Friday, December 06, 2013
Pernambuco Experimental no Museu de Arte do Rio a partir de 10 de Dezembro
Sob a curadoria de Clarissa Diniz e Paulo Herkenhoff, será aberta às 10 horas da manhã do próximo dia 10 de dezembro de 2013, no Museu de Arte do Rio, a exposição PERNAMBUCO EXPERIMENTAL, que reúne a criação artística de Pernambuco de 1920 até 1980 e da qual tenho a honra de fazer parte.
Início da exposição
Pernambuco Experimental
Pernambuco
Experimental traça
um panorama da produção da arte experimental no estado entre as décadas de 1920
e 1980, quando Pernambuco foi palco de investigações artísticas que romperam
fronteiras de linguagens e regionalismos. Com curadoria de Clarissa Diniz e
Paulo Herkenhoff, a exposição ocupará 600 m² do MAR com cerca de 300 obras –
entre pinturas, desenhos, fotografias, vídeos, músicas, performances e
documentos desse período. Na programação estão previstos ainda uma mostra de
filmes, um ciclo de debates e o lançamento de um livro.
A
exposição integra uma tríade de mostras sobre importância da produção artística
no estado, que teve início com Pernambuco Moderno (Instituto Cultural Bandepe, Recife,
2006), se desenvolveu em Zona
Tórrida (Santander
Cultural, Recife, 2012), e se complementa com Pernambuco Experimental.
Com essa montagem, o MAR pretende apresentar essa significativa experimentação
ao público brasileiro e internacional a partir de um rico apanhado do que foi
esse período histórico para a arte pernambucana.
Desde o princípio do século XX,
em resposta ao processo de industrialização e internacionalização o qual
atravessava a economia local, artistas passaram a produzir conectados com os
desafios e debates da cena internacional da arte. Poetas, pintores, fotógrafos,
cartunistas, arquitetos, dramaturgos, editores e designers foram alguns dos
responsáveis por essa efervescência cultural que ficou evidente em revistas,
congressos, textos e obras. Com a atuação de nomes como Vicente do Rego
Monteiro, Cícero Dias, Joaquim Cardozo, João Cabral de Melo Neto, Aloísio
Magalhães, Gastão de Holanda, O Gráfico Amador, Hermilo Borba Filho, José
Cláudio, Jommard Muniz de Brito, Paulo Bruscky, Daniel Santiago, Montez Magno,
grupo Vivencial Diversiones, grupo Ave Sangria e Lula Cortes, entre tantos
outro, é possível vislumbrar um riqueza experimental que, sobretudo nas décadas
de 50, 60 e 70, encontra um momento de profícua radicalidade.
Pernambuco
Experimental coloca
em evidência a inseparável conexão entre a história e o contemporâneo, cujas
implicações precisam ser constantemente pensadas e relidas. Para reforçar o
conteúdo da mostra, um livro homônimo será lançado por meio de projeto
apresentado ao Funcultura, com o apoio do Governo de Pernambuco. Fartamente
ilustrado e com ensaios inéditos dos curadores da exposição, críticos
convidados e artistas pernambucanos, o livro se constitui como um documento
fundamental sobre a história da arte do estado. Com projeto gráfico de Raul
Luna, a obra bilíngue (português e inglês) será também uma vitrine do caráter
experimental das artes gráficas do estado, que se estende à contemporaneidade
por meio de um design arrojado e de notável consciência espacial.
