Friday, February 26, 2021
«História da Arte da Caricatura de Imprensa em Portugal - 1937 » Por Osvaldo Macedo de Sousa
1937
Salazar escapa ileso a um atentado à bomba (4/7). Morrem os primeiros presos políticos no Tarrafal. A vizinha Espanha está a ferro e fogo. Parecendo indiferente a toda esta opressão, o humor prossegue brincalhão, irónico, a ranger os dentes…a sobreviver.
A 6 de
Fevereiro, "Os Ridículos" noticiam o nascimento dos
"Ridículos" radiofónicos, aos microfones do Rádio Condes. Eis a
notícia: Até que enfim, soou a nossa
hora !
Pois o que julgavam ?
Eram todos a massar-nos os ouvidos com
emissões e a gente a todos de ter que aturar pacientemente; eram fados e
palestras e conferências e coisas infantis, e receitas culinárias e tudo o mais
que se inventou para aumentar a tortura radiofónica, a dar-nos cabo dos miolos
! E a gente sem se poder vingar !
E nós a termos de ouvir ou de desligar o
aparelho, como única solução !
Pois bem chegou a hora da vingança !
Agora vamos nós irritar os outros !
A começar no próximo dia 16, todas as 3ª
feiras, Os Ridículos realizarão, às
19 horas, ao microfone de "Rádio Condes", UM QUARTO DE HORA DE BOM
HUMOR, que certamente vai deliciar os inúmeros auditores daquele esplêndido
posto de amadores, presentemente remodelado e em magníficas condições.
Os auditores de Rádio Condes, a que,
certamente, se vão juntar todos os nossos leitores, vão esquecer-se, por 15
minutos, dos fados tristes, da carestia da vida e do senhorio, e vão ouvir uma
emissão que nada tem de clandestina e que o nosso camarada Repórter Melro, vai
dirigir duma forma absolutamente inédita.
Nasce assim o primeiro programa radiofónico de humor. Nasce como sucedâneo de um jornal de humor, fazendo a ponte entre a comédia teatral, e o jornalismo humoristico.
Mas este ano
de 37 não fica por aqui nas novidades e a 8 de Julho, O “Vilarealense” noticia:
O Grupo dos Humoristas Portugueses,
bizarramente assinalado pelas brilhantes exposições que promoveu em 1912, 1913,
1920 e 1924 despertou agora da sonolência em que, desde então havia caído.
Deve-se o louvável acontecimento ao
secretário perpétuo do Grupo Cardoso Marta - esse singular temperamento de
artista, cheio de faculdades, que por aí anda a desperdiçar-se numa gandaiagem
sem conserto. Não se conformando o talentoso boémio com a inactividade e a
dispersão a que os humoristas se entregaram durante doze anos, e observando,
como apaixonado folclorista que é, a sentença do velho rifão: Mais vale tarde que nunca, decidiu-se
enfim a mandar rufar os tambores da imprensa e a soprar, no empoeirado clarim
das passadas campanhas, o toque de reunir, para se recomporem novamente as
hostes desmanteladas dos combatentes do lápis. E não se perderam no deserto as
notas vibrantes desse toque de alvorada...
De todos os lados ocorreram os cultores da
caricatura. Não faltaram os chefes prestigiosos das façanhas já distantes,
sempre fiéis ás responsabilidades que a consagração lhes confiou, nem deixaram
de acudir os intrépidos e aguerridos recém-chegados ás fileiras do humorismo, a
estimular com a sua invulnerada fé o ardor para as novas proezas. A reunião
dessa valorosa plêiade de artistas do espírito realizou-se, há poucas semanas,
na sede do Grémio Alentejano, sob a presidência de Leal da Câmara,
caricaturista de mundial reputação, que as lutas sucessivas e inclementes,
arrostadas desde o despertar da adolescência, jamais quebrantaram.
Aceito por todos, com vivo entusiasmo, o
ressurgimento do Grupo dos Humoristas Portugueses, ali se assentou em preparar
para Dezembro uma exposição que corresponda ao famoso sucesso das exposições
passadas, a qual também abrangerá uma demonstração retrospectiva do humorismo
em Portugal; e, para que o Grupo fizesse uma imediata afirmação de vida,
resolveu-se ainda promover, sem demora, um almoço de homenagem ao insigne
caricaturista Arnaldo Ressano, em congratulação pelo êxito que este artista
alcançou com a sua recente exposição na S.N.B.A.
