Tuesday, October 20, 2020

«Pintores de Lisboa: Francis Smith» por Osvaldo Macedo de Sousa (In Heraldo de 11/7/1985)

 

Diz-se que a saudade é o sentimento mais forte do português. Tao forte pode ser essa dor da distancia que se transforme num sonho de obsessão transposta para a tela em cores rosa, azul, e lilases. Essa foi a imagem de Lisboa que o pintor Francisco (ou Francis) Smith nos deixou.

Ir a Paris era um sonho para todo o artista português de oitocentos e de novecentos, porque aí se vivia a evolução das artes dia a dia. Muito lá foram. Poucos aproveitaram as lições da vanguarda nos dias que lá estiveram, nos anos que lá passaram ou na vida que aí fundaram.

Francisco Smith, que nasceu em Lisboa em 1881, aqui iniciou os seus estudos artísticos, prosseguindo-os depois em Paris, a partir de 1902. Nessa cidade será companheiro de Amadeo de Souza-Cardoso, Manuel Bentes, Emmérico Nunes, Eduardo Viana… e com eles participou na Exposição Livre de Lisboa de 1911 e em todas as outras manifestações criadas na tentativa de derrubar os «botas de elástico» e trinfo do «modernismo».

Radicado em Paris, manterá um contacto constante com Portugal durante toda a sua vida, seja com visitas ou envio de obras para exposições. O próprio governo contará com ele para várias manifestações artísticas. Porém, se depois de 1934 apareceram obras suas em exposições lisboetas, ele nunca mais cá voltaria, vindo a falecer em Paria em 1961.

Francisco Smith foi um pintor de circunstâncias com êxito no mercado oficial, com encomendas e hojeestá representado em vários museus de província franceses, Mantendo-se num academismo, o seu traço situa-se entre o «impressionismo provinciano» e o expressionismo.

Cedo se estabilizou no seu estilo, concentrando-se em pequenas telas de paisagens, onde o saudosismo da cidade ausente predominou – a Lisboa nostálgica.




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