Saturday, January 16, 2021
UWC Cartoon Exhibition - Healthcare Persons / in Pandemic
UWC
Cartoon Exhibition - Healthcare Persons / in Pandemic
We are support
healthcare personals who make superhuman efforts during the pandemic process
with our cartoons..
Deadline: January
31, 2021
Work send: uwcworks@gmail.com
We'r waiting
your cartoons.
Thanks..
Union of World
Cartoonists
De chulos e chulerías por SIRO LOPEZ (IN VOZ DE GALICIA)
Na divertida comedia La venganza de don
Mendo, o cabaleiro négase a aceptar o colar que a amada lle ofrece para
saldar unha débeda de xogo, e dille: «Y me anulo y me atribulo/ y mi horror no
disimulo,/ pues aunque el nombre te asombre/ quien obra así tiene un nombre,/ y
ese nombre es el de... chulo».
Si, chulo é o
macarra noxento; pero tamén o gracioso de sainetes, zarzuelas e chotis; e da
vida madrileña a comezos do século XX, como aquel Paco el seguro que por un módico prezo preñaba, no primeiro
encontro, ás criadas de servir que querían ascender socialmente a amas de cría.
Mesmo hai chulos
heroes, dos que o Cid Campeador é claro exemplo. No tenso
diálogo co rei, no Romance do desterro, vese que nel a chulería é
orgullo e dignidade:
—Te destierro de
mis tierras,/ te destierro por dos años.
—Si vos me
desterráis por dos,/ yo me destierro por cuatro.
Chulo fachendoso,
camorrista e talentoso foi Quevedo; e amortizou con cárcere e
pobreza as súas chulerías. A derradeira, xa moribundo, estivo na resposta ao
amigo que lle aconsellaba deixar cartos para pagar os músicos do enterro: «La
música páguela quien la oyere». E morreu.
Chulo por estética
foi Valle Inclán. «La muerte —dicía— hai que verla venir de frente
y aceptarla». García-Sabell preguntoulle como lle gustaría morrer, e respondeu:
«Hombre, es de cajón: ¡Fusilado!».
Case o consegue,
que morreu en xaneiro de 1936, en Compostela, e en agosto xa exercían con saña
os fusiladores.
Chulo pollo pera
era José Antonio Primo de Rivera; pero o gran chulo do falanxismo,
chulo delirante, foi o ideólogo Ernesto Giménez Caballero, que
exaltou a chulería como categoría hispánica; e como chulos describiu os
españois: «Somos raceadores, donjuanes, magníficos garañones varoniles de
pueblos».
Do falanxismo
franquista viña Adolfo Suárez, chulo seductor, o meu chulo
favorito. Das súas chulerías escollo dúas: cando, sen deixar de sorrir, lles
virou o pulso ao xeneral Miláns del Bosch, chulo marcial; e ao
presidente Giscard d´Estaigne, chulo elitista.
A antítese é Donald
Trump, chulo matón e ególatra. Varios equipos de psicólogos norteamericanos
deron a coñecer estudos —nalgún participou Mary Trump, sobriña súa, psicóloga
tamén— que Trump ten todos os riscos do trastorno da personalidade narcisista;
de aí que se crea superior, especial e único; e careza de empatía para
identificarse cos sentimentos e as necesidades do próximo. O que non explica a
psicoloxía é por que Trump é un histrión, unha caricatura de si mesmo, un
boneco de guiñol.
Casualidade ou non,
en poses e acenos faciais é cuspidiño a Mussolini, «o maior chulo
de Europa», dixo Hemingway, que o coñeceu e o cualificou tamén de ridículo.
Casualidade ou non, Mussolini acadou o Goberno de Italia coa marcha de miles de
camisas negras sobre Roma e Trump quixo conservar a presidencia dos EE.UU. coa
marcha dos seus indignados sobre o Capitolio. Logo, arrepiado polas
consecuencias, trocou a chulería en covardía e arremeteu contra eles. Mentres
escribo entérome de que a Cámara de Representantes aprobou xulgalo por
incitación á insurrección e de que a súa popularidade baixou entre os
republicanos un 40 %. Dúas boas novas nun ano que empezou con cara fea.
Caricaturas Crónicas: «José Vilhena – o humor português» por Osvaldo Macedo de Sousa in Diário de Noticias de 8/5/1988
Foi sempre uma voz inconformada e quando os outros se calavam ele intervinha, o que é de louvar, goste-se ou não do seu estilo. E não esqueceu o eterno Zé, aquele que anda cá por baixo, feito pequena burguesia urbana e rural.
Fala-se frequentemente de géneros de humor como elemento
caracteristico de cada povo. Refere-se ao humor de espírito, à ironia… porém
para o povo português a piada que melhor faz despoletar o riso, é a de cunho
brejeiro, macabro, humilhantes por vezes, ou então as eternas anedotas simples,
do babado, da sogra, dos cornos… as tais que são apenas doze e que já vem na Bíblia,
não passando portante de eternas variações.
O humor português ainda está enterrado no espírito da
taberna, local de convívio e diversão do pobre Zé. De todos os caricaturistas e
humoristas nacionais, que por cá trabalham no riso, qual herdeiro de Stuart
Carvalhais, José Vilhena é sem dúvida o mais português deles todos, porque não
procura um novo humor, antes dá generosamente aquele que já existe no espírito
pronto a servir.
Continuador da nossa sátira medieval (de baixo ventre), ele é
um cronista marginal da nossa sociedade pornográfica, um escritor / desenhador
na contracultura da moral puritana e do Poder. Por tudo isto, sempre foi um
autor maldito, com a censura, a Polícia e os livreiros contra ele.
Nos últimos quinze anos do Estado Novo ele foi uma voz viva
da oposição feita riso, numa política de sátira desestabilizadora, em que eram
visados os mitos e as figuras do regime. As formas femininas, o erotismo ao
mesmo tempo que eram uma ofensa à moral do regime, eram também a arma que
melhor captava o público, e dessa forma foi dos poucos autores humorísticos que
vivia bem, e folgadamente, do que escrevia e desenhava. Conciliando o desejo à
vontade, o erotismo à critica dos costumes nasce a força paródica de José
Vilhena.
O seu humorismo tem duas vertentes, a escrita e a desenhada.
