Monday, May 11, 2009
Historia da Caricatura de Imprensa em Portugal - 1897 (Jorge Cid, Leal da Câmara...)
Por: Osvaldo Macedo de Sousa
A par da nova guerrilha satírica que se desenvolvia neste fim de século, subsistia a irónica classe de raphaelistas, engrossada cada vez mais com outros criadores, como é o caso de Jorge Cid.
Referi-me já anteriormente ao aparecimento de caricaturistas que não eram apenas 'profissionais' gráficos, conciliando esta actividade com outra mais lucrativa. Isso significa em parte a maturidade de uma arte, e ao mesmo tempo o pauperismo em que as artes subsistiam em Portugal, e como desde sempre a caricatura foi mal paga.
Desta vez é um médico (futuramente não será o único) que concilia o mundo enfermo das personagens no seu aspecto físico, com o social. Se, para o primeiro existem químicas e mezinhas que aliviam, na segunda não há tanta certeza do poder curativo na sociedade doente.
Jorge Cid é natural de Lisboa (17 de Dezembro de 1877 / 23 de Dezembro de 1935), formou-se em medicina (acabou em 1904), tendo estado integrado nos contingentes militares da I Grande Guerra como Major - Médico Miliciano (Comandante da Formação da Cruz Vermelha), especializou-se em pediatria. Foi Professor e Inspector de Sanidade Escolar da Casa Pia de Lisboa (com diversos livros publicados sobre a matéria). Foi também conservador do Museu de Arte Sacra e do tesouro da Capela de S. João Baptista na Igreja de S. Roque em Lisboa. Foi ilustrador de livros... Entre estas múltiplas actividades foi humorista com grande actividade, e algum sucesso. Iniciou a sua actividade, ainda jovem estudante de medicina sob a influência e apadrinhado por Raphael Bordallo Pinheiro, que publica trabalhos seus no "António Maria" em 97, e posteriormente em "A Paródia" de 1900 a 1903. Contudo já tinham saído alguns trabalhos em 96 em "A Rua da Barroca", e de 1898 a 1903 surgem trabalhos seus em "O Século - Supl. Humorístico", em 1905 no "Jornal do Sport", de 1909 a 1910 manteve no "Primeiro de Janeiro" os Bilhetes Postais Ilustrados", em 1910 "Serões"". Tendo assinado inclusive trabalhos sob o pseudónimo de Gustavo Doré Filho.
Integrado na escola raphaelista, o seu traço está mais próximo do estilo ligeiro de Manuel Gustavo, e mais consonante com a época. O seu humor é simples, e como médico procurará levar esse humor para o campo da medicina sendo um dos promotores do Milenário de Hipócrates, uma crítica humorística às comemorações realizadas em 1899. A sua actividade, devido aos diversos afazeres, nem sempre será contínua, havendo momentos de silêncio humorístico, e outros de maior actividade, mas de todas as formas, encontramos trabalhos seus, publicados pelo menos até ao fim da Primeira República.
Em 1897, "A Chacota", que já existia desde 1882, terá uma reestruturação, sendo o novo cabeçalho de Celso Hermínio, começando a publicar ilustrações, histórias de narrativa gráfica, sendo fundamentalmente trabalhos importados do estrangeiro, e traduzidos para o nosso público. Dessa forma foram introduzidos em Portugal trabalhos de outras paragens, e como destaca António Dias de Deus no seu livro "Os Comics em Portugal", surgiram nomes como Tom Browne em pleno sucesso, e publicação quase simultânea em Inglaterra e Portugal, o que foi raro. A particularidade deste periódico, é que apesar de publicar desenhos de humor social, era fundamentalmente um jornal erótico, ou mais concretamente brejeiro, tentando fazer concorrência ao "Pimpão". Só que hoje em dia, olhando para os seus textos e ilustrações, rimo-nos do que era então considerado licencioso.
Com Celso no Brasil, ficou a cargo de Leal da Câmara a luta de guerrilha panfletária satírica. Neste ano, após o encerramento do "D. Quixote", continuará o seu libelo nas páginas de "A Marselheza".