Artistas
Abelardo da Hora | Alexandre
Bérzin | Aloisio Magalhães | Arnaldo Tobias | Ave Sangria | Benício
Dias | Acácio Gil Borsoi | Cícero Dias | Daniel Santiago | Debora do Rego
Monteiro | Emílio Cardoso Ayres | Equipe Bruscky & Santiago
| Flaviola | Francisco Du Bocage | Gilberto Freyre | Ionaldo Cavalcanti |
João Cabral de Melo Neto | Joaquim Cardozo | Joaquim do Rego Monteiro | Jomard
Muniz de Britto| José Cláudio | Josué de Castro | Kátia Mesel | Ladjane
Bandeira | Lailson | Leonhard Frank Duch | Luiz Nunes | Lula
Cardoso Ayres | Lula Côrtes | Manuel Bandeira | Marconi Notaro | Montez Magno |
Nelson Ferreira | Nuvem 33 | O Gráfico Amador | Paulo Freire | Paulo Bruscky |
Phetus | Pierre Verger | Raul Córdula | Roberto Burle Marx | Silvio Hansen |
Tiago Amorim | Unhandeijara Lisboa | Vicente do Rego Monteiro | Vivencial
Diversiones | Wilson Carneiro da Cunha| Ypiranga Filho
Conversa com
artistas de Pernambuco Experimental
10 e 11 de dezembro
Conversa de galeria com o público, artistas e
curadoria da exposição Pernambuco Experimental, comentando
aspectos diversos das obras e dos contextos históricos apresentados na
mostra.
dia 10, 11h
Pavilhão de Exposições | Exposição PE:EXP
Pavilhão de Exposições | Exposição PE:EXP
Lula Cardoso Ayres Filho, Montez Magno, Márcia Lira
Conversa sobre a construção da
modernidade em Pernambuco.
Dia 10, 15h
Paulo Bruscky, Daniel Santiago, Silvio Hansen
Paulo Bruscky, Daniel Santiago, Silvio Hansen
Conversa sobre os anos 1960/70 e suas
diversas estratégias de criação, circulação e resistência.
dia 11, 11h
Pavilhão de Exposições | Exposição PE:EXP
Pavilhão de Exposições | Exposição PE:EXP
Raul Córdula, Tiago Amorim, Kátia Mesel, Lailson
Conversa sobre o entrecruzamento de
diversas linguagens nos anos 1960/1970, como as artes gráficas, a música e a
poesia.
dia 11, 15h
Pavilhão de Exposições | Exposição PE:EXP
Pavilhão de Exposições | Exposição PE:EXP
Lula Wanderley, Tiago Araripe, Marco Polo Guimarães, Almir de Oliveira,
Paulo Raphael, Flaviola
A cena da música experimental dos
anos 1970 em Pernambuco.
Cartoonists tribute to Nelson Mandela
David Rowe
Javad Alizadeh
Joe Heller
Luis Carlos Fernandes
Noma Bar
Pedro Molina
Shakrokh Heidari
Tuesday, December 03, 2013
O Natal português - Cartoon de Henrique
A gata do Laerte
Laerte tinha uma gata que não mexia as
patas traseiras por ter sido vítima de uma espingarda de chumbinho. Ele
contou ao Fernando de Barros e Silva, na Piauí:
O problema do mau
cheiro decorre do quadro clínico de uma das duas gatas de Laerte. Cinco anos
atrás, Celina e Muriel foram alvejadas com tiros de espingarda por alguém da
vizinhança. Muriel convive até hoje, e aparentemente bem, com a bala de
chumbinho que ficou alojada em seu ombro. Mas o tiro que atingiu Celina a
deixou paraplégica. “Ela perdeu as pernas de trás. Tem cistite recorrente,
precisa tomar antibiótico de doze em doze horas, não controla o mijo, suja
tudo”, explicou Laerte.
A gata se arrasta pela
casa. Durante parte do dia, se locomove com a ajuda de uma espécie de cadeira
de rodas feita pelo cartunista. À noite, dorme na sala, trancada numa gaiola.
Muriel dorme na cama com o dono. “Quando acordo, abro a porta para a Muriel e
vou cuidar da Celina.”
Ele não quis
investigar quem foi o autor dos disparos: “Um vizinho ficou me açulando; dizia:
‘Ele tem um táxi.’ Quatro caras na minha rua têm táxi. O que vou fazer com essa
informação?”
