Thursday, June 10, 2010
O Mestre da Caricatura, Baltazar Ortega faleceu a 6 de Junho de 2010
BALTAZAR, a vida num traço
Por: Osvaldo Macedo de Sousa
A vida é uma linha contínua de muitos entrecruzamentos, em traço sinuoso ou rectilíneo, com sobreposições e paralelismos. As Parcas, monotonamente desfiam o nosso destino, que nem sempre está prescrito, como nos querem fazer acreditar, pois mesmo Elas estão sujeitas às vontades políticas dos governantes da terra.
A vida de Baltazar, é um traço profundo no branco caricatural do papel do quotidiano. Rectilíneo e simples na sua honestidade linear, com muitos entrelaçamentos felizes e infelizes, como é a vida.
Recentemente, em conversa com um cartoonista seu companheiro, ele me dizia que Baltazar era um daqueles indivíduos que passou ao lado de uma grande carreira. Um traço de sucesso e glória que o acompanhou paralelamente, sem nunca se entrecruzar. Se ele tivesse vivido noutro país, noutra época... O se é feito por um traço curto, que entrecruza muitas vezes a linha da vida.
Na realidade, essa linha de sucesso e glória até chegou a entrecruzar a linha de Baltazar, efemeramente na sua entrada gloriosa para o profissionalismo caricatural ...
O novelo da vida de Baltazar Ortega começou a ser dobado a 13 de Dezembro de 1919, quando nasce em Lisboa, freguesia da Madalena. Seu pai era sapateiro, e a mãe doméstica, vivendo a família com certas dificuldades. Em breve a brincadeira do bando de garotos da Madalena, teve que se misturar com o trabalho de ardina, e a seguir com o de Groom no Café Chiado. De repente a sua vida transformou-se num guião de filme holywodesco. Eis uma "sinopse" escrita por Juliano Ribeiro, em 1938 no Jornal de Notícias: «Baltazar tinha 12 anos e era Groom no Café Chiado - o elegante café do Sr. Júlio Dantas. Era vivo, saltitante, espliégle, um verdadeiro groom do séc. XX de espírito alerta e lume no olho. Ora iam pelo café, ao fim da tarde, muitos alunos das Belas Artes ali adiante, no Largo da Politécnica. É o Baltazar, como o serviço apertava, ficava-se a ouvi-los, a vê-los trabalhar.
Esses rapazes das Belas Artes era o vivo demónio!
Havia-os que passavam noites inteiras a desenhar caretas, algumas muito bizarras, outras verdadeiros retratos - charges. E o Baltazar, que trazia um sonho consigo ficava-se a vê-los, a admirá-los, no íntimo, lá muito no íntimo, com um grande, um veemente, um simpático e sincero desejo de imitá-los...
- Quando eles se iam embora, quando eu, findo o meu serviço, recolhia a casa de meus pais, todos aqueles bonecos iam comigo, a dançar, a bailar, como pessoas de carne e osso, como seres vivos. E dizia de mim para mim que, se quisesse, poderia pô-los a andar, fazendo como faziam os senhores estudantes.
E um dia, ousado, decidido, o Baltazar tentou.
Mostrou a prova, primeira, hesitante prova àqueles dos rapazes das Belas Artes que lhe pareciam mais amigos ou generosos. E a prova correu todas as mãos.
E foi louvado o engenho, a perspicácia do modesto groom.
Ganhou ânimo o Baltazar. E pelo Natal, com o cartão de boas festas que entregava aos freguezes do Chiado, levava-lhes também a caricatura - uma caricatura sem ironias acerbas, risonha, amável, que, no fundo, habituado de meninos às ruindades do mundo, o Baltazar era psicólogo.
Foi um sucesso. O Baltazar, sem querer, sem pensar nisso, dera um grande passo em frente na sua carreira de artista.
- Nunca tive tão farta consoada como nesse Natal.
As caricaturas deram bom efeito!
O nome de Baltazar galgou depressa as paredes estreitas do Chiado Café. E o Chiado Chiado, o Chiado street - tomou conta dele. Diziam-se prodígios desse mocinho de 12 anos, vivo saltitante, espliégle, verdadeiro groom do séc. XX. Leitão de Barros, que o vira muitas vezes sem o notar, despertado por tantos rumores - atentou nele. Submeteu-o à decisiva prova.
