Wednesday, September 01, 2010
“Campanha bufa – Porco no espeto na safra de Vale Tudo” de Casimiso Simões
Caros amigos e amigas,
À hora em que o meu livro “Campanha bufa – Porco no espeto na safra de Vale Tudo” já se encontra em impressão, informo-vos de aspetos que podem merecer atenção desde já, contando com a vossa presença no lançamento.
A apresentação é no dia 11 de setembro, às 15 horas, na Sociedade Filarmónica Lousanense, a 250 metros da Câmara Municipal da Lousã.
“Campanha bufa” é dedicada a António Arnaut, Louzã Henriques, António Luzio Vaz, João Poiares Malta, Zilda Carvalho, Palmira Sales e João Mesquita (estes dois últimos a título póstumo) que deverão estar presentes ou ser representados na apresentação. O livro é uma sátira e constitui ainda uma singela homenagem à Sociedade Filarmónica Lousanense.
Com formato de bolso e 160 páginas, editado pelo autor, o livro deverá estar à venda nalguns locais ainda esta semana, pelo menos na Lousã e em Coimbra, numa primeira fase.
Na semana passada, ao dar os últimos retoques na prosa, decidi dedicar especialmente esta minha obra à Sociedade Filarmónica Lousanense (SFL) e a sete cidadãos, alguns falecidos, “que, de algum modo, serviram a República e a democracia com o mais terno sentido do dever”: António Arnaut, Louzã Henriques, António Luzio Vaz, Palmira Sales, João Mesquita, João Poiares Malta e Zilda Carvalho.
Digo resumidamente abaixo, na introdução do livro intitulada “O papagaio sobe contra o vento”, quem são estes homens e mulheres, bem como a SFL, enquanto mais antiga coletividade da vila da Lousã, ficando assim justificada a minha decisão de os evocar no contexto das comemorações do centenário da implantação da República.
Mais algumas novidades: concebido sob o signo do porco (o primeiro tinha o burro como figura tutelar!), este meu segundo livro é todo escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico. A apresentação, antes prevista para o auditório da Biblioteca Municipal, será realizada na sede da Filarmónica Lousanense, por razões estéticas e de espaço, mas também para vincar a importância de homenagear esta instituição cultural a propósito da efeméride republicana.
Têm abaixo uma pequena dedicatória inserida no início do livro e a minha introdução ("O papagaio sobre contra o vento"). A capa (da autoria de Carlos Alvarinhas, tal como as ilustrações) segue em anexo, podendo vocês cortar e divulgar o rosto. Apenas o rosto.
Recordo que o prefácio é do historiador Amadeu Carvalho Homem, professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, que também irá apresentar a obra. Apresentará o autor a jornalista Leonete Botelho, editora de Política do jornal Público.
Abraços.
Casimiro Simões
Campanha bufa Porco no espeto na safra de Vale Tudo
Dedico este livro aos protagonistas mais íntegros da República Portuguesa sonhada em 1910 e a todos os que preservaram o ideal republicano nestes cem anos. Deixo também uma forte gargalhada em louvor da liberdade de imprensa. Na vila de Vale Tudo, estarão hoje mais impunes os inimigos da República?
O PAPAGAIO SOBE CONTRA O VENTO
Decidi escrever um segundo livro, após uma primeira experiência literária há menos de um ano, quando publiquei Com as botas do meu pai – Pegadas do poder autárquico na vila de Vale Tudo, este concebido como sátira a um certo modo de exercer o poder local no Portugal que já mal frui a chama fraterna do 25 de Abril, na Pátria que cambaleia perante novas ameaças à vontade democrática, à liberdade de expressão sem mordaças, em especial à liberdade de imprensa, à participação dos cidadãos na vida pública e, em geral, ao Estado de Direito Democrático.
Ameaças que estão aí no quotidiano de milhões de seres humanos, no emprego (e cada vez mais no desemprego!), na educação e na cultura, no acesso à saúde e à justiça (uma Justiça que seja de espada vertical, que não deixe impunes os crimes dos mais poderosos, a começar pelos usurpadores da res publica).
