Monday, February 25, 2008

HISTÓRIA DA CARICATURA EM PORTUGAL (parte 19)

Raphael Bordallo Pinheiro 4
Por: Osvaldo Macedo de Sousa

1873

Em 1873 não será diferente o panorama jornalístico, apesar do reaparecimento de meia dúzia de gravuras em "O Cabrion", e terem surgido "As Farsas" e "O Rabecão", jornais satíricos, mas só de texto.
O traço de Raphael vai-se esmerando, evoluindo, o seu estilo não escapa aos olhos de além fronteiras, e nesse ano verifica-se a primeira e importante internacionalização da sua obra. O "The Illustrated London News" necessita de um repórter gráfico de guerra que se deslocasse a Espanha para cobrir a guerra entre Carlistas e Liberais.
Dizem que por sugestão do Mestre Anunciação, este jornal convidou Raphael, e lá vemos o desenhador por terras andaluzas a partir de 25 de Março a registar no papel o que vê. O sucesso foi grande, e o jornal convida Raphael para este se instalar em Londres, onde asseguram que o nosso artista conheceria fama e glória. Entretanto também os jornais espanhóis procuram a sua colaboração, e trabalhos seus vão sair no "EI Mundo Cómico", "Illustracion Espafíola y Americana", "Ilustracion de Madrid", "EI Bazar", e no francês "L'Univers Illustré". Só que quem consegue afastar o português da sua terra?
Raphael Bordallo continua à procura do seu caminho, editando uma série de litografias de actores e actrizes, como Theodorico, Delfina, João Anastácio Rosa, António Pedro... assim como um folheto denominado "MJ- A História tétrica d' uma empreza Lírica" uma sátira aos problemas do Teatro de São Carlos. Ilustrará os Almanachs de Caricaturas de 1873 e 74... Fazia caricatura, ilustração, gravura, pintura, mas o que é que ele era profissionalmente? Para as Finanças não havia dúvidas, porque se ele retratava pessoas, mesmo em exagero, era um industrial do retrato.
Quem nos narra esta história é Manuel Sousa Pinto no seu livro "Bordalo e a Caricatura": «É que, muito antes da invenção dos Kodaks, Raphael Bordallo dispunha de uma retina que, no tocante a fidelidade e rapidez, nada tinha que invejar às mais aperfeiçoadas e instantâneas objectivas photográphicas, como, alias, de um modo inaudito e oneroso o reconheceu a Fazenda pública. Com efeito, tratando-se de apanhar Bordallo na rede da contribuição industrial, tributaram-no como "retratista". E o caso foi que, não se dando o novo contribuinte por achado, veio a ter de pagar ao Estado, bastantes anos depois, uma respeitável soma, engrossada ainda por cima com todas as alcavalas e juros de relaxe».

Thursday, February 21, 2008

Autoridades chinesas limitam exibição de cartoons estrangeiros

As autoridades chineses impuseram novas restrições à exibição de cartoons estrangeiros entre as 17h e as 21h. As novas regras entram em vigor a partir de Maio e surgem na sequência de um lote de medidas postas em prática desde Agosto de 2006. Segundo a notícia da edição online do The Guardian, citando um comunicado da administração estatal de rádio, filme e televisão, as medidas visam "criar um ambiente favorável ao desenvolvimento da indústria nacional de cartoons". Nesses períodos horários, apenas cartoons chineses aprovados pelo organismo regulador poderão ser emitidos.O anúncio surge numa altura em que as autoridades chineses têm aumentado os seus esforços de controlar a cultura popular, proibindo a exibição de conteúdos de rádio ou de televisão de teor sexual, bem como filmes de horror ou com elementos do sobrenatural. Tal acontece num momento em que se aproximam os jogos Olímpicos de Pequim, programados para Agosto.

Monday, February 18, 2008

HISTÓRIA DA CARICATURA EM PORTUGAL (parte 18)

