Sunday, September 12, 2010
Francisco Zambujal, o Homem, o Farense, o Pedagogo o Mestre da Caricatura - Homenagem em Faro até 8 de Outubro 2010
Por: Osvaldo Macedo de Sousa
Francisco Manuel Marvão Gordilho Zambujal (Moura 15/1/1935 – 12/4/1990). Após quatro anos na Amareleja e um ano em Beja, a família radica-se em Faro, terra de crescimento, estudos e trabalhos de Francisco Zambujal. Só saiu daqui para Férias Estudante brilhante, Francisco prosseguiu os estudos na Escola Industrial e Comercial de Faro e depois no Magistério Primário.
Recordado como um homem elegante, de uma educação requintada, sempre com uma palavra de espírito, balançava entre a timidez e a descontracção de um humor inteligente, fazendo qualquer um sentir-se bem a seu lado. Como refere seu irmão, "era muito tranquilo, tinha prazer na vida que tinha. Só se indignava com as iniquidades dos outros. Nisso era muito rígido.".
Professor durante 33 anos, na Escola nº 1 de S. Luís, muitas gerações de Farenses teve a sorte de passar pela sua cátedra. A vida de professor nem sempre é fácil mas nas décadas de 60, 70, o professorado era mesmo muito mal pago e, para além do prazer de ensinar, o prof. Zambujal decidiu complementar o ordenado como explicador, nas disciplinas de Matemática e Físico-Químicas, fosse para alunos do Liceu, fosse para o Industrial e Comercial. Se era popular como professor primário, pela sua pedagogia e afabilidade, como explicador era considerado, por muitos pais, como um "santo milagreiro" já que de estudantes desesperados, maus alunos renitentes que os pais em desespero de causa e, apesar de pensarem que a raposa era inevitável, ele conseguia fazer o milagre de ver a maioria deles triunfar em exame. Foi ainda coordenador da Direcção Geral da Educação de Adultos, ensinou desenho na Escola do Magistério Primário de Faro, entre outras actividades.
O desenho foi sempre um gesto do seu quotidiano e que se tornaria em segunda profissão. Excelente fisionomista, bastava olhar duas vezes para uma pessoa para lhe apanhar os traços essenciais e logo lhe ficava marcada na memória o rosto, passando, a partir desse momento, a estar apto para brincar com os "fácies" dos colegas de escola, dos professores, dos amigos de café…
Na imprensa fez a sua primeira incursão em 1953, no jornal “ Benfica” no qual fez colaborações esporádicas até 57. Com a sua entrada em 1963 para a redacção de A Bola, transformou-se em caricaturista “profissional”, impondo-se como um ícone do humor desportivo, um cronista da história de três décadas do desporto em Portugal.
Mas, a sua actividade jornalística não se resumiu à Bola. Assim, no âmbito regional do Algarve podemos constatar que correspondeu a diversos pedidos, nomeadamente para o "Elo" (Mensário do pessoal da Império-Sagres); "Açoteia" (Índice do Progresso Literário Juvenil), "Al Faghar", "Jornal do Algarve",. Não sendo restrita ao Algarve, mas ligada ao mundo de grande desenvolvimento nesta zona - a Hotelaria - responderia a solicitações das revistas "Bar" (Rev. dos Barmen Portugueses) "Rabo de Galo" (Rev dos Barmen do Algarve) e "Hotelaria".
No âmbito da imprensa nacional, a postura de Francisco era ambígua, como ele próprio escreveu: "Não sendo profissional, mas trabalhando com sentido profissional, muitas vezes senti a minha actividade prejudicada por estes factores." Por um lado, o tempo disponível, por outro a distância que dificultava não só o tempo de chegada da notícia, agravada com o tempo de reacção, porque, principalmente na política, o cartoon vive da actualidade imediata e com alguma dificuldade Zambujal, em Faro, teria tempo de reacção para manter um trabalho contínuo. Mesmo assim, podemos encontrar trabalhos seus nos jornais noticiosos "O Século", "Correio da Manhã", "Diário de Notícias", "Expresso", "123 revista" "Sul Desportivo" e com uma presença mais significativa no "Sete", "O Jornal" e "Pão com Manteiga". Este aumento de colaborações verificou-se essencialmente no final da década de setenta e oitenta.
O humor é, tem que ser, um exercício psicológico. "Sendo algo de muito complexo - dir-me-ia Francisco Zambujal - definiria o humor simplesmente como a arte de fazer sorrir de forma inteligente. Tudo o que provoca o riso boçal não é humor, mas sim uma forma de estupidificação. Creio que o humor português se afirma demasiadas vezes pela negativa, isto é, "gozamos" muito com as nossas próprias desgraças, ainda por cima nem sempre abordadas de forma mais inteligente. Os alvos são, quase invariavelmente, os mesmos: a crise, o Governo, a Televisão… O que, para além de cansativo, se torna monótono, roubando a força e o impacto que o mesmo tipo de humor teria se usado em doses menos maciças. Quanto mais um acontecimento se transforma em hábito, menos se dá por ele."
