Friday, March 09, 2012
Vimaranenses ilustres (4) - Alberto Sampaio… por Miguel Salazar
“Um dia, sem sabermos bem porquê, vemo-nos impelidos por uma corrente que determina o nosso percurso.”
Alberto Sampaio
Alberto da Cunha Sampaio, nasceu em Guimarães, na rua dos Mercadores (actual rua da Raínha), no ano de 1841.
Estudou em Vila Nova de Famalicão, em Braga e licenciou-se em Direito, na Universidade de Coimbra.
Em 1869, integrou a filial de Guimarães da Associação Arqueológica de Lisboa. Em 1873, foi um dos fundadores da Companhia dos Banhos de Vizela, subscrevendo, no ano seguinte, o contrato para o aproveitamento das nascentes das águas medicinais de Vizela e para a construção do estabelecimento de banhos.
Esteve intimamente ligado à fundação da Sociedade Martins Sarmento, tendo sido proclamado seu sócio honorário, em 1891.
Alberto Sampaio foi a alma mater da Grande Exposição Industrial de Guimarães (1884), promovida pela mesma Sociedade Martins Sarmento.
Tentou então enveredar por uma carreira política, apresentando-se como candidato a deputado pelo Círculo de Guimarães. No entanto, perdeu essa eleição para João Franco, com apenas 3% dos votos. Em 1892, recusou o lugar de deputado, dizendo…
"Céptico, excêntrico, cada vez mais separado do mundo, nada tenho que fazer em Lisboa, como representante de quaisquer eleitores"
Em 1887, colaborou com Oliveira Martins no Projecto de Lei de Fomento Rural.
Mas foi como historiador que Alberto Sampaio mais se notabilizou.
Foi pioneiro da história económica e social, sendo autor dos primeiros estudos de história agrária em Portugal, com a publicação do primeiro artigo da série “A propriedade e a cultura do Minho” (na Revista de Guimarães, em 1885) a que deu continuidade, mais tarde, com obras como “As vilas do Norte de Portugal”. Alberto Sampaio deu ainda um forte impulso aos estudos sobre o desenvolvimento marítimo, ao escrever textos como “O Norte marítimo” e “As Póvoas Marítimas do Norte de Portugal”.
No início de 1900, após as mortes de Martins Sarmento e do seu irmão (José Sampaio), retirou-se para a sua casa de Famalicão, onde viria a falecer em 1908, com 67 anos de idade.
Em 1923, Luís de Magalhães publicou o essencial da sua obra científica, numa colectânea em dois volumes – “Estudos Históricos e Económicos”.
A importância do trabalho desenvolvido por Alberto Sampaio foi reconhecida pela sua cidade, que resolveu atribuir o seu nome a uma das suas principais avenidas, e também ao Museu que inaugurou no ano de 1928. Alberto Sampaio tem um monumento, erigido em sua honra e memória, no largo dos Laranjais.
Braga resolveu também prestar-lhe homenagem, dando o nome de Alberto Sampaio a uma das suas escolas secundárias, e Vila Nova de Famalicão fez o mesmo em relação ao seu Arquivo Municipal.
O etnógrafo Luís Chaves disse a seu respeito que…
“foi um historiador completo. Escreveu a História com arte e imaginação”
Alberto Sampaio deu uma nova perspectiva ao modo de escrever a História. A esse respeito, escreveu Jaime de Magalhães Lima…
“Grandes individualidades puderam formar e reger grandes governos, mas só a grandeza dos povos significará e alimentará a grandeza das nações. O primeiro acto de uma nova e mais justa concepção da história nacional será libertar-nos do fetichismo das individualidades e contemplarmos as energias da grei, tal qual aprendemos na lição magnífica que Alberto Sampaio nos legou”…
Fernão Rinada