Por Osvaldo Macedo de Sousa
- Pai, tenho medo!
- Não me digas que ainda acreditas que há monstros dentro do armário!
- Acreditar, não acredito, mas que há, há! Não no armário, mas por aí!
- Não sejas infantil!
– Pai, se não há, por que é que andas sempre com essa cara angustiada? Por que é que quase choras quando abres a porta do frigorífico vazio? Por que vens sempre triste do trabalho?
- Tens razão, os monstros existem mas não são esses que tu pensas, ou que ainda te fazem medo. São outras sombras que nos escurecem a vida…
- Pai, os Homens sempre tiveram desses medos? - Alguns sim, outros não. O ser humano divide-se entre os que têm medo e os que não têm. Todos os animais da terra lutam pela sobrevivência; e, apesar de alguns se comerem entre eles, de haver uma hierarquia (por vezes também cruel), fazem tudo isso apenas para manter o equilíbrio da espécie. O ser humano não. Tem os mesmo instintos básicos, comete as mesmas (e mais) crueldades pela sobrevivência; só que, como cultiva o sentido de indivíduo em vez do sentido de espécie, a sua crueldade é mais selvática e interesseira. O homem é mesmo capazes de destruir o seu habitat, só pelo prazer de se sentir dono do mundo durante um minuto.
- Os animais têm medo?
- Sim, medo dos homens. Em relação aos outros animais, tem respeito, procurando estar o mais longe possível da cadeia alimentar deles.
- Por que é que dizes que os homens se dividem entre os que têm medo, e os que não têm medo?
- O ser humano é o que tem o cérebro mais desenvolvido, como sabes. Isso deu-lhe uma maior capacidade de armazenamento de memórias e de raciocínios lógicos, que, ligados à memória, possibilitaram o desenvolvimento de utensílios… Esse desdobramento mental de compreensão do que o rodeia, essa hipótese de construção de associações mentais, de desenvolvimento de raciocínios, deu a alguns homens o que se chama inteligência, e a outros o que se chama oportunismo. Há, assim, os Seres Inteligentes e os Seres Oportunistas.
- Pai, não estou a compreender nada. Isso não se aprende assim na escola!
- Aprende-se na vida. É que não é fácil compreender os homens, já que nos ensinam a sonhar com a utopia da Humanidade, e vivemos na realidade selvática da animalidade do oportunismo. Ensinam-nos que somos os seres superiores da criação, mas por uma miséria material, por um fragmento de poder, tornamo-nos os seres mais inferiores do planeta.
- O que tem isso a ver com o medo ? És muito complicado.
- Os homens oportunistas, também conhecidos como maquiavélicos, ou como políticos, ou como gestores, ou como mafiosos, ou como criminosos… são seres que não pensam, só calculam. A humanidade é a última das suas preocupações. O que interessa são as mais-valias a curto prazo. Para eles, o tempo é curto, não tem existência a longo ou médio prazo, porque vivem no fio da navalha…
- Pai, tenho sono!
- São seres materialistas, matemáticos em que a riqueza, o poder, são o único objectivo da sua existência. Para estes, o medo é a sua arma de ataque. Eles vencem os seus medos, impondo o medo aos outros….
- Pai, mas disseste que eles não tinham medo…
- Depois, há os que têm a inteligência de sonhar que a vida poderia ser boa, se todos fossem inteligentes…
- Pai, mas a professora diz-nos que quando estamos s sonhar na sala, nunca vamos ser inteligentes, que vamos ficar burros…
- Foram estes homens que sonharam com a Democracia, com o Socialismo, com o Humanismo… Estes também não tem medo, preferindo muitas das vezes pôr em perigo as suas existências na luta dos seus ideais, na luta pelos direitos dos homens... E ainda há aqueles que poderiam ser inteligentes, mas abdicaram da inteligência, sufocando-a pelo medo. Sujeitam-se a tudo, humilhando-se, rastejando pela sobrevivência.
- Pai, isso não tem piada nenhuma, nunca me respondes ao que te pergunto. Estou triste e com mais medo. És um poço de pessimismo. Não deverias ensinar-me a acreditar no futuro?
- Não sou pessimista, apenas realista. A mim, educaram-me com histórias de fadas, de duendes... mas a vida não são fábulas. Cresci a sonhar com super-heróis que nos resolvem os problemas, mas eles nunca aparecem quando necessitamos deles. Também tive medos, pesadelos com bruxas, lobos maus… e ninguém me ensinou a vencer o medo rindo-me com eles. Ninguém me disse que a primeira lei da sobrevivência é rirmo-nos com o mundo. Tive dúvidas existenciais, tive desgostos de amor, tive desapontamentos porque não podia comprar os sonhos… e nunca ninguém me disse que o medo, a angústia, o pesadelo, se desvanecem com o riso, que se souberes olhar o espelho e rires-te de ti próprio, dos teus monstros, eles transformam-se, abrindo uma nova porta do espírito…. Estás-me a compreender, ou a dormir ?
