Thursday, December 09, 2021

«História da Arte da Caricatura de Imprensa em Portugal - 1948» Por Osvaldo Macedo de Sousa

1948

 

Em Coimbra surge o jornal "O Pagode" - A «Vitamina-Riso» da Academia. Na sua apresentação, o editor Alfredo Camacho escreve: Muita gente tem querido saber o que é «O Pagode». Porque razão este grupo de colaboradores, unidos de há longa data, passa a conduzir uma publicação sem história nem tradições… Um dia diremos porquê.

Há muitas especulações, circula muita moeda falsa, posta a correr por moedeiros que vivem à custa da confusão e da falta de unidade ou de brio daqueles que não deviam consentir serem dirigidos por indivíduos que nunca puseram sobre os ombros uma capa e batina.

Não nos interessa medir forças com gente que está fora da nossa área de jurisdição e que, a nenhum título, pode ser considerada nossa rival

Quisemos criar o «O Pagode» com o fim exclusivo de podermos dedicar um número exclusivamente académico à abertura do ano lectivo;

Quisemos criar «O Pagode» para colaborarmos com a academia no esforço de recuperação do «team» da Associação Académica;

Quisemos criar «O Pagode» para que dentro e fora de Coimbra o público se aperceba da existência de uma Academia capaz de ditar uma publicação, sem a influência e exploração de entidades não académicas

A Academia de Coimbra não precisa de mentores, alheios à sua vida, na enunciação de palavras que soam como nossas…

Outra publicação humorística que nasce este ano é "O Mundo Ri", uma amalgama do Humorismo Seleccionado da Imprensa Mundial. É a onde do humor importado, quando os nossos se têm que calar, ou fazer humor com a inteligência em surdina. O nº 2 desta publicação esclarece-nos que era deste mesmo produto que o público ambicionava: Ao lançarmos a nossa revista estávamos certos da sua utilidade e (por que não dizê-lo ?) do seu ineditismo. Na verdade, não seria fácil supor que, num momento de graves preocupações, de sombrias perspectivas para todos os homens, em todas as latitudes, alguém pudesse demonstrar que… o Mundo ri. Essa revelação foi, por certo, uma das principais razões do êxito da nossa revista - êxito que assumiu proporções de uma grandeza que raras vezes se terá verificado.

Houve uma verdadeira corrida a "O Mundo Ri", a tal ponto que a nossa tiragem, como soe dizer-se, não chegou para as encomendas… Os nossos objectivos foram alcançados e o primeiro deles era provar - contra o estado de espírito geral, aliás justificado - que o medo, a "guerra fria" não são ainda senhores absolutos do mundo; que o espírito da livre e jocosa critica não foi aniquilado e que as melhores raízes do humor, da sátira, do sarcasmo subtil e quantas vezes construtivo continuam frescas e vicejantes.

Combatendo a vaga de pessimismo que parece tudo avassalar, nós, com "documentos à vista" - anedotas, contos, expressivos desenhos e caricaturas, alusões irónicas, referências mordazes aos mais diversos acontecimentos e às mais variadas figuras internacionais, em todos os campos - nós defendemos o direito à alegria, aquele precioso direito de que o poeta falava: "Riez, riez, car le rire est propre de l'homme"…

Mas nem tudo são alegrias, e a 4 de Agosto, os "Ridículos" noticia : A equipa de «Os Ridículos acaba de perder um dos seus mais antigos, dedicados e prestimosos colaboradores: o nosso prezado companheiro de trabalho Joaquim Guilherme dos Santos Silva (Alonso).

Professor de arte aplicada, em que se revelou um mestre apurado, conhecendo em pormenor todos os segredos da sua profissão, «Alonso» dedicou-se também à caricatura humorística e foi com ela que conquistou as esporas de oiro de artista consumado. Companheiro dilecto de Jorge Colaço, acompanhou-o durante toda a existência do semanário "O Thalassa", que conheceu período aureo na vida política portuguesa. Em 1914, em substituição de Silva Monteiro - outro companheiro que nos deixou profundas saudades - «Alonso» veio para «Os Ridículos» e por cá se conservou até que os olhos se lhe cerraram para sempre. Vai para três anos já um tanto achacado e compreendendo a evolução do jornal. cedeu o lugar de honra na primeira página de «Os Ridículos» a Stuart Carvalhais e passou àquela situação de «trabalhos moderados» que a idade prolongada e a saúde abalada tantas vezes justificam. «Os Ridículos» perdem com o desaparecimento de Santos Silva um dos seus mais leais servidores, que muito influiu na sua popularidade e expansão; os que por cá ficam sentem que perderam um amigo.

