Monday, October 19, 2020
«Pintores de Lisboa: Alberto de Souza» por Osvaldo Macedo de Sousa (In Heraldo de 6/6/1985)
Conjugar o desenho com a cor, com as transparências luminosas é, no fundo o trabalho do aguarelista. Isso foi o alcançou Alberto de Souza, conjugando a precisão do traço com o equilíbrio da cor, criando o jogo das luzes e sombras onde a agua(rela) translúcida nos traz a luz das belas paisagens, a cor viva dos trajes populares.
Alberto Augusto de Souza, que nasceu em 1880, era natural de Lisboa e cedo manifestou o seu interesse pelas artes. Com a idade de 12 anos ingressou na Escola de Belas-Artes, passando posteriormente por várias Escolas Industriais, mas, seria na Companhia Nacional Editora que encontraria o seu verdadeiro mestre – Roque Gameiro. Seria pois, este grande mestre da aguarela que o orientaria nesta arte de transparências.
A sua obra, vastíssima, testemunha essencialmente o seu estudo etnográfico. Percorrendo o país, nessa condição, ele passou ao papel paisagens, recantos de aldeias e cidades, seus monumentos e populações na vida, nos trajes, nas festas.
Naturalmente, neste estudo também Lisboa aparece na sua obra, retratando os tipos castiços, os recantos da velha cidade e seu casario ou os interiores das igrejas, ou mesmo o trabalho especial agrupado no álbum (de 1933) «Portas Brasonadas de Lisboa». Por essa razão tem disso também considerado como um pintor de Lisboa.
A sua arte, rica de efeitos luminosos e de timbres de cor, dá vida às viela sombrias, às igrejas douradas, às ruas e portais desta cidade que em tempos foi conhecida por «cidade branca», epiteto que nos fala de uma luz que a aguarela traduz como nenhuma outra técnica artística.
Alberto seria também um excelente ilustrador e, pintor de tradição naturalista de temática fundamentalmente histórica. Artista de obra vasta, teria também uma longa vida, morrendo em 1961.