Oportuno foi, portanto, o brado que Cardoso
Marta lançou entre os desenhadores de veia cómica para os re-agrupar.
Pelos vistos o
espírito do grupo era alimentado por um humorista de espírito, e não de traço,
e mais uma vez a realização de um Salão surge de imediato como factor de união.
Numa entrevista
- Pensámos, eu e os outros sócios
fundadores, em que era preciso meter os humoristas nacionais debaixo de telha.
Não é, de resto, coisa por aí além o fundar um centro de graça, quando há por
esse mundo fora tantos centros de desgraça. Quisemos fortemente - e a ideia
deitou corpo em poucos dias. Já começamos até a oferecer banquetes uns aos
outros, para desmentir aqueles que dizem que os humoristas portugueses andam a
morrer de fome.
- A ideia tem sido bem acolhida...
- Pois tem. Há, no entanto, pessoas que
estão enganadas quanto aos nossos fins, julgando que por a Associação ser de
Humoristas, tudo há-de ter graça, desde a tabuleta da janela, até à mulher que
faz a limpeza. Ainda outro dia um sujeito me confessava: «Olhe lá: Eu li os
estatutos da associação dos Humoristas e não lhe achei graça nenhuma !»
- Que fins tem em vista a Associação ?
- Muitos. Em primeiro lugar, fazer com que
os humoristas deixem de andar aí pelos “cafés” a dizer boas piadas e passem a
guardá-las para as dizerem à noite na Associação; depois, pensamos na
publicação de uma Revista, numa exposição em Dezembro, num Baile de Costumes,
numa Casa de Repouso para quando todos nós estivermos cansados de ter graça
etc....
Temos a sorte
de possuir os originais (espólio da Casa-Museu Leal da Câmara) das primeiras
actas do grupo, e dessa forma seguir pormenorizadamente a sua evolução. A
primeira reunião realizou-se a 4 de Junho, no Grémio Alentejano. Como refere a
sua acta, assistiram à reunião as
seguintes pessoas: Arnaldo Ressano Garcia, Francisco Valença, Alfredo Cândido,
Leal da Câmara, Fernandes da Silva, Hugo Sarmento, Roberto Santos, Castañe,
Rocha Vieira, Manuel Cardoso Marta, Constantino Secretário Martins, Natalino
Melquiades e José Pragana Junior.
Foi convidado a presidir à sessão, o Sr.
Leal da Câmara o qual convidou para secretario da mesa, os senhores Arnaldo
Ressano e Francisco Valença.
/…/ Depois de trocadas impressões entre os
presentes da sessão, ficou decidido, depois da saída da sala, do Sr. Arnaldo
Ressano.
1º que se iniciam os trabalhos do grupo,
oferecendo um almoço ao nosso colega Arnaldo Ressano, em congratulação pelo
êxito da sua recente exposição de caricaturas na Sociedade de Belas Artes.
2º Que se estude um plano conjunto de
reorganização do Grupo dos Humoristas Portugueses, transferindo para Dezembro a
próxima exposição do mesmo grupo.
3º Que fique encarregado o actual
Presidente, prof. Leal da Câmara de apresentar, na próxima reunião, um plano de
reorganização do grupo, de orientação geral e, tanto quanto possível, um
programa de acção futura do grupo de humoristas portugueses.
Não havendo mais a tratar, foi encerrada a
sessão - eram vinte e quatro horas. Lisboa 4 Junho 1937.
E a primeira acção do Grupo dos Humoristas da década de trinta foi um almoço. Arnaldo Ressano acabara de realizar a sua segunda exposição na S.N.B.A., assim como triunfara em França com outra exposição dos seus trabalhos.
Leal da Câmara
de imediato se põe ao trabalho, cujos rascunhos nos elucidam sobre seu pensamento
de como se deveria organizar o Grupo - Reorganização
do Grupo
- Caricatura de todos os géneros menos
“política”
- Uma direcção que dirija livremente
- Uma fiscalização que fiscalize
- O Grupo ao qual se prestem contas do que
se fez
- A Direcção nomeará as comissões de que
necessitar - Estas Comissões trazem o seu trabalho à Direcção e conjuntamente,
se irá informando o Grupo em reuniões especialmente convocadas.