A literária é talvez a mais desenvolvida, que se expressa em mais de setenta
livros publicados, enquanto a gráfica é a mais conhecida, pela sua
identificação imediata.
Neste primeiro campo, ele é um autor da dita literatura de
cordel (brejeira), de sátira directa (paródica), assim como de venda, já que a
sua estrutura editorial não passa pelos normais intermediários de livrarias,
antes vai logo para a rua, nos quiosques, à vista de todo o transeunte, ou
vendido à socapa misturada com outra imprensa, segundo os tempos e proibições da censura. A sua vivência, como obra escondida, está não só ligada à
perseguição pidesca do antigo regime aos seus livros, que tentava apreender
imediatamente as edições, como também à própria vergonha hipócrita do leitor
burguês, que se esconde do juízo à imoralidade da sua leitura. Milhares de
pessoas o liam (chegou a fazer tiragem de cerca de sete dezenas de milhares), e
pouco assumiam que o liam.
Nos seus livros, e depois nas revistas também desenvolveu a
fotomontagem, ou a foto-romance para fazer humor. O desenho, como ilustrador de
todas as suas publicações, provem da escola portuguesa do naturalismo
raphaelista, adoçado pelo gosto dos anos 60, um novo barroquismo das redondezas
femininas.
É um desenho de traço clássico e directo, en que a caricatura
não procura subterfúgios de estilo. É, tal como a sua comicidade, uma
ilustração agressiva, satírica, de gosto popular, muita das vezes raiando a
fronteira da insolência total. Nessa via, ele foi europeu antes de todos os
outros portugueses, desenvolvendo o sistema do ecu, em eculogia, uma ciência de
que é especialista.
As suas vitimas preferidas são os homens do poder, e quando
lhes de dar feições os políticos, também eles insolentes na sua actuação
governamental, são os fura-vidas, os patos-bravos, os novo-ricos, ou seja o
poder do desenrasca que domina a sociedade nacional. Por outro lado há o eterno
Zé, aquele que anda cá por baixo, feito pequena burguesia urbana e rural,
entalado entre a moral pregada na educação, e a vida imposta por aqueles políticos,
por aquele poder.
José Vilhena foi sempre uma voz inconformada, e quando os
outros se calavam ele intervinha, o que é de louvar, goste-se ou não do seu
estilo. Ainda hoje, quando se registava um facto inédito da vida portuguesa
destes dois últimos séculos – o não haver nenhuma publicação humorística nas
bancas, ele teve que voltar à ribalta, com o «Fala Barato». É que «o grave para
nós, portugueses, não é estarmos metidos todos no mesmo barco; é o barco ter
encalhado».
Friday, January 15, 2021
Caricaturas Crónicas: «Jorge Cid e Saavedra Machado, dois rapahelsitas» por Osvaldo Macedo de Sousa in Diário de Noticias de 19/4/1988
A escola, em artes, é uma consequência natural por gosto estético, por atracção a um estio-época. Os grandes mestres criaram discípulos, escolas, mas também houve aqueles que pelas condições de um período, pelas particularidades da sua arte, ou por muitas outras razões, foram seres solitários, originais, únicos.
Tambem na caricatura existem escolas, estilos e épocas. Contudo houve grandes mestres como um Christiano Cruz , um Celso Hermínio, um Stuart, um João Abel Manta… que nunca fizeram escola. Se nos anos 30/40 do sécilo vinte, a caricatura sintese foi moda, liderada pelo jornal »Sempre Fixe» e tendo como mestres Teixeira Cabral, Tom, Carlos Botelho, Julio de Sousa… no século dezanove Raphael Bordallo Pinheiro foi o artista que melhor impôs o seu estilo na época, acabando por ser também quem imporia o seu estilo em toda a evolução da caricatura portuguesa.
A sua influencia, academizada porque tranformada em estilo fácil para atingir os objectivos satiricos de uma forma mais directa, impos-se mesmo naqueles que tinham uma personalidade satirica forte, naqueles que tentavam vriar um estilo próprio, original. É o caso de Jorge Cid e Saavedra Machado que apesar de fomentarem um traço próprio, não deixam de ser referências à escola raphaelista.
Jorge Cid é um caricaturista, que sem o ser numa entrega total de profissional, é possuidor de um traço e de uma obra que o distingue no seu tempo.
A sua real profissão foi a medicina, e nasceu em Lisboa em 1877. Ainda jovem, iniciou a sua colaboração caricatural nos periódicos ao lado do mestre Raphael, no «António Maria» (1897), já possuidor de um desenho limpo, um raphaelismo com forte personalidade humorística. Ainda nesse século colaborou em «O Século – Suplemento Humorístico» sob o pseudónimo de Gustavo Doré Filho.
De novo ao lado dos Bordallos, colaborou em «A Paródia», prosseguindo na segunda série da »Comédia Portuguesa»… isto durante os anos de estudo na Escola Médico-Cirurgica de Lisboa, aonde concluiu o curso em 1904. Devido a esta dupla ligação: humor /medicina, foi um dos principais promotores do evento e publicação da «fanzine» «Millenário de Hipócrates», ua crítica humorística às comemorações centenárias realizadas naquela escola em 1899, assim como do suplemento »Parótica» inserido n «Paródia» em 1900.
De 1909 a 1910 manteve no «Primeiro de Janeiro» uma secçãp de «Bilhetes Postais Ilustrasdos», colaboração nos «Serões» em 1911, na «Atlantida» em 1916/17 e no «Sempre Fixe» em 1927/8. A caricatura aparecia e desaparecia da imprensa consoante o tempo disponível deixado pela medicina, que o absorvia por vezes totalmente.
Esta, levou-o a França, integrado no CEP – Corpo Expedicionário Português, como Comandante da formação da Cruz Vermelha que se deslocou para a frente da Flandres durante a Primeira Grande Guerra, terminando a guerra com a patente de Major. A medicina levou-o tambem para o professorado e Inspector de Sanidade Escolar na Casa Pia de Lisboa, assim como a escrever alguns livros sobre a especialidade.
A sua faceta de de home, das artes (caricaturista e ilustrador de vários livros) fez com que assumisse o cargo de Conservador do Museu Sacro e do Tesouro da Capela de São João Baptista na Igreja de São Roque da Misericordia de Lisboa.
Jorge Cid viria a falecer em Dezembro de 1935.