- Pai és chato, estás sempre a falar sozinho, a desconversar e a dizer coisas que ninguém diz. Além disso, tu muitas vezes me criticas por eu me rir das coisas, das pessoas. Dizes que sou malcriado quando as coisas têm graça, quando conto anedotas. Dizes umas coisas, mas fazes depois diferente. Até parece que posso ir para a escola e rir-me dos professores, ou que posso rir-me quando eu quero…
- Eu sei que a nossa educação nos obriga a dizer que o mundo é algo muito sério, que não podemos andar por aí a dizer anedotas sobre tudo e sobre nada. Dizem que há assuntos tabus, que o riso é má educação, que não devemos ser irreverentes. Temos medo de nos rir, porque o riso é uma arma que assusta os senhores…
- Vês, estás a aumentar ainda mais os meus medos, em vez de me explicares por que é que eu tenho estes pesadelos. E não me venhas com a história de que é porque estou a crescer. Tu já não cresces mais e também tens pesadelos, tens medos…
- Sim todos temos medos, uns conseguem disfarçar, outros travestir, outros amenizar. O humor é uma arma contra o medo, mas que faz medo a outros. Nem sempre essa arma é bem utilizada, como todas as criações dos homens…
- Que é isso de humor, por que é que tem tanto poder? Se eu contar uma anedota, sou importante?
- Eu sei que te vais aborrecer com o meu discurso, mas presta atenção: O humor é uma das mais simples e mais complexas formas de pensamento humano. Pode parecer que surge espontaneamente, contudo é uma estrutura mental complexa, ligada à inteligência avançada, razão pela qual só os Homens possuem esse poder. O humor é uma fórmula de diálogo que, tal como tudo na vida, vive na dualidade do que a sociedade resolveu denominar como Bem e Mal…
- Pai, estou com sono, deixa-me dormir…
- Não sabemos ao certo quem foi o primeiro homem que descobriu a comicidade, mas teria de ser suficientemente sapiens, para não se assustar com o ruído gutural que lhe saiu das entranhas, acompanhada daquela sensação libertadora, quando se viu no reflexo da água, e se riu de si próprio. Essa a essência do humor, rir-se de si próprio, das suas fraquezas, das suas angústias, dos seus defeitos, rindo-se com os outros, partilhando essa crítica. O verdadeiro humor é aquele que é partilhado, em que todos se riem com os outros. - Então é por isso que o Manel é castigado quando nos faz rir lá na aula…
- Na realidade, é uma estrutura crítica que nos obriga a pensar nas coisas. Por vezes, essa desconstrução e reconstrução do mundo leva-nos ao riso exterior, mas mais importante é aquele que nos leva ao riso interior, aquele que provoca lágrimas pela nossa mesquinhez no mundo. Humor é a poesia da irreverência, é um raio de luz no meio da nébula cinzenta do quotidiano.
- Também há a nódoa preta dos murros que o Manel apanha dos outros quando nos faz rir deles…
- Isso é a tal comicidade maligna, que a maioria integra no humor.
- Lá vens tu com mais discursos chatos.
- Nem tudo o que faz rir é humor. Há o riso inteligente, aquele que nos faz rir porque nos faz pensar de forma construtiva, e há a comicidade grotesca, o anedotário, que é apenas instrumento de divertimento, nem sempre com uma linguagem democrática, já que se ri DOS outros, em vês de rir COM os outros. Essa comicidade grotesca é uma forma destrutiva de comunicação, porque não cria um diálogo universalista, mas selectivo. Corrompe as pontes de abrangência, fechando-se em tribalismos, em sectarismos. Todo o riso é uma questão cultural, e só se pode consumar o riso quando há pontos comuns de diálogo e compreensão. Se falares de alhos e os outros só perceberem de bugalhos, não se pode fazer humor, nem sequer comicidade. Quanto mais abrangente for a tua cultura, mais receptivo tu és aos diferentes humores. Quanto mais aberta for a tua mente, mais facilmente consegues aceitar as críticas e rires-te com elas. O saber rir, é aceitar as críticas, compreender por que as fazem, sem ser obrigado a achar que elas estejam correctas. Podemos estar convictos de que temos as ideias certas, e aceitar com humor o que escrevem ou desenham sobre elas. É isso o verdadeiro sentido de humor.
- E continuas a dizer coisas que eu não compreendo. Por acaso alguém faz isso, pai? Alguém anda a rir-se de si próprio, achando piada que o critiquem e aceitando as críticas, mesmo incorrectas segundo o seu ponto de vista ? E que tem isso a ver com os meus medos ?
- O humor é a arma que mais assusta os poderosos, os oportunistas, os detentores de capitais, porque ele mata todos os medos, e enfrenta-os de peito aberto.
- Os humoristas, então não, têm medo de nada?
- Há humoristas e humoristas… Há os que se rirem com os que se riem de. Os últimos têm medo, e procuram usar o medo como arma de humor… - Ainda estou mais baralhado, não sei se estou a ter pesadelos, ou se és tu que estás mesmo aqui ao meu lado a falar comigo.
