Sunday, February 03, 2019

História da Arte da Caricatura de Imprensa em Portugal - 1914 por Osvaldo Macedo de Sousa


Antes de prosseguir sobre a saga dos Humoristas, talvez fosse interessante divagar sobre a utilização do termo humoristas. Na verdade, durante toda a monarquia, incluindo Raphael se referiam a este género gráfico com Caricatura, termo que englobava todos os subgéneros do desenho humorístico. Naturalmente é um influência francesa, já que nesse campo linguístico a Caricatura tem esse sentido lato. Com a República, e introdução do modernismo surge a utilização de humoristas, talvez como tentativa de corte com o passado, e como defendia Christiano, uma nova postura satírica, mais social, mais contra os sistemas que contra o indivíduo A ou B. Inclusive alguns dos raphaelistas recusarão o epíteto de humoristas, como um ofensa, como um modernismo que eles combatiam.
De novo procurando as palavras do Mestre Christiano Cruz (in “República de 22/5/1914), procuremos compreender o que estava por detrás desta ‘revolução’ sonhada: “Nenhum desenhador me revelou ainda a beleza das coisas portuguesas e aqueles que o têm tentado fazem-no com um espírito tão mesquinho que a sua obra melhor caberia nos arquivos da Torre do Tombo do que nas exposições de arte pura. As costureiras e as varinas só conheceram até hoje as aguarelas veneráveis do senhor Macedo.
Por isso, a um artista que se sente bem e que saiba interpretar com largueza, está reservada a glória de nos fazer amar esses modelos e apagar as sugestões que as revistas estrangeiras nos trazem. O ambiente inexpressivo que os meus colegas habitam só os poderá levar ao pessimismo e à neurastenia.
Eu bem sei que o público não sente a necessidade de arte, da mesma maneira que não sente a necessidade de lavar os pés.
Mas as necessidades criam-se e essa tarefa só nos pode caber a nós, dada a impossibilidade de mandar o meio, a Paris, educar a vista...
/.../ Façamos arte onde os nossos predecessores só têm feito arqueologia. Tratemos com largueza os gestos do cidadão Acácio, a vida do povo e o burguesismo.
Não deixemos estiolar as nossas faculdades, ajudando a viver jornais pulhas, onde eu já vejo o prognóstico assustador de impotência criadora.
Não façamos crítica, façamos Arte!”
Apesar do Catálogo do II Salão dos Humoristas  anunciar a preparação do III Salão para 1914, com data limite de entrega de trabalhos até 28 de Fevereiro, as divergências acentuam-se entre os novos e os velhos, não se conseguindo realizar o terceiro Salão, como estava prometido. Inclusive havia projectos, também anunciados neste catálogo, de em 1914 complementar a exposição com uma Secção nova - "A Caricatura em Portugal antes de Bordalo Pinheiro".
Diz o anuncio: Constará tal secção de quadros, desenhos, gravuras a buril, água forte e madeira, antigos jornais de caricaturas, livros, álbuns, fotografias, litografias, aguarelas, etc.
A direcção do Grupo pede a todas as pessoas que tiverem quaisquer dos trabalhos supra indicados, em caricatura ou referentes a ela, e queiram exhibi-los nesta exposição a fineza de o participar…
/…/ A Direcção já tem a adesão de importantes coleccionadores a quem a ideia foi comunicada, e que concorrem com autenticas preciosidades para a riqueza e número das colecções a expôr. Havia uma necessidade dos novos em fundamentar o seu passado, como uma afirmação de um género artístico com uma História de relevo. Por outro lado é curioso saber que já então havia coleccionadores deste género artístico. Onde está este material ?