A história de Celina motivo o grande
artista a imortalizá-la numa série de tiras tristes, que publicou diariamente
tanto na Folha de São Paulo quanto em seu blog
Manual do Minotauro. Reproduzo a história inteira abaixo:
Crónica Rosário Breve - Mea non vestra culpa por Daniel Abrunheiro
Já
uma vez aqui mesmo Vo-lo disse, pelo que é mesmo aqui que Vo-lo reitero: há
três décadas e meia que PS e PSD, com o ocasional penduricalho do CDS-PP,
alternam à boca do tacho da desgovernação da Pátria – portanto a culpa é minha.
É
minha – mas não é dos circunstantes com quem compartilho o usufruto cafeíno do
café-galeria onde todos os dias, a partir das seis da manhã, matino os ossos, o
lápis e o meu olhar de papel. Estes homens e estas mulheres são todas e todos
de uma dignidade que não merece, nem de perto nem ao longe, ser amesquinhada
como anda a sê-lo com mais agravo do que apelo.
Não
duvideis: estas pessoas são como Vós e como eu pretendo ser, a compostura delas
é a Vossa mesma, que reflectir pretendo. Permiti-me, pois, que Vo-las descreva
com o, sumário embora, apuro possível:
–
o Quarteto de Mulheres-da-Limpeza:
começaram, crianças ainda, a contribuir para pão & sabão em casa; pouca
escola lhes deram; batidas ora pelos maridos como pelos pais outrora; por luxo
único, esta chávena quente e parlamentar de cada madrugada; sei quando recebem
o pouquíssimo que lhes pagam: é quando se permitem a extravagância mensal do
pastel-de-nata; acho-as bonitas a todas, uma por uma; e considero-as não menos
do que princesas reais. Ou canoas respiratórias ancoradas na precária angra do
pão-de-cada-dia.
–
o Assentador-de-Pavimentos: é rapaz
que não vai para criança, por isso mesmo que já cinco décadas e meia de nascido
o coroam; gosto das mãos dele: parecem-me estrelas-do-mar capazes de tornar
coral a pedra-pomes da subsistência; já o espinhaço batido se lhe adunca em
fadiga óssea, é certo – mas certo é por igual não ser ele homem para desistir
de merecer o que come, amailos filhos e a mulher, amanhã.
–
a Estagiária-de-Farmácia: era para
ter sido médica, pelos sonhos de prestígio social que por ela e em vez dela
tinham os pais e os avós, mas uma certa desvocação escolar para as Ciências interditou-lhe
a formação clínica, pelo que se vinga em xaropes e supositórios do que nem
Esculápio nem Hipócrates quiseram dela; é delicada como uma gardénia revestida
a seda; namora um barbudo que mete música afro-brasileira numa espelunca de
alterne aqui perto; enternece-me sempre muito o modo como, cedinho, esparge derredor
si os bons-dias: como se francamente no-los desejara; mas, à boca-pequena, já
se comenta que a directora-técnica da farmácia lhe lancetou que lugar efectivo,
no fim do estágio, nem pensar.
Mais
exemplos titulares vos escreve(da)ria, mas para tal são poucas as colunas que o
Jornal me dá. Valham-Vos os supra-alinhados por paradigma, ainda assim.
O
Tempo é o Rio que a todos nos usa por margens. Saibamos ao menos, como Ele,
viver em moção, prescindindo ou desistindo jamais da fundamental dignidade que
é a de não morrer sem ter vivido.
Há
pelo menos trinta e cinco anos que Vós não cuidais muito disso, eu sei. Nem
Vós, nem aqueles de “lá de cima”.
Como
aliás sei que a culpa de tal é minha.
Os governos que tem desgovernado em Portugal nos últimos 15 anos
ESTE É UM GOVERNO QUE DESPEDE OS PAIS, NEGA EMPREGO AOS FILHOS E ASSALTA OS AVÓS.