- Também não sei se sou eu que estou a falar, se é a minha utopia que divaga por mim, mas quero acreditar que quem possui a capacidade de olhar o mundo sempre pelo lado humorístico, olhá-lo com a frontalidade da irreverência construtiva, conseguindo vencer todos os medos, todas as angústias, sobrevive de uma forma mais salutar. Ele não vence no sentido de ganhar o poder material, ou o poder político, mas ganha o poder de humanidade. Só é verdadeiramente humano, quem tem o dom do humor. Por essa razão, acho que a Humanidade é um ser em vias de extinção.
- Zzzzzzzzzzz - Perguntar-me-ás, como é isso possível, se esse conceito de humanidade não existe em nenhum ser. A humanidade existe sempre enquanto houver um homem, só que nós estamo a transformar-nos em máquinas. Ou antes, estão a transformar-nos em máquinas, em números de micro e macro economias, quânticos de gestão, amorfos instrumentos de frias criações de capital que nos usa e abusa, dentando-nos para o lixo quando já não produzimos.
- Zzzzzzzzzzz
- O Homem passou por diferentes etapas do desenvolvimento como espécie. Registam-se esses diferentes tempos da humanidade como Eras, saltos na evolução, porque quando há revoluções, há sempre alguém que nos diz tem cuidado, porque há sempre alguém que se apodera da situação, sem Rsss e muitos Ssss. Chama-se ao final do séc. XX a Era da Indiferença, ou a Era do Vazio, enquanto nos querem impor o séc. XIX como a Era do Medo.
- Pai, ainda estas ai? Tenho medo…
- É, querem-nos todos cheios de medo. Em nome da competitividade, da produtividade, dos tribalismos, dos clubismos, das politiquices, enchem-nos de fantasmas, de medos. Em nome de fundamentalismos religiosos, nacionalistas, ideológicos ou teológicos, provocasse o terrorismo de ideias, o terrorismo de anarquia e destruição, matando-se os próprios ideais religiosos ou ideológicos. Em nome de fundamentalismos económicos, em nome de fundamentalismos políticos de governos autistas, de gestores deshumanistas, cria-se o terrorismo de estado, matando os seres em cuja estrutura de alicerçam. O medo impõe a guerra, impõe a instabilidade do emprego, porque enquanto houver esses medos, pode-se reinar em nome do dinheiro e não em nome do Homem.
- Pai, fala mais baixo, deixa-me dormir! Se eu dormir aqui contigo, já não tenho medo.
- Porque os meus medos são maiores do que os teus, e assim os teus desaparecem. Dorme, mas deixa-me continuar a pensar. Mesmo que as minhas reflexões não sirvam para nada, sempre me distraem, e me fazem sossegar. Gostaria de saber fazer humor com isto, e fazer a tal ginástica respiratória que dizem que o riso provoca. Acho que faz trabalhar dezenas de músculos, que liberta uns químicos que nos activa as defesas de imunidade, que esses mesmos químicos são estilo relaxante e anti-depressivo. Bem precisava desse anti-depressivo genérico, porque os outros saem-me caros todos os meses na farmácia. O riso, o humor só tem maravilhas, até parece o aloé, mas ninguém o utiliza. Gasta-se tanto dinheiro em remédios, quando bastava dar subsídios aos Circos, aos Teatros, ao Cinema… Pelo menos parece que os Palhaços já começam a ter trabalho em Hospitais, só que de forma voluntária, à borla. Mas por que é que estou a pensar nisto ? Estava eu a pensar nos medos de hoje, como se não fossem sempre os mesmos medos, com novas roupagens. No fundo há sempre uma madrasta que se quer apoderar perpetuamente da nossa beleza, há sempre um Lobo Mau que quer o jantar da nossa avozinha. Podem-lhe chamar terrorismo de fundamentalistas, terrorismo de estado, terrorismo de imposição da democracia, terrorismo de defesa de território… É tudo tão velho como a ambição do Homem em adquirir o gosto de reduzir tudo ao poder económico, ao gosto de se impor sobre os outros. - Pais, estás a ressonar, ou estas a resmungar baixinho? Não te podes calar? - Já sei que te aborrece tudo isto, e afinal de contas o que eu necessitava era de escrever algo sobre o reflexo da Luta dos Trabalhadores na imprensa humorística, como introdução a uma exposição de desenhos, onde cartoonistas contemporâneos analisam, à sua maneira, os problemas dos trabalhadores. Será que a Luta pela dignidade no trabalho, a Luta por melhores condições, melhores ordenados, é passível de humor? Tudo é possível de ser satirizado, porque não há coisa mais séria do que o humor. Rir dos assuntos não é menosprezá-los, é antes pelo contrário promovê-los à reflexão, á tomada de consciência dos factos de uma forma aberta e frontal. Só que não é fácil fazer essa abordagem. Para se fazer crítica construtiva, para se fazer humor, é necessário um grande domínio do assunto, é necessário ter uma grande capacidade cultural de síntese para se conseguir desconstruir, na reconstrução de uma nova imagem no outro lado do espelho. Nem todos os humoristas, caricaturistas ou cartoonistas têm esse dom, esse poder. A Caricatura, como arte jornalística, ou seja: como conceito de desenho irreverente publicado na imprensa com cunho satírico, irónico ou simplesmente cómico, surge na Europa nos finais do séc. XVIII. É companheiro de luta de uma nova classe – a burguesia que combatia contra as monarquias absolutistas, que combatia as classes nobres enquanto detentoras do poder.