Baltazar já experimentado, saiu-se do exame sem dificuldades. Era o seu segundo, o seu decisivo passo na carreira difícil e sedutora da caricatura. Pelas mãos amigas e protectoras de Leitão de Barros entrou no "Notícias Ilustrado ". E pequenino, vivo, sagaz, penetrado do seu sonho - começou a caricaturar Lisboa, toda a Lisboa conhecida, toda a Lisboa que se preza.
Foi algum tempo à Sociedade de Belas Artes.
Recebeu noções de desenho. Fez exame de instrução primária. Leu alguns livros de útil proveito. Estreitou relações. Conviveu com pintores e desenhadores de muito talento. Franco, leal, sincero, nunca escondeu as suas origens humildes, criou simpatias profundas, vivas amizades. E hoje, com 18 anos incompletos, alto, magro, vagamente loiro, é já um nome que conta - um artista de que muito há a esperar. "
Por: Osvaldo Macedo de Sousa
A vida é uma linha contínua de muitos entrecruzamentos, em traço sinuoso ou rectilíneo, com sobreposições e paralelismos. As Parcas, monotonamente desfiam o nosso destino, que nem sempre está prescrito, como nos querem fazer acreditar, pois mesmo Elas estão sujeitas às vontades políticas dos governantes da terra.
A vida de Baltazar, é um traço profundo no branco caricatural do papel do quotidiano. Rectilíneo e simples na sua honestidade linear, com muitos entrelaçamentos felizes e infelizes, como é a vida.
Recentemente, em conversa com um cartoonista seu companheiro, ele me dizia que Baltazar era um daqueles indivíduos que passou ao lado de uma grande carreira. Um traço de sucesso e glória que o acompanhou paralelamente, sem nunca se entrecruzar. Se ele tivesse vivido noutro país, noutra época... O se é feito por um traço curto, que entrecruza muitas vezes a linha da vida.
Na realidade, essa linha de sucesso e glória até chegou a entrecruzar a linha de Baltazar, efemeramente na sua entrada gloriosa para o profissionalismo caricatural ...
O novelo da vida de Baltazar Ortega começou a ser dobado a 13 de Dezembro de 1919, quando nasce em Lisboa, freguesia da Madalena. Seu pai era sapateiro, e a mãe doméstica, vivendo a família com certas dificuldades. Em breve a brincadeira do bando de garotos da Madalena, teve que se misturar com o trabalho de ardina, e a seguir com o de Groom no Café Chiado. De repente a sua vida transformou-se num guião de filme holywodesco. Eis uma "sinopse" escrita por Juliano Ribeiro, em 1938 no Jornal de Notícias: «Baltazar tinha 12 anos e era Groom no Café Chiado - o elegante café do Sr. Júlio Dantas. Era vivo, saltitante, espliégle, um verdadeiro groom do séc. XX de espírito alerta e lume no olho. Ora iam pelo café, ao fim da tarde, muitos alunos das Belas Artes ali adiante, no Largo da Politécnica. É o Baltazar, como o serviço apertava, ficava-se a ouvi-los, a vê-los trabalhar.
Esses rapazes das Belas Artes era o vivo demónio!
Havia-os que passavam noites inteiras a desenhar caretas, algumas muito bizarras, outras verdadeiros retratos - charges. E o Baltazar, que trazia um sonho consigo ficava-se a vê-los, a admirá-los, no íntimo, lá muito no íntimo, com um grande, um veemente, um simpático e sincero desejo de imitá-los...
- Quando eles se iam embora, quando eu, findo o meu serviço, recolhia a casa de meus pais, todos aqueles bonecos iam comigo, a dançar, a bailar, como pessoas de carne e osso, como seres vivos. E dizia de mim para mim que, se quisesse, poderia pô-los a andar, fazendo como faziam os senhores estudantes.
E um dia, ousado, decidido, o Baltazar tentou.
Mostrou a prova, primeira, hesitante prova àqueles dos rapazes das Belas Artes que lhe pareciam mais amigos ou generosos. E a prova correu todas as mãos.
E foi louvado o engenho, a perspicácia do modesto groom.
Ganhou ânimo o Baltazar. E pelo Natal, com o cartão de boas festas que entregava aos freguezes do Chiado, levava-lhes também a caricatura - uma caricatura sem ironias acerbas, risonha, amável, que, no fundo, habituado de meninos às ruindades do mundo, o Baltazar era psicólogo.
