Tuesday, April 07, 2020
ERTHAL E COISA & THAL por EDIEL RIBEIRO
O cartunista Erthal
anda sumido.
Digitalizando a
coleção do jornal “Cartoon” - um tablóide de humor que editei no final da
década de 80 - me deparei com uma charge do cartunista Erthal, que, na época,
trabalhava no jornal “O Globo”.
Conversei com alguns
amigos, e ninguém sabia do Erthal. Ou melhor, quase ninguém. Edra, cartunista
mineiro, sabia.
Fui atrás do homem.
Julio Cesar Dias
Erthal, o Erthal, nasceu em Niterói, no Rio de Janeiro, no ano de 1962.
No final da década de
80, Erthal vinha de uma produtora de animação de um argentino e fazia “frilas”
para algumas agências de publicidade, inclusive num dos setores de criação da
"TV Globo", (núcleo Roberto Talma).
Ao mesmo tempo, tocava
a carreira de cartunista, participando de Salões Nacionais de Humor.
Foi duas vezes
vencedor do Salão Carioca de Humor (1990 e 1995), na categoria “caricatura”;
primeiro lugar no Salão Nacional de Humor de Volta Redonda, na mesma categoria
(1990); e primeiro lugar no Festival Internacional de Humor de Pernambuco
(1999), na categoria “charge”.
Auto-caricatura
- Erthal
Um dia, indicado pela
diretora de uma agência de publicidade, procurou o jornal “O Globo” que estava
precisando de um chargista para cobrir as férias do Chico Caruso.
“A diretora, ansiosa,
até insistiu que eu fosse naquele mesmo dia à redação. Resisti um pouco. Meu
foco era a publicidade, não pensava na charge como uma profissão. Mas fui”, diz
ele.
Erthal dividia a
charge política, na página de opinião do jornal do jornalista Roberto Marinho,
com Aroeira, outro cartunista carioca. Mesmo com a volta do Chico Caruso ao
trabalho, Erthal foi efetivado e ficou no diário de 1992 a 2002.
“A equipe de arte de
“O Globo” era jovem e super talentosa. Foi um imenso prazer trabalhar com
aquela turma, em especial, com o Chico Caruso. Um craque. Uma referência”,
diz.
Charge do Erthal no
jornal Cartoon
Além de “O Globo”, o
chargista colaborou com os jornais “O Pasquim”, “Cartoon” e as revistas
“Época”, “Veja” e “Manchete”.
Criou vinhetas
animadas (Plim-Plim) para os 30 anos da “TV GLOBO” (entre as preferidas do
público) e contribuiu com o curta premiado “O Curupira” (MultiRio), em
2003.
Publicou em 1998 o
livro “Fatores de Risco”, uma coletânea de seus trabalhos na imprensa, eleito o
melhor livro de caricaturas pelo 11º Troféu HQMix. Em 2008, foi premiado no
concurso literário Horácio Pacheco, da Academia Niteroiense de Letras, na
categoria “crônica”.
O cartunista mantém na
internet o blog “Coisa & Tal” (https://erthalcartoon.blogspot.com/ ). Coisa linda. Um
portfólio de trabalhos recentes. São tiras, cartuns, caricaturas e charges.
Publicados e inéditos, como a excelente tira Zig & Zag.
Entre os novos
projetos, Erthal se dedica, principalmente, aos livros infantis. Tem dois
prontos, e outros tantos em fase final de desenvolvimento.
Sobre as influências
em seu trabalho, ele comentou: “As influências são muitas. Tantas, que não
saberia listar. Difícil, teria que escrever um tratado (risos). Mas as
influências que considero mais visíveis nos meus desenhos (excluindo-se a
charge) são: Disney (toda trupe genial de animadores clássicos, encabeçada por
Milt Kahl); Dick Browne (Hagar o Horrível); Albert Uderzo (Asterix); e Bill
Watterson (Calvin e Haroldo). E bem mais recentemente: Ronald Searle”.
Fã dos clássicos,
tanto na música, quanto na pintura e na literatura, Erthal é bem conservador.
“Tenho ídolos na música (Bach, Jobim, Mozart, Djavan); na literatura (Rubem
Braga, Guimarães Rosa); na pintura (Rembrant, Michelângelo); e ídolos que nada
têm a ver com a arte também”, diz.
Hoje, Erthal mora em
Niterói, onde trabalha como servidor público - uma profissão de pouco “risco”.