold wars’ melted and hurricanes and tropical storms are all over the planet. Society is getting more instable and susceptibilities are on the surface of our skin.
The media are a reflex of the culture of each society and therefore they change simultaneously with it, doing everything to be its modeller. When society charges so do the media and as a consequence journalism is not the same now as it was at the time of the great press revolution during the liberalism period. Today we talk about neo-liberalism which is something very different, even opposite from the previous.
Concerning the structure of the press satirical drawing from the 18th and 19th centuries is not the same of those from contemporary society, because we have now different ways of living the politics, of living in society. Of course it is legitimate to say that artifices of the satirical, ironic or humoristic creation are always the same, changing only its way of tackling.
One of the cartoon pioneers, Charles Philipon said: «I’m not accused for my drawings but for what is inside your conscience». The way society deals with conscience has been changing from decade to decade, from year to year in a spiral which sometimes turn back to the past and others goes forward to an hypothetical future.
Cartoon is an Art with graphical aesthetic, with journalism communication and socio-political philosophy. As an ally, or as a weapon of dialogue, it uses satiric irony, humor and/or comicality. Therefore we can find some periods dominated by realism or pamphleteerism, by philosophy, morality and absurd… in a game of mirrors showing the soul of our society. Being a steady art, the aesthetic cannot overcome the message, neither the comicality smoother the philosophical. As someone said:‘more comicality makes the critic-philosophical thought become thinner’. But also this needs a bit of humour in order to be active and efficient. In a cartoon, the message is the most important, and then the humor, but both should get the reader at the same time.
The problem is to separate the theory from the practice. If, on one hand we talk about a serious, tragic, and absurd nowadays society, on the other hand we verify that grotesque and comic are dominating the world. In the past, comicality wasn’t exactly free, it was sacred and had rituals. It was less intellectualized, definitely a laugh of ‘low belly’, but it was sacred. Nowadays, everything is unsacred, including humor. The Dionysian rituals, the ‘saturas’, ‘nave des fous’… have gone forever and now we watch to the triumph of stand up comedy. This light kind of social exercise, of living and explaining life is established on the power chairs and politicians became funnier than comedians. It is also established on the communication chairs, manipulating news in a politically correct way. And it is trying to establish itself in cartoon turning it into graphic illustration.
Nowadays, fear is being imposed as a governing weapon, as a living terrorism.
This year is my 25th anniversary as producer of humoristic drawings events (more than 400 events), of cartoon books publications and of graphic humour investigation in Portugal. I wrote some less inspired texts, and also read genial works (I know now that I don’t know so much than when I started). For us, investigators it is easy to stroll among words, concepts, thinking about other’s work, but in face what do the artists say about their work? I like to listen to them; I like to be an active link between what they think and what the readers say.
In the presence of the “Cartoons War” controversy, of the fundamentalists reactions, of politicians who take advantage of violent minorities movements to shut up inconvenient voices; of some cartoonists who chose to accommodate themselves instead of fighting… I began to question about the role of the cartoon in this troubled society, and obviously about its future. Is it still the bastion of the western culture democratization? Is there yet any freedom of speech allowing the survival of the political satire?
Is this an existential doubt caused by the turn of the century? Andrey Feldshteyn mentions in his letter, to be found in ‘History of Cartoon from the ancient time till our days’ (published in St. Petersburg in 1903) the exactly same doubt: «Will the cartoon survive with all this modern politeness and courtesy in the relationship between individuals and even countries?»
With internet help I searched for live testimonials of artists from the five continents, atheists, Christians, Muslims, Orthodoxes, Protestants, Taoists, Buddhists… ironists, satirists and comedians. I contacted around 400 artists and 20 associations. My questionnaire was integrated in several forum sites like ‘cartoonblues’ (Rússia) and FECO (Federation of Cartoonist’s Organizations). It was also published in sites as cartoonworld, cartoonistconspiracy, chavedoburaco.blogspot.com, portalhumor... and of course in mine: humorgrafe.blogspot.com
I had some problems communication with those who do not speak English, French, Spanish or Portuguese. At the end, 50 artists participated (with words or drawings). Obviously I’m not looking for consensus or any indestructible truth. Since I do not have much room in my book, I will only publish the most valuable pieces. After meditating, these were the questions that came up to my mind:
INTRODUÇÃO
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, como escreveu o poeta, porque o tempo é feito de mudanças. Por vezes, estas acontecem lentamente, outras, como um turbilhão que nos ultrapassa. O aquecimento global é uma realidade indesmentível. As guerras frias descongelaram e proliferam os tufões e tempestades tropicais um pouco por todo o lado. Os equilíbrios são cada vez mais instáveis, e as susceptibilidades andam à flor da pele seca.
Os Media são o reflexo da cultura de cada sociedade e, por conseguinte vão se transformando com ela, ao mesmo tempo que procura ser o seu modelador. Se a sociedade muda, estes também se adaptam, razão pela qual hoje em dia não se faz o mesmo tipo de jornalismo de quando se deu a grande revolução da imprensa com o Liberalismo. Hoje falamos já em Neo-liberalismo, que é algo muito diferente do anterior, mesmo podendo dizer-se antagónico. Em relação à estrutura do desenho satírico de imprensa do séc. XVIII / XIX também forçosamente não é o mesmo de agora, porque, actualmente vive-se outras formas de estar em politica, de estar em sociedade. Claro que se pode defender que os artifícios da criação satírica, irónica ou humorística são sempre os mesmos, alterando-se apenas a forma de abordagem.
Um dos pioneiros do “Cartoon”, Charles Philipon já dizia: “Aquilo de que me acusam não está no desenho, mas na vossa consciência”. A maneira da sociedade lidar com a consciência tem mudado de década para década, de ano para ano numa espiral ciclónica que, por vezes, traça linhas tangenciais ao passado, mas sempre com convulsões para o hipotético futuro.
O Cartoon é uma arte de estética gráfica, de comunicação jornalística e de filosofia sócio-política. Como seu aliado, ou como arma de diálogo com o público, usa a sátira, a ironia, o humor ou a comicidade. Assim, encontramos épocas em que domina o realismo ou o panfletarismo, a filosofia, o moralismo, o absurdo… num jogo de espelhos com a alma da sociedade. Sendo uma arte de equilíbrios, nem a estética se pode sobrepor à mensagem, nem o cómico abafar o filosófico. Como alguém disse, quanto mais comicidade houver, mais anoréctico pode ficar o pensamento crítico-filosófico. Mas, este também necessita da pitada q/b de humor para ser actuante e eficiente. No cartoon a mensagem deve nascer primeiro, vindo o humor como segundo elemento, devendo chegar os dois simultaneamente ao leitor.
O grande problema é que, uma coisa são as teorias, outra a prática. Se, por um lado, falamos do momento sério, trágico e absurdo da actualidade, por outro verificamos que o grotesco, o cómico dominam o mundo. No passado, a comicidade não vivia selvaticamente livre, estava sacralizada, ritualizado. Poderia ser menos intelectualizado, ser um riso dominantemente de baixo ventre… mas era sacro. Hoje dessacralizou-se tudo, inclusivé o humor. Os ritos dionisíacos, as “saturas”, as “Naves dos loucos”… desapareceram para triunfo do “Stand up comedy”. Este género ligeiro de exercício social, de explicar e viver a vida instalou-se nas cadeiras da governação ao ponto de os políticos serem mais cómicos que os comediantes. Instalou-se nas cadeiras da comunicação ao manipular as notícias de forma “politicamente correcta”. E procura cada vez mais sentar-se nos estiradores do Cartoonismo para o transformar em ilustração gráfica.
