Saturday, December 14, 2019
Merry Christmas and a Happy New Year 2020
La Policia Vasca contra una caricatura de Elihu Duayer Por Francisco Puñal Suárez
El dogmatismo, la incomprensión, la intolerancia y la censura siempre
están al acecho del humor gráfico, porque no soportan su función crítica y
desacralizadora. Ahora, una caricatura del dibujante brasileño Elihu Duayer ha
desatado la ira del Sindicato de la Policía vasca, Ertzaintza, que pide su
retirada de una expo en las cercanías de Bilbao. La viñeta en cuestión muestra
a tres policías antidisturbios, armados con porras y fusiles, que se ríen de un
libro titulado “Derechos Humanos”. ¿Por qué la Policía vasca se ha tomado a
pecho esta caricatura? ¿Será acaso porque “al que le pica es porque ají come”?
Según el razonamiento de este Sindicato policial, “están vulnerando nuestros
derechos como policías con esa viñeta. Nos señalan a todos como torturadores».
No entienden que la muestra «responde a una verdad que en algunos países del
mundo sigue estando latente», expresan el Ayuntamiento de Getxo y Unesco Etxea,
auspiciadores de la muestra, que se niegan a retirarla.
A una llamada de DosBufones.com, el autor de la caricatura, Elihu Duayer
responde:
“Me gusta hacer viñetas porque es la forma que encontré para interactuar con el sistema, criticando, apoyando y denunciando lo que observo en la sociedad y la política de Brasil y el mundo”.
“Me gusta hacer viñetas porque es la forma que encontré para interactuar con el sistema, criticando, apoyando y denunciando lo que observo en la sociedad y la política de Brasil y el mundo”.
¿Qué le responderías a ese sindicato policial que quiere censurar tu
dibujo?
“Eso sería más violencia policial … ja, ja, ja”.
“Eso sería más violencia policial … ja, ja, ja”.
¿Cómo creas los diseños que haces? ¿Cuál es su materia prima informativa?
“La base de mis caricaturas es principalmente la observación de eventos a mi alrededor y en todo el mundo. Comienzo el día informándome y actualizándome en los medios que tenemos hoy, que no son pocos. Las ideas se me ocurren de varias maneras. A veces de un golpe, la caricatura está lista. Pero a veces tengo que sentarme y pasar horas pensando hasta que encuentro la mejor solución”.
“La base de mis caricaturas es principalmente la observación de eventos a mi alrededor y en todo el mundo. Comienzo el día informándome y actualizándome en los medios que tenemos hoy, que no son pocos. Las ideas se me ocurren de varias maneras. A veces de un golpe, la caricatura está lista. Pero a veces tengo que sentarme y pasar horas pensando hasta que encuentro la mejor solución”.
¿Por qué es importante el humor y la sátira en la sociedad? “El humor
desempeña el papel de un espejo de la sociedad, nos ayuda a mirarnos a nosotros
mismos, ver nuestros defectos y cualidades y reírnos de ellos, creo que siempre
nos mejora un poco. Incluso si es una sonrisa con una caricatura sin
compromiso”.
El autor: Elihu Duayer nació en enero de 1960 en la ciudad de
Tombos, Minas Gerais. Cuando tenía cinco años su familia se mudó a Río de
Janeiro, ciudad en la que vive desde entonces. Ha trabajado como diseñador y
humorista gráfico. Se inició en el dibujo sin formación académica, pero poco
después estudió en la Facultad de Artes Plásticas de Vincennes, Francia y en la
Escuela Técnica de Artes Gráficas SENAI en Río de Janeiro
En los años 70 empezó publicando sus viñetas en Pasquin, Mad, Satus
Humor, y en otros periódicos y revistas de Brasil. En la década de los 80
publicó en periódicos y revistas como Libération (Francia), A
Contrario (Brasil) e Informe de Kenia (África).
Trabajó en publicidad y en 2005 colaboró en el extinto Jornal do Brasil. Tras un tiempo sin actividad, en 2012 retomó el dibujo de viñetas. Ha expuesto sus obras en Grecia, Italia, Francia, Brasil, Portugal, Japón, Argentina, y otros países, donde ha obtenido premios y menciones en concursos de humor gráfico.
Trabajó en publicidad y en 2005 colaboró en el extinto Jornal do Brasil. Tras un tiempo sin actividad, en 2012 retomó el dibujo de viñetas. Ha expuesto sus obras en Grecia, Italia, Francia, Brasil, Portugal, Japón, Argentina, y otros países, donde ha obtenido premios y menciones en concursos de humor gráfico.