Com as botas do meu pai teve dos leitores um acolhimento inesperado, muito positivo, um genuíno incentivo para eu, jornalista há quase trinta anos, prosseguir também na prosa literária o grande desafio – e a enorme urgência, nestes tempos enevoados – de fazer o papagaio de papel subir contra o vento como nas nossas infâncias.
O primeiro livro alcançou os principais objetivos, ao fazer rir e refletir a maioria dos que o leram. Não conheci comentários diretos dos que porventura enfiaram alguns barretes. Dessas bandas, chegaram sim ecos da mais primária vingança situacionista e os típicos atos censórios de todas as ditaduras.
Nasceu então em finais de 2009, com redobrado entusiasmo, a ideia de avançar para uma nova obra que satirizasse, desta vez, uma campanha autárquica em Vale Tudo. Cedo reconheci, no entanto, que a campanha bufa – local, nacional ou global – é afinal permanente, galopante e absurda.
Seria, por isso, muito redutor cingir-me ao curto período de uma safra eleitoral propriamente dita, de quatro em quatro anos, com ou sem porco no espeto e bugigangas várias para inebriar eleitor.
A campanha bufa, zoada infernal de vuvuzelas, espécie de seja o que Deus quiser onde talvez alguém escape entre mortos e feridos, é afinal quotidiana e doentia, cada vez mais perigosa para a vida democrática. Temos agora Campanha bufa – Porco no espeto na safra de Vale Tudo, que retoma um olhar apreensivo sobre o atual rumo da República, simbolizada no microcosmos de Vale Tudo, algures no interior profundo da Pátria justa sonhada pelo beirão Afonso Costa, líder da I República, e demais protagonistas íntegros da causa republicana, assim como os que resistiram depois às arbitrariedades do poder político nestes cem anos, em ditadura mas também em democracia. Tal como numa ópera bufa, esta campanha tem servos e trapaceiros, velhos e avarentos e até jovens fidalgos, como o vereador Franganito e os netos do salazarista Sandoeira.
No livro (que repete a participação do gráfico Carlos Alvarinhas como autor da capa e das ilustrações, cabendo novamente a paginação a Jorge Sêco), um conterrâneo de José João Jorge radicado nos Estados Unidos envia uma mensagem de solidariedade ao jornalista, a braços com mais um processo judicial movido pelo cacique de Vale Tudo. Lembra-lhe o emigrante que o papagaio sobe sempre e apenas contra o vento!
Dedico especialmente este livro a sete cidadãos que fizeram da vida uma séria corrida contra o vento ou que, de algum modo, serviram a República e a democracia com o mais terno sentido do dever: António Arnaut (antigo ministro dos Assuntos Sociais e criador do Serviço Nacional de Saúde), António Luzio Vaz (administrador dos Serviços de Acção Social da Universidade de Coimbra durante trinta anos), João Mesquita (jornalista falecido em 2009, foi presidente do Sindicato dos Jornalistas), João Poiares Malta (nascido em 1910, enquanto jovem operário lutou pela jornada diária de oito horas de trabalho, tendo representado o jornal Trevim na sua loja da Lousã nos últimos anos da ditadura), Manuel Louzã Henriques (médico antifascista, foi impulsionador do Museu Etnográfico da Lousã), Palmira Sales (professora de
instrução primária, sempre amiga dos mais fracos, destacou-se na defesa das diferentes expressões da cultura popular da região) e Zilda Carvalho (oriunda de uma família de republicanos da Lousã, estava noiva de Ismael Fernandes “Leiteiro” em 1936, quando este jovem morreu em combate na Revolta dos Marinheiros).
De igual modo, rendo homenagem à Sociedade Filarmónica Lousanense, com grande peso republicano na sua história centenária, escola de música e cidadania desde 1897. Um próximo livro virá para rematar a trilogia republicana que resolvi escrever.