João Chagas, que tinha entrado na aventura de "O Berro" com Celso, tenta em 1896 lançar um jornal chamado "República", cujo nome naturalmente não foi aceite pela Censura. Lançou então “A Marselheza" cujo título mantinha a irreverência desejada. Um pouco depois do primeiro aniversário, o jornal começa a lançar um "Supl. de Caricaturas de A Marselheza", convidando Leal da Câmara como ilustrador. Este jornal, dependente, mas independente de “A Marselheza" mãe, orgulhava-se de ser desde o nº1 (28/11/97) «o jornal de maior circulação em todo o Governo Civil», incluindo esta afirmação no cabeçalho do jornal.
«Ao contrário do que sucede com a maioria das publicações periódicas, esta aparece-nos não em virtude do favor mas do desfavor público - visto estar averiguado que o público, em Portugal não é constituído das pessoas que compram os jornaes, mas das pessoas que os roubam.»
«Querendo, n' estes termos, corresponder ao desfavor com que nos tem distinguido o Governo Civil, já apprehendendo-nos, já sequestrando-nos, já apalpando-nos, já capturando-nos, resolvemos desdobrar a Marselheza n' este pequeno e módico supplemento destinado ao invez dos seus congéneres, a não ter entrada em todas as casas.»
«Programma não o temos, como não o pode ter o t1lho que sahe ao pae. O que temos é vícios - hereditários.»
«/…/ E os nossos males são: rebeldia e processos de imprensa, intransigência e custas e sellos, além de outros pequenos berbicachos de temperamento, como: espírito de indisciplina e inveterado ódio ao licor de rosa.»
«/…/ De harmonia com estes tenebrosos precedentes, o supplemento à Marselheza, propõe-se destruir, antes de mais nada - as instituições. A REDACÇÂO (28/1111897 na 1 - Ano 10)»
Logo no primeiro número caricatura e satiriza a pessoa do rei. O jornal foi apreendido, e no número seguinte surge a acusação da perseguição, vendo-se um ardina a fugir da polícia, uma visão da realidade. É que enquanto o jornal ia à Censura, os ardinas corriam o mais que podiam para distribuir, para quando viesse a polícia confiscar o jornal, já este estivesse em parte vendido. O nº 6 é de novo apreendido, o que leva Leal da Câmara a publicar a seguinte declaração: «Tendo a polícia apreendido o Supl. Nº 6 deste semanário dando como razão o ter-se publicado montado num camelo o snr D. Carlos de Bragança, o caricaturista deste jornal declara à polícia que a caricatura publicada não é a do Chefe do Estado, mas sim a do administrador deste semanário e nosso amigo Sr. Teodoro Ribeiro (que era muito parecido com D. Carlos). A caricatura pela qual Leal da Câmara representa S.M. el-rei é a que segue ... » (surgindo a caricatura de Teodoro Ribeiro).
Enquanto a crítica era ao governo. a censura foi tolerando algumas ousadias, mas este ataque sistemático à figura real é que não era tolerável, e Leal da Câmara ficou impedido judicialmente de caricaturar D. Carlos. Como Daumier, Leal da Câmara resolveu a situação com diferentes diversões. Uma vez, em elementos separados, um chapéu à Mazzantini, um bigode, um charuto, um colarinho... ; outra vez, um banco de cozinha, uma pêra, duas botas de montar, o sempre chapéu à Mazzantini... Como diria mais tarde o 'revolucionário' António Salazar «Os verdadeiros pensadores, os que pensam, transpõem, sem ninguém dar por isso /…/ todas as possíveis limitações». Ele sabia como os caricaturistas deviam fugir à opressão e Censura.
