Thursday, July 12, 2007

A Mulher no Cartoon 5

AINDA EXISTEM ESSAS DIFICULDADES ? ALTERAÇÃO DE MENTALIDADES ? Por:Osvaldo Macedo de Sousa
É curiosa a reacção a esta questão porque são muito contraditórias, mesmo dentro do mesmo país, como por exemplo as intervenções de Signe Wilkinson que diz, "Hoje em dia já não é problema ser mulher", enquanto Trina Robbins garante – ""Sim, as dificuldades mantêm-se, e eu penso que as mentalidades se alteraram muito pouco, embora haja hoje na América mais mulheres-cartoonistas a desenhar como nunca antes. Só que a maior parte delas desenha para os "indies", e se se olhar para a banda desenhada mais importante, a que dá dinheiro, não se encontra lá mulher nenhuma."
Catherine Doherty observa: "Eu não diria "dificuldades" - é como sempre foi: o trabalho dos homens é melhor avaliado " Martha Montoya é um pouco mais radical – "Eu diria que a maior dificuldade é que a imprensa ainda acredita que este é um mundo de homens, e portanto nem sequer segue a carreira duma mulher. Para eles, se o cartoonista fôr mulher, é porque ela tem esse "hobby"; se fôr homem, então é porque ele é "alguém bastante inteligente". O mesmo diz Raquel Orzuj – "No Uruguay, para triunfar tem que ser... homem! Creio que internacionalmente também é assim."
Ioana Nikolova é mais moderada- "Ainda há dificuldades mas já não são tão grandes. Já ocorreu alguma mudança - só que ainda não é suficiente, embora seja positiva. Não põe o homem-caricaturista ao mesmo nível que a mulher-caricaturista. A mulher está sempre abaixo (há muito mais mulheres-caricaturistas hoje que há 15-20 anos atrás)."
Jan Eliot condescende – "Os jornais parecem estar mais abertos para as mulheres-cartoonistas, e há também mais editoras. Há poucas mulheres a fazer cartoons políticos, e algumas usaram nomes andróginos ou iniciais para esconder a sua identidade feminina. Nina Paley, que publicou "As aventuras de Nina" como uma banda desenhada underground durante muitos anos, disse-me uma vez que existia um extremo sexismo nesse campo. As coisas podem estar a abrir-se mais para para as mulheres agora, mas o comentário "Se nós temos a Lynn e a Cathy, para que precisamos de si ?" foi-me feito há 15 anos. Existe também o problema que a maior parte dos intermediários syndicate que vendem as tiras cómicas aos editores são homens. Eu pergunto-me se estarão genuínamente interessados no que nós, mulheres, produzimos, e se eles nos representam com o mesmo entusiasmo com que representam os homens. Mais, a maior parte desses intermediários são bastante conservadores, enquanto o humor feminino é normalmente bastante liberal. As mulheres não aceitam os valores tradicionais nem os papéis sexuais da mesma forma que os conservadores o fazem. As mulheres gostam de afrontar questões sociais, estão mais interessadas nas relações pessoais e valores sociais, e menos interessadas no humor e acção violentos, do que os homens. Por vezes duvido que os intermediários apreciem o nosso humor. Além de que a Sociedade Nacional de Cartoonistas ainda é composta por 94% de homens. Embora aceitem mulheres na organização, é-lhes difícil sentirem-se "incluidas", atrair atenções, ou serem tomadas a sério."
Nani ainda fica incredula – "Creio que o mundo tende a ser mais tolerante, contudo de vez enquando alguem vê o meu trabalho e todavia me pergunta – Isto fizeste tu ? E quem te escreve o texto ? à alguem que te diz o que ves fazer ? Custas-lhes crer que me dedico seriamente a esta profissão."
Cesarina Silva é optimista – "Sim...de uma forma geral, as sensibilidades evoluiram e a receptividade á novidade cresceu!"
Sobre esta questão não me pronuncio. Mas pelo menos nos ultimos anos em que trabalho neste campo venho a descobrir aos poucos cada vez mais artistas femininas a trabalharem neste campo.

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