Raphael Bordallo Pinheiro, em 1875 podia dar-se ao luxo de “estragar o estuque de cada um, com protesto do senhorio”, mas sem correr o perigo de uma Jihad anti humorística. Hoje tenta-se impor o medo como arma de governação, como terrorismo vivencial.
Neste ano de 2006, faço vinte e cinco anos de produções de exposições de desenho humorístico (mais de quatro centenas de eventos), de edições de livros sobre a matéria (mais de três centenas), de trabalho como historiador do humor gráfico em Portugal. Já escrevi muitos disparates, assim como li muitos tratados geniais. No final só sei que ainda sei menos de que quando comecei. Para nós teóricos é fácil deambular pelas palavras / conceitos, fazer reflexões sobre as criações alheias, mas e o que dizem os artistas sobre o que fazem? Eu gosto de ouvir os artistas, ser um elo actuante entre o que eles pensam e o que ouço o publico dizer.
Perante a polémica da “Guerra dos Cartoons”, das reacções fundamentalistas; perante a reacção de políticos que se aproveitam dos movimentos de minorias violentas, para calar vozes incomodas; perante a actuação de alguns cartoonistas que preferem adaptar-se que lutar… questionei-me sobre o papel do cartoon nesta sociedade em delírio, e qual o seu futuro. Será que se mantém como baluarte da Democraticidade da cultura ocidental? Será que ainda existe liberdade de expressão para que a sátira politica sobreviva?
Esta será uma dúvida existencial de mudança de século? Andrey Feldshteyn refere na sua carta, ter encontrado no livro "History of Cartoon from the ancient time till our days" (editado em Saint Petersburg in 1903) a mesma dúvida: "Will the cartoon survive with all this modern politeness and courtesy in the relationship between individuals and even countries?"
Pela Internet procurei os testemunhos vivos de artistas dos cinco continentes Ateus, cristãos, muçulmanos, ortodoxos, protestantes, taoistas, budistas… ironistas, satíristas e cómicos… Contactei cerca de quatrocentos artistas, assim como mais de uma vintena de associações. As perguntas entraram no Fórum de sites como cartoonblues (Rússia), e da FECO (Federation of Cartoonist’s Organizations); publicitados em sites como cartoonworld, cartoonistconspiracy, chavedoburaco, portalhumor... assim como no meu: humorgrafe.blogspot.com
Tive dificuldade de diálogo com quem não fala inglês, francês, espanhol ou português. No final, tive a colaboração de cinco dezenas de artistas (uns com palavras, outros com desenhos). Naturalmente não estou à espera de encontrar consensos, e muito menos verdades absolutas. Pela falta de espaço, só publicarei os excertos mais pertinentes. Eis a questões que surgiram da minha reflexão, em 11 pontos:
Friday, October 20, 2006
Tha Cartoon and the beginning of tha 21th Century - 1
Tal como tinha anunciado aqui, em Junho lancei para a praça pública uma série de perguntas sobre o Cartoon e a sociedade Contemporênea. Nestes três meses recebi várias respostas de diferentes artistas de diversos paises e culturas. Uns ebviaram repostas por escrito, outros através de desenhos. Esses desenhos têm sido publicaod aqui, começando agora a por tambem on-line todas as respostas recebidas. São onze questões, e aqui fica resgiadas as respostas à primeira pergunta
1) Qual é para si o papel do cartoon na imprensa contemporânea ? Mudou ao longo dos séculos XIX e XX o objectivo e a forma satírica, ou estas mantiveram-se sempre iguais?
In your opinion, what is the role of the cartoon on the contemporary press. Do you think that the purpose and the satirical form changed along the 19th and 20th century or do they remain the same?
Athanassios Efthimiadis (Grécia) - Although I believe that there is no any " Holy Grail " of the Cartoon itself , because Cartoon achieves almost always its goals / supposing that by the title of your theme you mean the . . . . " vanity of the Cartoonist "
Martin Turner (Irlanda) - To express an opinion, to look at a poltical situation differently, toprevent something happening...
Pereiro (Espanha)- Debe facer-se um humor actual e portanto corrosivo.
Harca (Espanha)- El dibujo de humor es un medio de expresión como puede ser un artículo de prensa, una película, una obra de teatro, una pintura
Daniel Ionesco (Roménia)- Times change everything including the way we have fun and amuse ourselves. Even the mental mechanism of producing laughs was touch by a mutation. I think our "digital society" lost the sense of contemplation. Everything has to be information more than knowledge, trend more than culture, science more than religion, understanding life as politics and symbol as abbreviation. People don't understand metaphor anymore. "Homo faber" is now "homo consumer". Cartooning become advertising. Due to the speed of the social life, humans become faster thinkers in the respect of the practical side of life and more mentally lazy when they have to discover themselves the meanings. Our civilization has now one single mind intelligence - the global one. And is one good thing about this named "Sharing". The visual is not anymore an intimate experience, as Gaston Bachelard put it, but one single vision shared by all, thus more intelligent and more intelligible. Is not what changed through the 19th to the 20th century but the effects it takes on us those changes in the 21st one. Still, as long as we can laugh at Oliver & Hardy, I think we are still sane.
Alejandro Barba (Peru) - En realidad es una pregunta complicada de resolver. Creo que en el siglo XIX la función del dibujo humorístico era expresar aquello que con palabras sería ofensivo o mal visto. A lo largo del siglo XX, con la supuesta libertad de expresión, y sobre todo hoy día (tiempo en el que la prensa es el medio más poderoso que existe, capaz de derrocar aquello en lo que fija su objetivo) no se hace necesario diluir con sutilezas o metáforas lo que se quiere decir. Parece que por medio de palabras se es capaz de mostrar cualquier opinión, y así es. Sólo que actualmente no leemos, al menos no de la manera que lo hacían décadas atrás. La gran fuerza de la comunicación hoy día está en el impacto de la imagen, y sólo si somos seducidos por ella accedemos a los textos. Estoy seguro que desde la prensa se ha criticado múltiples aspectos de la vida de los musulmanes, probablemente incluso con más dureza, pero sólo las imágenes han sido capaces de aglutinar iras y molestias.
Wagner Passos (Brasil) - Sou dono de um jornal de humor junto com o cartunista Alisson Affonso e percebemos que, apesar de imprimirmos 1.000 exemplares por mês, nossas opiniões humorísticas e críticas têm um forte impacto social em nossa cidade, onde circulam jornal de 5 a 10 mil exemplares por dia. Isso mostra que nossas opiniões, através da escrita ou gráfica, causam transtorno para políticos, pois incentivam as pessoas a pensarem sobre sua realidade, e isso causa medo e desconforto para quem está no poder. Consequentemente, traz um pingo de esperança para aqueles que ja tinham desistido de questionar, num país tão corrupto, discriminatório e desigual como o Brasil. Sim mudou ao longo dos séculos XIX e XX o objectivo e a forma satírica, pois antigamente havia a ditadura militar, e a falta de liberdade de expressão. A resposta para atitudes de algumas pessoas que questionavam a realidade era a agressão física dos militares. Hoje, apesar de toda a tecnologia, a ditadura continua, tão pior quanto antes, mas feita por empresa, por políticos manipuladores de empresário e pela justiça injusta, a qual permite que um corrupto sobreviva com suas trapaças, mas impede que um cartunista expresse sua opinião com a possibilidade de prisão caso o mesmo realize qualquer crítica. Isso acontece aqui no Brasil, apesar de ser um país livre, acontece a censura midiática, a censura manipulada, a censura da liberdade de viver e criticar.
