Saturday, March 09, 2013
Rosário Breve - Uma gala e o magalinha Crónica de Daniel Abrunheiro
Não sei se há (não) vamos pela grândola-vila-morena.
Sei que não vamos lá pelo marinho-pinto, o “marinho-da-ANOP” de antigamente.
Também sei que, sobre a minha banca de trabalho, ensebada de má literatura pela
derme da almofada dextra da minha mão escriba, dois documentos se contradizem e
re-ligam. Não é contradição. Falo do discurso de 30 de Janeiro do corrente que
o corrente Bastonário da AO perorou, ou latiu, ou rosnou, ou professou, e da
Cartilha de Higiene que o Ministério da Guerra interessou e endereçou ao
“soldado português” de 1912 via Imprensa Nacional. A caca é a mesma. A
antecipação é minha. Provas? Ei-las.
Diz o Marinho, de cordão dourado
atravessado e citando poetas que não percebe, não consome & não consuma:
“Hoje, em Portugal.”
Ora, isto é inaceitável. O
Marinhozitozinho, se há coisa que não percebe, é hoje Portugal. A gente comum
não pode ser, nem é, só hoje e só Portugal. A gente não pode ser só pequenito
de corpo e da alma. A gente tem mais é de ter cuidado com as meninas. Cartilha de Higiene de 1912.
“As doenças invisíveis são produzidas por germes chamados micróbios.” O asseio
da justiça e o do corpo são indissociáveis. Não se pode, tendo lido deveras
Jorge de Sena, cheirar mal dos pés pela boca. Ora, o “poeta castrado” do nosso
Óscar Wilde, vulgo Ary dos Santos fica mal a um pequenito que recorda, a um
cronista mal intencionado, o terrier
mínimo que ladra muito, morde nada e quer ser PGR.
Eu, ri-me sala-domesticamente,
com a minha senhora perante a invasiva poética do Marinho da “ANOP-top-top”.
Como tenho bibliografia e interesse afecto-emotivo-sexual de primeira-água pela
minha senhora, disse-lhe, a ela, pensando nele, Marinho Pinto, o seguinte: “O
asseio é a primeira condição da saúde.”
E ela assim para mim: Mas olha
que o Marinho.
E eu assim para ela: Amor, não
queiras ser procuradora-geral assim tão de repente.
Recordo comigo, que, eu cito
porque sou inteligente e escrevo n’O Ribatejo:
“Não é vergonha para o soldado, e
não é vergonha para nenhum homem, o ser tocado de doença venérea.”
Portanto, Marinho, citador do meu
Jorge de Sena, isto:
“ O esquentamento, quando é mal
curado, dá em crónico: quer dizer, nunca desaparece de todo (…)”.
Por isso, colega, cita o Ary
esquerdelho que te apetecer, mas isto deixo em papel escrito: és pequenito, és
pequenito, nunca hás-de deixar de ser pequenito.
Terra da fraternidade.