A ascensão da burguesia vai trazer consigo também a criação de uma nova classe trabalhadora, alterando a vida nas cidades, criando novos pólos de miséria. Por essa razão, os senhores do lápis e da caneta, atentos ao quotidiano, vão sentir necessidade de retratar esses novos mundos, e naturalmente satirizar as novas funções da servidão humana. A Caricatura, apesar de ser uma arma da burguesia, vai ser também uma delatora de abusos, uma consciência crítica da sociedade. Todos os grandes artistas de França, Inglaterra, Alemanha, os países onde cedo se desenvolveu esta arte, e que serão guias para todos os outros países, darão o seu contributo para a denúncia. Portugal, naturalmente, levará mais tempo a desenvolver essas novas classes sociais, e a desenvolver essa arte. Apesar de haver folhas volantes satíricas desde o princípio do séc. XIX, só na década de quarenta de oitocentos é que se desenvolverá a arte da Caricatura. Vários jornais foram publicando desenhos satíricos em folhas apensas que se vendiam com a publicação. Seria só a 12 de Agosto de 1847 que o Patriota assumiria o desenho como parte integrante do jornal. Cria um Suplemento Burlesco, onde publica semanalmente um desenho satírico, para além de textos satíricos. Como é o primeiro periódico com publicação regular de desenhos, com impressão integrada no próprio jornal, de autor português é considerada esta a data oficial do nascimento da Caricatura de Imprensa em Portugal.
- Pai, já disseste tantas vezes isso, não estás a ficar uma cassete repetitiva? Em cada texto que escreves, falas nisso. Por que não me lês antes um livro para a minha idade? Deixa lá essa porcarias que nem os caricaturistas estão interessados em saber, e até ficam chateados quando escreves esses fragmentos de história e os integras a eles nela….
- O problema é que não sei escrever sobre mais nada; e mesmo sobre isto, tenho sempre muitas dúvidas, bastantes medos. Há muitos interesses ocultos entre os caricaturistas, muitas opressões subliminares, mas se levei mais de duas décadas a queimar pestanas sobre isto, ao menos deixa-me partilhar o pouco que sei. - Depois sofres as consequências, pai!
- Os caricaturistas portugueses nunca sofreram muitas consequências pelos seus traços e actos. É verdade que por vezes tinham de refazer tudo, porque o desenho não passava na censura, mas pouca coisa de grave. Alguns, poucos, tiveram de passar pelas barras dos tribunais a justificar as suas críticas. Leal da Câmara foi o único que teve de fugir para o exílio, para não ser preso. José Vilhena foi o único a ser mesmo preso, mas isso nunca o levou a desistir. Sempre souberam lutar pelo seu trabalho, e lutar por uma sociedade melhor, mesmo nos tempos de opressão.
A caricatura em Portugal nasce, não no seio da burguesia, pela pena de artistas da linha realista, mas no meio do operariado litógrafo. Com a vitória do Liberalismo, na década de vinte, a imprensa impõe-se em Portugal. A litografia foi o método de gravura que mais depressa se impôs e, como havia uma necessidade latente na imprensa de se desenvolver a ilustração, designadamente o desenho satírico, foram alguns litógrafos, habituados a copiar ou adaptar trabalhos vindos do estrangeiro, que ousaram fazer criações suas. Não tinham formação artística, nem interesses estéticos, actuavam mesmo de forma panfletária movidos pelos seus ideais, razão pela qual usavam pseudónimos. Para se protegerem.
Paralelamente, desenvolve-se um jornalismo de entretenimento, revistas de utilidades onde a gravura vai ser muito importante como forma de comunicação com as massas. Aí podem ver-se as várias vertentes de entretenimento das classes mais desfavorecidas da burguesia, com algumas sátiras sociais. Nesta imprensa, já não são os simples artesãos que trabalham, antes artistas plásticos ligados aos movimentos operários, como Nogueira da Silva que desenvolvem a sua arte dando uma nova estética à caricatura. São suas duas das obras aqui reproduzidas, uma de 1856 onde nos dá o lado amargo da Physiologia Social, e outro que satiricamente nos apresenta o Povo, como sendo ele o soberano da vida – “O Estado sou eu”. Ele pode ser o Estado, mas nunca é o poder executivo.
O Mestre Raphael Bordallo Pinheiro caricaturará o nosso estereotipo no símbolo magnânimo do Zé Povinho, esse ser que se albarda ao gosto do dono, que se submete a todos os vexames sem refilar. O seu criador, e outros caricaturistas, bem sonharão graficamente com o dia em que ele se revolta e atira com todas as albardas ao chão, mas isso nunca acontece. Mesmo nas revoluções que existiram ao longo da nossa história, esses repentes foram bem controlados e domados. As influências dos movimentos operários na Europa dão-se apenas no âmbito ideológico, com a importação de um ou outro desenho mais satírico, mas sem marcar os nossos artistas de forma radical. O único artista assumidamente militante das causas operárias seria Cristiano de Carvalho. É um anarco-sindicalista, que cedo teve de emigrar para terras de França, e onde fortaleceu sua formação política: de regresso, usará a sua formação e sua oficina tipográfica para desenvolver a imprensa anarco-sindicalista, onde pautavam alguns desenhos satíricos de irreverência contra a monarquia, contra o sistema político.