João Saavedra Machado é outro dos artistas que fazem a caricatura como um trabalho subsidiário à vida profissional, contudo, ao contrário de Jorge Cid, esta estava totalmente embrenhada nas artes plásticas.
Natural de Lisboa, onde nascem em Outubro de 1889, estudou desenho com Condeixa, Luciano Freire, Nunes Junior e anatomia artistica com o Dr. Henrique Vilhena. Diplomado em Desenho pela Escola de Belas Artes de Lisboa, em 1906, foi nomeado desenhador-conservador do Museu Etnográfico da Belém em 1913, e preparador-desenhador do Museu de anatomia da Faculdade de Medicina, em 1920. Desta forma, hoje pode-se encontrar naquelas casas um excelente espólio documental artístico e cientifico.
Iniciou-s no humor e caricatura, em 1906 ma «Paródia – Comédia Portuguesa», o herdeiro do último jornal de Raphael, e dirigido pelo seu filho Manuel Gustavo. Passaria pela «Semana Ilustrada» onde criou a série «Glórias de Portugal», pelo «Século», «Alma Nova», «O Espectro», «O Novo Algarve», «Sempre Fixe», «Revista Ilustrada Portuguesa»… Desenhador de traço fácil, académico por formação, raphaelista por gosto humorístico, ironista por genero de critica.
Escreveu vários trabalhos subsidiários sobre arte e antropologia. Viria a morrer em 1950.
Caricaturas Crónicas: O VINHO, A FÓRMULA DO ESQUECIMENTO por Osvaldo Macedo de Sousa in Diário de Notícias de 3/4/1988
Estranhos são os caminhos do humor, quando está limitado na sua criatividade, tal como o são por vezes os da vida, ziguezagueando nos meandros dos condicionalismos inevitáveis.
O ziguezague tanto pode ser de efeito ou consequência. Neste Último estão incluídas as pessoas que, desiludidas com as turbulências do quotidiano, escolhem os caminhos do esquecimento, que tem no vinho uma das suas portas de entrada.
«ln Vino Veritas - Dizem que o vinho afoga as mágoas! Talvez... mas as minhas naturalmente usam escafandro.» (Stuart Carvalhais, in «Sempre Fixe» de 9/3/1936).
Esquecer foi a preocupação de muito português, durante o dito Estado Novo, seja por cegueira, comodismo ou impotência, transformando-se esse néctar do esquecimento, veículo da fuga à realidade. Para o humorista o vinho foi um substituto temático, na impossibilidade de satirizar o Poder, a despolítica governamental, e como sempre é o Zé que serve de bombo dos políticos ou de galhofa para os outros Zés, companheiros na vida, compadres nas desgraças.
«Ó Tiozinho, caia lá outra vez que a gente há que tempos que não vai ao Coliseu.» (Stuart, in «Álbum»)
A crítica social é pois a alternativa humorística, já que o povo não se importa de rir de si próprio, tem humores que suportam tudo, e é necessário manter pelo menos o espírito vivo nesta selva de feras insaciáveis. O Zé contenta-se em ser um morto-vivo, rodeado por zoologias mais inocentes, como as cegonhas, peruas, osgas, borrachos... e ri até cair.
«- Dê cá dois decilitros...» «- Não lhe vendo mais vinho. O Senhor já está como há-de ir!» «-Não estou, não. Eu vou sempre de gatas.» (Stuart, in «Álbum»)
Cada um poderia mesmo ir como queria? O vinho para muitos era o calor do estômago vazio, o afago quente nas misérias que corrói as entranhas (e não continua ainda a ser em algumas das regiões da nossa província?), mas mesmo esse companheiro por vezes era inacessível.
«Portugal, país vinícola... A carestia do vinho retirou ao Povinho o direito de ficar 'torto'. Tinto vulgar, quase pelo preço do perfumado Borganha, havemos de concordar que é uma verdadeira pouca 'borganha'.» (Francisco Valença, in «Sempre Fixe» de 25/5/1942.)
Dessa forma se tirava o remédio caseiro a muita alma dorida. «- O médico disse ao meu pai: abafe-se, abife-se e avinhe-se! - Mas ele vem bêbado... - É que vem do tratamento.» (Stuart, in «Álbum».)
É mais fácil tomar um copo, logo outro, começar a ver as realidades turvas, logo de seguida aéreas, do que enfrentar os polícias que também põem as pessoas «tortas», enfrentar os políticos que nos envolvem nas linguagens tortuosas. Deixando-se governar por quem mostre mais força, deixando-se na modorra do comodismo feito ressaca, é mais fácil ao Zé esquecer do que pensar.
Para o humorista é mais fácil ironizar no traço grosso do que deixar o espaço branco imposto pela censura. «Pediram-me um desenho a traço grosso. Querem mais grosso (bêbado) do que isto?» (Jorge Barradas, in «Sempre Fixe» de 1214/1928.)
Thursday, January 14, 2021
ONCE AGAIN WE ADMIRED THE NEW YEAR GREETINGS by Peter Závacký
The original New Year greetings - New Year's cards - which were born once in Victorian England (18th century) are now not only small - funny, smiling, comic to absurd paintings of artful paintings from the studios of painters and graphic designers. Traditional symbols of alternating years - old and new - farewells and welcomes - in the period from Advent, the Three Kings until the third decade of January have become indispensable messengers of good news - wishes of health, happiness and achievements, personal, family and work.
Today's famous New Year greetings - such as
small, paper paintings - with Christian attributes and the symbol of winter -
eaters decorated with snow duvets, winter landscapes and animals were created
/i.e. on the islands to order thanks to rich and wealthy families.
They soon appeared in the old Europe and penetrated
the then Russian Empire. And their insever was found. In Prague, the
painter Viktor Stretti - the first - enriched his own New Year's paper
congratulations with a written supplement P.F. - "congratulations -
to happiness" in the form/form/ of two French words
"Pour Féliciter". His idea, his grandson, his abbreviated, only
two-song form of the magically magical acronym "P.S." have preserved
the New Year's to this day.
They have gradually spread beyond the continent - into
the world. Today, inherently, at the turn of the year - thanks to the emergence
of the postal service, the world is ingesting on all continents. From America,
Africa to Australia. It's the third century.
WE ARE PLEASED THAT...