Existe uma incorrecção neste texto quando afirma que em 1914 Alonso veio substituir Silva Monteiro, já que este último se mantém em "Os Ridículos" até 1920, quando é definitivamente substituído. O que acontece nestes seis anos foi uma partilha de páginas entre os dois.

O Jornal de Sintra (de 1/8) na necrologia dá notícia da sua morte, já que este vivia nesta povoação, recordando que ele tendo nascido em Lisboa, contava 77 anos de idade /…/ Foi o extinto professor de desenho da escola Industrial de António Arroio, de que estava aposentado há 7 anos. /…/ Há 35 anos que colaborava no nosso prezado colega «Os Ridículos», onde só amigos e admiradores conquistou, tendo também colaborado muitos anos no «Século», na antiga «Paródia», «O Talassa», etc, etc.

O lápis inconfundível do Mestre Alonso só teve, quanto a nós, um enorme senão: ser manejado pelas mãos de oiro de um homem cheio de talento cujo maior defeito foi ser sempre excessivamente modesto. Uma modéstia nata que tocava as raias da timidez e que acarretou dificuldades e sofrimentos de toda a espécie ao gigante do lápis e da paleta, agora prostrado.

Em tempos foi convidado insistentemente, pelo saudoso artista Roque gameiro (Pai) para ir em digressão até ao Brasil, onde ansiavam vê-lo, conhecê-lo e admirá-lo. Pois Mestre Alonso, timidamente, nunca quis abandonar o seu cantinho pátrio, receoso do seu valor e do seu enorme talento - que o mesmo é dizer, duvidando de si próprio !

O Diário de Lisboa evoca o artista para além de conceituado professor, de criador de propaganda comercial e ilustração, as suas caricaturas tinham acentuado cunho popular, e deixa sátiras felizes aos acontecimentos, aos usos e costumes, quase sempre com espirituosas legendas, de marcada intenção.

Neste ano, não desaparece apenas Alonso, já que uma semana antes tinha falecido o grande Mestre Leal da Câmara, também em terras sintrenses. Acúrcio Pereira, no seu livro "Uma no cravo… outra na ferradura… " recorda o Mestre: 0 extraordinário artista que se chamou Leal da Câmara foi levado pela morte em 21 de Julho de 1948. Ainda o encontramos com amigos e admiradores numerosos. Só morrem aqueles que não souberam fazer da existência uma desassombrada jornada de luta e de beleza... Esse admirável artista continua, pois a existir na vasta e notável obra que nos deixou, e também o homem continua a ser 1embrado no coração de todos quantos o conviveram.

/…/ Leal da Câmara foi toda a vida um semeador de sonhos. As ilusões esfarraparam-se uma após outra, a mocidade fugiu, mas nunca uma alegria fagueira se esfumou naquele homem estruturalmente simples que em Portugal, em Espanha. em França, andou sempre a correr atrás das suas ideias. das suas fantasias, dos seus sonhos... Ele não ignorava - como diz um rude e são personagem de uma das peças dos Quintero - que " todos los outoños caén las hojas de las arboles y todas las primaveras vuelven - que um sonho derrotado aninha no ventre maternal a génese de outro sonho.

/…/ Sobrevivem em homens como Leal da Câmara, caricaturista, panfletário, boémio e vagabundo - tal Pierre Gringoire, o feitor dos «Mistérios» de Luís XII - zargunchando a bico de lápis, à direita e à esquerda, os vícios e os viciosos, os erros e as felonias, arrebatado e temeroso, arrogante com os poderosos, humilde, despido de orgulho com os pobres e os simples - aquele rapaz magro, trigueiro, de olhos negros e penetrantes, nariz adunco, que nas margens das páginas da «Marselhesa» jogava às escondidas com os polícias de formidáveis e ameaçadoras bigodaças e prometedor bengalão ou afiado chanfalho nas mãos grosseiras e bárbaras. A veia satírica irrompe como catadupa cega, ataca a lei onde falece a justiça, calcina como ferro em brasa, delira no arranque do ataque, fulmina como um deus do Olimpo e toda a mocidade estuante e aventurosa o leva a desafiar 1utas e a correr perigos. A sua gargalhada sonora ergue-se silenciosa e irresistível das folhas irreverentes e furibundas dos seus primeiros jornais, aquela gargalhada dos vinte anos, que não perdoa, mais contagiosa do que a chama ou a lepra. Do combate saem mutilados, exangues, convenções e preconceitos, disfarces de virtudes, espanta1hos humanos, ocos como bexigas de porco, enfeitados de «crachats» e de títulos sonoros. Nos bolsos do artista, independente e desassombrado, o dinheiro não faz ninho. Nem por um tesouro oriental ele seria capaz de trocar o direito de gritar a sua verdade, porque sabia bem que «não é a pobreza que entristece, mas os desejos cobiçosos».