No séc. XIX vão desenvolver-se as indústrias, e naturalmente criar-se um proletariado que aos poucos vai-se associando, criando mentalidade de grupo, e dessa forma tomando consciência dos seus deveres e essencialmente dos seus direitos. Dará voz a manifestações, a movimentações políticas, as quais pouco se reflectirão na imprensa política. A luta fundamental de então será entre a monarquia e o republicanismo. Será o período áureo da imprensa humorística, já que eram os próprios caricaturistas que publicavam os seus jornais. Eram donos e senhores do que faziam, correndo os seus riscos. Muitas eram as falências, e muitos eram os novos títulos que os substituíam. No final do século começam a surgir os caricaturistas trabalhadores a publicar por conta de outrem, e com o desenvolvimento da ilustração humorística na imprensa noticiosa, o papel de caricaturista patrão de si próprio vai desaparecendo, assim como a própria imprensa humorística. Os problemas dos trabalhadores eram algo concretos, sem muito assunto para se poder satirizar na imprensa. Predominava a questão do número de horas de trabalho diário, a questão dos salários (questões que ainda hoje se mantêm, porque nada muda, tudo se transforma para igual)… A sátira vai, assim, pegar nas questões de miséria, e não questões de reivindicação dos trabalhadores. Vai expôr os problemas de sobrevivência, os problemas da alimentação cara, ou seja: não se publicam desenhos que possamos considerar directamente ligados à Luta dos Trabalhadores.
Contudo, com a viragem do século, e pela pena dos dois grandes mestres e símbolos de oitocentos, vamos encontrar duas grandes sátiras ao Capital, à exploração do homem pelo dinheiro. Surgem como reflexo dos acontecimentos do 1º de Maio de 1886, em Chicago, cuja carnificina tornará esse dia como símbolo da luta dos trabalhadores em todo o mundo. Assim, em 1900 vamos encontrar em A Paródia um magnífico desenho de Manuel Gustavo Bordallo Pinheiro com referências à luta pelo horário de 8 horas de trabalho, e em 1901 um desenho de Raphael Bordallo Pinheiro que nos apresenta o Capital como uma máquina destruidora da humanidade.
Com o triunfo da República em 1910, a luta dos trabalhadores toma nova dimensão. Os republicanos que se uniam para derrubar a monarquia, dividem-se agora pelas múltiplas vertentes do republicanismo e a luta dos operários toma nova dimensão, o que criará muitas revoltas, muitas prisões, muitas greves… Naturalmente os desenhadores vão falar um pouco disso tudo.
Contudo, vivemos já nos tempos em que poucos são aqueles que publicam nos seus próprios jornais. Estão cada vez mais sujeitos às tendências políticas dos donos dos periódicos, tendo que matizar as suas ideias, os seus humores, com a visão de quem publica. Além do mais, a maioria são artistas que andam pela caricatura apenas como uma forma de sobrevivência, sonhando poder viver doutras artes. Burgueses de formação e ambição, os problemas das classes operárias resvalam nos seus interesses sociais, e não terão grande importância nos seus trabalhos gráficos, mais ocupados a fazer crítica social, luta contra a pobreza, a ignorância.
Nas décadas de vinte a quarenta, haverá 3 artistas que se revelarão com uma faceta interessante neste campo de que falamos. Bernardo Marques terá uma postura interessante no desenho satírico, já que, tendo viajado pela Alemanha, sofreu uma grande influência do mestre George Grosz, um grande retratista satírico das misérias do operariado europeu, e dos horrores da ascensão do nazismo. Bernardo Marques acabará por dar-nos alguns retratos expressionistas da vida social portuguesa.
Os outros dois desenhadores são Roberto Nobre e Eduardo Faria. Os seus trabalhos públicos não são nenhumas obras panfletárias. São desenhos humorísticos como os outros, com algum interesse pelos problemas sociais, mas nada que chame a atenção, e que revele o lado secreto das outras vidas de clandestinidade que viviam. Ambos trabalham para movimentos sociais clandestinos, seja como gráficos, como tipógrafos. Muitos desenhos deles, correram anónimos na imprensa clandestina, que não abordamos aqui, já que não somos possuidores desse espólio.
Eduardo Faria tinha também a particularidade de ser conhecido no meio artístico como um grande boémio, um grande bêbado que a polícia não levava a sério, visto ser um caso perdido para a sociedade, quando hoje sabemos que isso era um dos seus disfarces.