Criar ambiente
atrair a simpatia e dar confiança ao público
Prestar as homenagens que sejam
merecidas
Arnaldo Ressano (já realizada)
Depor flores nos túmulos de Rafael
Bordalo e de Celso Hermínio
ou
na estatua de Rafael no dia 18
Homenagem a Gualdino Gomes (Domingo)
Trabalhar para a Exposição de Dezembro
1937
“2 exposições”
Uma, em Lisboa - de 4 de Dezembro a
Sábado 18 de Dezembro
Outra no Porto - Sábado 8 de Janeiro
1938 até sábado 22 de Janeiro
Prever, durante o ano de 1938, pelo menos
duas manifestações literárias e plásticas, sob um tema dado em que se apliquem
a fantasia e o humorismo.
Por exemplo, um tema: o circulo e o
quadrado
a esfera e o cubo
Exemplo de outro tema: - Pierrot
O que será a exposição de Dezembro ?
- Secção retrospectiva de caricaturas e da
literatura humorística
- Arte Popular caricatural
- Exposição de manifestações modernas do
humorismo
- Este programa, parece-me suficiente para
uma boa demonstração
Mas depois ?
É necessário um objectivo ou vários
objectivos que nos justifiquem e nos criem um futuro.
Aqui estão alguns objectivos
Uma revista ilustrada
Direitos de autor
Seguros e invalidez
A Casa do Artista
Mas para se alcançarem estes fins é
necessário organizar o grupo.
Que haja uma cotização mensal ou semestral.
Do nada, nada se tira - O povo diz:
- Sem sangue não se fazem morcelas.
Que sejam nomeados corpos gerentes que
administrem o riso mas que não brinquem com o dinheiro.
Denota-se aqui
o organizador nato, o capitão e professor, assumindo de imediato o controle de
todas as vertentes, e procurando ultrapassar o imediatismo, com que os
humoristas se fixaram com a criação de um Salão, indicando objectivos a mais
longo prazo, como os Direitos de autor, a edição de uma revista de humor, e a
protecção em Previdência do artista. Transpunha para este Grupo as suas
intenções nos Fantasistas. Estas propostas foram apresentadas ao grupo a 7 de
Julho: Acta nº 2
/…/ Estiveram presentes os Exmos Senhores
Albino Forjaz Sampaio, Dr. Veiga e Sousa, Tertuliano Marques, Roberto dos
Santos, Francisco Valença, Dr. João Valério, Arnaldo Ressano Garcia, Dr. Luíz
d’Oliveira Guimarães, Natalino Melquiades, Teixeira Cabral, Secretário Martins,
Visconde de Idanha, Francisco Ramalho Sousa, Pargana, Eduardo faria, Mouton
Osório, Fernando da Silva, Alfredo Cândido, Rocha Vieira, Leal da Câmara e
Manuel Cardoso Marta.
Presidiu à sessão, a convite do Presidente
Provisório o arquitecto Tertuliano Marques o qual, depois de Ter agradecido a
indicação do seu nome para presidir à sessão, mandou ler a acta da sessão
anterior pelo antigo secretário geral do grupo, Cardoso Marta, e que depois de
lida, foi posta, pelo presidente, à discussão, e em seguida foi aprovada, por
unanimidade.
O Presidente deu a palavra ao Sr. Leal da Câmara
para que esta senhor exponha aos membros do grupo o plano geral de trabalhos
que ficará encarregado de elaborar.
O Sr. Leal da Câmara começa por se
felicitar pelo bom acolhimento que tem obtido a ideia de se reorganizar o
antigo Grupo dos Humoristas.
Anuncia várias adesões importantes, tais
como as dos artistas Octávio Sérgio, Manuel Monterroso, Cristiano de Carvalho e
dos pintores José Luiz e Abel manta que prometeram mandar trabalhos para a
exposição.
Entende que o primeiro passo a dar para a
reorganização efectiva do grupo é criar uma Direcção que dirija, uma
Fiscalização que fiscalize e uma assembleia magna a qual se apresentem a
prestar contas periódicas da actuação desenvolvida.