E quando, um dia, Paris /…/ repara em Leal da Câmara e nos «Boulevards» se berra a 58ª edição de «Les Souverains» no «Assiette au Beurre» o artista, despreocupado e filósofo, ergue um pouco mais a gola do casaco e afasta-se sem vaidade, nem azedume, nem invejas, naquela alma bem portuguesa… e sem um cêntimo nas algibeiras rapadas onde enterra as mãos friorentas. Leal da Câmara foi toda a vida um grande semeador de sonhos. Era com eles que animava a labareda palpitante do inesgotável talento, era essa força oculta e enorme que ele ia buscar energias, ao macio luar do sonho que apurava a arte e robustecia a personalidade que Forain e Caran d'Ache não sombreavam. Vencera!

Este homem pacífico, que amara poeticamente a barricada dos jornais de caricaturas, que ouvira o estalejar da fuzilaria da sátira, que circulava entre o fumo da pólvora com a despreocupação de gavroche por entre os insurrectos da Taberna Corinto, volta, tranquilo a indiferente, as costas à cidade e vem abrigar-se nesta pacata e simplória Lisboa, tão linda no seu desarrumo, tão cantante, tão gárrula, tão matinal, a Lisboa que vivia em doce saudade no seu grande coração de exilado. Depois, enquanto os companheiros de luta de outros tempos, esquecidos do «san-culotismo», marinhavam, imponentes e solenes, as escadas ministeriais, não suspeitando que lembravam títeres, Leal da Câmara, isolado no conchego do atelier, arquitectava novos sonhos.

/…/ Esta aldeia da Rinchoa com seu donaire saloio e suas graças silvestres, foi o derradeiro abrigo do sonhador. Havia, afirmo-o com segurança, uma atracção para o espírito de Lea1 da Câmara neste aglomerado de casario. Leal, que trilhara mundos barulhentos e hiper-civilizados, não sofria de fartura, como o Jacinto da «Cidade e as Serras», mas não vou jurar que, como Zé Fernando, na sua primeira noite, na aldeia recolhida, embiucada na treva, não tivesse olhado o céu salpicado de estrelas, a piscarem luz e não tivesse perguntado, num murmúrio: - Ó Jacinto, que estrela é esta aqui, tão viva sobre o beiral do telhado?…

Por seu lado o Diário de Lisboa de 21/7 refere: Leal da Câmara era alguém no nosso meio artístico. Não foi um grande pintor, um modelador de formas clássicas; foi um renovador pelo traço, um precursor pela maneira, um homem de arrojada, ainda que limitada visão, apaixonado - quando além da sua tendência crítica - das belas coisas da arte, dos superiores e transcendentes motivos de encantamento.

Morreu esta manhã na sua casa da Rinchoa…

A morte não descansou este ano entre os humoristas, já que também este ano temos a notícia do desaparecimento de Cottinelli Telmo (1897/1948), um arquitecto de edifícios e sonhos, que espalhou a sua criatividade por múltiplos géneros. Como arquitecto, ficou célebre a sua planificação da Exposição do Mundo Português, do que ainda hoje persiste o Padrão dos Descobrimentos e a Praça do Império. Tristemente célebre ficou a sua prisão de Caxias, e muitos outros edifícios desenhou, como o Liceu D. João de Castro… Foi bailarino, musico, poeta, decorador, designer de selos, ilustrador infantil, em cuja actividade exerceu funções de direcção de imprensa, criou BDs… Participou na construção dos estúdios de cinema Tóbis Portuguesa, cabendo-lhe o lugar na história de realizador do primeiro filme sonoro nacional, "A Canção de Lisboa".