"The alternation of years is now popular with
painters on all continents. It is a welcome and spectacular opportunity for
artists (mainly thanks to e-mail now/ their virtual presentation - to present
their author's works - New Year's works", says Peter Závacký, curator of
cartoon from Bratislava.
" And not only for painters. But also for their
fans and fans of fine art. They all have a great opportunity to see their
likable artwork every year in a variety of art techniques. From classic 'repro'
postcards to fine opus. Funny and smiling drawings and paintings. Engraving and
lithograph graphics, collages and photo collages, also PC-techniques. All great
art-works from leading, well-known and popular painters and cartoonists.
Authors of domestic and also from the world, countries close and distant -
cartoonists, painters, graphic designers, cartoonists. But today also artists
from the ranks of poets and writers /with a gift to draw/, who also added a
verse or an aphorism or , an epigraph. They all visually please their eye
together and caress their souls," added curator Závacký.
SATISFIED AND SMILING FACES
"Satisfied smiling and faces at my recent exhibitions in Slovakia and the Czech Republic - exclusive presentations of international art - cartoon project "ART TRIBUTE To "PF" "they are for me this kind and joyful proof."
And there's something else I want - as the author - to
say - to add. Why hide it. I'll be proud to say that. When drawing, painting
and drawing new year's books, they always have solo (long since/ cartoonists).
Masters of humor in graphics - an art humorous acronym. They draw quickly, in a
flash. Excellent. And they also think fast - but especially wisely, warmly,
honestly and thoughtfully. Cartoonists discover the hidden truth. They're like
kids - they don't lie...
Despite the unplanned virus, the artists didn't rest
and didn't start lazy even now - when the years were alternating - 2020 and
2021 - they drew, painted, engraved, christianized - they made their kumštom a
great fan. But they also delighted themselves and stroked their egos. On
merit.
Moreover, for more than a decade now, New Year'saries
are also the subject of passionate collecting interest. With us, in Europe and
in the world. Especially artistic New Year's pieces from the studios of
recognized masters of palette, brush and engraving are searched.
And who today has in his collection in Bratislava and
Prague "opus" Tibor Bartffay, Arpád Račko, Ján Kulich, Karol Zachar,
Jura Kotouček, Lubomír Vaněk, Bohuna Plocháňová, Milan Vavra, Jiři Trnka, Adolf
Born, Jiři Winter Neprakta, Vladimir Suchánek, or in a world with the
handmnance paraphse of Jefimov, Motchalov, Kukrynixy, Lososinov, Rachkov,
Voznyuk, Sabat, Baptistao, Balea, Boligan, Bouschet, JUNCO, Rassing, Sousa,
Amorin, Gargalo, Yalcin, Ionescu, Cvetkov, Eschonkulov, Gutcol, Semendyaev -
happy to be among the collectors of their opus
Also let us be satisfied by the realization that this
beautiful habit of sending you to the new year "PF" he didn't lose
any of his magic. Not for centuries. Miraculously, it was preserved even at a
time of dominance of sms and e-post.
MINI-EXPOSURE ART TRIBUTE TO "P.F. 2021"
It is therefore very timely to recall the strength of
this rare long-standing tradition in the new year and habit with us - the
elderly - on our favorite and watched portal of the Master OSVALDO MACEDO
DE SOUSA.
From the quantities of New Year's orders from friends
from my post PF 2021 I have selected for you, if you will allow, at least
"dear" ONE LARGER DOZEN, small but also large and original smiling
works of art - New Year's - in the form of this Mini-Exposition ART TRIBUTE TO
"P.F. 2021 " from friends and recognized masters of humorous visual
acronym - in our country and in the world - from the Danube River and the
Vltava River, but also from the Amazon, Nevy - Rivers, Bosphorus and The Wall
of China... namely Jozef Jurko, Jozef Hudák, Jozef Grušpier, Stano
Remeselník, Lubo Radena, Rasťo Visokay /Slovakia/, Lubomír Vaněk, Jitka
Dolejšová, Miroslav Šesták, Maria Plotěná, Pavel Matuška /Czech Republic/, from
Greece Katarína Yourčková... Spaniard Manuel Junco, Frenchman René Bouschet,
Brazilian Amorin, Russian Vasily Alexandrov, Belarusian Oleg Gutzol, Chinese
Zhu Chen and Turk Hasip Pekta.
Art - the art of New Year's art is accessible to every
artist across continents. Professionals - painters and cartoonists, amateurs
without art education, who draw only for their own pleasure, or with the hope
of provoking a smile on the face not only friends. As well as competitive and
non-competitive presentations of cartoon humour from Merida to Vladivostok,
from Murmansk to Johaneburg, from Sydney to the Easter Islands..
As always, you need to start from what is the simplest
and at the same time the most interesting...
85º Aniversário de «O Mosquito»
14 de Janeiro, comemora-se o 85º aniversário do aparecimento da famosa revista O Mosquito. Todos os anos há um tradicional Almoço O Mosquito, o que é obviamente impossível este ano pelas razões pandémicas que todos conhecem não vai acontecer. Mesmo sem a habitual confraternização anual e apesar do regulamentar distanciamento social, esperamos que continuem sempre a recordar a data e a celebrar a banda desenhada portuguesa.
Votos de Bom Ano! E fiquem protegidos...
Abraços bedéfilos e quadriculados,
Leonardo De Sá
José Ruy
Caricaturas Crónicas: «Raphaelismo – II» por Osvaldo Macedo de Sousa in Diário de Notícias de 20/3/1988
Seria uma
grande injustiça esquecer as várias dezenas de caricaturistas que, com mais ou
menos arte, também foram o testemunho dos tempos de Fontes, que criaram esses
milhares de pequenas obras, a massa donde se destacam as obras-primas.
«É ver o que
se faz desde os tempos e “O Patriota” até aos nossos dias, em que Bordallo
conseguiu um nome enorme. A nossa caricatura tem andado atada à política, em torno
dela vivendo e dela se sustentando, a tal ponto que mais parece ter sido
promovida pelo grande Fontes o Acto Adicional da Carta. E mais tarde, quando o
seu historiador procurar a mais bela figura da sua primeira idade, com grande
pasmo achará, em vez de Raphael Bordallo, o Partido Progressista.