Sunday, December 08, 2019
1919 - História da arte da Caricatura de imprensa em Portugal por Osvaldo Macedo de Sousa
Em consequência da ditadura
Sidonista, com uma reaproximação do regime aos monárquicos, o seu
desaparecimento provoca uma maior convulsão nas bolsas resistentes da Monarquia,
e logo a 3 de Janeiro uma
auto-proclamada Junta Militar do Norte lança um manifesto, reclamando-se
continuadores do Sidonismo. A 19 de Janeiro é proclamada a reposição do regime
monárquico no norte, tendo como Chefe da Junta Governativa do reino Paiva
Couceiro.
No sul após muitas
hesitações, os monárquicos instalam-se em Monsanto, mas são de imediato
rechaçados. A 13 de Fevereiro também a "Monarquia do Norte" é
derrotada, e a eventualidade de uma longa guerra civil desaparece.
O humor anedótico e brejeiro
é uma das características do nosso povo, e de imediato surgiram canções como
estas Fomos beber água ao rato / Iremos
mijar ao Porto / Já cagamos no Monsanto / Na obra do «grande morto», ou Da pêra do Afonso Costa / Hei-de fazer um
pincel / pala lavar o penico / Do Senhor D. Manuel.
O próprio rei D. Manuel, no
exílio em Inglaterra manteve-se afastado destas revoltas, e destas
movimentações, já que o seu desejo não era regressar pela força das armas, mas
por um eventual desejo do povo português.
Regressa-se entretanto à
instabilidade governativa, num verdadeiro rotativismo, não de partidos, mas de
pessoas, de pastas, de primeiros-ministros… As greves voltam à sua rotina
quotidiana, assim como as repressões policiais… Neste ano surge a Legião Vermelha,
uma organização clandestina constituída por anarquistas que será responsável
pela maior parte dos atentados e bombas ao longo da década de 20.
Em 1919 o Porto realiza o seu
III Salão de Modernistas, em que os humoristas presentes perdem força, e onde
as ousadias plásticas de um Eduardo Viana, as novidades de uma Mily Possoz e
Alice Rey-Colaço atraem mais as atenções.
Contudo destaca-se a criação
de um novo periódico humorístico "O Riso da Vitória", cujo parto
Jorge Barradas deixou escrito em crónica no "Diário de Lisboa" de
21/5/1966: Em certa manhã do mês de
Julho de 1919 acordei de súbito, como se me tivessem tocado com uma varinha
luminosa. O motivo que provocara tão intempestivo despertar era imperioso.
Tratava-se de fazer um jornal humorístico, semanário ou quinzenário, em
moldes diferentes dos habituais, a cara lavada, bem vestido e de boas maneiras;
isto é, sem a grossa chalaça tanto ao gosto da época.
Para o conseguir era preciso o apoio de uma empresa.
Mas quem aceitaria arriscar-se no empreendimento ?
Nesse momento uma luzinha rompera a treva da minha indecisão.
Pensei em «A Vitória». Sim, «A Vitória», vespertino lançado numa hora
clara por dois admiráveis jornalistas, Hermano Neves e Herculano Nunes.
O seu aspecto gráfico, de feição
inédita então, era garantia de que os seus lançadores acolheriam com agrado o
meu intento. A tarefa tinha porém, de ser repartida por dois, posto que uma só
não chegava para tanto.
Assim chamei em meu auxílio um moço, meu amigo e companheiro, Henrique
Roldão de nome. Tinha tanta graça como caspa. Magriço, mal ajeitado, se o
pusessem de braços abertos, cartola enfiada na cabeça, num campo semeado
invadido por pardais, daria um autentico espantalho.
Aceitou ele com alvoroço o convite e assim lançámo-nos bem juntinhos a
fabricar a coisa que tanto nos apaixonava.
Esboçamos um programa e uma maqueta; e , bem animosos, fomos expor aos
bons amigos os planos da nossa empresa.
Aceitaram sem reservas com o que muito exultámos. O acolhimento deu-nos
força para nos entregarmos à tarefa.
Levou horas, levou dias. Realizamos tal tarefa desinteressadamente porquanto
não éramos remunerados.
Assim nasceu «O Riso da Vitória».
O Editorial de apresentação
do jornal surge como uma reportagem a uma Corrida de Touros:
Acabaram as cortezias.
Mamã Vitória, vem entregar a
farpa de cavaleiro ao seu filho O Riso
que se prepara para a sorte de gaiola.
E enquanto os moços do curro enjaulam os bichos, O Riso ageitas a casaca bordada, vê se os pés se aguentam bem nos
estribos e dando um piparote ao chapéu petulante, contempla a assistência do
alto dum sorriso superior !
A Praça está repleta !
Nos logares ao Sol os que não percebem patavina de assunto, aguardam o
estalar da farpa para ovacionarem o artista ou o trambulhão do cavalo para lhe
desejarem as melhoras.