O humor gráfico surge como consequência das suas paixões pelo cinema, pela ilustração infantil, pela BD em periódicos como "ABC", "ABCzinho" (de que foi director), "ABC a Rir", "Fantoches", "Notícias Ilustrado", "Imagem", "Kino", "Jornal da Mulher"…

Desaparecem não só velhos caricaturistas, como jovens promessas de grande talento, como é o caso de Pacheco, que o Século Ilustrado de 13/11 noticia: Morreu o Pacheco. O Chico Pacheco, como era conhecido dos íntimos, finou-se agora, após doença longa e pertinaz, em Lourenço Marques. Ali o tinham levado a ânsia de uma vida melhor, a ilusão da conquista de novos louros para coroar a sua auspiciosa mas efémera carreira.

Pacheco era um caricaturista com aguçado espírito de sátira. As suas caricaturas pessoais eram a dissecação perfeita da personalidade dos modelos, além de constituírem plasticamente, ilustrações gostosas, de técnica segura.

Pacheco era, antes da sua partida para África, o caricaturista dos teatros. Através do seu lápis passaram, imensas vezes, as principais figuras da cena portuguesa, as «estrelas» do nosso teatro ligeiro e, enfim, todos os que no palco, davam relevo às representações em que figuravam. Tinha um pouco de boémio e muito de artista.

As «caixas dos teatros» eram o seu «atelier» e o seu mundo. Alegre, comunicativo, breve captava amizades, sublinhadas quase sempre por um nova caricatura a oferecer ou a acrescentar ao seu arquivo.

/…/ Pacheco, de seu nome Francisco Pacheco, era natural de Lagos e contava 25 anos de idade. Paz à sua alma.

Mas nem só de desaparecimentos vive esta época, já que novos valores se vão impondo, como é o caso da caricaturista Maria Almira Medina, artistas multifacetada das artes plásticas e das letras, que neste ano é galardoada com o 1º Prémio do Concurso de caricaturas de Gente da Rádio, organizado pela Casa do Pessoal da emissora Nacional.  O júri constituído pelo crítico de Arte Luís eis Santos, e pelos artistas Bernardo Marques e Carlos Botelho deliberaram atribuir o primeiro prémio a Maria Almira, e o 2º a Pargana, tendo sido também atribuídas 21 Menções Honrosas àquela artistas. Um facto de relevo, que para além da reconhecida qualidade do traço, é o ser uma mulher, algo raro nesta arte. Já encontramos diversas humoristas, ou caricaturistas em exposições, mas Maria Almira é a primeira a aparecer como profissional de imprensa, já que publica os seus trabalhos no "Jornal de Sintra", e onde era redactora principal.

Maria Almira Medina é natural de Tavarede (Figueira da Foz) onde nasceu em 1920, mas em 1926 os seus pais radicam-se em Sintra, onde fundarão o "Jornal de Sintra", que será a sua casa de escrita e desenho. Licenciada em Românicas, dedicar-se-á ao ensino, à escrita (tem publicados três livros de poesia), à caricatura, à cerâmica, à joalharia, à pintura com têxteis…

Apesar desta resenha histórica ser fundamentalmente sobre o humor gráfico, há momentos e personalidades, que por estarem ligadas ao humor nacional, não queremos deixar de referir, de homenagear.

Uma dessas figuras é Gualdino Gomes, que morre precisamente este ano, com 90 anos, e que Correia da Costa, no Diário de Lisboa de 10/9/1950, o evoca desta maneira: Raras foram as figuras do fim do séc. XIX e começos da. nossa centúria tão coerentes consigo próprias e plenas de nobre personalidade como Gualdino Gomes, o mais metódico boémio do seu tempo. Como que arrancado a um quadro de El-Greco e lembrando  por vezes uma figura hierática e bizantina, Gualdino Gomes foi simultaneamente um sagitário. um criticista e um Conversador cheio de sabedoria e de encanto pessoal. A cultura aliava-se à a exigência. O espírito irmanava com a ironia. Temperamento boulevardier, numa. viagem a Lutécia quando Paris era o centro intelectual e mundano do Mundo, matriculou-se na Faculdade da Inteligência e da Razão. E assim desde a sua mocidade, confinando a sua vida aos amigos, aos acasos da familiaridade e por fim director interino da Biblioteca Nacional , onde era conservador do quadro privativo, esse homem probo, cheio de carácter e de bondade inata, possuindo como um Cresus o «leite da bondade humana» de que fala Shakespeare derramou a mãos plenas um talento improfícuo e singular. A época em que viveu era assim. Dos fins dum século a um quartel de outro acompanhou tudo o que representava em  Lisboa a alma de Paris : as letras, a poesia, a. pintura, a flor astral do espírito mais puro e mais metafísico.