Contudo, não se realizou o III Salão dos Humoristas em 1914, nem esta retrospectiva Histórica. Na realidade, de todos os projectos de dita Sociedade de Humoristas, como a criação de um periódico Humorístico de qualidade, a criação de um Museu e de uma Biblioteca de Humor, as conferências, a criação de legislação que defendesse os direitos de autor, o aumento de salário dos caricaturistas… tudo isso ficou por se fazer. As únicas concretizações foram os dois Salões. Mesmo estes dois estão recheados de quezílias, seja entre os ditos profissionais e o amadores, entre os consagrados e os novos revolucionários…
As questões estéticas acabaram por se sobrepor aos interesses de classe. O jornal “República” neste ano procurará ser veiculo das ideias dos jovens, publicando algumas entrevistas com os inovadores, como por exemplo com António Soares a 25/5/1914, o qual defende-se: Não vejam em nós intuitos reaccionários de contemporizar com o passado; temos de fazer compreender esses cavalheiros que Bordallo viveu no seu tempo e nós queremos começar a marcar o nosso. Por seu lado Jorge Barradas (a 26/5/14) reivindica: “Eu não sou um combatente, e me não sirvo da caricatura como arma, antes a emprego como fonte criadora de beleza”. Para Almada Negreiros (27/5) a nossa sociedade é uma mina de caricaturas /…/ A nossa sociedade não é senão tabaco ordinário a fingir de fino, numa apresentação bonita. Mais tarde Stuart Carvalhais (na Ideia Nacional de 6/4/1916) acrescentará: “a vida portuguesa caracteriza-se pelo estado de anarquia... devido - honra lhe seja - à geração nova. Mas, estamos ainda na primeira forma de uma acção libertadora: Destruímos... Vamos agora construir!”
Norberto Correia, também em a "República" (23/5) filosofa: Se a caricatura, sendo a representação figurada duma imagem didáctica do pensamento, como parece indicar a sua extrema simplicidade, toma o aspecto bizarro duma figura esguia, de proporções e linhas patrícias, movimentando-se em ritmo, - se se corporiza num todo impessoal, pura criação idealizada no intimo do artista; se impersonaliza as situações, dando-lhes uma feição abstracta - atinge o carácter filosófico, ponto supremo da crítica e síntese - o ar conselheiral dos medíocres soprando os ventos do desprezo e irreverência, e querendo a todo o custo impor a mediocridade como fundo nacional - aponto-a como estrangeira.
Artista assumidamente estrangeirado é Correia Dias
Fernando Correia Dias de Araújo é natural de Penajoia (1892), e viria a suicidar-se no Rio de Janeiro a 19/11/1935. Palavras de Virgílio Ferreira descrevem-no como o mais fino, equilibrado e inteligente artista que tem produzido a geração (in  “A Águia” 1914 pág. 121). Foi o artista que em Portugal se assumiu pela primeira vez na plenitude como designer, inclusive com anuncio na revista “A Rajada” (1912) de que era director Artístico, disponibilizando-se a fazer caricatura, desenhos - Cartazes; vitrais; Capas de Livros; Pastas; Ex-Libris; Piro-Gravuras; Móveis; etc. Desenharia também monumentos fúnebres, cerâmicas, tapetes… Ele conjugará a "síntese modernista" na caricatura, com um pouco de "art nouveau" no design de interiores, um pouco de "arts and crafts" na gravura, no ex-libris…
Deixaria obra impressa em “O Gorro”, "A Farça", “A Rajada” (de que foi Director artístico), “A Águia", "Limia", "Ilustração Portuguesa"… Do Grupo de Coimbra apenas Correia Dias se assumia de imediato como artista, com projectos de futuro.
Nunca tendo abandonado Coimbra, em 1913 começa a preparar uma exposição no Rio de Janeiro, a qual foi sendo adiada, e em 1914 faz essa mesma exposição em Lisboa, partindo então com ele para o Brasil, e aí ficará.
Uma carta sua de 14/6/13 para Luíz Filipe, ele diz: Tenho trabalhado bastante, para a minha futura exposição no Rio de Janeiro. Já conto 54 trabalhos, e conto partir em seis de Junho, se a saúde, a essa data… É que eu conto levar 100. Queria falar-te da minha ida, das condições para vencer no meu futuro, que vejo bem risonho. Mas é impossível aqui. /…/ Têm-me feito um enormíssimo reclame nos jornais… Para tu fazeres uma ideia ouve estas palavras, que vinham num longo artigo, escrito por Carlos Maiel… "que tem diante de si, a acenar-lhe, não muito longe a mão florida e criativa ante o triunfo que há-de coroa-lo como se coroam os heróis antigos".  Não sei onde foi publicado este artigo (mas creio que será referente a uma pequena exposição de caricaturas que realizou nesta cidade), mas ele partia já com alguma certeza de triunfo, pois pede na mesma carta um desenho a Luíz Filipe para figurar no meu futuro Atelier, no Rio.