Com a queda da Primeira República e instituído o Estado Novo, a censura irá sufocar o humor, tornando-o cada vez mais anedótico e menos satírico. Por ironia, os censores não se importavam que se preenchessem nos espaços censurados com desenhos alusivos à censura, porque ela era assumida e vinha mencionada no cabeçalho de qualquer periódico. Assim, aparecerão muitos desenhos com a Nossa Srª do Carmo, a D. Censura com o lápis azul, a tesoura, a rolha.
Entre o muito anedotário de bêbados, sogras e afins com que se foi enchendo cada vez mais a imprensa, havia muita crítica social, muita ironia política disfarçada. As coisas podiam ir-se dizendo, num jogo de sentidos, numa ilusão de ópticas e dizeres.
Com a queda de Salazar da cadeira abaixo, sonhou-se que o Zé Povinho se poderia erguer com nova voz, só que mais uma vez o poder tinha tudo controlado, e mesmo o Delfim do regime teve de se submeter ás vontades mais fortes, sendo simplesmente retórica a propalada abertura do país a uma nova primavera. Houve um desanuviamento que deu azo a surgirem alguns novos rebentos de ideias, mas ainda não havia calor suficiente para derreter o gelo que toldava o país.
Seria a revolução de Abril (em 1974, para quem já tenha esquecido, ou não saiba...) que finalmente daria voz ao povo. Por quanto tempo? Frágil ilusão para aqueles que vitoriaram o primeiro 1º de Maio em Liberdade, porque em breve a revolução seria amputada de uma letra, assumida como evolução. Os desenhadores viveram efusivamente esse momento inebriante de liberdade, de luta pelos direitos. Damos apenas aqui exemplo de alguns trabalhos, porque estarmos apenas à distância de 30 anos e não queremos ferir susceptibilidades, publicando trabalhos de artistas que não gostam que se fale desses tempos.
- Pai, muito lindo tudo isso, mas o que é que isso tem a ver com os medos ?
- Nada, só que o que tenho para te deixar para o teu futuro, para além dos medos, é o riso. Hoje, a humanidade é um sentimento em vias de extinção no mundo empresarial, e mesmo político. Hoje, o homem não interessa, apenas a máquina tem o poder de te manter no trabalho. Se a dominas, se lhe dás o teu suor e sangue, ainda vales, mas podes ser substituído a todo o momento, sem um único agradecimento. Hoje não há laços de trabalho, apenas competição, e a única forma de sobrevivermos é conseguirmos rir de tudo isto, é andar de cara erguida e nunca deixar perder o sorriso da nossa cara. Enquanto o tivermos, enquanto o dominarmos, temos a sobrevivência garantida.
- Pai, tenho medo de não saber rir…
O romeno Mihai Ignat venceu o Grande Prémio do 11º PortoCartoon – World Festival, este ano dedicado à crise. O cartoon vencedor representa um empregado de mesa a desenhar na toalha dois pratos e talheres e o cliente do restaurante a desenhar na mesma toalha uma nota de 100.
O presidente do júri, o francês Georges Wolinski, considerou a obra vencedora "um desenho extremamente subtil", que mereceu a "aprovação unânime dos oito membros do júri".
"Não tivemos muita dificuldade em escolher os três primeiros", afirmou Wolinski, elogiando também os vencedores do segundo e terceiro prémios, o português Augusto Cid (vencedor da edição de 2008) e o polaco Zygmunt Zaradkiewicz, respectivamente.
O presidente do júri enalteceu a qualidade da edição deste ano do PortoCaroon, realçando que concorreram muitos "grandes desenhadores" de países com fortes tradições na área, como a Turquia, China, Ucrânia e Rússia.
"A crise faz rir os humoristas. É uma angústia em França e em todo o Mundo, mas os humoristas gostam de desenhar sobre a crise", referiu.
Em declarações à agência Lusa, Georges Wolinski reconheceu que os cartoonistas também foram "tocados pela crise" da imprensa, e admitiu que o futuro está na Internet e não no suporte tradicional em papel.
"Agora, efectivamente, é a Internet que interessa às pessoas. Eu não gosto dos computadores e da Internet, continuo a gostar do jornal, mas também sei que sou de uma geração antiga", afirmou.
O júri atribuiu menções honrosas a Pat Campbell, Austrália, Valentin Georgiev, Bulgária, Lae Nam, Coreia do Sul, António Mongiello, França, Achille Superbi, Itália, Agim Sulaj, Albania, Mahmood Azadnia, Irão, Grzergorz Szumowski, Polónia, Valentin Druzhinin, Rússia, Muhittin Koroglu, Turquia, e Yuriy Kosobukin, Ucrânia.
Caricaturist, Talal Nayer: The time of laughter is over!!
- Interviewer: Musa HamidThe cartoonist Talal NaYer is one of the creators of modern lines in caricature, his cartoons exceeded laughter and entertainment in this area. Nayer have visions and views in this matter. In this interview, we discussed with him the nature and usefulness of art
* Tell us about your beginnings and who had the significant impact on you to practice caricature, especially at private and public level?
My first beginnings were very modest and normal, the ideas were simple and very superficial, when I go back to see it from time to time, I have discovered it was saturated with childishness and absurdity, and the lines are swaying confusedly. In fact, it's me who has been shaking and confused, I do not know how and from where to begin? And at any point must I put my next steps.