Ze Oliveira (Portugal) - É um papel de guerrilha. O humorista deve entrincheirar-se nas entrelinhas dos jornais e, do seu abrigo, disparar lápistoladas bem direccionadas que acertem no cu dos políticos e outros tartufos; nas nádegas, não no buraco, porque esse faz-lhes muita falta para evacuarem a imensa merda que lhes emprenha os intestinos. E o estômago. E o esófago. A forma mudou. Hoje comunica-se privilegiando o conteúdo, em desfavor da forma. O objectivo também mudou, como consequência do advento da Democracia. Há 40 anos, o objectivo era desmascarar “a apagada e vil tristeza” da ditadura. Há 100 anos, as águas também estavam claramente estremadas: continuar no bolor da monarquia ou renovar com a criação de uma república. Hoje, o objectivo é desmascarar os tiques de ditadura que se escondem sob a máscara da Democracia. É mais complicado, porque em teoria a Democracia é um valor intocável. (Mas não são intocáveis, os vícios que a sustentam).
Juan Ramón Mora (Espanha) - El papel del humor gráfico en la prensa contemporánea es para mí de la editorial alternativa, es detenerse un instante en matices de determinados sucesos o noticias que solo la opinión puede permitirse. Creo que el objetivo ha variado un poco, salvo honrosas excepciones en algunos medios sus dibujantes se han posicionado a un lado u otro, el menos en España tornándose demasiado explícitos políticamente.
Andrey Feldshteyn (Rússia) - The role of the cartoon is still big. But the role of the traditional press itself is diminishing. People are learning news from the computer more and more. And the new electronic media gives additional options to represent this art.
I suspect that the cartoon is becoming more entertaining. It would be interesting to check the statistic: gag cartoons against editorial - now, 100 years ago, and 200 years ago. On the other hand the humor is more general these days; cartoonists are using a special conventional language to speak about world problems. (We used a special term “problem graphic” in Russia at the time of Communist rule.) The age of caricature is going down; there is no need to draw specific public figures, people can see them on TV.
Ermengol (Argentina) - El papel del humor gráfico en los medios de comunicación escritos debería ser muy importante siempre y en todos los paises del mundo. Yo solo puedo hablar de Argentina, donde comencé a publicar en 1979, y de España, donde publico desde 1985. En ambos paises la presencia del cartoon en la prensa es importante y tanto uno como otro han dado brillantes autores de sátira política y social. La presencia siempre ha sido más activa durante gobiernos democráticos que en las dictaduras, cómo es lógico, ya que los tiranos no tienen sentido del humor, aparte de no tener escrúpulos, ni vergüenza y otras cosas. La presencia del humor gráfico en la prensa en estos paises, y varios otros, se produce casi al mismo tiempo que la aparición del medio.
Raquel Orzuj (Uruguay) – El rol de los cartoons, en la prensa contemporanea, juega entre la caricatura temática, y la viñeta (en manor grado, la historieta – al evolucionar la globalización, las intenciones politicas y tecnológicas, del dibujo de humor fueron ingresando en temáticas ineditas e infrecuentes, a via de ejemplo, señado las convocatorias de Iran, con el tema humoristico “Nagcion del Holocausto Judio”, como reaccion a imagenas publicadas, en el Diário Danes Jyllands-Posten, sobre caricaturas del Profeta Mahoma.
Nando (Argentina) - En mi opinión el rol del Humor Gráfico en la prensa es (o debería ser) tomar y tratar los temas que están en la sociedad y que no se muestran, se ocultan ó simplemente se enmascaran. Creo que el espíritu del Cartoon se ha mantenido a lo largo del tiempo.
Bernard Bouton (França) - I think that it depends of the newspaper : sometimes the chief editor choices the cartoons that support the newspaper’s politics and sometimes he publishes a cartoon just because he have a small place to fill (when he didn’t have got a picture !)
Tatyana Tsankova (Bulgária) - Cartoons appearing in the press still treat mainly political or everyday life subject matter depending on the character of the publication.However, sharper criticism on political events is to be obsrved recently. But it is dictated by the policy of the editorial-board or by the number of events reflecting quicker changes in national and political structures.
Marlene Pohle (Alemanha) - El rol del cartoon ha sido siempre el de ironizar las debilidades humanas y de denunciar actitudes políticas escandalosas. Siempre fue así, si hay cambios, éstos se deben nomás a las diferentes situaciones regionales y temporarias.
Omar Zevallos (Peru) - Creo que el humor en esencia no ha cambiado a lo largo de estos siglos, sin embargo creo que sí ha crecido y se ha robustecido en la finura de su mordacidad, tanto como las técnicas tan depuradas para su realización. Creo que el humor de los artistas se mantiene firme.
Chuck Asay (USA)- It think the role is mainly to stir up thought. My cartoons take aim at social and political issues. I sift the issues through my biblical worldview and try to point to the truth on matters as I see it. My worldview holds that truth exists apart from mankind. We can know what is right and wrong and we are free to twist the truth but will reap the consequences of our trespass. Ben Franklin, one of the founders of the United States supposedly said, "We cannot break the Ten Commandments of God, we can only be broken upon them." I've attached a cartoon which points out my view on when life begins.(see condor cartoon) This is an example of a cartoon which contains humor but makes a serious point that we all know when life begins...we just disagree on when it should be protected. Yes, I think satirical comment changes with the times and within cultural boundaries. What Europeans consider humorous might fall flat in America.
Eduardo Welsh (Portugal) - O cartoon é uma forma de divertimento, critica ou de fazer uma observação. Existe o cartoon “político” que se dirige à actualidade, e o cartoon “quotidiano” que reflecte sobre a vida e tem uma qualidade e um humor mais intemporal e que, portanto, não é tão marcado pelo tempo: pode ter tanta piada hoje como há cem anos. Na generalidade, o cartoon político ao serviço da propaganda e do Poder tem vindo a diminuir e a desaparecer, embora não completamente. Um triste exemplo é o “Boca Pequena” do Jornal da Madeira. Os estereótipos e personalizações de nações também têm vindo a desaparecer. Os cartoons de hoje têm uma tendência para um humor mais sofisticado e para mostrar uma visão e uma interpretação de eventos de uma forma muito pessoal e identificável. Um bom cartoonista é bem informado, tem opiniões políticas, identifica-se e arrisca a ter uma opinião própria e pessoal.
Andy Davey (Grâ-Bretanha) - The old adage “to afflict the comfortable and comfort the afflicted” still seems a pretty good maxim for a cartoonist. A cartoonist should poke fun and question those people in positions of power through the instrument of humour. The purpose hasn’t changed, but the style of attack has changed drastically in the UK. The 19th century was a time of deference. This ran into the 20th century was only broken down in the 1960’s. A new age of harsh satire was born and many cartoonists took this opportunity with relish – in fact one or two contributed to that breakdown.