Mas enquanto esperava partir, se a saúde… ele tinha sido convidado para ser Director Artístico de um jornal em Castelo de Vide (seria a "Terra-Mãe" que a Ilustração Portuguesa apresenta o esboço de capa ?), como ele diz nesta carta, encomendando trabalhos a Luíz Filipe, contudo creio que esse jornal acabou por não se publicar.
De todas as formas em 1914 encontramos uma exposição sua em Lisboa, no Salão da Ilustração Portuguesa. Relata esta revista (a 9/3/14), Antes de ir para o Brazil, quiz Correia Dias, o artista de Coimbra que com A Rajada firmou os seus créditos de ornamentista exímio nos segredos de fazer rir o vasio das páginas e o vasio das paredes, dar uma amostra rápida da obra que se propõe levar Além-Atlantico. /…/ Modelando, fazendo charge ou deixando-se tentar por esta arte novíssima de requintes que é o desenho dos corpos feminis. Agora mais que nunca embriagando os olhos dos artistas de ineditismos, cursos e graças entresonhadas, o artista tem sempre em mira, ao mesmo tempo que satisfaz a sua sensibilidade, prender a dos outros no encanto do colorido e da estilisação graciosa das mais difíceis ironias e dos grotescos mais contundentes….
Virgílio Correia em A Águia (Março 1914), comenta desta forma a exposição: Quem percorre a exposição, seguindo aquele série de quasi cem quadros, notará facilmente uma acentuada diversidade de processos e traços. /Tudo na sua arte é ligeiro, transparente. Até quando magoa o faz com elegância, com linha, sem descompor as figuras em contorcionamentos borrachos de indivíduos alçados sobre botas de palmilhas bocejantes. /…/ Correia Dias tem além disso, quanto a mim, a grande qualidade de apreender em cada cousa o que ela tem de original, por vezes obscuramente artístico, e de o apresentar como uma revelação. Isso se nota tanto nas caricaturas pessoaes, como nas outras, nos barros e especialmente nos desenhos de cousas regionaes. /…/ uma série enorme dos quadrinhos ligeiros, pequenas obras primas de frescura, desenhadas a traço miúdo… é uma obra diáfana de um decorador consumado…
Pelo catálogo editado podemos ter uma ideia do que expôs, e curiosa é a existência de um desenho que se chama "Sinto-me cubista" (a par de uma auto-caricatura cubista de Leal da Câmara estas serão as primeiras obras daquele género a serem expostas em Portugal). Havia também a "Caveiricatura de Leal da Câmara" em barro, como caricaturas de Cristiano Cruz em papel e barro… O Prefácio é do Doutor Teixeira de Carvalho: Mesmo quando ele tenha 20 anos só, é difícil de caracterizar a obra de um caricaturista.
A caricatura é a última conquista da arte. Tudo nela é complexo e novo, desde as mais altas aspirações sociais contemporaneas de que tem sido o arauto, o mais rude combatente, a interpretação artística consagrada, até ao seu modo de ver e de sentir especial, aos seus processos de realisação; tudo é hoje novo, nesta formula d' arte, velha como a humanidade.
A todos fascina a caricatura: desde a criança que, de lábios abertos num sorriso suspenso e malicioso, segue com o olhar brilhante o carvão com que vae traçando devagar na primeira parede os seus ingénuos esboços de organização e de vida, até aos artistas de mais originalidade e de mais subtil pensar.
A caricatura é a ironia. E a ironia é a mais alta expressão do pensamento moderno.
Correia Dias é, como todos os espíritos modernos, um ironista, sem securas didácticas, enternecido. Admirando os seus desenhos, vê-se que as suas personagens foram surpreendidas a viver e que a vida delas o interessou tão intensamente que não poude deixar de comunicar o seu enternecimento, a quem lhe admira a obra.
Creou-se sem mestre, em plena liberdade da admiração da natureza. É um temperamento original e próprio.