As any immature artist, my first steps were staggering on the way of greater Sudanese school of caricature which found by the late caricaturist Ezzedeen Osman; from which most of Sudanese caricaturists emerged. But I was feeling dissatisfied and unable to keep up with it, I did not know why exactly. Do my weak skills as a beginner deprived me of required confidence then? Was the reason that I was still in the beginning of the road and I didn’t absorb the career well? Was the reason that there was no one to guide me?
I don’t know what the reason exactly, until I got to the real starting point where I found myself and managed to catch inquires to all my confused questions.
My hobby is reading and collecting books and second-hand magazines, which I began more than a decade ago during my passing in front of Coliseum Cinema - where sellers of books and second-hand magazines where gathered . I found an old issue of London-based Almoshahid magazine. I picked up it and it was dated December 30, 1995. I came across three cartoons within an interview with the Syrian artist Ali Farazat. I was admired his way in transplanting ideas, seriousness of proposition and distinction of his issues, so I think that Farazat and his few works which I have seen was the greatest incentive to me in order to disobey the Sudanese traditional school of caricature. Farazat's art was an important factor in formation of my current figure (Nayer).
Initially I feel dread, even thinking of trying to paint in this way, but after three days of thinking , I tried to paint without comment, but I found it difficult at first, then Isolated myself in the house for several days ,I bought pens and papers and decided to accomplish this task at any cost. I have taken the gloves of challenge within a short time. At that moment I decided that this would be my new way in caricature.
* To where the courage of taking up the glove of challenge led you?
- After my work in newspapers for short period, I decided to be more challenge and engage in a wider circle of competition with more experience and qualified colleagues, at all times I aspired to develop my level and not childish boasting about my works. I don’t ridicule those who are less than me in the technical level, but the contrary, I respect them too much, because I know that I one day was in a much lower level of them , and I know that some of them surpass me in talent ,but also I know that I more diligent of them, so I try to help them because I did not find one to help me , I would like to alleviate the suffering that faced me in my beginnings and to shorten road to them with no guide.
On the other hand, I often take advantage of them, and avoiding their mistakes, also I benefit from the artists who more talent and experience, I don’t attack them or bear a grudge against them never, on the contrary their good ideas consider challenged and incentive to reach this level.
I consider myself just a new student at the School of Caricature , in which I learn one new lesson every day. Personally I think that caricaturist can be created and the talent alone is not enough. Caricaturist needs incentives to develop.
I have showed my experiment to prominent artists who I did not know them before at all to get opinion free of courtesy. First, I sent my works to American caricaturist Dwayne Booth (Mr. Fish), who paints cartoons in the Harpers Weekly magazine. He has made useful remarks on the way of coloring and drawing which I was used. Then later he advised me to stay away from the typical method which distinguish caricature in the Middle East and gave me an example, saying if I wanted to point out that George W. Bush is devil, I must not to paint him as shape of devil, but I have to point out his actions which prove that. I guess this type of caricature is lines overlap with the colors, but the final outcome is shining colors painting but free of content and its message confused.
Later, American caricaturist David Bladenger introduced me to Cuban artist Arístides Esteban Hernández Guerrero (Ares), who I consider him as the greatest influence in my career where he encouraged and helped me. Ares was the gate of my knowledge in the field of caricature. He is one of the pioneers of Latin School of Cartoon, which I followed and affected by it too much in my works, and this let me know many friends from Latin America and especially from Brazil .
Q: What is the message that you think you need to send across your daily caricature through newspapers? I mean, the core issue which associated with any line you paint or any color you add to any painting for any white paper?
I believe that any caricaturist should carry clear message of awareness , this awareness maybe take a political form in most cases, this may not satisfy some who are trying to avoid politics. I have way in caricature which I called (theory of the tree) and it can be explained as follows:
If you see that a tree has damages and you want to uproot it, you will not only wipe its trunk and remove some leaves from dry branch, but you must focus on the original and uproot it from the roots at all.
I believe that the politicians are scourge of Sudan ; every problem its origin a political problem such as poverty, unemployment, spinsterhood and crisis of the sport, I can prove that if in some respects, not all of them. Therefore, I focus on the direct political issues unlike some colleagues who mock the details of daily small suffering such as the provision of food, the problem of transportation and the money. But when I collected all these details, I discovered that it forms a single word with clear and large letters is (corruption)!
I am working on the criticism and revealing the main causes of our suffering and not the side effects, I think that any caricature as (direct free-kick)!
* Caricature between the ghoul of joke, laughter and social reformative treatment? How to assess this balance?
- I think that caricaturist must provide political and social awareness through his work, because the hand which holding pen is one, but it must express issues of thousands and millions of the oppressed and the marginalized. Caricaturist must not paint to his personal glory, also caricaturist should not consider himself as government-employee to fill in white rectangular area in a page, and also he must not make himself joke to entertain some readers. Here I mean who working in the political press only, where some of people make caricature is synonym for jesting. When I meet some people and they know that I'm caricaturist, they expect me to tell jokes, but I'm not clown to draw jokes for readers, I raised the slogan of (the time of laughter is over).