/…/ o seu carácter, a sua individualidade comentadora, por vezes implacável, mas sempre terrivelmente humana, a sua visão analítica perduram e perdurarão simbolicamente como um exemplo.

Sobrevivendo um pouco à sua senectude como Seneca, mas moço como um sagitário, as suas flechas nada mais eram no alvo da mediocridade do que razões de várias causas e consequentemente causas de várias razões. Soube rir e castigar.

Mota Cabral. num artigo sobre Gualdino. publicado há um ano. resumia lucidamente: «Não conheci quem tão bem conversasse, quem melhor manejasse o cutelo da critica ou o florete da ironia. De magreza acentuada, como que se afilava na agudeza dos comentários ou dos conceitos. /…/ Brilhante, mordaz comentador da vida literária, muito bem educado no trato oficial, foi temido e admirado…»

Por seu lado, Correia Marques (in "Acção" de 14/5/42) define-o como mestre na arte de contar, na dicacidade mordente e apropositada, na graça repentista do comentário. E acrescenta: é pena que Gualdino não escreva as suas memórias. Mas ele bem sabe que, se lhas pedem, é para se deliciarem com as suas anedotas e as sua troças. E ele anda na vida para se rir dos outros e não para fazer rir os outros. Afinal é ele quem tem razão…

O "Diário Popular" de 17/2/1943 nomeava-o como o último abencerragem duma geração irrequieta e viva, nimbada dessa doce alegria de viver, que animou o seu tempo e lhe deu, além de tudo, uma boa disposição de espírito que permitia pensar, rir, brincar, estudar e… ser bem educado.

É o mais antigo dos críticos falados e o mais consultado dos homens do seu tempo.

/…/ Com um acerado e delicado e finíssimo sentido artístico sabendo ver o teatro, ler o livro e ver a pintura ou a escultura, assim se prestigiou ao ponto sa sua opinião constituir a verdadeira verdade sobre o caso em análise, ou em crítica.

Em 1937, já Braz Burity tinha inventado um "Colóquio de Endoenças de "O Diabo" (de 4/4) com Sua Irreverência o Padre e Mestre Gualdino Gomes:

… E o Diabo entrou e abancou à mesa, de sua Irreverência Gualdino Gomes - Patriarca da Graça, da Ironia e da Facécia Alfacinha, Soberano Senhor da Resposta Pronta, do Dito Leve, da Piada Fina, Primaz da Crítica Falada, da Crítica Livre, da Crítica Inteligente, Cardial Diabo das Reputações Consagradas, das Glórias Oficiais, das Celebridades Académicas, - último Mosqueteiro da Boémia Literária do Martinho, derradeiro abencerragem da Tertúlia Intelectual da Porta do Mónaco - Relíquia Viva, Relíquia Ambulante, Relíquia Sagrada de todo um Passado de Facécias e Humoradas, lapidares na forma, cristalinas no conceito, às vezes ferinas na garra, mortífera nas toxinas, sangrentas na inclemência, mas sempre limpas, sempre honestas, sempre leais, sempre esfusiantes e sempre justas, na alada pureza da Espiritualidade, na irisada fulguração da Verdade e da Justiça...

/… / a crítica em Portugal, nunca, em verdade, se fez em letra redonda: mesmo no tempo em que se podia dizer tudo nas gazetas - a crítica fez-se sempre, nas tertúlias de cavaco, à porta das tabacarias, à mesa dos cafés. Na outra, na que vem nos periódicos ninguém acredita já: são valores entendidos, jogos com cartas marcadas - e o bom burguês, o honrado leitor que quer saber se vale a pena comprar este ou aquele livro, o bom espectador, que quere saber se vale a pena ir a este ou àquele teatro - como os raríssimos amadores de Arte que se arriscam a comprar este ou aquele quadro - estão-se nas tintas para o que se escreve nas folhas. Vêem aqui, tomam o seu café, põem-se de ouvido à escuta, ouvem uma laracha, pilham no ar uma bojarda - e formam o seu juízo. São os que pensam pela sua cabeça, os que formam a opinião pública.