Dário Banegas (Nicaragua) – El humor gráfico en la prensa contemporánea cada vez tiene mas penetración en el gusto del publico porque es fácil de acceder a una gran cantidad de información y opinión que transmite en poco tiempo y en una sociedad cada vez mas “visual”. Además, la opinión dibujada en los diarios cada vez va madurando mas de manera que interpreta de mejor manera la opinión de las grandes mayorías sociales.
Siro Lopez (Espanha) - Prefiro non falar do cartoon porque, se por cartoon debemos entender o debuxo de humor feito apresa, nin eu o practiquei, nin penso que ese xénero teña que ser identificado co deseño satírico, ou simplemente crítico cos poderes político, económico, relixioso, etc. Tal e como eu entendo o cartoon, habería que falar dun estilo e non dunha intencionalidade. Pido perdón polo que pode semellar pedantería e que non é máis que vontade de clarificación. Eu fixen durante 36 anos caricatura política, polo que falarei desta forma do humor gráfico. A caricatura política e o humor gráfico en xeral son hoxe moi distintos do que foron na súa aparición na Franza do XIX, cando Philippon creou as publicacións La aricature e Le Charivari para combater o Antigo Réxime, con viñetas que eran sátiras de gran virulencia. Desde entón, sempre que as sociedades tiveron graves confrontacións –dictaduras, guerras civís ou contra outros países, etc.--, a caricatura e o humor gráfico rexurdiron con grande forza satírica para aldraxar e ridiculizar aos inimigos. En tempos de paz e aparente benestar, os lapis perden agudeza e feren menos.
Nano (Costa Rica) - El humor gráfico y la prensa están íntimamente ligados, son un complemento. Como siempre hay excepciones, en mi país se ha dado el caso de que el principal medio escrito se dio el lujo de excluir de su página editorial, por varios años el humor gráfico, hasta que vieron que tenían que colocarla de nuevo. Sin embargo lo retomó con dibujantes de planta (a los que reconozco su calidad de trabajo) solo que son gentes que laboran dentro y las opiniones van en una sola dirección.
Derkaoui Abdellah (Marrocos) - nobody ignores the importance of the cartoon on the contemporary press ,nowdays the cartoon becomes a necessity to the distinguished dailies- all over the world - sush as +lemonde+ washigtonpost+the times+ect...... and contrary to the post -the 19 century the press cartoon range from the comic and the gossip to the serious which focus news and and the analysis of world events and more than that the cartoonist occupied the editorial column.. and here is the difference between cartoon and press illustration .
Farid Ouidder (Marrocos) - Le rôle de la caricature est toujours aussi présents dans les journaux contemporains; la majorité des publications ont placé la caricature en première page. Et d’autres y consacrent des pages entières. Pour les techniques utilisés par les caricaturistes, leurs techniques ont incroyablement évolué. Les logiciels ont permis certe, une amélioration certaine des techniques sans faire perdre ni les sens ni l’ame des dessins.
Stane Jagodic (Eslovénia) - The purpose of the cartoon has always been the same, though the ideas behind it and the technical process change in accordance with the development of art. Cartoons were once largely realistically narrative, while in the last fifty years they have been more or less stylised in the spirit of the modern. The contemporary cartoon enjoyed a boom and a powerful ideological charge during the tense period of the capitalist and communist blocs. After the fall of the Berlin Wall, many satirical/humorous publications folded and the importance of the satirical cartoon waned. Today it appears at various festivals, where however graphic humour prevails – less and less demanding in formal and aesthetic terms, and often amateurish and kitschy.
Carlos Brito (França) Actualmente, o papel do cartoon é papel de embrulho. O objectivo e a forma satírica não mudaram forçosamente. O que mudou foi a ideologia dominante, mais voltada para o consensual do que para a polémica.
1) Qual é para si o papel do cartoon na imprensa contemporânea ? Mudou ao longo dos séculos XIX e XX o objectivo e a forma satírica, ou estas mantiveram-se sempre iguais?
In your opinion, what is the role of the cartoon on the contemporary press. Do you think that the purpose and the satirical form changed along the 19th and 20th century or do they remain the same?
Athanassios Efthimiadis (Grécia) - Although I believe that there is no any " Holy Grail " of the Cartoon itself , because Cartoon achieves almost always its goals / supposing that by the title of your theme you mean the . . . . " vanity of the Cartoonist "
Martin Turner (Irlanda) - To express an opinion, to look at a poltical situation differently, toprevent something happening...
Pereiro (Espanha)- Debe facer-se um humor actual e portanto corrosivo.
Harca (Espanha)- El dibujo de humor es un medio de expresión como puede ser un artículo de prensa, una película, una obra de teatro, una pintura
Daniel Ionesco (Roménia)- Times change everything including the way we have fun and amuse ourselves. Even the mental mechanism of producing laughs was touch by a mutation. I think our "digital society" lost the sense of contemplation. Everything has to be information more than knowledge, trend more than culture, science more than religion, understanding life as politics and symbol as abbreviation. People don't understand metaphor anymore. "Homo faber" is now "homo consumer". Cartooning become advertising. Due to the speed of the social life, humans become faster thinkers in the respect of the practical side of life and more mentally lazy when they have to discover themselves the meanings. Our civilization has now one single mind intelligence - the global one. And is one good thing about this named "Sharing". The visual is not anymore an intimate experience, as Gaston Bachelard put it, but one single vision shared by all, thus more intelligent and more intelligible. Is not what changed through the 19th to the 20th century but the effects it takes on us those changes in the 21st one. Still, as long as we can laugh at Oliver & Hardy, I think we are still sane.
Alejandro Barba (Peru) - En realidad es una pregunta complicada de resolver. Creo que en el siglo XIX la función del dibujo humorístico era expresar aquello que con palabras sería ofensivo o mal visto. A lo largo del siglo XX, con la supuesta libertad de expresión, y sobre todo hoy día (tiempo en el que la prensa es el medio más poderoso que existe, capaz de derrocar aquello en lo que fija su objetivo) no se hace necesario diluir con sutilezas o metáforas lo que se quiere decir. Parece que por medio de palabras se es capaz de mostrar cualquier opinión, y así es. Sólo que actualmente no leemos, al menos no de la manera que lo hacían décadas atrás. La gran fuerza de la comunicación hoy día está en el impacto de la imagen, y sólo si somos seducidos por ella accedemos a los textos. Estoy seguro que desde la prensa se ha criticado múltiples aspectos de la vida de los musulmanes, probablemente incluso con más dureza, pero sólo las imágenes han sido capaces de aglutinar iras y molestias.
Wagner Passos (Brasil) - Sou dono de um jornal de humor junto com o cartunista Alisson Affonso e percebemos que, apesar de imprimirmos 1.000 exemplares por mês, nossas opiniões humorísticas e críticas têm um forte impacto social em nossa cidade, onde circulam jornal de 5 a 10 mil exemplares por dia. Isso mostra que nossas opiniões, através da escrita ou gráfica, causam transtorno para políticos, pois incentivam as pessoas a pensarem sobre sua realidade, e isso causa medo e desconforto para quem está no poder. Consequentemente, traz um pingo de esperança para aqueles que ja tinham desistido de questionar, num país tão corrupto, discriminatório e desigual como o Brasil. Sim mudou ao longo dos séculos XIX e XX o objectivo e a forma satírica, pois antigamente havia a ditadura militar, e a falta de liberdade de expressão. A resposta para atitudes de algumas pessoas que questionavam a realidade era a agressão física dos militares. Hoje, apesar de toda a tecnologia, a ditadura continua, tão pior quanto antes, mas feita por empresa, por políticos manipuladores de empresário e pela justiça injusta, a qual permite que um corrupto sobreviva com suas trapaças, mas impede que um cartunista expresse sua opinião com a possibilidade de prisão caso o mesmo realize qualquer crítica. Isso acontece aqui no Brasil, apesar de ser um país livre, acontece a censura midiática, a censura manipulada, a censura da liberdade de viver e criticar.
