Friday, February 12, 2021
Caricaturas Crónicas - «Os Artistas da Parada da Paródia II – Gustavo Fontoura / Vitor Ribeiro / João Benamor / Moreira Rijo / Mário Elias» por Osvaldo Macedo de Sousa in Diário de Notícias de 12/11/1989
É todo um
desfile de grandes nomes ligados a uma das melhores publicações humorísticas
que se viu dar á estampa em Portugal. Relê-los e revê-los é sempre um prazer –
e um motivo para uma gargalhada.
Continuando a vasculhar os ficheiros da «Parada da
Paródia», descobrimos mais uma mão-cheia de excelentes artistas que colaboraram
naquele semanário.
Gustavo
Fontoura – «Nasceu em Braga, há 35 anos (em 1927) mas desceu simbolicamente sobre a
capital, já há muito tempo. Tem um atelier onde é raro encontra-lo – mas o
atelier é muito bonito, garantimos. Colaborou com bonecos anedóticos no
«Primeiro de Janeiro» e no «Mundo Ri», antes de os publicar também na «Parada
da Paródia». Homem de muitos e variados talentos, trabalhou na televisão, onde
teve um programa de decoração, muito bom, e onde fez aquela figura simpática do
Tio João (de parceria com a Teresinha Mota) no programa infantil.
Trabalha em
publicidade, faz cartazes, faz montras, faz decoração de interiores (no que é
muitíssimo competente) e, além disso tudo, faz bonecos para a nossa Paródia.» (destas colaborações foram publicados dois álbuns do
«Puflas»)
Vitor Ribeiro (1939) - «Aqui
está a prova de que um bom ilustrador pode transformar-se num bom
caricaturista, desde que desenvolva o espirito de observação e procure o lado
cómico das coisas.
Vitor
Ribeiro, embora seja um moço de 22 anos, já tem vários anos de prática como
desenhador. Começou por ser ilustrador no “Diário Popular”, aos 17 anos, mas já
trabalhava em publicidade desde os 14. Depois passou a trabalhar no “Diário de
Lisboa”, no “Diário Ilustrado” e no “Jornal do Exército”. Enfim, está farto de
dar ao dedo e ao pincel!»
João Benamor (Lisboa 1930) - «O homem que desenha
multidões, o homem que faz cenas complicadíssimas, em que há, sempre, mil e um
pormenores para saborear, tem um estilo talvez antiquado (de acordo com as
tendências simplificadoras do boneco humorístico actual, raros são os
desenhadores que fazem anedotas com tanto pormenor). No entanto duas coisas são
inegáveis: João Benamor é espantosamente perfeito a desenhar; e no meio de toda
a confusão dos seus bonecos, tudo está certo, tudo está no seu lugar, e as
figuras têm vida… e piada.
Além do humor
e da arte, os seus bonecos revelam uma coisa que não é muito vulgar na maioria
dos desenhadores: paciência. Vê-se que João Benamor, ao desenhar, gosta de
esmiuçar os seus bonecos, de os encher de coisinhas que lhes dão graça, enfim
de “gozar” o boneco. Por isso, os nossos leitores apreciam muito os seus
desenhos, e perdem (aliás ganham) muito tempo a observá-los.
João Benamor
foi aluno do mestre Falcão Trigoso. Colaborou no “Sempre Fixe”, “Mundo Ri”, nos
jornais franceses “Mon Flirt” e “Valentine”, nos jornais de Goa “A Vida” e
“Heraldo”, no “Primeiro de Janeiro”, no velho “Mosquito”, “Jornal do
Exército”…»
(Militar de carreira acabaria a com a patente de
Sargento. Deixaria também muita mais colaboração em periódicos como «Bomba H»,
«Barraca», «Plateia», «Pop-Line», «Crónica Feminina», «Flama»… Depois do 25 de
abril publicaria a revista “Olho Vivo”, “Stop” e “Broncas”. Em 2004 receberia o
Prémio Especial de Humor do Salão Nacional Humor de Imprensa / Oeiras, com
edição de um pequeno álbum realizado por Osvaldo Macedo de Sousa. Viria a
falecer em Lisboa a 15/6/2017)
Moreira Rijo - «Há muitos
anos o João Carlos Moreira Rijo começou a revelar os seus dotes de
caricaturista. Ainda usava calções, e já fazia as caricaturas dos colegas e dos
professores do Liceu Gil Vicente… Mais tarde, foi para a Escola Superior de
Belas Artes. Primeiro, andou em arquitectura, Depois viu que não tinha jeito
para o cimento armado, e passou para a escultura.
Entretanto,
entrava para a Televisão, e lá se conserva ainda, em companhia do senhor
Henrique Mendes, da mosca, e a de outras celebridades. Desenha anúncios
luminosos, capas e ilustrações. Faz filmes de desenhos animados…»
Mário Elias (Mértola, 1934) - «É um
pintor, que faz caricaturas acidentalmente, “para poder lubrificar o corpo”,
como ele diz. Tem um traço muito pessoal, um pouco tosco, mas de características
vincadas. É bom para fazer anedotas de “humor negro”».
(Deixou colaboração em revistas como «Flama», «Almanaque
Alentejano», «Revista Costa do Sol», «Século Ilustrado» nos jornais «Sempre Fixe», «Ridículos», «Parada da
Paródia, «Diário do Alentejo», «O Campaniço», «Ibn Maruam», «Notícias de
Beja», «Notícias de
Odemira».... Viria a falecer em Beja a 11 de Outubro de
2011) .