A meio da sua publicação reinicia a numeração a partir do nº 1, afirmando que esta publicação nada tinha a ver com a anterior, «essa jacobina folha que tinha por hábito atacar a polícia, as instituições, tratar menos respeitosamente S.M. El-Rei e duvidar da competência do ministro progressista». Ele apresentava-se arrependido, e vestido de guarda cívico. Naturalmente o panfletarismo manteve a sua agressividade, parodiando por vezes a sua própria prisão, colocando borrões em afirmações proibidas desafiando os leitores a imaginarem essas mesmas críticas... mas conseguindo subsistir. A partir de finais de Maio de 98 Leal da Câmara sai do jornal, subsistindo a folha com desenhos de Trindade Correia e Chico Lisboa
Como escreverá mais tarde Coelho de Carvalho, para um catálogo de Leal da Câmara, as «suas composições caricaturais d' intuito revolucionário, mas que não é, simplesmente, um caricaturista no sentido vulgar de desenhista de género, é sim uma alma de verdadeiro poeta que se objectiva em obra de pintor profissional.»
«Espírito crítico mas criador nas suas composições caricaturais; sensibilidade cerebral delicada de poeta, por quanto a impressão que recebe das coisas externas não se reflecte, para a sua expressão artística, na dura impassibilidade material que as coisas aparentam, mas a imagem recebida na sua retina de artista refracta-se-lhe na alma e, assim depurada, produz beleza, a qual não é mais que a identidade da idealização do objecto com a realidade essencial que n' ele existe.»
O estilo de Leal da Câmara é caligráfico, rude, mas com poder de traço, ou como diz o texto anterior, com poesia e alma. O seu sucesso estilístico, fez com que surgissem amadores a imitar (já que não conseguiam fazer melhor) este estilo 'infantil', 'expressionista', mas que não tinham a essência da arte. Como referia Julieta Ferrão (em texto já transcrito), não é só desejar ser caricaturista, é preciso sê-lo. Dessa forma os seus imitadores nunca conseguiram sair da mediocridade, como o Chico Lisboa, Diamantino... Álvaro d' Oliveira. Curiosamente este teve direito a edição recente de um livro, onde surge uma série de trabalhos com a designação de rejeitado em A Paródia, rejeitado em O Século... o que é natural, e pena é que se recuperem trabalhos destes, e não de outros artistas de qualidade.
Neste ano de 97 (a 4 de Novembro) o jornal "O Século", que já existia desde 1881 inicia também a edição de um "Suplemento Humorístico", que será uma referência durante mais de duas décadas (até 1921). e onde entre outros brilhará Jorge Colaço, onde colaborará Leal da Câmara, onde nascerá Francisco Valença, o Stuart …
Referi-me já anteriormente ao aparecimento de caricaturistas que não eram apenas 'profissionais' gráficos, conciliando esta actividade com outra mais lucrativa. Isso significa em parte a maturidade de uma arte, e ao mesmo tempo o pauperismo em que as artes subsistiam em Portugal, e como desde sempre a caricatura foi mal paga.
Desta vez é um médico (futuramente não será o único) que concilia o mundo enfermo das personagens no seu aspecto físico, com o social. Se, para o primeiro existem químicas e mezinhas que aliviam, na segunda não há tanta certeza do poder curativo na sociedade doente.
Jorge Cid é natural de Lisboa (17 de Dezembro de 1877 / 23 de Dezembro de 1935), formou-se em medicina (acabou em 1904), tendo estado integrado nos contingentes militares da I Grande Guerra como Major - Médico Miliciano (Comandante da Formação da Cruz Vermelha), especializou-se em pediatria. Foi Professor e Inspector de Sanidade Escolar da Casa Pia de Lisboa (com diversos livros publicados sobre a matéria). Foi também conservador do Museu de Arte Sacra e do tesouro da Capela de S. João Baptista na Igreja de S. Roque em Lisboa. Foi ilustrador de livros... Entre estas múltiplas actividades foi humorista com grande actividade, e algum sucesso. Iniciou a sua actividade, ainda jovem estudante de medicina sob a influência e apadrinhado por Raphael Bordallo Pinheiro, que publica trabalhos seus no "António Maria" em 97, e posteriormente em "A Paródia" de 1900 a 1903. Contudo já tinham saído alguns trabalhos em 96 em "A Rua da Barroca", e de 1898 a 1903 surgem trabalhos seus em "O Século - Supl. Humorístico", em 1905 no "Jornal do Sport", de 1909 a 1910 manteve no "Primeiro de Janeiro" os Bilhetes Postais Ilustrados", em 1910 "Serões"". Tendo assinado inclusive trabalhos sob o pseudónimo de Gustavo Doré Filho.