Foi um sucesso. O Baltazar, sem querer, sem pensar nisso, dera um grande passo em frente na sua carreira de artista.
- Nunca tive tão farta consoada como nesse Natal.
As caricaturas deram bom efeito!
O nome de Baltazar galgou depressa as paredes estreitas do Chiado Café. E o Chiado Chiado, o Chiado street - tomou conta dele. Diziam-se prodígios desse mocinho de 12 anos, vivo saltitante, espliégle, verdadeiro groom do séc. XX. Leitão de Barros, que o vira muitas vezes sem o notar, despertado por tantos rumores - atentou nele. Submeteu-o à decisiva prova.
Baltazar já experimentado, saiu-se do exame sem dificuldades. Era o seu segundo, o seu decisivo passo na carreira difícil e sedutora da caricatura. Pelas mãos amigas e protectoras de Leitão de Barros entrou no "Notícias Ilustrado ". E pequenino, vivo, sagaz, penetrado do seu sonho - começou a caricaturar Lisboa, toda a Lisboa conhecida, toda a Lisboa que se preza.
Foi algum tempo à Sociedade de Belas Artes.
Recebeu noções de desenho. Fez exame de instrução primária. Leu alguns livros de útil proveito. Estreitou relações. Conviveu com pintores e desenhadores de muito talento. Franco, leal, sincero, nunca escondeu as suas origens humildes, criou simpatias profundas, vivas amizades. E hoje, com 18 anos incompletos, alto, magro, vagamente loiro, é já um nome que conta - um artista de que muito há a esperar. "
Quem na verdade está por detrás deste lançamento fulgurante do jovem artista de 12 anos, é o Olavo d'Eça Leal, que o leva para o "Diário Ilustrado" onde Leitão de Barros o toma então à guarda. Os seus primeiros trabalhos como profissional, são as caricaturas de várias redacções. Eis alguns dos comentários do Diário Ilustrado no lançamento do artista fenómeno. "... o seu talento, que o tem real, insofismável, flagrante, espontâneo e soberbo.
Muitos jornais se orgulharão de terem grandes desenhadores. Nenhum terá ao seu serviço, porém um "groom repórter" como este, que fixa com o sorriso mais claro e a infantilidade mais natural no seu bloco de desenhos, a pessoa com quem fala. Qual o jornal da América ou da Europa que manda a uma reportagem gráfica - um garoto de 12 anos vestido de groom?
Essa originalidade tentou-nos." São muitas as considerações sobre este aparecimento genial, mas a que mais assusta é o vaticínio lançado pelo próprio Diário Ilustrado em Janeiro de 1933: "Começa à americana - oxalá não acabe à portuguesa, mandriando ou envaidecendo-se. "
Muitos jornais se orgulharão de terem grandes desenhadores. Nenhum terá ao seu serviço, porém um "groom repórter" como este, que fixa com o sorriso mais claro e a infantilidade mais natural no seu bloco de desenhos, a pessoa com quem fala. Qual o jornal da América ou da Europa que manda a uma reportagem gráfica - um garoto de 12 anos vestido de groom?
Essa originalidade tentou-nos." São muitas as considerações sobre este aparecimento genial, mas a que mais assusta é o vaticínio lançado pelo próprio Diário Ilustrado em Janeiro de 1933: "Começa à americana - oxalá não acabe à portuguesa, mandriando ou envaidecendo-se. "
Enganava-se o repórter, por ignorância, ou por cegueira, porque acabar à portuguesa não é como ele diz, mas sim, apesar de muito trabalho, dignidade, qualidade, acabar esquecido, invejado, censurado. E nisso tinha um pouco de razão em relação a Baltazar.
Na realidade, após esta entrada fulgurante, à americana, com um feito digno do Guiness Book, como o cartoonista mais jovem a profissionalizar-se, em breve cai no quotidiano artístico português, a par dos seus camaradas de trabalho, por quem, com muita humildade tinha uma profunda admiração Stuart Carvalhais ("o mestre de todos nós, o humor cheio de amor"), o Teixeira Cabral, o Zé Marques, o Meco, o Rodrigues Alves, o Martins ("a caricatura popular elevada a um nível superior"), o Zé de Lemos ("a simplificação e o bom desenho, a força enorme que o seu poderoso traço contém") ... Um quotidiano de trabalho múltiplo, quase sempre mal pago, e um tanto anónimo. O meio não era propício aos artistas das ditas artes maiores, muito menos para os fazedores de "bonecos".