Na realidade Gualdino Gomes foi um exemplo do humor vivo, do criticismo ironista do português, mas aqui com inteligência. Foi a caricatura ao vivo do género que Raphael cultivou no campo gráfico no âmbito do teatro, das letras, da sociedade… foi um paralelo da anedota de tertúlia que Stuart levou para a imprensa.

Contudo deixou escrito um livro "A cura pelo Limão", e com Marcelino Mesquita escreveu a revista "A Tourada". O resto ficou como tradição oral, como mito de uma época em que a vida era uma tertúlia.


Wednesday, December 08, 2021

International Exhibition Satyrykon 2022

Participation conditions 

1. SATYRYKON 2022 International Exhibition is an open competition. 

2. The objects of the competition are drawings, graphics and other works of fine arts and photography created with the use of optional techniques, being originals and qualified by artists to one of the following sections: 

I – theme: SCHOOL 

II – SATIRE & JOKE 

3. WORKS AWARDED IN OTHER COMPETITIONS will be excluded from the SATYRYKON competition. 

4. Works are to be delivered  via e-mail by 30th November 2021 (no later than 11.59 a.m., Polish time zone) at konkurs.satyrykon@lck.art.pl 

5. Up to three works may be submitted  for each section of the competition. Accepted  work format: A3 (297x420mm) at maximum, 5 MB per picture, saved in JPEG format. In the case of objects that cannot be sent by e-mail (e.g. sculptures), please contact the organiser. 

6. Works should be accompanied a short biographical note and a filled application form (PLEASE USE CAPITALS). By providing their personal information, the authors consent to data processing and the public use of the image.

II. Prizes 

1. Works for the competition will be qualified by the international Jury.

2. Jury will award the following prizes: 

* Grand Prix SATYRYKON 2021  – pure gold key and purse amounting to 10.000  PLN

* 2 gold medals and purses amounting to 7.000  PLN each

* 2 silver medals and purses amounting to 6.000  PLN each

* 2 bronze medals and purses amounting to 5.000  PLN each

* and 4 special prizes amounting to 4.000  PLN each

* Mayor of Legnica in amount of 4.000 PLN award

* Director of Legnica Culture Centre in amount of 4.000 PLN award for a photography work

The organisers are expecting extra awards for laureates: 

for the Author of THE BEST DEBUT and the Author of THE STUDENT DEBUT to be accompanied by a solo exhibition at the Satyrykon Gallery within the programme of SATYRYKON 2020 events. 

Jury has the right of final distribution of the statutory prizes, i.e. to change their number, not to award them, or not to award the Grand Prix SATYRYKON. Jury’s decisions are final. 

The index of works qualified for the 2nd stage of the competition will be announced on 10th January 2022 at Satyrykon webpage: www.satyrykon.pl. 

The condition for participation in the 2nd stage of the competition is sending by the Author of the qualified works for exhibition (without frame) by February 28, 2022 (works present at the organizers premises) to the following address: 

International SATYRYKON Exhibition – Legnica 2022 

Ul.Chojnowska 2 

Akademia Rycerska 

59-220 Legnica 

POLAND 

The competition results will be announced on 6th March 2022. 

3. Participation in the competition is free of charge. The work originals will be returned on condition that the Author donates one of the works of her/his choice to the Satyrykon Gallery – as a form of compensation for posting costs. In case there is no clear Author’s indication, the organizer may post the work back on the Author’s cost. Details of payment and return will be arranged in individual e-mail correspondence.

n o t e !

AWARDS ARE SUBJECT TO TAXATION ACCORDING TO THE CURRENT REGULATIONS. The condition to pay the authors is their arrival for the opening of the exhibition and their collecting the awards by December 15, 2021, or the awards can be transferred into a bank account in a currency specified by the author.

III. Participants’ privileges

1.  Authors of the works qualified to the exhibition are given a presentation copy of the exhibition catalogue and a free-of-charge place in the catalogue.

2. Organisers provide competition prize-winners with gratuitous participation in the SATYRYKON 2022 event on June 17-19, 2022.

3. Works sent to the exhibitions will be exhibited in Poland and abroad after the main exhibition, and then will be returned to their authors by the end of 2022. WE KINDLY ASK THE AUTHORS TO NOTIFY US ABOUT ANY CHANGES TO THEIR ADDRESS DATA – RETURN ADDRESS / PHONE / E-MAIL (please contact us: satyrykon@lck.art.pl). 