/…/ Esta
maneira de ser do artista em que nos acostumamos a ver o mestre da caricatura
portuguesa, tanta influência tem exercido que não há maneira de o público
encarar uma figura que não pergunte quem é, se o prolixo desenhador lhe não
escreveu na saia a legenda elucidativa: A Opinião». (Veiga Simões, in “A Águia” de 1912)
Seria uma grande injustiça esquecer as várias dezenas
de caricaturistas que, com mais ou menos arte, também foram o testemunho dos
tempos de Fontes, que criaram esses milhares de pequenas obras, a massa donde
se destacam as obras-primas.
Nessa massa existem aqueles de que apenas ficou o
nome, como assinatura de obras esquecidas, outros, que não pertencendo ao
grande livro da “História da Arte, são merecedores de uma referência especial.
Essa referência é por vezes condicionada pelos dados biográficos que chegaram
até nós, já que a maioria perdeu-se na memória frágil dos homens, em vivências
nunca impressas. Por todos estes motivos, e condicionantes, eis alguns dos
rafaelistas a não esquecer:
José de
Almeida e Silva – Um viseense que
trabalho no «Maria da Fonte» (1885/86), no «Charivari (1886/1890) e na
«Cavaqueira Política» (1888). É possuidor de um desenho académico, mas forte,
destacando-se no humor pelo seu domínio do traço, que o levará posteriormente
para a pintura, numa carreira de pintor premiado, dentro do academismo. Viria a
falecer em 1945. (Posteriormente à publicação deste artigo, foi publicada a
obra «Almeida e Silva, Pintor», pelo Museu Grão-Vasco de Viseu em 1996).
Francisco
Teixeira – Natural de Mirandela, onde
nasceu em 1865, é um artista «sem mestre». Emigrante para Lisboa, para estudar
medicina, perder-se-ia na boémia da cidade e da imprensa. Como a maioria, para
além das influências e experiencias do dia-a-dia, em que o seu espirito,
inteligência orientavam o experimentalismo, seria o convívio com os melhores
artistas da época que lhe orientaria o seu estilo de traço negro, geralmente
sem meias tintas. A sua obra surge pela primeira vez em «O Século – Suplemento
Humorístico» (1899 / 1907), complementando-se em «A Comédia Portuguesa» (1902),
«Novidades» (1905/7), «Paródia» (1907), «Tiro e Sport» (1910), tendo sido também director da «Ilustração
Portuguesa» entre 1907 e 1911, data do seu falecimento.
A par do trabalho para os periódicos, o seu traço
satírico ilustrou diversos livros; fez pintura, experimentou a cenografia no
Teatro de Mirandela e Teatro do Principe Real de Lisboa. Teve também
colaboração em jornais brasileiros.
Era um homem de espirito e sociedade, ligado ao
desporto, sobretudo à equitação, e de franco convívio no meio artístico, que
fomentou em tertúlias. Morreu em 1911.
Simões
Júnior, António de Oliveira – Era um
portuense, despachante da Alfandega do Porto, que saiu do anonimato da sua
profissão, pela mordacidade do traço antimonárquico, e anticlerical que impôs
na caricatura portuguesa do fim do século.
Nascido em 1875, foi um autodidacta que entrou na
caricatura através do estilo rafaelista. Adoçado depois pelo gosto decorativo
de um Julião Machado, criando um estilo bojudo e agradável, por vezes raiando a
“art-nouveau” (que na altura Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro também explorava
de vez em quando). Contrapondo-se a essa docilidade de estilo, a sua sátira era
directa e incisiva, principalmente no referente à Igreja, em que ficaram
celebres os trabalhos sobre «Os Serões nos Conventos», no jornal «A Algazarra»
(1900/02).
Iniciou a carreira caricatura em 1895 no «Charivari»,
passando posteriormente pelo «Branco e Negro», «Os Pontos», «Ilustração
Moderna», «Jornal de Notícias» e «O Pagode».
Apesar de ter morrido novo, em 1903 com 28 anos,
deixou uma vasta obra.
Wednesday, January 13, 2021
Caricaturas Crónicas: «Júlio de Sousa: a máscara caricatural» por Osvaldo Macedo de Sousa in Diário de Notícias de 6/3/1988
Ele
pertenceu àquela raça de stuarts que
viveram Lisboa de uma forma apaixonada e castiça, numa cidade soterrada por um
falso cosmopolitismo.
«Ele usava
uma máscara – máscara pesada que o sufocava por vezes, máscara moldada por ele.
Talvez para se defender, para atacar, para encobrir ou descobrir algo, não sei.
Mas, por detrás dessa máscara, dessa silhueta estranha, patética, um tanto
romântica, havia uma alma que sorria bondosa e generosa. /…/ Ele amava as
sombras românticas, os luares, as árvores descarnadas, os degraus que podiam
descer ou subir, a Lisboa nocturna, o fado. Chamavam-lhe o Chopin do Fado» (Miguel Ângelo in Diário Popular de 19/8/1966).
Estas são palavras de despedida e de saudade por um
artista que foi pintor, escultor, figurinista, cenarista, cenógrafo, poeta,
compositor, caricaturista que foi Júlio de Sousa.
Natural de Lisboa, onde nasceu em Janeiro de 1907,
Júlio de Sousa encarnará a imagem da cidade, vivida como um fado, em que ele
foi mestre, como uma poesia que ele inscreveu no seu quotidiano boémio.
Dizem que não era uma figura simpática, que não era
fácil gostar dele, pela sua forma de estar na vida, pela «máscara» que criou
para si próprio na convivência com os outros, na teatralidade da tragédia ou
comédia que é a vida.
O teatro foi uma sua vivência, e por vezes a sua
profissão, ao trabalhar como figurinista para diversos teatros, como cenarista
no Teatro Experimental do Salitre, como cenógrafo de ballet para o Circulo de Iniciação Coreográfica de Margarida de
Abreu.
Por detrás dessa máscara teatral, havia a poesia (reunida
nos livros «Jogo Perdido» e «Saudade Vai-te Embora…») que o inspirou nos
múltiplos fados que compôs, entre os quais se salienta «Saudade… vai-te embora»,
talvez a mais célebre das suas composições; havia a ironia que o fez humorista
e caricaturista em múltiplos periódicos.