1872
Por: Osvaldo Macedo de Sousa

Só que para um espírito intrinsecamente humorístico, a mão por vezes escapa para a sátira, para um olhar em ironia, e as ilustrações acusam por essa tendência. No meio da revista "Artes e Letras" de 72 aparece uma página de narrativa humorística composta por diversas vinhetas - "O Cometa" de 12 de Agosto de 1872, onde algumas se poderiam confundir com trabalhos antigos de Nogueira da Silva.
Dentro deste estilo de 'narrativa humorística' surge então o álbum Apontamentos de Raphael Bordallo Pinheiro sobre a Picaresca Viagem do Imperador de Rasilb pela Europa", que conheceu três edições seguidas (retocadas).
Tem 15 páginas e narra a viagem do Imperador do Brasil D. Pedro II à Europa, satirizando dessa forma não só Portugal, como os diversos países da Europa de então. É uma história aos quadradinhos, onde as vinhetas se seguem ordenadamente... se não é a primeira BD portuguesa, pelo menos é o primeiro álbum de BD, é a primeira obra de referência.
Neste ano de 72 destaca-se a presença de Manuel Macedo, que continua a sua obra gráfica, deixando registado os tipos populares com a sua generosidade de traço, e o exagero satírico da observação. Magníficos são estes trabalhos que saem na já citada revista, e onde se pode observar a grande diferença em relação aos do jornal As Noticias de 1866. É um traço mais rico, mais 'duro', mais realista, só que eu talvez prefira a ligeireza dos primeiros, onde a ironia feria mais profundamente a crítica.
Surgem, e desaparecem, "O Cavaquinho" e o "Diabo Coxo", com pequenas ilustrações a darem graça ao corpo do jornal. Após alguns números do segundo, surgem meia dúzia de "Suplementos - Galeria Cómica", que poderiam ser vendidos separadamente, sendo eles da autoria de Vitor Rodrigues, mantendo o estilo do "Duende".
Este artista é assim a ponte entre dois momentos do humor gráfico nacional.
Em Outubro de 71, Fontes Pereira de Melo tinha sido convidado para constituir Ministério, data que marca o inicio da segunda Regeneração, começando então a ser o alvo da sátira gráfica, e depois de Costa Cabral, o segundo grande anti-herói da caricatura portuguesa. Nesta Galeria Cómica surge então ao lado de Rodrigues Sampaio como D. Quixote e Sancho Pança.

Saturday, February 16, 2008

HISTÓRIA DA CARICATURA EM PORTUGAL (parte 17)

Raphael Bordallo Pinheiro – 3
Por: Osvaldo Macedo de Sousa

Terminada a aventura do "Binóculo", logo em Janeiro de 1871, Raphael regressa à "Berlinda", publicando mais quatro páginas.
Raphael Bordallo Pinheiro, como grande mestre das artes oitocentistas, como humanista que soube auscultar as necessidades sociais de aliar as artes à indústria, à massificação da estética como forma de comunicação tem sido apresentado como o pai da caricatura, o pai da Banda Desenhada.
Acho que nem sempre se tem o pai que se deseja, e um Raphael, com a genialidade do seu traço e acção seria um bom pai, só que antes dele, como já vimos, houve outros, que não podemos ignorar, nem o merecem..
O mesmo se pode dizer da Banda Desenhada (BD). Alguns historiadores já não apresentam os "Apontamentos sobre a Picaresca Viagem do Imperador de Rasilb Pela Europa" como a primeira BD portuguesa, indo procurar essas raízes a Nogueira da Silva, Flora, Manuel Macedo... Contudo se Raphael pode ser apresentado como o pai. e estes :«Apontamentos…» como o primeiro álbum de Bd português, não nos devemos esquecer que a estrutura da «Berlinda» é a mesma dos Apontamentos, ou seja uma história narrada graficamente, suportada com um texto por baixo. António Dias de Deus / Leonardo De Sá, na edição fac-similada dos "Apontamentos..." admitem que na Berlinda «se possa encontrar alguma sequência narrativa. Todavia falta-lhe o herói, a trama consequente e até o princípio, meio e fim. do acontecimento. Ainda por cima, o trabalho está meticulosamente executado, o que dificulta a articulação entre as vinhetas». Quanto ao herói, na primeira página de “A Berlinda" existe um anti-herói, o Duque de Saldanha. É verdade que a sequência é quase um puzzle mas a história tem princípio, meio e suspense final, com continuação na segunda.... A sétima página também é importante, primeiro porque nos deixa testemunho de um acontecimento cultural de suma importância para o nosso país, e porque volta a fazer uma narrativa, em vinhetas, de um acontecimento do quotidiano 'As Conferencias do Casino".
A influencia estrangeira nestes trabalhos gráficos, naturalmente manter-se-á, já que os nossos caricaturistas não se preocuparão apenas pelo aspecto satírico, antes estarão a par das vanguardas, e procurarão conciliar o lado jornalístico com o estético. Testemunho dessa atenção ao que se passava lá fora, serão as histórias aos quadradinhos, iá que perante alguma falta de criatividade, vai ser comum a publicação, a adaptação, a cópia de muitas das obras publicadas além fronteiras.
Raphael entra no mundo da imprensa humorística, com uma série de experiências, e se elas marcam de imediato a história desta arte, não afectaram grande coisa na vida do país, nem da imprensa. Tudo aconteceu com um certo desinteresse, inclusive o poeta João de Deus, e outros, preferem considerar Raphael como um retratista, e não um caricaturista, um género tão menor que não merecia a atenção de um jovem promissor das artes.
O próprio sente-se desiludido com a reacção do público, e com as dificuldades de manter um periódico. Dessa forma regressa à pintura (entretanto pinta o famoso quadro "Bodas d' aldeia"), e ao desenho pitoresco. Nesse ano de 7l faz a sua primeira capa de livro para "Paizagens" de Bulhão Pato, faz uma vinhetas românticas para a Revista Artes e Letras, assim como ilustra uma série de livros, como por exemplo “O Demónio do Ouro" de CamiloCastelo Branco, "Scenas de Lisboa" de D.Thomaz de Mello (o avô de outro caricaturista que ficará conhecido com o nome de Tom), "O Cura d' aldeia" de Perez Escrich....