We laughed at our pain and our tragedies enough time, but the wiping on wounds doesn't cure it and analgesics do not treat the cancer. I know that my speech quite rough, but the truth is more severe than that.
I don’t know how person can laugh amid all these tragedies and smile amid these tears and bloods.
I think that joking in this critical time considered misleading for minds and unreasonable vanity in the time of seriousness!
Some day, one of the readers met me and asked me:
( What is the reason makes you painting these gloomy and sad ideas ? ), ( the situations are gloomier) I answered .
LA REVISTA ON-LINE GRATUITA SOBRE HISTORIETA Y CULTURA EDITADA EN LA ARGENTINA POR LA BAÑADERA DEL CÓMIC.
Celebramos el rediseño de nuestra página web con un número extraordinario.
Hablamos de todo con ANGEL DE LA CALLE, el historietista español autor de MODOTTI y organizador de la SEMANA NEGRA DE GIJON. Recordamos nuestro paso por el TERCER FESTIVAL DE LA HISTORIETA DE VALPARAISO, en Chile; y aprovechamos la ocasión para reflexionar sobre el presente y el futuro del noveno arte latinoamericano. Y directamente desde Cuba, EL DELGA y JORGE OLIVER nos hacen llegar el homenaje que le hicieran al SPIRIT de Will Eisner, a fines de la década del ’60. Además, un sentido recuerdo a CARLOS MEGLIA, a cargo de sus alumnos, CARLOS TRILLO y HUMBERTO RAMOS.
Y como si todo esto fuera poco, un suplemento especial dedicado a las historietas argentinas de SUPERMAN, realizadas en el país sin el permiso de la DC Comics en los años ’60. Una historia desconocida que pudimos reconstruir gracias a la colaboración de JORGE CLAUDIO MORHAIN y TONI TORRES.
DE REGALO: El cómic SUPERMAN EN BUENOS AIRES.
Ya se encuentra a disposición del público el número 15 de Sonaste Maneco, revista trimestral on-line de información, análisis, debate y crítica sobre la historieta y el humor gráfico; y su influencia en el ámbito cultural de las sociedades. Editada en la Argentina por el colectivo de trabajo La Bañadera del Cómic, Sonaste Maneco puede bajarse gratuitamente desde el sitio
http://www.labanacomic.com.ar/.
Rediseñamos nuestra página web y se nos ocurrió festejarlo con un número extraordinario de SONASTE MANECO. Entrevistamos al español ANGEL DE LA CALLE, autor de la laureada MODOTTI. UNA MUJER DEL SIGLO XX, crítico especializado y hacedor de festivales como la SEMANA NEGRA DE GIJON. Un verdadero profesional del medio, sin pelos en la lengua a la hora de opinar sobre el futuro de la industria y el mercado, el resguardo de la memoria colectiva y el estado actual de la creatividad en el cómic mundial.
Recordamos nuestro paso por el TERCER FESTIVAL DE LA HISTORIETA DE VALPARAISO, en Chile; reunión anual que propone no sólo una revisión de las principales viñetas latinoamericanas, sino que se plantea como un espacio vivo de reflexión y desarrollo del noveno arte en la región. Además, EL DELGA y JORGE OLIVER nos presentan el homenaje que le hicieran al SPIRIT de Will Eisner en la Cuba de los ’60; y un sentido recuerdo a CARLOS MEGLIA, a cargo de sus alumnos, CARLOS TRILLO y HUMBERTO RAMOS. Y, como siempre, un completo servicio de novedades, reseñas de los últimos lanzamientos, y las críticas de los filmes Watchmen: Los vigilantes y The Spirit: El Espíritu.
También está disponible un SUPLEMENTO ESPECIAL dedicado a las historietas argentinas de SUPERMAN. En una investigación exclusiva de SONASTE MANECO, revelamos la verdadera historia tras los cómics argentinos de Superman, realizados en la década del ’60 por autores locales y sin el permiso de la DC Comics. Y nos lo contó todo JORGE CLAUDIO MORHAIN, primer guionista del Hombre de Acero nacido en Kryptón pero criado en Buenos Aires. DE REGALO: El cómic SUPERMAN EN BUENOS AIRES.
La Bañadera del Cómic es un colectivo de trabajo conformado por Andrés Ferreiro, Mario Formosa (in memoriam), Fernando Ariel García, Hernán Ostuni y Rodríguez Van Rousselt, autores y editores de los libros Oesterheld: En primera persona, Oesterheld: En tercera persona, Vera historia no oficial del grande y famoso cacique tehuelche Patoruzu y la colección La Historieta Latinoamericana. Para la revista Sonaste Maneco, el lenguaje historietístico es un emergente de la cultura popular y, por lo tanto, una herramienta valida para desentrañar y comprender los comportamientos sociopolíticos del mundo contemporáneo.
Buenos Aires, abril de 2009
Fernando Ariel García
Director
E-mail:
http://ar.f542.mail.yahoo.com/ym/Compose?To=sonastemaneco@yahoo.com.ar