Ze Oliveira (Portugal) - É um papel de guerrilha. O humorista deve entrincheirar-se nas entrelinhas dos jornais e, do seu abrigo, disparar lápistoladas bem direccionadas que acertem no cu dos políticos e outros tartufos; nas nádegas, não no buraco, porque esse faz-lhes muita falta para evacuarem a imensa merda que lhes emprenha os intestinos. E o estômago. E o esófago. A forma mudou. Hoje comunica-se privilegiando o conteúdo, em desfavor da forma. O objectivo também mudou, como consequência do advento da Democracia. Há 40 anos, o objectivo era desmascarar “a apagada e vil tristeza” da ditadura. Há 100 anos, as águas também estavam claramente estremadas: continuar no bolor da monarquia ou renovar com a criação de uma república. Hoje, o objectivo é desmascarar os tiques de ditadura que se escondem sob a máscara da Democracia. É mais complicado, porque em teoria a Democracia é um valor intocável. (Mas não são intocáveis, os vícios que a sustentam).
Juan Ramón Mora (Espanha) - El papel del humor gráfico en la prensa contemporánea es para mí de la editorial alternativa, es detenerse un instante en matices de determinados sucesos o noticias que solo la opinión puede permitirse. Creo que el objetivo ha variado un poco, salvo honrosas excepciones en algunos medios sus dibujantes se han posicionado a un lado u otro, el menos en España tornándose demasiado explícitos políticamente.
Andrey Feldshteyn (Rússia) - The role of the cartoon is still big. But the role of the traditional press itself is diminishing. People are learning news from the computer more and more. And the new electronic media gives additional options to represent this art.
I suspect that the cartoon is becoming more entertaining. It would be interesting to check the statistic: gag cartoons against editorial - now, 100 years ago, and 200 years ago. On the other hand the humor is more general these days; cartoonists are using a special conventional language to speak about world problems. (We used a special term “problem graphic” in Russia at the time of Communist rule.) The age of caricature is going down; there is no need to draw specific public figures, people can see them on TV.
Ermengol (Argentina) - El papel del humor gráfico en los medios de comunicación escritos debería ser muy importante siempre y en todos los paises del mundo. Yo solo puedo hablar de Argentina, donde comencé a publicar en 1979, y de España, donde publico desde 1985. En ambos paises la presencia del cartoon en la prensa es importante y tanto uno como otro han dado brillantes autores de sátira política y social. La presencia siempre ha sido más activa durante gobiernos democráticos que en las dictaduras, cómo es lógico, ya que los tiranos no tienen sentido del humor, aparte de no tener escrúpulos, ni vergüenza y otras cosas. La presencia del humor gráfico en la prensa en estos paises, y varios otros, se produce casi al mismo tiempo que la aparición del medio.
Raquel Orzuj (Uruguay) – El rol de los cartoons, en la prensa contemporanea, juega entre la caricatura temática, y la viñeta (en manor grado, la historieta – al evolucionar la globalización, las intenciones politicas y tecnológicas, del dibujo de humor fueron ingresando en temáticas ineditas e infrecuentes, a via de ejemplo, señado las convocatorias de Iran, con el tema humoristico “Nagcion del Holocausto Judio”, como reaccion a imagenas publicadas, en el Diário Danes Jyllands-Posten, sobre caricaturas del Profeta Mahoma.
Nando (Argentina) - En mi opinión el rol del Humor Gráfico en la prensa es (o debería ser) tomar y tratar los temas que están en la sociedad y que no se muestran, se ocultan ó simplemente se enmascaran. Creo que el espíritu del Cartoon se ha mantenido a lo largo del tiempo.
Bernard Bouton (França) - I think that it depends of the newspaper : sometimes the chief editor choices the cartoons that support the newspaper’s politics and sometimes he publishes a cartoon just because he have a small place to fill (when he didn’t have got a picture !)
Tatyana Tsankova (Bulgária) - Cartoons appearing in the press still treat mainly political or everyday life subject matter depending on the character of the publication.However, sharper criticism on political events is to be obsrved recently. But it is dictated by the policy of the editorial-board or by the number of events reflecting quicker changes in national and political structures.
Marlene Pohle (Alemanha) - El rol del cartoon ha sido siempre el de ironizar las debilidades humanas y de denunciar actitudes políticas escandalosas. Siempre fue así, si hay cambios, éstos se deben nomás a las diferentes situaciones regionales y temporarias.
Omar Zevallos (Peru) - Creo que el humor en esencia no ha cambiado a lo largo de estos siglos, sin embargo creo que sí ha crecido y se ha robustecido en la finura de su mordacidad, tanto como las técnicas tan depuradas para su realización. Creo que el humor de los artistas se mantiene firme.
Chuck Asay (USA)- It think the role is mainly to stir up thought. My cartoons take aim at social and political issues. I sift the issues through my biblical worldview and try to point to the truth on matters as I see it. My worldview holds that truth exists apart from mankind. We can know what is right and wrong and we are free to twist the truth but will reap the consequences of our trespass. Ben Franklin, one of the founders of the United States supposedly said, "We cannot break the Ten Commandments of God, we can only be broken upon them." I've attached a cartoon which points out my view on when life begins.(see condor cartoon) This is an example of a cartoon which contains humor but makes a serious point that we all know when life begins...we just disagree on when it should be protected. Yes, I think satirical comment changes with the times and within cultural boundaries. What Europeans consider humorous might fall flat in America.
Eduardo Welsh (Portugal) - O cartoon é uma forma de divertimento, critica ou de fazer uma observação. Existe o cartoon “político” que se dirige à actualidade, e o cartoon “quotidiano” que reflecte sobre a vida e tem uma qualidade e um humor mais intemporal e que, portanto, não é tão marcado pelo tempo: pode ter tanta piada hoje como há cem anos. Na generalidade, o cartoon político ao serviço da propaganda e do Poder tem vindo a diminuir e a desaparecer, embora não completamente. Um triste exemplo é o “Boca Pequena” do Jornal da Madeira. Os estereótipos e personalizações de nações também têm vindo a desaparecer. Os cartoons de hoje têm uma tendência para um humor mais sofisticado e para mostrar uma visão e uma interpretação de eventos de uma forma muito pessoal e identificável. Um bom cartoonista é bem informado, tem opiniões políticas, identifica-se e arrisca a ter uma opinião própria e pessoal.
Andy Davey (Grâ-Bretanha) - The old adage “to afflict the comfortable and comfort the afflicted” still seems a pretty good maxim for a cartoonist. A cartoonist should poke fun and question those people in positions of power through the instrument of humour. The purpose hasn’t changed, but the style of attack has changed drastically in the UK. The 19th century was a time of deference. This ran into the 20th century was only broken down in the 1960’s. A new age of harsh satire was born and many cartoonists took this opportunity with relish – in fact one or two contributed to that breakdown.