Lousã, 15 de agosto de 2010
Casimiro Simões
À hora em que o meu livro “Campanha bufa – Porco no espeto na safra de Vale Tudo” já se encontra em impressão, informo-vos de aspetos que podem merecer atenção desde já, contando com a vossa presença no lançamento.
A apresentação é no dia 11 de setembro, às 15 horas, na Sociedade Filarmónica Lousanense, a 250 metros da Câmara Municipal da Lousã.
“Campanha bufa” é dedicada a António Arnaut, Louzã Henriques, António Luzio Vaz, João Poiares Malta, Zilda Carvalho, Palmira Sales e João Mesquita (estes dois últimos a título póstumo) que deverão estar presentes ou ser representados na apresentação. O livro é uma sátira e constitui ainda uma singela homenagem à Sociedade Filarmónica Lousanense.
Com formato de bolso e 160 páginas, editado pelo autor, o livro deverá estar à venda nalguns locais ainda esta semana, pelo menos na Lousã e em Coimbra, numa primeira fase.
Na semana passada, ao dar os últimos retoques na prosa, decidi dedicar especialmente esta minha obra à Sociedade Filarmónica Lousanense (SFL) e a sete cidadãos, alguns falecidos, “que, de algum modo, serviram a República e a democracia com o mais terno sentido do dever”: António Arnaut, Louzã Henriques, António Luzio Vaz, Palmira Sales, João Mesquita, João Poiares Malta e Zilda Carvalho.
Digo resumidamente abaixo, na introdução do livro intitulada “O papagaio sobe contra o vento”, quem são estes homens e mulheres, bem como a SFL, enquanto mais antiga coletividade da vila da Lousã, ficando assim justificada a minha decisão de os evocar no contexto das comemorações do centenário da implantação da República.
Mais algumas novidades: concebido sob o signo do porco (o primeiro tinha o burro como figura tutelar!), este meu segundo livro é todo escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico. A apresentação, antes prevista para o auditório da Biblioteca Municipal, será realizada na sede da Filarmónica Lousanense, por razões estéticas e de espaço, mas também para vincar a importância de homenagear esta instituição cultural a propósito da efeméride republicana.
Têm abaixo uma pequena dedicatória inserida no início do livro e a minha introdução ("O papagaio sobre contra o vento"). A capa (da autoria de Carlos Alvarinhas, tal como as ilustrações) segue em anexo, podendo vocês cortar e divulgar o rosto. Apenas o rosto.
Recordo que o prefácio é do historiador Amadeu Carvalho Homem, professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, que também irá apresentar a obra. Apresentará o autor a jornalista Leonete Botelho, editora de Política do jornal Público.
Abraços.
Casimiro Simões
Campanha bufa Porco no espeto na safra de Vale Tudo
Dedico este livro aos protagonistas mais íntegros da República Portuguesa sonhada em 1910 e a todos os que preservaram o ideal republicano nestes cem anos. Deixo também uma forte gargalhada em louvor da liberdade de imprensa. Na vila de Vale Tudo, estarão hoje mais impunes os inimigos da República?
O PAPAGAIO SOBE CONTRA O VENTO
Decidi escrever um segundo livro, após uma primeira experiência literária há menos de um ano, quando publiquei Com as botas do meu pai – Pegadas do poder autárquico na vila de Vale Tudo, este concebido como sátira a um certo modo de exercer o poder local no Portugal que já mal frui a chama fraterna do 25 de Abril, na Pátria que cambaleia perante novas ameaças à vontade democrática, à liberdade de expressão sem mordaças, em especial à liberdade de imprensa, à participação dos cidadãos na vida pública e, em geral, ao Estado de Direito Democrático.
Ameaças que estão aí no quotidiano de milhões de seres humanos, no emprego (e cada vez mais no desemprego!), na educação e na cultura, no acesso à saúde e à justiça (uma Justiça que seja de espada vertical, que não deixe impunes os crimes dos mais poderosos, a começar pelos usurpadores da res publica).