Júlio de Sousa fez o curso da Escola de Belas Artes de
Lisboa, iniciando cedo a sua colaboração como ilustrador nas revistas
«Civilização», «Magazine Bertrand», «ABC», «Modas e Bordados», «Acção», «Diário
Popular»… Neste último periódico integrou desde logo a equipa que o fundou,
ilustrando a secção teatral.
A caricatura, o humor, extravasaram-se tanto no lápis,
como no barro, ou nos trapos que se faziam bonecas. Pelo desenho, a sua
expressão caricatural é o traço síntese, quase abstracção, em que um simples
pictograma engloba em si toda a personalidade e traços figurativos do
indivíduo.
Na ilustração existe um entrechocar de tendências, um
cruzamento entre o romantismo e o grotesco, que na pintura resulta uma
simbologia e iconografia 1900, um amar o «mundo boémio do cancan». Esse
grotesco romântico é levado à sua expressão mais caricatural nas suas bonecas
de trapos, uma expressão escultórica, poética-patética e humorística da visão
do mundo.
Júlio de sousa é, pois um mestre da sugestão, da
insinuação humorística, romântica, grotesca ou saudosista de um mundo real, em
que ele próprio é grotesco ou poético. É um transformista da matéria plástica
pela ironia, pela poesia com que decorou a sua máscara, a sua vida de lisboeta,
boémio, noctívago, original.
Ele pertenceu àquela raça de Stuarts que viveram
Lisboa de uma forma apaixonada, e castiça, numa cidade soterrada por um falso
cosmopolitismo. E nesse mundo romântico que criou à sua volta, morreu a 1 de
Agosto de 1966.
Caricaturas Crónicas: «NACIONALISMOS» por Osvaldo Macedo de Sousa in Diário de Notícias de 13/3/1988
«-Olha, o António já pratica o nudismo!»·«- Aquilo não é nudismo. É nacionalismo integral. Não vês que vai de tanga?» (Stuart, in Sempre Fixe de 1/10/1930).
A questão do nacionalismo é um ponto de muitas visões filosóficas e subjectivas. Para uns, é um sentimento que se centra nos valores simbólicos do hino e da bandeira, elementos sacrossantos, tabus acima de qualquer charge. Para outros, é um estar na vida, um jogo entre a internacionalidade conveniente e o nacionalismo de casta, com uma certa abertura de transgressão para ambos os lados, consoante os ventos e tempos.
Por exemplo: «0 nosso amigo X é patriota de uma cana e nacionalista dos quatro costados. Abre, contudo, umas pequenas excepções: usa bigode à americana, veste-se de autêntico cheviote inglês, tem gato francês e canário belga, é gerente da sucursal de uma Companhia Suiça, mora na Praça do Chile, e pela-se por uma partida de golfe, adora as amêijoas à espanhola, o macarrão à italiana e o bacalhau sueco, não dispensando à sobremesa a salada russa, o queijo f1amengo e as fatias da china, tudo tão bem regado com vinho de Bordéus e cerveja alemã que, o nosso amigo X, patriota de uma cana e nacionalista dos quatro costados, não sabe de que terra é» (Francisco Valença, in Sempre Fixe de 16/9/1937).
A terra é o único elemento fixo dessa estrutura nacional, porque é nela que as raízes se afundam numa prisão sentimental, num sentir acima de qualquer política, que é a Saudade, essa figura mítica lusa da «acção do desejo sobre a lembrança e da lembrança sobre o desejo».
A saudade raramente cria humor, antes, a tristeza, e, conciliando a terra lusa, a saudade e a tristeza, nasce o Fado. É claro que geograficamente o fado é uma canção típica de Lisboa, e apenas desta, com uma variante em Coimbra, só que Lisboa, como capital política e económica deste império de saudades, consegue transformar tudo o resto em paisagem, impondo o Fado como mais um elemento do nacionalismo, e «toda a gente bate o fado, - todos fazem 'escovinhas' mas é sempre o Zé, coitado, - quem apanha as pancadinhas...» (Raphael Bordalo Pinheiro, in Amónia Maria de 5/4/1883).
O Zé, esse "filho das tristes ervas, neto das águas ardentes» (Stuart Carvalhais, in Sempre Fixe de 13/5/1931), é quem paga sempre com tudo, até com a saudade. Mas de que é que o Zé pode ter saudades, já que nunca foi rico, nunca teve uma vida social estável e confortável, sempre teve que lutar por todas as migalhas do seu pão, uma luta de que tem orgulho, e não nacionalismo, e por isso o Fado é importante para quem o canta: «Muito gosto eu de ouvir cantar a minha desgraça» (Stuart, in Sempre Fixe de 5/l1/1930).
O nacionalismo, para além de um jogo de políticos, da mistificação de uns símbolos, não é nada se não for um riso aberto, se não puder suportar o nudismo e mostrar a verdade feita sentimento. A tanga é por vezes o último reduto da decência do Zé, e ao menos que a bandeira lhe sirva como tal. Dessa forma ridícula, dessa forma útil, o nacionalismo poderá então ser amado, ser vivo, não como uma saudade moribunda, não como um fado miserabilista.
Tuesday, January 12, 2021
3rd Rhubarb Cartoons Contest – Romania 2021
RULES:
ـ The contest is
open to all cartoonists.
ـ Cartoons
theme: RHUBARB – A means of recovering our health, society and economy.
ـ Entries: max
5
ـ The cartoons
will be uploaded (in electronic format), after creating an account with a
username and password to: https://cartoons.rabarbura.ro
ـ Will be
accepted only original works (created for this contest).
ـ The
techniques used while making the cartoons are up participants.
Prizes:
First prize - 500 EUR
Second prize - 300 EUR
Third prize - 200 EUR
ـ Other Special
Prizes offered by the sponsors may be awarded.
ـ The jury’s
decisions are final.
ـ The cartoon’s
author consents that the cartoon or cartoons sent will become the property of
the Organizer.
ـ The Organizer
is entitled for all reproduction right for any cartoon registered in
competition.
ـ The Organizer
does not assume any responsibility for any breaches of copyright, exclusive
responsibility for copyright lies with the one who sent the cartoon.
ـ The cartoons
that will win the first, second and third prize will be sent mandatorily in
original version to the Organizer.
ـ In the
absence of interbank relations between Romania and the country of origin ـ of the winner,
the Organizer is relieved of any liability.