Dário Banegas (Nicaragua) – El humor gráfico en la prensa contemporánea cada vez tiene mas penetración en el gusto del publico porque es fácil de acceder a una gran cantidad de información y opinión que transmite en poco tiempo y en una sociedad cada vez mas “visual”. Además, la opinión dibujada en los diarios cada vez va madurando mas de manera que interpreta de mejor manera la opinión de las grandes mayorías sociales.
Siro Lopez (Espanha) - Prefiro non falar do cartoon porque, se por cartoon debemos entender o debuxo de humor feito apresa, nin eu o practiquei, nin penso que ese xénero teña que ser identificado co deseño satírico, ou simplemente crítico cos poderes político, económico, relixioso, etc. Tal e como eu entendo o cartoon, habería que falar dun estilo e non dunha intencionalidade. Pido perdón polo que pode semellar pedantería e que non é máis que vontade de clarificación. Eu fixen durante 36 anos caricatura política, polo que falarei desta forma do humor gráfico. A caricatura política e o humor gráfico en xeral son hoxe moi distintos do que foron na súa aparición na Franza do XIX, cando Philippon creou as publicacións La aricature e Le Charivari para combater o Antigo Réxime, con viñetas que eran sátiras de gran virulencia. Desde entón, sempre que as sociedades tiveron graves confrontacións –dictaduras, guerras civís ou contra outros países, etc.--, a caricatura e o humor gráfico rexurdiron con grande forza satírica para aldraxar e ridiculizar aos inimigos. En tempos de paz e aparente benestar, os lapis perden agudeza e feren menos.
Nano (Costa Rica) - El humor gráfico y la prensa están íntimamente ligados, son un complemento. Como siempre hay excepciones, en mi país se ha dado el caso de que el principal medio escrito se dio el lujo de excluir de su página editorial, por varios años el humor gráfico, hasta que vieron que tenían que colocarla de nuevo. Sin embargo lo retomó con dibujantes de planta (a los que reconozco su calidad de trabajo) solo que son gentes que laboran dentro y las opiniones van en una sola dirección.
Derkaoui Abdellah (Marrocos) - nobody ignores the importance of the cartoon on the contemporary press ,nowdays the cartoon becomes a necessity to the distinguished dailies- all over the world - sush as +lemonde+ washigtonpost+the times+ect...... and contrary to the post -the 19 century the press cartoon range from the comic and the gossip to the serious which focus news and and the analysis of world events and more than that the cartoonist occupied the editorial column.. and here is the difference between cartoon and press illustration .
Farid Ouidder (Marrocos) - Le rôle de la caricature est toujours aussi présents dans les journaux contemporains; la majorité des publications ont placé la caricature en première page. Et d’autres y consacrent des pages entières. Pour les techniques utilisés par les caricaturistes, leurs techniques ont incroyablement évolué. Les logiciels ont permis certe, une amélioration certaine des techniques sans faire perdre ni les sens ni l’ame des dessins.
Stane Jagodic (Eslovénia) - The purpose of the cartoon has always been the same, though the ideas behind it and the technical process change in accordance with the development of art. Cartoons were once largely realistically narrative, while in the last fifty years they have been more or less stylised in the spirit of the modern. The contemporary cartoon enjoyed a boom and a powerful ideological charge during the tense period of the capitalist and communist blocs. After the fall of the Berlin Wall, many satirical/humorous publications folded and the importance of the satirical cartoon waned. Today it appears at various festivals, where however graphic humour prevails – less and less demanding in formal and aesthetic terms, and often amateurish and kitschy.
Carlos Brito (França) Actualmente, o papel do cartoon é papel de embrulho. O objectivo e a forma satírica não mudaram forçosamente. O que mudou foi a ideologia dominante, mais voltada para o consensual do que para a polémica.
Wednesday, October 18, 2006
Reportagem sobre a Seminário na ONU sobre o carttonismo
"Cartooning for Peace" Participants: From left to right, Jeff Danziger, Godfrey Amon Mwampembwa, Raymond Sommereyns, Mike Luckovich, Carsten Graabaek, Gérard Vandenbroucke, Cintia Bolio, Liza Donnelly, Baha Boukhari, Kofi Annan, Shashi Tharoor, Ann Telnaes, Jean Plantu, Michel Kichka, Jean Pierre Bugada, Norio Yamanoi, Afsane Bassir-Pour, Ranan Lurie, Holli Semetko UN Photo/Evan Schneider
Reportagem sobre a Seminário na ONU sobre o carttonismo
Seminar Tackles Cartooning, Opens Wider Dialogue
By Melissa Gorelick
Political cartoonists have deep-rooted power and significant responsibilities, said a panel of experts at the United Nations headquarters in New York on Monday. "Cartooning for Peace" is the fifth event in the "Unlearning Intolerance" conference series. It was sponsored by the United Nations Department of Public Information in partnership with the Claus M. Halle Institute for Global Learning at Emory University, and brought together political cartoonists from around the globe.
The raw, unmediated power of cartooning - especially its ability to transcend language barriers and even words altogether - was at the forefront of the debate. Cartoons ''can encourage us to look critically at ourselves, and increase our empathy for the sufferings and frustration of others,'' said Secretary-General Kofi Annan as he opened the discussion. Many panelists agreed, noting that a cartoon's visceral connection with readers meant a great responsibility for them personally as the authors of cartoons.
"Images have great power, and it's too easy to go too far," said Michel Kichka, a freelance cartoonist and senior lecturer at Israel's Bezalel Academy. But the panelists were quick to note that in order to do justice to their role as social critics, striking a balance is essential. Cartooning is one of the last media "where you can be unfair and sarcastic and take shots," said Mike Luckovich, a two-time Pulitzer Prize winning cartoonist for the Atlanta Journal-Constitution. "And I love that", he added. "But you shouldn't incite people just to incite them."
"Editorial cartoonists are not here to make pretty, innocuous pictures," said Ann Telnaes, a freelance cartoonist from the United States, adding that they are the "ultimate barometer" of a free press. Ranan Lurie, a renowned cartoonist and sponsor of the annual United Nations Correspondents Association Ranan Lurie Political Cartooning Award, said that the "highest caliber" of cartoonists is that which analyzes the world intelligently and independently, instead of taking orders from partisan groups. Ms. Telnae and Mr. Lurie's American colleague, Jeff Danziger, agreed. He said that cartoons must reflect an objective reality, even when that reality is unpleasant.
Political cartoons have been a topic of significant debate since tensions flared over a series of Danish cartoons depicting the Prophet Mohammed a year ago. Mr. Luckovich and his colleagues warned that often in cartooning "the image can overwhelm the message"-indeed a dangerous risk in today's volatile world.
Carsten Graabaek, a political cartoonist from Denmark, recalled how the Prophet cartoon controversy unfolded, when widespread rioting early this year drew attention to the often overlooked influence of cartoons. He said that a difficult and fundamental rift exists between cultures that believe in free speech and those that do not. While Mr. Graabaek said that bridging this divide may never be possible, he suggested that cartoonists learn to move forward with more caution. "It's a matter of adding another item to the code of conduct of political correctness", he said.