Na sombra, agitam-se os entendedores, os aficionados, os que perguntam
de longe se o boi marra, os que dizem que a sorte foi mal rematada, mas que
nunca viram senão do alto duma trincheira de dez metros o tamanho dum chavelho
!
É a esses que O Riso vai
dedicar a sorte !
A esses que badalam de longe o chocalho da incompetência, a esses que
dizem que os artistas nacionais não valem um caracol sem casca, mas que
nunca deram sinais de si, a essa
multidão que assobia e se enfada, que se volta para o parceiro do lado
apontando a farpa caída, mas que finge não ver quando o ferro é bem colocado, a
esses, é que O Riso com a petulância do seu feitio e o atrevimento da sua idade
vai dedicar a garrocha com que pinchará o primeiro touro !
Pode o boi sair matreiro, como diz o rifão, mas, que diabo ! se não for
à tira será à meia volta, o ferro tem que ficar cravado por força, ainda que
com grave desgosto do bicho e da assistência !
Diz o anfarilho que as farpas são de surpreza, mas que em vez de
passarinhos ou bandeiras, sairão gargalhadas, críticas, bocadinhos de veneno
hilariante, traços de bom-humor que encherão a praça de comichões diabólicas !
Mas não se assustem os espectadores ! O Riso apenas de quinze em quinze dias irá à arena, não tem
portanto o perigo de enfastiar demasiado !
O cartel é prometedor Da célebre lavradora Vida Portugueza sabe-se de ante-mão que os touros são puros e
correm sempre a direito. Ás vezes lá parece um com crença, destes que se
encostam às taboas de tal maneira que não há bandarilhas que lhe entrem com a
pele, mas esse são muito raros.
Trazem todos a marca da casa e chamam-se "Snobismo",
"Incúria", "Rotina", "Desleixo", etc., etc.
Já vê, pois o público que a lide vai ser famosa pois nem falta o Sol
abrazador nem as moscas necessárias. No entanto será bom escolher um lugar
distante não vá algum chavelhudo saltar a trincheira…
E agora que o cartaz está lido, vai principiar a corrida.
Deu sinal o cornetim luzitano !
- Ele aí está !!!
Só que a corrida será curta.
Prossegue Jorge Barradas a história do jornal na sua crónica no "Diário de
Lisboa" de 66: /…/ Stuart
Carvalhais, Emmérico Nunes, Leal da Câmara e Menezes Ferreira honraram-nos com
a sua colaboração, João Bastos com suas espirituosas Cartas da Rússia,
arrancando gargalhadas que valiam como medalhas. Henrique Roldão, numa secção
intitulada «No mesmo estilo…» imitava, com um humor admirável, o estilo dos
escritores e poetas famosos desse tempo.
/…/ Apesar do acolhimento obtido, apesar do êxito enegável, "O
Riso da Vitória" extinguia-se quando contemplara onze quinzenas.
A empresa, já em «deficit» não suportava o encargo. Henrique Roldão e
eu tudo fizemos para aguentar o doentinho. O mal era de falência e assim morreu
o nosso «Riso» sem ter conhecido a desejada «Vitória».
Foi um jornal diferente, com
uma lufada de humor mais cosmopolita, e europeu. Era o desespero de lutar
contra o academismo vigente, o desespero de sobreviver numa arte tão bem aceite
pelo público, mas mal paga pelo mesmo público.
Vive-se então um momento
crítico em todos os aspectos: políticos, sociais, económicos e estéticos. Como
já referi, duas das figuras impares da irreverência estética morreram em 18, e
em 19 mais duas figuras desaparecerão da cena nacional, uma definitivamente,
outra temporariamente.
Christiano Cruz, que se tinha
desgostado do meio artístico nacional, foi-se afastando da imprensa,
participando esporádica e
distanciadamente nos Salões dos Modernistas, e mesmo do circulo
irreverente do Chiado. Participou na Grande Guerra em 1917, onde foi gaseado.
Regressa, com curso de
Veterinário na gaveta, questiona-se perante o futuro. Sacanisses de colegas em
concursos para cartazes, e obras gráficas desgostam-no ainda mais. Como
referirá Jorge Barradas quanto
lamentamos que tal homem não possuísse a força precisa para aguentar os golpes
traiçoeiros ou sofrer resignado os desenganos que tanto e tanto lhe
enfraqueceram o ânimo. (Diário de Lisboa 29/11/63). Na realidade, os
artistas não só tinham que lutar contra um público ignorante, e desinteressado
culturalmente, como tinham que lutar por um lugar na imprensa, lutar contra as
invejas, e os golpes baixos da sobrevivência mesquinha dos colegas.
Desiludido resolve partir
para África, em comissão de Veterinário. Partiu para Moçambique, regressaria em
1921 para se casar, e voltar definitivamente para o exílio. Almada referiu-se a
este abandono como um suicídio artístico.
