Sunday, April 01, 2012
Vimaranenses ilustres (6) - Fernando Távora… por Miguel Salazar
Fernando Luís Cardoso de Meneses de Tavares e Távora, nasceu no Porto, a 25 de Agosto de 1923.
Licenciou-se em Arquitectura, na Escola Superior de Belas Artes do Porto, em 1952.
Durante mais de 40 anos, Fernando Távora dedicou-se ao ensino e à formação de novos arquitectos.
Foi Presidente da Comissão Instaladora da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto e membro da Comissão Instaladora da da Universidade de Coimbra e da da Universidade do Minho (em Guimarães). Deu aulas de Arquitectura na Universidade de Coimbra. Esta Universidade, tal como a de Veneza, concederam-lhe o título de Doutor “Honoris causa”. Foi Comendador da Ordem de Santiago de Espada.
As obras mais importantes de Fernando Távora foram realizadas na cidade de Guimarães, que ele considerava como sendo sua. O primeiro projecto foi realizado em Creixomil – o Bairro da Santa Catarina –, quando ainda era estudante. Seguiram-se a Posto de Abastecimento do Castanheiro, o edifício da Assembleia de Guimarães, a recuperação da Pousada de Santa Marinha da Costa (que lhe deu o Prémio Nacional de Arquitectura), o Plano Geral de Urbanização de Guimarães (em conjunto com Alfredo Matos Ferreira), o restauro e reabilitação da sua Casa da Covilhã (em Fermentões), o restauro da Casa da Rua Nova (actual sede do GTL, com o qual conquistou o Prémio Europa Nostra), a Reabilitação do Centro Histórico de Guimarães (Prémio Real Fundación de Toledo), a reabilitação e restauro de habitação rural em Santo Estêvão de Briteiros, o edifício da PSP e o edifício da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Minho (na cidade de Guimarães). Para além de todos os prémios já referidos, Fernando Távora foi ainda distinguido com o primeiro prémio de Arquitectura da Fundação Calouste Gulbenkian e o Prémio Turismo e Património 85.
Foi por esta ligação afectiva à nossa cidade, que se tornou sócio da Sociedade Martins Sarmento e da Muralha (Associação de Guimarães para a Defesa do Património).
O trabalho desenvolvido por Fernando Távora, principalmente aquele que esteve relacionado com a recuperação do Centro Histórico, foi da mais crucial importância para o reconhecimento da UNESCO e para a sua classificação como Património Mundial.
Em boa verdade, se hoje estamos a celebrar a Capital Europeia da Cultura, em Guimarães, foi em grande parte graças à acção de Fernando Távora.
A importância dos serviços por si prestados, foi reconhecida pela autarquia em 2003, altura em que, muito justamente, lhe foi concedida a Medalha de Ouro da Cidade de Guimarães.
O seu amor pela cidade levou-o a passar muito do seu tempo na Casa da Covilhã, em Fermentões, onde de resto viria a estar em câmara ardente.
Fernando Távora faleceu em Setembro de 2005.
Em sua honra, a Ordem dos Advogados instituiu um Prémio anual com o seu nome, para a melhor proposta de viagem de investigação.
Foi um dos maiores vultos da Arquitectura Contemporânea Portuguesa, fundador e Mestre da chamada "escola do Porto", que soube fazer, como ninguém, a síntese entre a arquitectura tradicional nacional (marcante na sua obra dos anos 50 e 60) e a arquitectura moderna internacional (bem presente nos seus projectos dos anos 80 e 90). Avesso a roturas, Távora foi o autor da continuidade, para quem uma obra arquitectónica tem de ser entendida no contexto do ambiente envolvente.
Como o próprio dizia…
"eu sou a arquitectura portuguesa"
Fernão Rinada