As cartoonists in some parts of the world grapple with reining in poignant images, those in regions where free speech is a new concept are just learning to mobilize this powerful art form. In northern Kenya, for example, panelist Godfrey Amon Mwampembwa - also known as "Gado" - teaches refugee artists to use cartoons to achieve their goals. Many countries with oppressive government regimes still regulate who and what can be criticized by the media. Palestine's Baha Boukhari, who addressed the conference room in Arabic, said that the number of working cartoonists in an Arab state correlates almost directly to the amount of free speech allowed in that state. Jean Plantu, a veteran cartoonist for France's Le Monde newspaper and the seminar's organizer, agreed. This is one area where United Nations agencies may be able to help, he said.
Other issues touched on by the panel of cartoonists included cartoons as proponents of progressive social issues, like women's rights, and as educational tools. Among the many cartoons displayed at the seminar were several by panelist Cintia Bolio, a syndicated Mexican cartoonist and one of the only female cartoonists in that country. Showing a poignant slide of a battered Mexican wife, she said that cartoons were an ideal medium for sharing "uncomfortable knowledge", such as unjust social conditions and issues of religion and sexuality.
Like Mr. Mwampembwa's workshops in Kenyan refugee camps, several other panelists described unique educational cartooning in which they are currently involved: Japan's Norio Yamanoi has written a cartoon guide to understanding Middle Eastern politics, which he said most Japanese know very little about; and Liza Donnelly, a long-time cartoonist for The New Yorker magazine, said she teaches classes of both five-year-olds and 20-year-olds.
"War is taught, and peace is lived", Ms. Donnelly said. By actively questioning war and teaching peace-through cartoons or otherwise-cartoonists can help repair damage that aggression and violence has done over the years. "Cartoons can hurt", she said. "But they can also heal, as well."
SECRETARY-GENERAL ADDRESSES ‘UNLEARNING INTOLERANCE: CARTOONING FOR PEACE’ SEMINAR
Following is the text of remarks by UN Secretary-General Kofi Annan at the “Unlearning Intolerance: Cartooning for Peace” Seminar at Headquarters in New York on 16 October:
Welcome to the United Nations. I am so glad that we have been able to bring this distinguished group of cartoonists together at United Nations Headquarters.
Let me thank the Halle Institute; Shashi Tharoor and his colleagues in the United Nations Department of Public Information –- especially the staff of our Regional Information Centre in Brussels; and above all, my friend Plantu. This seminar, and the accompanying exhibition -– which we hope to take on the road to Brussels, Geneva, Cairo and other world centres -– were his idea. He has been working for many years to make them happen.
I have always thought that cartoons are one of the most important elements in the press. They have a special role in forming public opinion –- because an image generally has a stronger, more direct impact on the brain than a sentence does, and because many more people will look at a cartoon than read an article.
If you are flicking through a newspaper you have to make a conscious decision to stop and read an article, but it is hardly possible to stop yourself from looking at a cartoon.
That means that cartoonists have a big influence on the way different groups of people look at each other.
They can encourage us to look critically at ourselves, and increase our empathy for the sufferings and frustrations of others. But, they can also do the opposite. They have, in short, a big responsibility.
Cartoons make us laugh. Without them, our lives would be much sadder. But they are no laughing matter: they have the power to inform, and also to offend. Short of physical pain, few things can hurt you more directly than a caricature of yourself, of a group you belong to, or -- perhaps worst -- of a person you deeply respect.
Cartoons, in other words, can both express and encourage intolerance, and also provoke it. And the sad truth is that they often do all three.
So, if we are going to “unlearn” intolerance, as the title of this series of seminars proposes, we need to engage cartoonists in the discussion.
They can help us to think more clearly about their work, and how we react to it. And, perhaps, we can help them to think about how they can use their influence, not to reinforce stereotypes or inflame passions, but to promote peace and understanding. Certainly, they can help each other to do that.
Plantu, who is a brilliant and sensitive cartoonist, had this idea long ago. When he came to see me about it, in January of this year, we were both still blissfully unaware of the furore about the caricatures of the Prophet Muhammad, which was just about to burst upon the international scene.
But, of course, that affair, and the reactions to it, have shown us all how vital and urgent it is to have meetings like this one today.
Yes, cartoons can offend, and that is part of their point. If we banned all offensive cartoons, we should make our newspapers and websites very dull, and deprive ourselves of an important form of social and political comment.
In fact, I am not convinced that the solution to this problem lies in invoking the authority of the State at all. Even if we decided to ban only cartoons that are deeply offensive to large numbers of people, we would still be asking the State to make some very subjective judgements, and embarking on a slippery slope of censorship.
I would much prefer to leave decisions about what to publish in the hands of editors, and of the cartoonists themselves. They need to be aware of their responsibility, and at least to think about how their work may be seen, and felt, by different groups of people.
Does that involve “self-censorship”? In a sense, yes -- but exercised, I would hope, in a spirit of genuine respect for other people’s feelings, not out of fear.
Does it involve “political correctness”? Not, I hope, if that means being dull and pretentious. But again, yes, if it means remembering that other people have feelings. There is nothing admirable, or indeed funny, about heaping further humiliation and contempt on any group in society whose members are already feeling vulnerable and frightened.
I hope also that we can avoid getting into a kind of “cartoon war”, in which one group seeks to retaliate for the offence it has suffered, or believes it has suffered, by publishing whatever it thinks will be most offensive to another group, reflecting the mentality of “an eye for an eye”.
That approach, as Mahatma Gandhi taught us, in the end leaves everyone blind. It is certainly not the way to promote better understanding and mutual respect between people of different faith or culture.
I am not suggesting that there are easy and clear answers to all these problems. We have to face the fact that sometimes there is tension, if not contradiction, between different values which in themselves are equally precious.
In peacemaking and peacebuilding, we often find that tension between peace and justice. In the present case, we may find it between freedom of expression and respect for the beliefs and feelings of others.
When that happens, the answer is not simply to assert the primacy of one value over the other. We have to work to find ways of preserving and reconciling both. This seminar is a good opportunity to do just that.
Monday, October 16, 2006
Caricaturas Crónicas 15
CAMÕES NA CARICATURIZAÇÃO DE UM MITO
Por: Osvaldo Macedo de Sousa
"O Zé-povinho chega quase a convencer-se de que Os Lusíadas deve ser uma coisa talvez um pouco superior à Carta Constitucional» (Raphael Bordallo Pinheiro, in António Maria de 10/6/1880)
Quando as forças se diluem, quando a criatividade é substituída pelos sonhos, os mitos têm de ser inventados, fomentados. Um mito não é um herói, pois esse ainda está vivo e pode despertar da passividade as populações. O mito é algo morto que se tenta colar numa imagem, revivendo pela lenda, pela história, vendo através do nevoeiro o que não existe.
No século passado; uma das tentativas de despertar o orgulho nacional onde este não existia mitificou-se como Camões. A «feliz» coincidência da celebração do tricentenário do poeta com a pseudo derrocada do «império» foi o despoletar desse mecanismo substitutivo.
Antes de mais, era necessário enterrar condignamente o poeta da nossa epopeia, mas «São Pedro convence-se de que descobrir o verdadeiro crânio de Camões», diz-nos J, M. Navarro na caricatura “No Juízo Final”, «é mais difícil do que encontrar agulha em palheiro.».
O António Maria pela pena de Raphael Bordallo Pinheiro, conta-nos a «História dos Ossos: No templo da Santa Maria de Belém (Jerónimos) sente-se agora, altas horas, um ruído estranho, tendo, como é público e notório, sido transferido para aquele templo os ossos de vários sapateiros, na suposição de que entre eles estivessem os de Camões, suspeita-se que são os esqueletos que se aproveitam das honras da imortalidade para bater sola. Vasco da Gama não pode dormir e já requereu ao sr. Pedra Franco que lhe transferisse as duas caveiras para lugar mais sossegado.»