IV. Final provisions

1. Organisers reserve the right to use the sent works for SATYRYKON advertising purposes without any special fees paid to the authors: to be exhibited and reproduced in a variety of advertising materials, as well as printed and circulated in catalogues.

2. The prize-winning works become the property of the organisers and will be included in the collection of the Satyrykon Gallery.

3. The exhibition organisers are the final judges in interpretation of the regulations.

4. Sending her/his work the artist agrees to the mentioned above rules and regulations and agrees to publication of the author’s profile in the post-exhibition catalogue.

5.  Legnica Culture Centre (+4876 72-33-700; e-mail: satyrykon@lck.art.pl,) is the organiser of the International Exhibition SATYRYKON – Legnica 2022.

Schedule:

Work acceptance deadline: 30th November 2021 at 11:59 a.m.(Polish time zone).

Qualification for 2nd stage of the competition will be announced on 10th January 2022 at Satyrykon website www.satyrykon.pl

Deadline for work originals delivery: 28th February 2022

Jury meeting  March 4-6, 2022

The competition results will be announced on 6th March 2022.

Post-competition exhibition June 8 – August 28, 2022

Return of the works after the exhibition cycle December 31, 2023


Bursa International Cartoon Contest in Turkey

REGULATIONS

1. ORGANIZER: BURSA METROPOLITAN MUNICIPALITY

2. SUPPORTER: ANATOLIAN CARTOONISTS ASSOCIATION

3. COMPETITION THEMES

 I) "LET’S USE WATER CAREFULLY, OUR SOURCE OF LIFE"

• Water Recycling

• Alternative Water Sources

• Efficient Use of Water Resources

• Rain Harvesting Systems

• City and Water

• Dams

• Saving on Water

etc.

II) "CEMAL NADİR GÜLER" PORTRAIT CARICATURES

For more information about Cemal Nadir GÜLER:

https://tr.wikipedia.org/wiki/Cemal_Nadir_G%C3%BCler

4. CATEGORIES

• ADULTS CATEGORY: AGES 17 AND OVER

• YOUNGS CATEGORY: AGES 16 AND UNDER

5. TERMS OF PARTICIPATION

• This cartoon contest is open to all amateur and professional world artists.

• Drawing technique is free.

• A maximum of three (3) cartoons related to the topic “Let's Use Water, Our Source of Life Carefully” can be sent.

• A maximum of three (3) Works related to the subject of “Cemal Nadir Güler Caricature” can be sent.

• Cartoons must be in 300 dpi resolution, "scanned" and "jpeg" format, with a maximum size of 3 MB.

• Works should be sent via e-mail to karikatur.bursa@gmail.com

• The artists must clearly write their personal informations (Name, Surname, Age, Contact Address, Country, e-mail and Telephone Number) in the participation e-mail.

• Deadline for Participation to the cartoon contest is: 31/12/2021 – 23.59

• The finalist cartoons will be announced to the public from the internet address for similar, copy and stolen

objections.

• The selection committees’ first degree relatives can not participate to the contest.

6. SELECTION COMMITEES

I) PRE-SELECTION JURY MEMBERS: Halit KURTULMUŞ  (Cartoonist-TURKEY), Mehmet KAHRAMAN (Cartoonist-TURKEY), Recep ÖZCAN (Cartoonist-TURKEY)

II) FINAL SELECTION JURY MEMBERS: Abbas NAASERİ (Cartoonist-IRAN), Ahmet AYKANAT(Cartoonist-TURKEY), Antonio SANTOS (Cartoonist-PORTUGAL), Mehmet ZEBER (Cartoonist-TURKEY), Mihai IGNAT (Cartoonist-ROMANIA), Oleksy KUSTOVSKY (Cartoonist-UKRAINE)

7. PRIZES

I) ADULTS CATEGORY

“LET’S USE WATER CAREFULLY, OUR SOURCE OF LIFE”

FIRST PRIZE :10.000 ₺

SECOND PRIZE :7.000 ₺

THIRD PRIZE : 4.000₺

MENTION PRIZE (X3): 2.000 ₺

“CEMAL NADİR GÜLER”  CARICATURES

FIRST PRIZE : 10.000 ₺

SECOND PRIZE : 7.000 ₺

THIRD PRIZE : 4.000 ₺

MENTION PRIZE (X3): 2.000 ₺

II) YOUNGS CATEGORY

“LET’S USE WATER CAREFULLY, OUR SOURCE OF LIFE”