Friday, February 15, 2008

O caso Maomé

O caso das caricaturas sobre um hipotético Maomé (nunca foi provado que era ele, por não haver testemunhas oculares que era mesmo ele) ainda está actuante, já que acabaram de prender 3 muçulmanos na Dinamarca que estavam um atentado contra um dos caricaturistas que desenhou as ditas cujas. O racismo, a intolerancia, a ditadura dos fundamentalistas anda por ai, nunca nos podemos esquecer disso.
Exactamente, como foi previsto há cerca de 60 anos
É uma questão de História lembrar que, quando o Supremo Comandante dasForças aliadas, General Dwight D. Eisenhower encontrou as vítimas dos campos de concentração, ordenou que fosse feito o maior número possível de fotos, e fez com que os alemães das cidades vizinhas fossem guiados até aqueles campos e até mesmo enterrassem os mortos. E o motivo, ele assim explanou: «Que se tenha o máximo dedocumentação - façam filmes - gravem testemunhos - porque, em algum ponto ao longo da história, algum bastardo se erguerá e dirá que istonunca aconteceu».
«Tudo o que é necessário para o triunfo do mal, é que os homens de bem nada façam». (Edmund Burke)
Relembrando: Esta semana, o Reino Unido removeu o Holocausto dos seus currículos escolares porque 'ofendia' a população muçulmana, que afirma que o Holocausto nunca aconteceu...Este é um presságio assustador sobre o medo que está atingindo o mundo, e o quão facilmente cada país está se deixando levar. Estamos a mais de 60 anos do término da Segunda Guerra Mundial. Este email está sendo enviado como uma corrente, em memória dos 6milhões de judeus, 20 milhões de russos, 10 milhões de cristãos, e 1900 padres católicos que foram assassinados, massacrados, violentados, queimados , mortos de fome e humilhados , enquanto Alemanha e os Aliados olhavam em outras direcções. Agora, mais do que nunca, com o Irão, entre outros, sustentando que o'Holocausto é um mito', torna-se imperativo fazer com que o mundo jamais esqueça sobre os horrores da Intolrancia.

Sunday, February 03, 2008

Lambert - Em Espanha novo caso de tentativa de censura

Noticia extraida do blog do meu amigo Zé Oliveira : http://chavedoburaco.blogspot.com/

Ameaça sobre um Cartoonista
Lambert pode ter de enfrentar a Justiça espanhola e tem recebido ameaças telefónicas anónimas por ter desenhado e publicado este cartoon no jornal El Económico de Sagunto (sua cidade) onde colabora regularmente.
A notícia, acabada de chegar a Buraco da Fechadura enviadas pelo próprio cartoonista, diz que a direcção do Atlético Saguntino Club de Fútbol "afirma que contratará advogados de reconhecido prestígio", depois de ter tido ontem uma reunião extraordinária cujo "único ponto foi empreender acções legais contra o célebre desenhador local (...) por causa de um cartoon publicado no passado dia 30 de Janeiro no qual o mordaz desenhador dava a sua visão sobre os protestos contra a reforma do teatro romano de Sagunto, declarada ilegal pelo Tribunal Supremo".Segundo a mesma notícia, "a direcção do clube desportivo gastou o dinheiro dos sócios a contratar, literalmente, um escritório de advogados de reconhecido prestígio para mover uma queixa-crime contra o desenhador", porque o seu cartoon foi considerado "delito de injúrias". No cartoon aparecem representados os directores associativos Joan Lerma e Ciprià Ciscar acompanhados de um rebanho e o clube joga o argumento de que o desenho é um insulto a menores, continuando a notícia a afirmar que " apesar de no cartoon não haver nenhuma ovelha de menor idade, consideram que os presumíveis insultos do desenho vão dirigidos aos menores que foram levados à manifestação pelos seus pais".
O clube saguntino enviou um comunicado a vários meios de comunicação, mas, por motivo ainda desconhecido, não o remeteu a El Economico, o jornal em causa.Os dirigentes associativos pretendem dar a este caso um cariz político, pedindo "amparo à Junta de Governo Municipal e à pessoa do Alcaide", obrigando assim o Partido Popular "a posicionar-se junto aos que defendem a decisão da remodelação ilegal (...), decisão que o Partido Popularjá recusou publicamente".

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