/…/ Desta adoração da Vida, que na obra de Correia Dias se encontra no mais pequenino detalhe, vem a sua variedade constante de linha, forma e cor. Correia Dias não tem personagens fixas, manequins, fórmulas a que põe legendas. E não tem também traço certo. O seu traço vive. Acentua-se, vinca a forma, ou atenua-se, acariciando-a.
É variado o traço, como a côr, que vae desde as maiores brutalidades de alguns caricaturistas modernos, até a elegância de perfume dos aguarelistas japonêses.
/…/ A Arte é, qualquer seja a sua forma, essencialmente decorativa. E da admiração da natureza nasce a obra d'arte, para viver no meio dela vida a par de glorificação recíproca. É mais bela a estátua quando a ilumina a luz do sol, quando se recorta no fundo azul do céu.
O encanto sem egual dos soberbos jardins do renascimento vem lhes de neles viverem de mãos dadas a Natureza e a Arte, sua irmã mais nova.
/…/ Os maiores artistas são por isso também os maiores decoradores e d' isso tiram orgulho. Puvis de Chavanne, Besnard, Rodin, Wagner…
A caricatura sofreu a mesma evolução. Os grandes caricaturistas tornaram-se decoradores. E assim nasceu com Villete e Cheret o cartaz, a alegria a decoração da rua.
E há cartazes de mais conhecida influencia na historia da humanidade do que o de veneradas obras primas de arte de todos os tempos.
Nos cartazes, revela Correia Dias todo o senso decorativo que se encontra nos seus moveis de uma linha tão moderna, dentro do conforto e longe das originalidades de mau gosto nos caprichos artísticos correntes.
A sua obra é toda de elegância e distinção.
Neste mesmo ano de 1914, Correia Dias parte para o Brasil, onde se radica, e segundo os Historiadores de Arte Brasileiros, um dos introdutores do modernismo. Desenvolveria a Caricatura, como as artes decorativas, onde se realça a recuperação da cerâmica de inspiração Marajoara. Casar-se-ia com a poetisa Cecília Meireles, e apenas regressará a Portugal em 1934. Suicidar-se-ia após o regresso ao Brasil.
A História da Caricatura Brasileira, de Herman Lima recorda-o desta forma: A actividade do artista português no Rio foi sempre, desde os inícios, intensa e da mais alta categoria, não só em revistas e jornais como também noutras publicações recentemente lançadas, não raro sob seu sinete artístico em chamariz.
/…/ Seu prestigio nas rodas intelectuais da cidade era grande, pelo seu feitio profundamente cordial e por sua fina sensibilidade, donde sua rápida e definitiva adaptação à vida brasileira, que lhe forneceria, com o tempo, o mais rico filão à inspiração e à arte, com o aproveitamento de motivos maravilhosamente decorativos da nossa fauna e da nossa flora, muito da sua predilecção e especialidade.
/…/ Como observa Ruben Gill, "há que admirar o oleiro, o ceramista, o pintor de porcelana, o lavrante da prata, o escultor de madeira; aquêle a afeiçoar o ferro batido e imprimir matizes a fogo no couro; o decorador mural; desenhista de bico-de-pena; água-fortista; autor de charges a nanquim; caricaturista a aguarela e mestre encadernador. A sua obra, vasta e perfeita, ficou representada no Brasil em colecções de jornais e revistas, nos volumes de prosa e poesia, em galerias de particulares e de instituições, e até em construções para as quais executou cerâmica arquitectónica - fontes, portões e azulejos. Há residências no Rio, onde se conservam e exibem com orgulho, bonecas de feltro, tapetes, sombrinhas, abat-jours, exemplos da maestria de Correia Dias em arte aplicada."
Emmérico Nunes será outro artista que realizou uma retrospectiva da sua obra neste ano, em Março. A exposição chamava-se "Arte e Humor", conciliando desenho humorístico com pintura de paisagens, razão porque tinha como subtítulo Pintura e Caricaturas.