Integrado na escola raphaelista, o seu traço está mais próximo do estilo ligeiro de Manuel Gustavo, e mais consonante com a época. O seu humor é simples, e como médico procurará levar esse humor para o campo da medicina sendo um dos promotores do Milenário de Hipócrates, uma crítica humorística às comemorações realizadas em 1899. A sua actividade, devido aos diversos afazeres, nem sempre será contínua, havendo momentos de silêncio humorístico, e outros de maior actividade, mas de todas as formas, encontramos trabalhos seus, publicados pelo menos até ao fim da Primeira República.
Em 1897, "A Chacota", que já existia desde 1882, terá uma reestruturação, sendo o novo cabeçalho de Celso Hermínio, começando a publicar ilustrações, histórias de narrativa gráfica, sendo fundamentalmente trabalhos importados do estrangeiro, e traduzidos para o nosso público. Dessa forma foram introduzidos em Portugal trabalhos de outras paragens, e como destaca António Dias de Deus no seu livro "Os Comics em Portugal", surgiram nomes como Tom Browne em pleno sucesso, e publicação quase simultânea em Inglaterra e Portugal, o que foi raro. A particularidade deste periódico, é que apesar de publicar desenhos de humor social, era fundamentalmente um jornal erótico, ou mais concretamente brejeiro, tentando fazer concorrência ao "Pimpão". Só que hoje em dia, olhando para os seus textos e ilustrações, rimo-nos do que era então considerado licencioso.
Com Celso no Brasil, ficou a cargo de Leal da Câmara a luta de guerrilha panfletária satírica. Neste ano, após o encerramento do "D. Quixote", continuará o seu libelo nas páginas de "A Marselheza".
João Chagas, que tinha entrado na aventura de "O Berro" com Celso, tenta em 1896 lançar um jornal chamado "República", cujo nome naturalmente não foi aceite pela Censura. Lançou então “A Marselheza" cujo título mantinha a irreverência desejada. Um pouco depois do primeiro aniversário, o jornal começa a lançar um "Supl. de Caricaturas de A Marselheza", convidando Leal da Câmara como ilustrador. Este jornal, dependente, mas independente de “A Marselheza" mãe, orgulhava-se de ser desde o nº1 (28/11/97) «o jornal de maior circulação em todo o Governo Civil», incluindo esta afirmação no cabeçalho do jornal.
«Ao contrário do que sucede com a maioria das publicações periódicas, esta aparece-nos não em virtude do favor mas do desfavor público - visto estar averiguado que o público, em Portugal não é constituído das pessoas que compram os jornaes, mas das pessoas que os roubam.»
«Querendo, n' estes termos, corresponder ao desfavor com que nos tem distinguido o Governo Civil, já apprehendendo-nos, já sequestrando-nos, já apalpando-nos, já capturando-nos, resolvemos desdobrar a Marselheza n' este pequeno e módico supplemento destinado ao invez dos seus congéneres, a não ter entrada em todas as casas.»
«Programma não o temos, como não o pode ter o t1lho que sahe ao pae. O que temos é vícios - hereditários.»
«/…/ E os nossos males são: rebeldia e processos de imprensa, intransigência e custas e sellos, além de outros pequenos berbicachos de temperamento, como: espírito de indisciplina e inveterado ódio ao licor de rosa.»
«/…/ De harmonia com estes tenebrosos precedentes, o supplemento à Marselheza, propõe-se destruir, antes de mais nada - as instituições. A REDACÇÂO (28/1111897 na 1 - Ano 10)»
Logo no primeiro número caricatura e satiriza a pessoa do rei. O jornal foi apreendido, e no número seguinte surge a acusação da perseguição, vendo-se um ardina a fugir da polícia, uma visão da realidade. É que enquanto o jornal ia à Censura, os ardinas corriam o mais que podiam para distribuir, para quando viesse a polícia confiscar o jornal, já este estivesse em parte vendido. O nº 6 é de novo apreendido, o que leva Leal da Câmara a publicar a seguinte declaração: «Tendo a polícia apreendido o Supl. Nº 6 deste semanário dando como razão o ter-se publicado montado num camelo o snr D. Carlos de Bragança, o caricaturista deste jornal declara à polícia que a caricatura publicada não é a do Chefe do Estado, mas sim a do administrador deste semanário e nosso amigo Sr. Teodoro Ribeiro (que era muito parecido com D. Carlos). A caricatura pela qual Leal da Câmara representa S.M. el-rei é a que segue ... » (surgindo a caricatura de Teodoro Ribeiro).