Para que estes factores se conjuguem, são
necessários uns estatutos que representem o nosso objectivo e a forma de
conseguir realiza-lo.
Segue depois
os propósitos apresentados no rascunho, nas homenagens.
/…/ A finalidade mais imediata do grupo é
realizar uma Exposição em Dezembro de 1937.
Esta exposição deverá ser feita em Lisboa e
no Porto.
Se possível for, deve também realizar-se em
outras cidades da Província.
O Grupo deve prever, durante o ano de 1938,
pelo menos, mais duas manifestações literárias e plásticas sob um tema dado em
que se aplique a fantasia, a observação directa ou subjectiva e o humorismo.
/…/ A grande exposição de Dezembro de 1937 será composta de uma secção
retrospectiva de artistas, e de
escritores humoristas, revistas. Jornais, almanaques e outras publicações do
género
Haverá uma secção de arte popular
caricatural e uma exposição de manifestações modernas do humorismo não só sob
forma de desenhos, pinturas e esculturas, mas também as suas aplicações a
papeis pintados, ás estamparias, ao Mobiliário, à Publicidade,
ás Cortinas e Cenários Teatrais, maquetas para pavilhões e stands
para exposições, Carros alegóricos e Barcos Ornamentais para Cortejos, etc...
Durante o período da exposição, à parte as
conferências de inauguração e de terminus poderão realizar-se as palestras que
forem entendidas de conveniência para os intuitos do Grupo.
Propõe peças de teatro, concertos, palestras humoristicas, assim como manifesta o seu desejo, já transcrito nos seus apontamentos, de se criarem estruturas que defendam os direitos e o amparo dos artistas necessitados… Posteriormente é eleita a Direcção do Grupo, que fica constituída da seguinte forma : Direcção - Presidente - Leal da Câmara; Tesoureiro - Francisco Valença; Secretário - Fernandes da Silva; Suplentes: Tertuliano Marques, João da Silva, Mouton Osório
Assembleia Geral - Presidente: Arnaldo Ressano ; 1º Secretário - Cardoso Marta; 2º Secretário Hugo Sarmento; Suplentes: Dr. Ramada Curto, Dr. Luiz d’Oliveira Guimarães, Dr. João Valério
Conselho Fiscal de Contas - Presidente: Rocha Vieira; 1º Secretário - Alfredo Cândido; 2º Secretário Adolfo Castañe; Suplentes: Armando Boaventura, Carlos Simões, Raul d’Alpoim (Visconde de Idanha)
De novo encontramos uma preocupação de se fundamentar no passado o presente, e a figura tutelar de Raphael está sempre presente. Curioso é o desaparecimento da homenagem a Celso (a dupla protectora da primeira exposição, e que simbolizavam duas formas diferentes de estar no humor), que está no rascunho de Leal, mas que não surge nesta acta. A exposição não é encarada como uma mostra apenas dos contemporâneos, como aconteceu nas anteriores, mas como um momento de grande reflexão sobre o passado e o presente, para o futuro. A História é algo que preocupa Leal da Câmara, e sobre ela se farão conferências, se mostrará obras, mas que não ficará registada em Livro, ou documento duradoiro.
O símbolo escolhido é desenhado por Leal da Câmara, que vai a Sintra (ao Palácio da Vila - Sala das Pegas em que a história conta do rei que foi surpreendido a beijar uma dama da corte, por bem) inspirar-se: a Pega palreira, em cujo bico está uma legenda: Por Bem
Esta animação, em volta da formação do Grupo é espantosa, e as reuniões sucedem-se para que tudo se formalize cuidadosamente. A Acta nº 3 data de 29 de Julho, e foram discutidos e aprovados os Estatutos
ESATUTOS DO “GRUPO DOS HUMORISTAS
PORTUGUESES”
Capitulo I
Dos objectivos do Grupo
Art. 1º - É constituído, com sede em
Lisboa, o “Grupo dos Humoristas Portugueses”, destinado a coordenar as
manifestações artísticas e literárias que se subordinem à sua especialidade e a
divulgar as produções dos humoristas.