Recordado como um homem elegante, de uma educação requintada, sempre com uma palavra de espírito, balançava entre a timidez e a descontracção de um humor inteligente, fazendo qualquer um sentir-se bem a seu lado. Como refere seu irmão, "era muito tranquilo, tinha prazer na vida que tinha. Só se indignava com as iniquidades dos outros. Nisso era muito rígido.".
Professor durante 33 anos, na Escola nº 1 de S. Luís, muitas gerações de Farenses teve a sorte de passar pela sua cátedra. A vida de professor nem sempre é fácil mas nas décadas de 60, 70, o professorado era mesmo muito mal pago e, para além do prazer de ensinar, o prof. Zambujal decidiu complementar o ordenado como explicador, nas disciplinas de Matemática e Físico-Químicas, fosse para alunos do Liceu, fosse para o Industrial e Comercial. Se era popular como professor primário, pela sua pedagogia e afabilidade, como explicador era considerado, por muitos pais, como um "santo milagreiro" já que de estudantes desesperados, maus alunos renitentes que os pais em desespero de causa e, apesar de pensarem que a raposa era inevitável, ele conseguia fazer o milagre de ver a maioria deles triunfar em exame. Foi ainda coordenador da Direcção Geral da Educação de Adultos, ensinou desenho na Escola do Magistério Primário de Faro, entre outras actividades.
O desenho foi sempre um gesto do seu quotidiano e que se tornaria em segunda profissão. Excelente fisionomista, bastava olhar duas vezes para uma pessoa para lhe apanhar os traços essenciais e logo lhe ficava marcada na memória o rosto, passando, a partir desse momento, a estar apto para brincar com os "fácies" dos colegas de escola, dos professores, dos amigos de café…
Na imprensa fez a sua primeira incursão em 1953, no jornal “ Benfica” no qual fez colaborações esporádicas até 57. Com a sua entrada em 1963 para a redacção de A Bola, transformou-se em caricaturista “profissional”, impondo-se como um ícone do humor desportivo, um cronista da história de três décadas do desporto em Portugal.
Mas, a sua actividade jornalística não se resumiu à Bola. Assim, no âmbito regional do Algarve podemos constatar que correspondeu a diversos pedidos, nomeadamente para o "Elo" (Mensário do pessoal da Império-Sagres); "Açoteia" (Índice do Progresso Literário Juvenil), "Al Faghar", "Jornal do Algarve",. Não sendo restrita ao Algarve, mas ligada ao mundo de grande desenvolvimento nesta zona - a Hotelaria - responderia a solicitações das revistas "Bar" (Rev. dos Barmen Portugueses) "Rabo de Galo" (Rev dos Barmen do Algarve) e "Hotelaria".
No âmbito da imprensa nacional, a postura de Francisco era ambígua, como ele próprio escreveu: "Não sendo profissional, mas trabalhando com sentido profissional, muitas vezes senti a minha actividade prejudicada por estes factores." Por um lado, o tempo disponível, por outro a distância que dificultava não só o tempo de chegada da notícia, agravada com o tempo de reacção, porque, principalmente na política, o cartoon vive da actualidade imediata e com alguma dificuldade Zambujal, em Faro, teria tempo de reacção para manter um trabalho contínuo. Mesmo assim, podemos encontrar trabalhos seus nos jornais noticiosos "O Século", "Correio da Manhã", "Diário de Notícias", "Expresso", "123 revista" "Sul Desportivo" e com uma presença mais significativa no "Sete", "O Jornal" e "Pão com Manteiga". Este aumento de colaborações verificou-se essencialmente no final da década de setenta e oitenta.
O humor é, tem que ser, um exercício psicológico. "Sendo algo de muito complexo - dir-me-ia Francisco Zambujal - definiria o humor simplesmente como a arte de fazer sorrir de forma inteligente. Tudo o que provoca o riso boçal não é humor, mas sim uma forma de estupidificação. Creio que o humor português se afirma demasiadas vezes pela negativa, isto é, "gozamos" muito com as nossas próprias desgraças, ainda por cima nem sempre abordadas de forma mais inteligente. Os alvos são, quase invariavelmente, os mesmos: a crise, o Governo, a Televisão… O que, para além de cansativo, se torna monótono, roubando a força e o impacto que o mesmo tipo de humor teria se usado em doses menos maciças. Quanto mais um acontecimento se transforma em hábito, menos se dá por ele."