Com as botas do meu pai teve dos leitores um acolhimento inesperado, muito positivo, um genuíno incentivo para eu, jornalista há quase trinta anos, prosseguir também na prosa literária o grande desafio – e a enorme urgência, nestes tempos enevoados – de fazer o papagaio de papel subir contra o vento como nas nossas infâncias.
O primeiro livro alcançou os principais objetivos, ao fazer rir e refletir a maioria dos que o leram. Não conheci comentários diretos dos que porventura enfiaram alguns barretes. Dessas bandas, chegaram sim ecos da mais primária vingança situacionista e os típicos atos censórios de todas as ditaduras.
Nasceu então em finais de 2009, com redobrado entusiasmo, a ideia de avançar para uma nova obra que satirizasse, desta vez, uma campanha autárquica em Vale Tudo. Cedo reconheci, no entanto, que a campanha bufa – local, nacional ou global – é afinal permanente, galopante e absurda.
Seria, por isso, muito redutor cingir-me ao curto período de uma safra eleitoral propriamente dita, de quatro em quatro anos, com ou sem porco no espeto e bugigangas várias para inebriar eleitor.
A campanha bufa, zoada infernal de vuvuzelas, espécie de seja o que Deus quiser onde talvez alguém escape entre mortos e feridos, é afinal quotidiana e doentia, cada vez mais perigosa para a vida democrática. Temos agora Campanha bufa – Porco no espeto na safra de Vale Tudo, que retoma um olhar apreensivo sobre o atual rumo da República, simbolizada no microcosmos de Vale Tudo, algures no interior profundo da Pátria justa sonhada pelo beirão Afonso Costa, líder da I República, e demais protagonistas íntegros da causa republicana, assim como os que resistiram depois às arbitrariedades do poder político nestes cem anos, em ditadura mas também em democracia. Tal como numa ópera bufa, esta campanha tem servos e trapaceiros, velhos e avarentos e até jovens fidalgos, como o vereador Franganito e os netos do salazarista Sandoeira.
No livro (que repete a participação do gráfico Carlos Alvarinhas como autor da capa e das ilustrações, cabendo novamente a paginação a Jorge Sêco), um conterrâneo de José João Jorge radicado nos Estados Unidos envia uma mensagem de solidariedade ao jornalista, a braços com mais um processo judicial movido pelo cacique de Vale Tudo. Lembra-lhe o emigrante que o papagaio sobe sempre e apenas contra o vento!
Dedico especialmente este livro a sete cidadãos que fizeram da vida uma séria corrida contra o vento ou que, de algum modo, serviram a República e a democracia com o mais terno sentido do dever: António Arnaut (antigo ministro dos Assuntos Sociais e criador do Serviço Nacional de Saúde), António Luzio Vaz (administrador dos Serviços de Acção Social da Universidade de Coimbra durante trinta anos), João Mesquita (jornalista falecido em 2009, foi presidente do Sindicato dos Jornalistas), João Poiares Malta (nascido em 1910, enquanto jovem operário lutou pela jornada diária de oito horas de trabalho, tendo representado o jornal Trevim na sua loja da Lousã nos últimos anos da ditadura), Manuel Louzã Henriques (médico antifascista, foi impulsionador do Museu Etnográfico da Lousã), Palmira Sales (professora de
instrução primária, sempre amiga dos mais fracos, destacou-se na defesa das diferentes expressões da cultura popular da região) e Zilda Carvalho (oriunda de uma família de republicanos da Lousã, estava noiva de Ismael Fernandes “Leiteiro” em 1936, quando este jovem morreu em combate na Revolta dos Marinheiros).
De igual modo, rendo homenagem à Sociedade Filarmónica Lousanense, com grande peso republicano na sua história centenária, escola de música e cidadania desde 1897. Um próximo livro virá para rematar a trilogia republicana que resolvi escrever.
Lousã, 15 de agosto de 2010
Casimiro Simões