Se Baltazar Ortega iniciou a sua carreira como caricaturista, após o show, teve que viver a realidade e foi integrado no quadro de desenhadores da Sociedade Nacional Tipográfica, onde trabalharia para o "Século", "Século Ilustrado", "Vida Mundial" ... A sua função era retoques nas provas tipográficas, paginação e ilustração. As caricaturas e cartoons eram pagos à parte.
Desse modo vamos descobrir caricaturas no "Sempre Fixe", "A Bola", "Primeiro de Janeiro", "Tic- Tac", "Século", "Século Ilustrado", "Vida Mundial"... o seu traço sintético e breve de criança, vai-se encorpando, aliando à linha fisionómica os contornos da alma, do espírito, da vida. Como ele próprio diz "as caricaturas mais agressivas que faço são determinadas pelas circunstâncias criadas pelos próprios políticos". A caricatura de Baltazar é um traço da vida, um reflexo natural do quotidiano. Se existe grotesco, maldade ou ridículo, não está no traço de Baltazar, mas nos seres, no dia a dia. "Para mim a caricatura é uma coisa fácil, uma coisa que eu faço com uma certa "inconsciência ". É um trabalho onde nunca estou totalmente satisfeito, porque se faço de novo, sei que faço sempre melhor. Estou sempre disposto a renovar tudo quanto faço" Naturalmente, durante o Estado Novo por vezes teve que refazer um ou outro cartoon, por causa da censura, só que tem tido mais "censura" no país democrático, que dizem existir agora.
As perseguições começaram logo nos finais da década de setenta, no "Século", onde após quatro décadas de prestigioso trabalho, puseram em causa o seu posto, apenas por ter ideias democráticas, sonhar com a liberdade, igualdade e fraternidade, por ser de esquerda.
Integrou então o corpo gráfico do jornal "Diário", como paginador e cartoonista, e aqui permaneceu até ao seu encerramento. Catalogado como homem de esquerda, quiseram interromper o traço de Baltazar.
Só que, pode-se reformar um artista? Claro que não e mantém colaboração em Diário do Alentejo e no Alentejo Popular (ambos de Beja, onde residia desde 2000). Na reforma alentejana, continuou a caricaturar os colegas, apoiando pequenos projectos regionais, com álbuns sobre habitantes de Castro Verde e Ferreira do Alentejo.
São sessenta anos de carreira, num contínuo de honestidade, humildade e mestria plástica. Retirado nas planícies alentejanas, onde a vida é uma linha no horizonte calmo, a arte de Baltazar Ortega contempla em meditação filosófica e simples os seus conterrâneos, virando as costas aos políticos, vivendo com o povo, no carinho que este sabe dar a quem reconhecem como mestre. Publica num ou noutro jornal regional, responde aos pedidos de exposições locais, faz uns cartazes, uma paginação... o traço de Baltazar continua a brilhar, a enriquecer a vida de todos nós.
Em 1992 o Salão Nacional de Caricatura (Humorgrafe / Câmara Municipal de Oeiras) homenageia os sessenta anos de carreira do Mestre Baltazar Ortega, outorgando-lhe o Prémio Especial Humor/92. Em 2005, o MouraBD outorgando-lhe o Troféu Balanito Especial.
O novelo de vida foi quebrado a 6 de Junho de 2010. A linha quebrou aos 90 anos, contudo os traços, as linhas da sua obra ficam, resplandescendo a sua obra caricatural, o seu humor, e seu eterno sorriso.
Na realidade, após esta entrada fulgurante, à americana, com um feito digno do Guiness Book, como o cartoonista mais jovem a profissionalizar-se, em breve cai no quotidiano artístico português, a par dos seus camaradas de trabalho, por quem, com muita humildade tinha uma profunda admiração Stuart Carvalhais ("o mestre de todos nós, o humor cheio de amor"), o Teixeira Cabral, o Zé Marques, o Meco, o Rodrigues Alves, o Martins ("a caricatura popular elevada a um nível superior"), o Zé de Lemos ("a simplificação e o bom desenho, a força enorme que o seu poderoso traço contém") ... Um quotidiano de trabalho múltiplo, quase sempre mal pago, e um tanto anónimo. O meio não era propício aos artistas das ditas artes maiores, muito menos para os fazedores de "bonecos".