Não havia um corpo concreto, mas havia uma obra a que se agarrar. O poeta épico, que cantou as glórias da pátria amada, é o símbolo de um período áureo, de um tempo que Portugal se escrevia com letra maiúscula, quando esta horta à beira-mar plantada levou caldo-verde ao Adamastor e espalhou o cavaquinho pelos novos continentes: Uma glória e um orgulho que as gentes da época, mergulhadas na labuta da comercialização, não tiveram tempo de saborear, mas que ficaram registadas em poesia. Depois, foi a decadência e a marginalização à Europa (a qual terminará finalmente com o regresso à CEE), com a própria independência em causa.
Uma das vezes que essa independência de império esteve em perigo, foi no final do século XIX, quando os nossos velhos aliados de sempre, os Ingleses, já confundiam a protecção com a colonização, ou seja, cobravam os recibos da protecção em forma de mapa cor-de-rosa, antecedido pelo pré-aviso de Ultimatum. O pouco orgulho de ser português foi então ferido, e a oposição procurou no túmulo o seu arauto épico.
«- V. Ex.ª atenda que - diz o Sr. Braamcamp a John Bull - dar à Inglaterra Lourenço Marques, segundo a opinião da maioria, é o mesmo que tirar-nos um olho»
«- É exactamente o que eu quero. - retorque John Bull - Fica uma nacionalidade à Camões» (in Raphael Bordallo Pinheiro in António Maria l0/6/1880).
Camões, como grito de indignação contra um Governo impotente, reviveu com o tricentenário comemorado em 1880. O principal dinamizador desta celebração foi o Partido Republicano, fomentando a identificação Camões/nacionalidade, Camões/Portugal de cabeça levantada. Camões/liberdade no intuito de derrubar um regime caduco e vendido pelos tratados e empréstimos (e na altura ainda não havia o FMI).
Dois anos depois, com as comemorações do centenário do Marquês de Pombal, verificar-se-á uma nova tentativa de mitificação da liberdade e nacionalidade. O Marquês simbolizava a força da reconstrução, a expulsão dos jesuítas/monárquicos, a iluminação das trevas da opressão.
Os centenários passaram, assim como os ânimos, mas a obra poética de Camões era bastante forte para que sempre que necessário, aparecesse como o facho da nacionalidade servindo monárquicos ou republicanos, ditaduras ou democracias. Camões é o mito do orgulho de um povo que vê melhor com um só olho do que com os dois. Uma solução que certamente os políticos ainda não ponderaram para nos governarem melhor.
O mito ainda hoje está vivo, e os nossos políticos de dois olhos ainda necessitam de se sentarem à sobra de um hipotético esqueleto camoniano num gesto simbólico de um país à procura do seu verdadeiro crânio.
"O Zé-povinho chega quase a convencer-se de que Os Lusíadas deve ser uma coisa talvez um pouco superior à Carta Constitucional» (Raphael Bordallo Pinheiro, in António Maria de 10/6/1880)
Quando as forças se diluem, quando a criatividade é substituída pelos sonhos, os mitos têm de ser inventados, fomentados. Um mito não é um herói, pois esse ainda está vivo e pode despertar da passividade as populações. O mito é algo morto que se tenta colar numa imagem, revivendo pela lenda, pela história, vendo através do nevoeiro o que não existe.
No século passado; uma das tentativas de despertar o orgulho nacional onde este não existia mitificou-se como Camões. A «feliz» coincidência da celebração do tricentenário do poeta com a pseudo derrocada do «império» foi o despoletar desse mecanismo substitutivo.
Antes de mais, era necessário enterrar condignamente o poeta da nossa epopeia, mas «São Pedro convence-se de que descobrir o verdadeiro crânio de Camões», diz-nos J, M. Navarro na caricatura “No Juízo Final”, «é mais difícil do que encontrar agulha em palheiro.».
O António Maria pela pena de Raphael Bordallo Pinheiro, conta-nos a «História dos Ossos: No templo da Santa Maria de Belém (Jerónimos) sente-se agora, altas horas, um ruído estranho, tendo, como é público e notório, sido transferido para aquele templo os ossos de vários sapateiros, na suposição de que entre eles estivessem os de Camões, suspeita-se que são os esqueletos que se aproveitam das honras da imortalidade para bater sola. Vasco da Gama não pode dormir e já requereu ao sr. Pedra Franco que lhe transferisse as duas caveiras para lugar mais sossegado.»
Não havia um corpo concreto, mas havia uma obra a que se agarrar. O poeta épico, que cantou as glórias da pátria amada, é o símbolo de um período áureo, de um tempo que Portugal se escrevia com letra maiúscula, quando esta horta à beira-mar plantada levou caldo-verde ao Adamastor e espalhou o cavaquinho pelos novos continentes: Uma glória e um orgulho que as gentes da época, mergulhadas na labuta da comercialização, não tiveram tempo de saborear, mas que ficaram registadas em poesia. Depois, foi a decadência e a marginalização à Europa (a qual terminará finalmente com o regresso à CEE), com a própria independência em causa.
Uma das vezes que essa independência de império esteve em perigo, foi no final do século XIX, quando os nossos velhos aliados de sempre, os Ingleses, já confundiam a protecção com a colonização, ou seja, cobravam os recibos da protecção em forma de mapa cor-de-rosa, antecedido pelo pré-aviso de Ultimatum. O pouco orgulho de ser português foi então ferido, e a oposição procurou no túmulo o seu arauto épico.
«- V. Ex.ª atenda que - diz o Sr. Braamcamp a John Bull - dar à Inglaterra Lourenço Marques, segundo a opinião da maioria, é o mesmo que tirar-nos um olho»
«- É exactamente o que eu quero. - retorque John Bull - Fica uma nacionalidade à Camões» (in Raphael Bordallo Pinheiro in António Maria l0/6/1880).
Camões, como grito de indignação contra um Governo impotente, reviveu com o tricentenário comemorado em 1880. O principal dinamizador desta celebração foi o Partido Republicano, fomentando a identificação Camões/nacionalidade, Camões/Portugal de cabeça levantada. Camões/liberdade no intuito de derrubar um regime caduco e vendido pelos tratados e empréstimos (e na altura ainda não havia o FMI).
Dois anos depois, com as comemorações do centenário do Marquês de Pombal, verificar-se-á uma nova tentativa de mitificação da liberdade e nacionalidade. O Marquês simbolizava a força da reconstrução, a expulsão dos jesuítas/monárquicos, a iluminação das trevas da opressão.
Os centenários passaram, assim como os ânimos, mas a obra poética de Camões era bastante forte para que sempre que necessário, aparecesse como o facho da nacionalidade servindo monárquicos ou republicanos, ditaduras ou democracias. Camões é o mito do orgulho de um povo que vê melhor com um só olho do que com os dois. Uma solução que certamente os políticos ainda não ponderaram para nos governarem melhor.
O mito ainda hoje está vivo, e os nossos políticos de dois olhos ainda necessitam de se sentarem à sobra de um hipotético esqueleto camoniano num gesto simbólico de um país à procura do seu verdadeiro crânio.