Monday, February 18, 2008

HISTÓRIA DA CARICATURA EM PORTUGAL (parte 18)

1872
Por: Osvaldo Macedo de Sousa

Só que para um espírito intrinsecamente humorístico, a mão por vezes escapa para a sátira, para um olhar em ironia, e as ilustrações acusam por essa tendência. No meio da revista "Artes e Letras" de 72 aparece uma página de narrativa humorística composta por diversas vinhetas - "O Cometa" de 12 de Agosto de 1872, onde algumas se poderiam confundir com trabalhos antigos de Nogueira da Silva.
Dentro deste estilo de 'narrativa humorística' surge então o álbum Apontamentos de Raphael Bordallo Pinheiro sobre a Picaresca Viagem do Imperador de Rasilb pela Europa", que conheceu três edições seguidas (retocadas).
Tem 15 páginas e narra a viagem do Imperador do Brasil D. Pedro II à Europa, satirizando dessa forma não só Portugal, como os diversos países da Europa de então. É uma história aos quadradinhos, onde as vinhetas se seguem ordenadamente... se não é a primeira BD portuguesa, pelo menos é o primeiro álbum de BD, é a primeira obra de referência.
Neste ano de 72 destaca-se a presença de Manuel Macedo, que continua a sua obra gráfica, deixando registado os tipos populares com a sua generosidade de traço, e o exagero satírico da observação. Magníficos são estes trabalhos que saem na já citada revista, e onde se pode observar a grande diferença em relação aos do jornal As Noticias de 1866. É um traço mais rico, mais 'duro', mais realista, só que eu talvez prefira a ligeireza dos primeiros, onde a ironia feria mais profundamente a crítica.
Surgem, e desaparecem, "O Cavaquinho" e o "Diabo Coxo", com pequenas ilustrações a darem graça ao corpo do jornal. Após alguns números do segundo, surgem meia dúzia de "Suplementos - Galeria Cómica", que poderiam ser vendidos separadamente, sendo eles da autoria de Vitor Rodrigues, mantendo o estilo do "Duende".
Este artista é assim a ponte entre dois momentos do humor gráfico nacional.
Em Outubro de 71, Fontes Pereira de Melo tinha sido convidado para constituir Ministério, data que marca o inicio da segunda Regeneração, começando então a ser o alvo da sátira gráfica, e depois de Costa Cabral, o segundo grande anti-herói da caricatura portuguesa. Nesta Galeria Cómica surge então ao lado de Rodrigues Sampaio como D. Quixote e Sancho Pança.

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