ـ By submitting the works to International Rhubarb
Cartoons Contest 2021, the artist accepts the decisions of the jury and the
rules printed above.
Calendar of the Contest:
ـ Deadline to submit
the cartoons: 15th April 2021.
ـ Preselection: Phase one: vote of the jury 20th -
25th April 2021 (based on this vote, will be preselected 50 cartoons for the
final vote of the Jury)
FINALVOTE: 27th April 16 GMT, online streaming on: https://www.facebook.com/rabarbura/ and https://www.facebook.com/rabarburaERP/
Caricaturas Crónicas: «Aniceto Carmona, a paixão pela caricatura» por Osvaldo Macedo de Sousa in Diário de Notícias de 21/8/1988
Aniceto Carmona descobriu-se para a arte logo na infância. A sua paixão pela caricatura e o humor não se ficou apenas pela execução, alargando-se também ao estudo e contacto estreito com outros humoristas-caricaturistas.
Há personagens, que mesmo não sendo figuras ímpares da história, se agarram a esta com toda a força. É o caso de Aniceto Carmona, um artista colado à caricatura como vocação sacerdotal, devotado às caras das individualidades sociais por necessidade de exagero.
Aniceto Carmona (20/10/1933), que é natural de Perais / Vila Velha do Rodão, descobriu-se para a arte ainda com oito anos. «Recortava as caricaturas e colecionava-as. Depois comecei a copiá-las, a dar-lhes cor, desenvolvendo assim o gosto e o estilo. A segunda fase, foi fazer as caricaturas, partindo de fotos».
O seu primeiro trabalho publicado data de 1952, uma caricatura do ciclista Fernando Moreira de Sá, do FC. Porto na revista «Cartaz». Ainda nesse período trabalhou para a «Plateia», «Flama»…
Na tropa ganhou alguns trocos, como complemento do pré, a fazer caricaturas dos colegas, dos superiores… A sua caricatura seguia então a escola tradicional do rafaelismo, via Amarelhe, ou seja, o retrato a desenho classicizante, exagerado q.b. nos Aspectos fisionómicos mais preponderantes.
Esta sua paixão para caricatura e o humor não se ficou apenas pela execução, alargando-se também ao estudo e contacto estreito com outros humoristas-caricaturistas. Transformou-se num dinamizador panfletário do retrato-charge, compilando e escrevendo as biografias de artistas seus contemporâneos, ou figuras da história do humor. É uma faceta importante, já que graças a ele temos hoje algumas pistas de artistas que deixaram atras de si poucos elementos biográficos, e que no âmbito da sua carreira de caricaturista teve a possibilidade de conhecer, de trocar ideias, trocar com eles experiências, aprender técnicas, ouvir desabafos. Estas biografias foram sendo publicadas essencialmente na revista «Flama» e no «Boletim dos Telefones» onde colaborava.
Por outro lado, o estudioso da caricatura deu a conhecer o seu nome no meio jornalístico, e dessa formou foi conseguindo publicar noutros periódicos como «Mundo», «Ridículos», «Rádio & Televisão», «Barraca», «Boletim da TAP», «Revista de Angola», «Chucha», «Varzeense» (mensário de Vila Nova de Ceira, onde colabora há mais de 20 anos), «Sporting», «O Benfica», «Portugal Cá & Lá», «Coleccionador»…
Desse traço tradicional procurou evoluir para novas experiencias sob influência do traço síntese de Teixeira Cabral. Aniceto Carmona partiu então na busca de uma linha própria na abstração do retrato, resumindo-o nos traços - essências de caracterização. Era um estilo em voga nos anos 40 e 50, que ele conseguiu dominar correctamente, em trabalhos exemplares, onde uma cruz na orelha será um sinal inconfundível do seu autor.
É preciso recordar que Carmona sempre foi um autodidacta e amador. Amador, por nunca se entregar totalmente à caricatura como profissão, realizando-as em croquis durante as vernissages, inaugurações que ele nunca falha. Do seu espólio, um especial valor está na colecção de autógrafos das vitimas caricaturadas por ele, principalmente dos artistas nessas vernissages que eram confrontados com a obra já croquisada em directo. A maioria ficaram esses simples traços repentistas, outros eram retrabalhados nas horas de almoço na TAP, onde trabalhava, distribuindo—as depois por todos os periódicos possíveis. Ele trona-se assim num dos caricaturistas mais publicados na imprensa, distribuindo os seus desenhos (gratuitamente) por múltiplas publicações periódicas ou de empresas. É um artista incansável, com uma obra feita de muitos milhares de caricaturas.
O facto de trabalhar numa empresa de viagens facilita-lhe as deslocações, dando-lhe o privilégio de afirmar: «Sou o caricaturista português que mais caricaturas fez, em redor do mundo, como na Polónia, Turquia, Brasil, Espanha… e onde tenho caricaturistas amigos. Além disso sou o único que trabalha frequentemente a 10.000 metros de altitude».
Infelizmente, nos últimos anos a sua evolução deu para copiar a escola de Levine, do António, onde ainda não conseguiu encontrar uma identificação própria do seu traço, ou seja renegando um traço onde tinha conseguido uma qualidade especial que se tem perdido nos trabalhos durante a democracia.
Aniceto Carmona, não sendo uma estrela resplandecente na actual caricatura portuguesa, é um artista a não esquecer pelo seu trabalho de divulgação, pela sua paixão pela caricatura e naturalmente pela sua própria obra.
Caricaturas Crónicas: «OS ADESIVOS» por Osvaldo Macedo de sousa in Diário de Noticias de 31/1/1988
A diversidade de apresentação, a variedade de formas, é uma das características do produto, mesmo que o fim seja o mesmo. Transparente ou opaco, de interior branco ou vermelho, séptico ou anticéptico... tem como ponto comum a aderência a qualquer superfície, preferindo as fendas ou feridas para se «acomodar", é o adesivo.
«Adesivos» são também aqueles que, como políticos na concepção filosófica e realista, aderem facilmente, estão habilitados à metamorfose das conveniências, estão preparados a estar presentes em todo o lugar que abra as portas para o Poder, principalmente nos momentos de «crise ideológica», quando as feridas do Poder sangram. Aderem sem quererem ser anticépticos.