Art. 2º Constituem, especialmente, objectivos do
Grupo:
a) - promover exposições ou quaisquer outras
manifestações artísticas, editar revistas, postais, estampas, ou outras
publicações, que se subordinem ao espirito do Grupo e revigorem a sua acção e
propaganda;
b) - desenvolver, na medida do possível, o
progresso moral, intelectual e material dos sócios;
c) - promover, entre os sócios e suas
famílias, o máximo de convívio possível, por meio de reuniões e excursões.
Art. 3º - O Grupo
manifesta-se alheio a quaisquer credos religiosos ou políticos.
Capitulo II
Dos Sócios
Art. 4º O
Grupo tem três categorias de sócios
a) Fundadores
- os que subscrevem estes Estatutos;
Ordinários - os que se inscreverem posteriormente à aprovação dos estatutos; /…/ (seguem-se 6 artigos)
Capitulo III
Dos Corpos Orgânicos
Artº 9º O Grupo
tem os seguintes corpos orgânicos:
- Assembleia Geral; - Comissão Directiva; -
Comissão de Contas; - Núcleos Regionais.
(Seguem-se
depois 22 artigos sobre o funcionamento destes corpos orgânicos)
Capitulo IV
Disposições Gerais
Art. 22º - É prevista a criação de
uma “Casa de Repouso para Humoristas”, destinada aos artistas do grupo que dela
necessitem, ou a outros artistas que, embora não tenham pertencido ao Grupo,
sejam por este considerados merecedores do beneficio da sua acção acolhedora.
Art. 23º - É igualmente prevista a
criação de um “seguro” dos sócios do Grupo, em companhia de seguros adequada,
por forma a atenuar as consequências de possíveis acidentes, que os
impossibilitem da produção artística
Art. 24º - É também prevista a
criação de uma biblioteca, um arquivo e uma galeria permanente, constituídos
por produções de artistas antigos e modernos, obtidas por compra, dádiva ou
depósito,
Art. 25º - No que estes estatutos forem
omissos o Grupo regêr-se-à pelas disposições das leis gerais do país.
Capitulo V
Disposição transitória
Art. 26º - Os primeiros corpos
orgânicos (Mesa de assembleia geral, comissão directiva e comissão de contas)
serão eleitos pela assembleia de sócios fundadores, que aprovar estes
Estatutos.
Aprovado em assembleia geral de 29 de Julho
de 1937
Comparativamente aos estatutos da primeira Sociedade de Humoristas, e dos Fantasistas, encontramos aqui uma menor preocupação estética, ou educacional do público, para ser antes um motor promocional e educacional dos humoristas, ou dos sócios, e fundamentalmente um “clube” de convívio entre os artistas, incluindo pela primeira vez as famílias. Desta vez há cotas, o que impõe mais obrigações aos membros associados. Por outro lado encontramos uma preocupação de maior extensão pelo país, ao se organizar “núcleos regionais”.
De novo está a preocupação de socorro ás aflições da velhice, e da doença. Num campo profissional onde a miséria espreita constantemente, e onde o futuro é incerto, dependendo do dia a dia, da venda de um desenho aqui, outro ali. É certo que o Grupo está a ser formado essencialmente pelos artistas bem colocados na vida, porque têm outras profissões, como professores, advogados, médicos, técnicos da imprensa... há um outro grande grupo dos que só vivem do humor. A estes será muito difícil pagar a cota de sócio, e vamos verificar que estes serão os que estarão mais ausentes.
Infelizmente todas estas boas intenções, mais uma vez não passarão disso... E a harmonia, e unanimidade que parece ser tónica geral, não é verdadeira, verificando-se logo na quarta reunião (5/8/1937) pequenos conflitos. Começam também os problemas económicos, com o pedido desesperado do Presidente para que todos paguem as cotas, e que consigam mais adesões ao grupo, já que as despesas que estão a surgir para a execução da dita exposição, são muitas.
São então propostas conferências e peditórios para o mês de Novembro.
Os meses irão passar sem conseguirem montar a exposição, e ter capital para o suportar. De Dezembro de 37 passa então para Março de 38. Entretanto vão-se realizando diversas iniciativas, não só para corresponder à animação programada, como para angariar fundos.vão-se realizando diversas iniciativas, não só para corresponder à animação programada, como para angariar fundos.