Thursday, February 11, 2021

Caricaturas Crónicas: «Os artistas da “Parada da Paródia” – Túlio Coelho / Jorge Esteves / José Antunes / Gomes Ferreira / Reinaldo Martins / Manuel Arruda» por Osvaldo Macedo de Sousa in Diário de Notícias de 24/9/19898

Era uma plêiade de artistas fora de série que a «Parada» revelou e que depois foram atraídos por outros caminhos da arte e da publicidade. Alguns acabaram por se perder na voragem do dia-a-dia.

 

Na anterior crónica, referi-me às fichas que a própria revista «Parada da Paródia» fez dos seus colaboradores. Neste artigo vou-me aproveitar desses textos para passar revista aos artistas mais desconhecidos, ou aqueles que depois da Parada se «perderam» na publicidade, nas artes gráficas…

Túlio Coelho – Nasceu na Amadora em 1936 e estudou na Escola de Artes Decorativas António Arroio. Segundo esse ficheiro, Túlio Coelho «não é um fazedor de anedotas. Só acidentalmente ele se dedica a esse género de desenho. O seu forte, aquilo em que ele é realmente bom, é a ilustração. A sua interpretação do “Teatro Trágico” em quadradinhos é qualquer coisa de notável» (seria também o autor das séries destacam-se as séries «A Tareca» e «Jack Taxas e Cara Linda» as quais tiveram edição em álbum/separata).

«Túlio Coelho ainda é muito novo, mas já anda de pincel na mão há muito tempo. Os seus bonecos andaram pelas páginas de “Modas & Bordados”, “O Mundo Ri”, do “Picapau” (jornal de Gomes de Almeida” e, género sério, na “República”. Enfim, é um desenhador que há-de ir longe – se o estomago o deixar. Sim, porque o Túlio preocupa-se com duas coisas na vida: com o estilo e com o estomago. Para apurar o estilo, farta-se de estudar técnicas de desenho. Para não estragar o estomago… faz dieta».

O guião dos seus desenhos era escrito por diferentes autores, o que o leva a não se considerar um humorista mas um simples ilustrador, que teve aquelas experiências. Assim, terminada a aventura da “Parada” fechou-se na ilustração (para várias editoras) e na publicidade. (A partir dos anos 90 dedicou-se à pintura).

TOES ou Jorge Esteves – Não teve direito a ficha, e segundo ele, esta aventura aconteceu nos seus tempos de juventude, quando andava na António Arroio, fazendo apenas humor à la minuta.

ANTUNES, José – (Lisboa - 1937/2010) O ficheiro diz: «O estilo de José Antunes é simples, limpinho, linear, como o próprio autor. Na verdade, há sempre qualquer coisa do próprio artista, nos bonecos que ele desenha. E assim, notam-se nestes bonecos uma grande sensibilidade e um amadurecimento de estilo, que não são vulgares num jovem de vinte e poucos anos».

«Bom, apesar dessa juventude, o José Antunes já desenha há muitos anos! É um bom ilustrador, mesmo trabalhando a cores. Às vezes vê-se negro para receber certos trabalhos que faz, mas vê o futuro verde, porque tem esperança, embora nem tudo seja cor-de-rosa na vida de um artista».

Segundo o próprio artista, começou a fazer humor para a «Flama», em 54/55, passando depois pela Agência Portuguesa de Revistas», «Plateia», «Almanaque», «Sempre Fixe», até à «Parada da Paródia». Com a tropa, fez «a velha anedota portuguesa» para o «Jornal do Exército». Depois do 25 de Abril reincidiu no «Cágado» e «Chucha».

«O humor é uma maneira de ser. Gosto de estar no humor, mas com o tempo habituei-me às três refeições diárias, e quando possível quatro. Então o humor profissional abandonou-me, pois há determinados tipos de sacerdócio que deixam de ter valor. Estou nos livros, e pontualmente na publicidade»

(Podemos acrescentar agora que tendo estudado na António Arroio, teve muitos anos dedicado às edições da Agência Portuguesa de Revistas. Teve uma actividade intensa como ilustrador, cartoonista, bandadesenhista e designer gráfico, tendo sido, durante vários anos, director artístico do Círculo de Leitores).

Ton (António Gomes Ferreira) - «Este Ton é um caso curioso, entre os caricaturistas portugueses. E é um caso curioso porque, embora já faça caricaturas há muitos anos, embora já tenha colaborado em vários joprnais e revistas, só há relativamente pouco tempo é que o seu estilo se definiu e estabilizou».

«Hoje em dia, o Ton (que já assinou os seus bonecos com outro nome, que a gente não diz qual foi, para manter o mistério…) tem uma maneira de desenhar muito pessoal e muito vincada. Tão vincada como as calças. Os seus desenhos têm movimento e expressão e, além disso, têm graça».

(Funcionário da EDP, coordenador da revista da empresa “Curto Circuito”, exerceu actividade como caricaturista sob os pseudónimos de “Quim”, “Ton, “Kapa” ou mesmo #Gomes Ferreira em publicações como “Mundo de Aventuras”, “Pica+au”, “semopre Fixe”, «´”Os Ridículos”, “Diário Popular”, “A Bomba”, “Parada da Paródia”, “Cara Alegre”, “A Bola”… Pessoa muito esquiva, pouco social quando em 2005 quis-lhe outorgar o Prémio Especial de Humor pela sua carreira não aceitou por não querer que soubesse desta sua actividade, na qual não tinha orgulho).

REINALDO Martins – «O desenhador Reinaldo Martins é um homem cheio de linha – porque para além de ser desenhador, trabalha na APT… /…/ Com os seus lindos e bigodudos 34 anos, o Reinaldo já foi colaborador na “República”, passou depois pelo “Diário Ilustrado” e agora, já se sabe, trabalha para a “Parada da Paródia”, onde tem feito, entre outras coisas, a série”Jogos e passatempos”».

ARRUDA, Manual - «Manuel Correia Arruda estreou-se como desenhador humorístrico aqui mesmo, na Parada da Paródia há uns nºs atrás. /…/ Tem todas as qualidades para vir a ser um bom caricaturista. O seu traço é muito pessoal.»

«O Arruda já trabalha há muitos anos em artes gráficas. É decorador de montras, e um optimo desenhador de embalagens, que é uma arte bastante difícil – mas que lhe dá embalagem para ele se abalançar a fazer anedotas…»

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