Se existem, como uma consequência política, em todas as estruturas da vida quotidiana, da vida social, denotam-se mais nos momentos «trágicos», quando a magia do «vira casacas» não tem tempo para disfarçar as metamorfoses, quando a viragem é mais extremista.
Por exemplo, como o transformar-se, de um dia para o outro, de monárquico convicto em republicano da Rotunda, de salazarista em democrata... ou seja aderir nos momentos pós-revolucionários, obrigando o alfaiate a ficar «sem mãos a medir»: «Não me chateie! Já disse que só lhe posso virar a casaca lá para Setembro» (João Abel Manta, in Diário de Lisboa Julho de 1974; ou «Grande Alfaiataria Nacional dos Vira-Casacas», Jorge Colaço, in Ridículos, 13-12-1912).
Após as revoluções vitoriosas, todos lutaram contra o regime deposto: «toda a gente esteve na Rotunda, e se por acaso não foi nos dias 4 e 5 de Outubro podia ter sido em qualquer outro dia.» (O Intransigente, n." 20 de 1/12/1910). De um momento para o outro, o anterior regime (neste caso monarquia) ficou sem partidários, apenas uns reis, príncipes e ministros em fuga, e uns grupos no Norte, sem norte em guerrilhas.
Quanto ao «Júlio dantes monárquico» (in Papagaio Real de 14/4/1914) tornou-se ministro da República; político influente dos novos partidos republicanos, grande defensor da divergência ideológica com os outros partidos, defendendo a pureza do seu republicanismo, da sua democracia de pensar o País.
Um caso curioso: quem proclamou a República do alto do bastião oficial foram os políticos, e não os republicanos revolucionários da Rotunda, antecipando-se a qualquer reivindicação possível daqueles. Os profissionais da política «sabem» o que é o melhor para o povo, para o País, para o regime. Este, mal nasce, leva de imediato um banho asséptico de adesivos, como do BCG e outros virulentos - «Pobre filho! tão novo e já cheio de adesivos» (in O Intransigente nº 20 de 1/12/1910).
Eles, apesar de maleáveis e aderentes, são um espécime humano, consequentemente oportunistas, egoístas, racionalistas na conquista do Poder e dinheiro... !
Eles são um espécime animal, por isso lutam pela sobrevivência sem sombra de remorsos, apenas uma ou outra lágrima de chacal - «Co'os adesivos (é) outro cantar: / Qual nuvem de vorazes gafanhotos / Que um campo inteiro acabam d'assolar, / Roendo até os mais pequenos cotos / E que, ao verem a mesa levantar, / levantam voo pelos ar's ignotos / Para irem abater em outra estância / Onde haja de comer em abundância.» (Marco António, in Republicaniadas, Lisboa 1913).
Monday, January 11, 2021
Caricaturas Crónicas: «Pedro Cavalheiro – a caricatura na rua» por Osvaldo Macedo de Sousa in Diário de Notícias de 21/2/1988
Quando os caricaturistas invadem as ruas, retratando os homens que passam, e estes pagam alegremente esse exagero, é porque ainda há humor, ainda há razões de sobrevivência.
Percorrer o Paris turístico, os bairros típicos de
Londres, a velha Roma… sem encontrar um caricaturista «à la minute» é um factor
raro, já que aquele é um dado adquirido entre os elementos de recordação de
qualquer viagem turística.
Lisboa, não tendo o cosmopolitismo turístico de outras
cidades da Europa, vai contudo tentando incorporar todos esses hábitos do
«progresso», a par da derrocada de velhos hábitos feitos de ruelas e casas
velhas, feitos de histórias perdidas.
Caricaturas existem muitas nestas cidades nacionais,
bastando atravessar a viela da nossa política, bastando passar-se pela
sociedade que habita este recanto geológico para as encontrar.
Para todos
os gostos
Caricaturistas, também se pode dizer que há bastantes,
bons e para todos os gostos humorísticos e estilísticos, o que não significa
que essa sociedade caricatural lhes dê trabalho e carinho a todos, não quer
dizer que consigam sobreviver com o que ganham nos jornais. Por isso, vão fazendo
outras artes, vão para o estrangeiro ou vão para a rua, a nova galeria de
sobrevivência artística, como é o caso de Pedro Cavalheiro.
O Douro
Pedro Cavalheiro é um jovem, nascido em Lisboa no ano
de 1961. Filho de militar, com ascendência duriense, teve uma educação onde
esses factores vincaram o seu espírito, e que se reflecte na sua obra
artística.
Desde criança que brinca pelo desenho, e a sua
narrativa gráfica desenvolveu-se paralelamente à narrativa literária, e já no
ciclo preparatório fazia «bandas desenhadas».
É nesse género criativo que desenvolveu a sua
formação, inspirado num grafismo herdado da segunda geração modernista, com
raízes na ilustração de um Carlos Botelho, Almada (humorista), em que o traço
síntese, a bidimensionalidade cezanniana é influenciada posteriormente pela
escola de Hugo Pratts. No meio de todo este caminho evolutivo, a Escola de
Belas-artes pouco o tem inspirado nos anos que por lá tem andado.
Vivências
actuais
Ãs suas «bandas desenhadas», invadidas pelos seus
soldadinhos de chumbo, pelo surrealismo da morte e sobrevivência dos heróis,
partilha o papel com o reflexo das vivências actuais, com a transcrição da vida
juvenil que o rodeia, que ele vive e observa com alguma ironia, com humor
catártico, com sátira.
Nessa linha de banda desenhada tem colaborado no
jornal «O Diário», onde faz também ilustração, campo no qual colaborou no
«Jornal de Artes e Letras». Tem também feito ilustração para livros juvenis.
Ruinas da
história
A caricatura surge no seu mundo criativo, não como uma
real necessidade de sátira, de humor deformante, mas como complemento monetário
ao que ganha nos jornais.
A caricatura é então o renascimento do livro de curso,
como recordação humorística, ou deformada de um curso universitário; é então a
caricatura de turistas nas esplanadas dos cafés, nas ruas… na expressão deliz
de uma viagem pelas ruinas da nossa história, ou do nosso descontentamento.
Quando os caricaturistas invadem as ruas, retratando
os homens que passam, e estes pagam alegremente esse exagero, é porque ainda há
humor, ainda há razões de sobrevivência.