Enquanto a crítica era ao governo. a censura foi tolerando algumas ousadias, mas este ataque sistemático à figura real é que não era tolerável, e Leal da Câmara ficou impedido judicialmente de caricaturar D. Carlos. Como Daumier, Leal da Câmara resolveu a situação com diferentes diversões. Uma vez, em elementos separados, um chapéu à Mazzantini, um bigode, um charuto, um colarinho... ; outra vez, um banco de cozinha, uma pêra, duas botas de montar, o sempre chapéu à Mazzantini... Como diria mais tarde o 'revolucionário' António Salazar «Os verdadeiros pensadores, os que pensam, transpõem, sem ninguém dar por isso /…/ todas as possíveis limitações». Ele sabia como os caricaturistas deviam fugir à opressão e Censura.
A meio da sua publicação reinicia a numeração a partir do nº 1, afirmando que esta publicação nada tinha a ver com a anterior, «essa jacobina folha que tinha por hábito atacar a polícia, as instituições, tratar menos respeitosamente S.M. El-Rei e duvidar da competência do ministro progressista». Ele apresentava-se arrependido, e vestido de guarda cívico. Naturalmente o panfletarismo manteve a sua agressividade, parodiando por vezes a sua própria prisão, colocando borrões em afirmações proibidas desafiando os leitores a imaginarem essas mesmas críticas... mas conseguindo subsistir. A partir de finais de Maio de 98 Leal da Câmara sai do jornal, subsistindo a folha com desenhos de Trindade Correia e Chico Lisboa
Como escreverá mais tarde Coelho de Carvalho, para um catálogo de Leal da Câmara, as «suas composições caricaturais d' intuito revolucionário, mas que não é, simplesmente, um caricaturista no sentido vulgar de desenhista de género, é sim uma alma de verdadeiro poeta que se objectiva em obra de pintor profissional.»
«Espírito crítico mas criador nas suas composições caricaturais; sensibilidade cerebral delicada de poeta, por quanto a impressão que recebe das coisas externas não se reflecte, para a sua expressão artística, na dura impassibilidade material que as coisas aparentam, mas a imagem recebida na sua retina de artista refracta-se-lhe na alma e, assim depurada, produz beleza, a qual não é mais que a identidade da idealização do objecto com a realidade essencial que n' ele existe.»
O estilo de Leal da Câmara é caligráfico, rude, mas com poder de traço, ou como diz o texto anterior, com poesia e alma. O seu sucesso estilístico, fez com que surgissem amadores a imitar (já que não conseguiam fazer melhor) este estilo 'infantil', 'expressionista', mas que não tinham a essência da arte. Como referia Julieta Ferrão (em texto já transcrito), não é só desejar ser caricaturista, é preciso sê-lo. Dessa forma os seus imitadores nunca conseguiram sair da mediocridade, como o Chico Lisboa, Diamantino... Álvaro d' Oliveira. Curiosamente este teve direito a edição recente de um livro, onde surge uma série de trabalhos com a designação de rejeitado em A Paródia, rejeitado em O Século... o que é natural, e pena é que se recuperem trabalhos destes, e não de outros artistas de qualidade.
Neste ano de 97 (a 4 de Novembro) o jornal "O Século", que já existia desde 1881 inicia também a edição de um "Suplemento Humorístico", que será uma referência durante mais de duas décadas (até 1921). e onde entre outros brilhará Jorge Colaço, onde colaborará Leal da Câmara, onde nascerá Francisco Valença, o Stuart …