Na realidade, abandonou não só o meio artístico, como abandonou totalmente as
artes, já que não aceitava ser um simples amador. Ao longo do restos dos seus
quase trinta anos de vida posterior, fará meia dúzia de esboços. Esta atitude
sempre me pareceu estranha, já que o artistas é normalmente uma pessoa que não
para de rabiscar, de fazer croquis. O recusar-se a desenhar, como se fosse o
abandono de um vício, de um tique sempre me pareceu estranho. Recentemente,
falando com psicólogos, dizem que no seu quadro clínico de gaseado, não é
anormal esta atitude, mas um reflexo… Permanecerá em África até 1949, quando
morre, tornando-se numa figura de destaque na veterinária tropical. Para as
artes, morre neste ano de 1919.
Almada Negreiros, que se
considerou seu discípulo, também partirá de Portugal em 1919, seguindo para
Espanha.
José Sobral de Almada
Negreiros nasce a 7 de Abril de 1893 em São Tomé. Em 1900 é internado no Colégio dos
Jesuítas de Campolide. Em 1910, devido à Republica, e consequente encerramento
deste colégio, parte para Coimbra, onde estuda no Liceu local, e tem contacto
com Luís Filipe, Correia Dias e Christiano
Cruz. Em 1911 regressa a Lisboa, para se inscrever na Escola Internacional de
Lisboa, e data deste ano o seu primeiro desenho publicado, na revista "A
Sátira" (nº4, 4/6/11).
Em 1912 cria na escola um
jornal policopiado, de nome significativo "A Paródia", e desenha a
sua primeira auto-caricatura, que deveria ter sido publicada no jornal de
Coimbra "Briosa", mas que ficou inédita. Participa no Salão dos
Humoristas, e alarga a sua colaboração aos jornais "A Bomba", "A
Lucta", "A Manhã", "A Rajada", e em 13 aos jornais
"Jornal de Arganil", "Século Cómico", "A
Capital"… para em 1914 surgir como Director Artístico do "Papagaio
Real".
Em 1913 realiza a sua
primeira exposição individual, sendo apenas de desenhos de humor, a qual
mereceu crítica de Fernando Pessoa. Uma crítica escrita sem ter visto a
exposição, como reconheceu posteriormente o poeta, e onde este diz as maiores
barbaridades sobre a arte do humor, demonstrando a sua total ignorância neste
campo, e falta de sensibilidade. Fernando Pessoa escreve disparates como este: A arte chamada satírica é aquela cujo
intuito consiste em traduzir um objecto, sem erro de tradução, para inferior de
si-próprio. Baseia-se por isso em um dos
três sentimentos de onde essa intenção pode nascer - o ódio a aversão, o
desprezo, e o interesse fútil e consciente de ser fútil, que é uma espécie de
desprezo carinhoso. A revolta, o riso, o sorriso - eis as três manifestações
que, consoante o sentimento gerador, tenta produzir com respeito ao objecto que
trata. Toda a outra arte procura tornar o seu objecto superior a si-próprio,
busca nele uma qualquer espécie de além - ele.
Desde que a intenção da arte deixe de ser o tornar o objecto superior a
si-próprio, passa fatalmente a ser torná-lo inferior a si próprio, visto que a
via média não existe, porque (pois que a arte é essencialmente interpretação)
uma cousa é igual a si-própria nunca na arte, mas só na vida.
/…/ Almada Negreiros pertence aos satíricos que se aplicam a dar a
futilidade das cousas. /…/ Que Almada Negreiros não é um génio - manifesta-se
em não se manifestar. /…/
A seguir reconhece-lhe
talento, e posteriormente com os anos reconhecer-lhe-á génio.
Entretanto a escrita surge
como outra das suas manifestações criativas, seja para teatro, novela, e
inclusive temas para bailados. A sua genialidade vai-se expandindo por todas as
formas de expressão artística, numa postura de irreverência que ultrapassa
sempre todos as ousadias, os sonhos, as posturas dos companheiros. Tendo
partido como discípulo de Christiano Cruz, em breve ultrapassa o seu modernismo
cezaniano, para se impor como Orphico, depois Futurista… Claro que isto tudo na
escrita, nos manifestos (Manifesto anti-Dantas de 15, Ultimatum Futurista em
17…) na pintura, porque no desenho satírico, apesar de o seu traço desde logo
apresentar características bem pessoais de irreverência, estão na linha geral
dos modernistas, de Christiano.
Em 1919 parte para Madrid, e
Paris. A sua partida, como já referi está integrada numa série de partidas, de
desaparecimentos que encerram o ciclo plástico de década de dez. Contudo
regressará no ano seguinte, para abrir uma nova década, onde a sua obra, e
personalidade serão marcantes.