Se Baltazar Ortega iniciou a sua carreira como caricaturista, após o show, teve que viver a realidade e foi integrado no quadro de desenhadores da Sociedade Nacional Tipográfica, onde trabalharia para o "Século", "Século Ilustrado", "Vida Mundial" ... A sua função era retoques nas provas tipográficas, paginação e ilustração. As caricaturas e cartoons eram pagos à parte.
Desse modo vamos descobrir caricaturas no "Sempre Fixe", "A Bola", "Primeiro de Janeiro", "Tic- Tac", "Século", "Século Ilustrado", "Vida Mundial"... o seu traço sintético e breve de criança, vai-se encorpando, aliando à linha fisionómica os contornos da alma, do espírito, da vida. Como ele próprio diz "as caricaturas mais agressivas que faço são determinadas pelas circunstâncias criadas pelos próprios políticos". A caricatura de Baltazar é um traço da vida, um reflexo natural do quotidiano. Se existe grotesco, maldade ou ridículo, não está no traço de Baltazar, mas nos seres, no dia a dia. "Para mim a caricatura é uma coisa fácil, uma coisa que eu faço com uma certa "inconsciência ". É um trabalho onde nunca estou totalmente satisfeito, porque se faço de novo, sei que faço sempre melhor. Estou sempre disposto a renovar tudo quanto faço" Naturalmente, durante o Estado Novo por vezes teve que refazer um ou outro cartoon, por causa da censura, só que tem tido mais "censura" no país democrático, que dizem existir agora.
As perseguições começaram logo nos finais da década de setenta, no "Século", onde após quatro décadas de prestigioso trabalho, puseram em causa o seu posto, apenas por ter ideias democráticas, sonhar com a liberdade, igualdade e fraternidade, por ser de esquerda.
Integrou então o corpo gráfico do jornal "Diário", como paginador e cartoonista, e aqui permaneceu até ao seu encerramento. Catalogado como homem de esquerda, quiseram interromper o traço de Baltazar.
Só que, pode-se reformar um artista? Claro que não e mantém colaboração em Diário do Alentejo e no Alentejo Popular (ambos de Beja, onde residia desde 2000). Na reforma alentejana, continuou a caricaturar os colegas, apoiando pequenos projectos regionais, com álbuns sobre habitantes de Castro Verde e Ferreira do Alentejo.
São sessenta anos de carreira, num contínuo de honestidade, humildade e mestria plástica. Retirado nas planícies alentejanas, onde a vida é uma linha no horizonte calmo, a arte de Baltazar Ortega contempla em meditação filosófica e simples os seus conterrâneos, virando as costas aos políticos, vivendo com o povo, no carinho que este sabe dar a quem reconhecem como mestre. Publica num ou noutro jornal regional, responde aos pedidos de exposições locais, faz uns cartazes, uma paginação... o traço de Baltazar continua a brilhar, a enriquecer a vida de todos nós.
Em 1992 o Salão Nacional de Caricatura (Humorgrafe / Câmara Municipal de Oeiras) homenageia os sessenta anos de carreira do Mestre Baltazar Ortega, outorgando-lhe o Prémio Especial Humor/92. Em 2005, o MouraBD outorgando-lhe o Troféu Balanito Especial.
O novelo de vida foi quebrado a 6 de Junho de 2010. A linha quebrou aos 90 anos, contudo os traços, as linhas da sua obra ficam, resplandescendo a sua obra caricatural, o seu humor, e seu eterno sorriso.
Comments:
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Prezado Osvaldo,
Enquanto procurava informação sobre outro caso que envolveu o "Notícias Ilustrado", encontrei o seu obituário de Baltazar Ortega, que me ajudou a lançar luz sobre a carreira deste caricaturista.
Tomei a liberdade de incluir uma adenda no meu texto original, remetendo os leitores para aqui: http://ecosferaportuguesa.blogspot.pt/2013/03/o-dedo-de-ferro-na-capa-do-noticias.html
Obrigado pela informação. Cumprimentos.
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Enquanto procurava informação sobre outro caso que envolveu o "Notícias Ilustrado", encontrei o seu obituário de Baltazar Ortega, que me ajudou a lançar luz sobre a carreira deste caricaturista.
Tomei a liberdade de incluir uma adenda no meu texto original, remetendo os leitores para aqui: http://ecosferaportuguesa.blogspot.pt/2013/03/o-dedo-de-ferro-na-capa-do-noticias.html
Obrigado pela informação. Cumprimentos.
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