ACHIEVEMENT AWARD (X10):CERTIFICATE of ACHIEVEMENT + Cartoon Drawing Set

“CEMAL NADİR GÜLER” CARICATURES

ACHIEVEMENT AWARD (X10):CERTIFICATE of ACHIEVEMENT + Cartoon Drawing Set

8. NOTIFICATIONS

• Allt he cartoons sent to the competition, whether they receive an award or not, can be printed and used by the organizer (As Poster, Book, Album, e-Album, Card, Postcard, Invitation, Calendar, Brochure, Exhibition, etc.). They can be published on the Internet. Apart from this, all publishing rights of cartoon works belong to the artists.

• Sent cartoons may have been published before, but should not have received an award in another competition. All cartoons have to be signed by the artists.

• Cartoons that do not comply with the items specified in the participation conditions, will be eleminated.

• Inparticular, the cartoons must be of the desired resolution and must be scanned. Cartoons submitted with low resolution or as photographs will be eliminated.

• Every artist who submits works to the competition will be deemed to have accepted all these conditions.

9. CONTACT  e-mail: karikatur.bursa@gmail.com


The 8th “RED MAN” INTERNATIONAL HUMOUR ART BIENNIAL


Regulation

1. The Competition is open to all artist -- Caricaturist, Illustrator, Cartoonist, Printmaker and Painter around world regardless of nationality, age, sex, etc.

2. Theme: 

            A. Building ( Chinese architecture / Western-style building / Various buildings ) 

            B. The world in the Animation

            C. Tiger ( The Year of the Tiger 2022 )    

            D. Free

3. Entries: At most 20 works (pieces or series) for each Theme.

4. The size of the works should be unbounded.

5. Technique and medium of works are unlimited. Any painting, Print making, Traditional Chinese Painting, Oil painting, Watercolor, Crafts art or Children’s painting will be accepted.

6. Produced using any technique, including computer graphics.Please send electronic copy of your work to the following email address:  redmanart@126.com . After your works was selected, the committee will notify you, send your original works mail to the committee, to participate in the final awards.

7. Works whether they have been awarded in other contests previously will be accepted.

8. Author's resume and photo (entry-form and biography) should be submitted with entries together. First name, Last name, Address, Email, Telephone number and category should be written on the reverse side of the works.

9. Please down load the entry form on our web site:  

http://www.redmanart.com/en/bencandy.php?fid=6&id=814

At the same time, the self made entry form is also accepted.

10. Authors should have full copyright and be responsible for all the legal responsibilities related to the productions copyright.

11. Organizer will not be responsible for any damage that may occur during postage and handling. 

12. Deadline:  March, 31, 2022

13. Address:

XIAO YU HU

ROOM 341 BUILDING #364, ZHAN QIAN BA LI XIAO QU

YUN JING DONG LITONG ZHOU QU, 

BEIJING 101121CHINA

14. Prizes:

GOLDEN PRIZE (1) : 3000 RMB + Catalog

SILVER PRIZE (1) : 2000 RMB + Catalog  

COPPER PRIZE (1) : 1000 RMB + Catalog 

HUMOR ARTIST PRIZE (Group A) : 1000 RMB + Catalog

HUMOR ARTIST PRIZE (Group B) : 1000 RMB + Catalog

HUMOR ARTIST PRIZE (Group C) : 1000 RMB + Catalog

EXCELLENT PRIZES (20) : Certificate of merit + Catalog

SELECT :  Catalog

15. Some of accepted works will be printed in a brochure, on posters, in the world press or other printed matter for the purpose of publicizing the exhibition without additional information and cost.

16. The works will not be returned.

17. All the copyrights are reserved by the authors. Host unit may use some works on web site and other media for spreading competition and artists.

18. Participation in the contest means the complete acceptance of all the above conditions and agreements with jury's decision.

19. For Information

XIAO YU HU  

ROOM 341 BUILDING #364, ZHAN QIAN BA LI XIAO QU

YUN JING DONG LITONG ZHOU QU, 

BEIJING 101121CHINA

Web site: www.redmancartoon.com/en

Email: redmanart@126.com


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