Emmérico Hartwich Nunes, como já vimos foi uma figura importante neste movimento modernista, apesar de fisicamente estar ausente. Natural de Lisboa (6/1/1888), é filho de pai português e mãe alemã, numa família ligada às artes (seu pai às artes plásticas, e sua mãe à poesia e música e pintura), cedo manifestou as suas tendências artísticas. Como ele escreveu na auto-biografia: Aí por volta dos maus 10 anos, um dia comprei um copiógrafo e, de colaboração com um dos meus primos, que também tinha jeiteira para o desenho, «editamos» um semanário humorístico a que demos o nome de Risota. Esse semanário de quatro páginas era desenhado por nós dois, e com prosa da nossa autoria: crítica de assuntos familiares, de política nacional e até internacional.
Enquanto a sua mãe o apoiava nas suas paixões humorísticas, assinando "A Marselheza", "A Corja", "A Paródia" (ele confessa nesta biografia a sua paixão por Raphael e Leal da Câmara), assim como revistas alemãs de humor como o "Fliegende Blater" de Munique", o seu pai impunha-lhe um curso comercial.
Depois de grande luta, em 1904 consegue matricular-se nas Belas Artes, e seu pai para testar seu valor consulta o Mestre Malhoa, que o aconselha: Acho que faz bem em tirar o pequeno da Escola e se pode mande-o para Paris. Aqui estará 8 anos a marcar passo, em Paris o ambiente e os métodos de ensino são outros e se ele souber aproveitar farão dele um artista em metade do tempo. Em 1906 segue ir para a cidade luz, onde se manteve até 1910. Em 1911 segue para Munique, onde inicia a sua carreira de humorista no jornal "Meggendorfer Blatter". Em 1914, devido à Grande Guerra muda-se para a Suiça (Zurique), mantendo a colaboração com aquele jornal alemão, e realizando diversas exposições de pintura e caricatura. Só regressará a Lisboa em 1918, ou seja todas as exposições: Salão Livre de 11, Salões de Humoristas de 12 e 13, exposição individual de 14, nunca teve a sua presença física. De todas as formas as suas obras, seja nas exposições, seja em jornais tiveram sempre grande impacto na juventude modernista, carente de fontes além-fronteiras.
No âmbito político internacional, eclodiu a guerra na Europa. Portugal desde logo se viu dividido entre os que defendiam a neutralidade, e os que optavam pela aliança com a Inglaterra e França. Estas quezílias estavam também interligadas com as divisões entre as opções partidárias. Afonso Costa, defensor da nossa intervenção, era o político mais odiado e amado.
O confronto monárquico-republicano vinha de longe, e se Outubro de 1910 foi a derrota de uns, a vitória de outros em breve degenerou numa corrida ao poleiro (Enquanto os galos - Afonso e Almeida - se batem, o pavão - Bernardino - governa sentindo cordealmente, de dentro da alma e do topo do seu poleiro o desejo de que se matem um ao outro. Stuart in "Papagaio Real" 1914), destacando-se nessa corrida, históricos como Brito Camacho, que fundou a 'Lucta' e só para ela vive. Para greves tem graves soluções, ironia e artigos de escacha; um António José d' Almeida médico e ministro do interior da gente e da nação. A eloquência e a ordem. E se não houver ordem, há no Carmo o Zás e Zás traz Paz; etc… e o Afonso Costa, o Pombal do Terreiro do Paço (Joaquim Guerreiro in "A Sátira" 1911)...
Os monárquicos farão de Afonso Costa o bode expiatório de todos os males da Republica - Afonso no poder qual Czar repoltreado / O povo já não ri, já não trabalha e canta / n' este terror da Europa à beira-mar alçado / aonde outrora havia a Paz suave e santa (in "O Thalassa" 1914). Ele encarnava o extremismo republicano, o mal de que Jesus fugiria (Fugiu assim que te viu… Diz a isso que farto de más companhias ficou ele no Calvário… Stuart in "Papagaio Real" 1914); o 'Scarpia' que aterroriza; o 'Pombal' que tudo reforma, alterando a pacatez dos direitos consuetudinários; é o estadista dos superavits, da ambocada, do ópio de Macau, da separação… (in "O Thalassa" 1914); a demagogia republicana, em o Milagre do santo - 1º quebra a bilha… das promessas nas costas do Zé enganado; 2º falando aos peixes… espadas (polícia) para encherem a barriguinha aos pobres (Alonso, in "O Thalassa" 1913).


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