Thursday, November 27, 2008
"Cartoonista"? Porquê? Então seria também "Footebolista"?!
ESTA É UMA VELHA LUTA DO GERALDES LINO. NUM MUNDO QUE QUER SER CADA VEZ MAIS GLOBAL, TERÁ SIGNIFICADO NACIONALIZAR AS PALAVRAS? qUEM SOU EU PARA TER OPINIÃO, SOU APENAS UM INVESTIGADOR DE ESTORIAS....
«Footebolista? Que horror! Então e Cartoonista, já não há nada a dizer? Há, sim senhor.
Vejamos: Football evoluiu, na língua portuguesa, para Futebol.
Como? Assim: foot passou a fute e ball passou a bol, em ambos os casos respeitando apenas o som original das palavras em inglês. Ganhámos assim, para a língua portuguesa, mais dois correctos neologismos: futebol e futebolista.
Qual será o motivo, então, para se continuar a escrever cartoonista, uma palavra absurdamente híbrida? Por pretensiosismo provinciano, digo eu, talvez porque "cartoonista" pareça dar um certo estatuto, por ser um vocábulo com matiz estrangeirado...
Claro que se foot deu fute, cartoon dá cartune, logo, quem cria cartunes é cartunista. Obviamente que a língua está em constante modificação, absorvendo estrangeirismos, enriquecendo-se com neologismos, originados especialmente nas novas tecnologias.
Vem isto a propósito do episódio Vudu, da interessante série Na Terra Como no Céu, onde, logo na primeira vinheta da prancha inicial (ver no topo da postagem), se pode ler o seguinte:
"(...) por ter publicado as caricaturas do profeta Maomé, foram várias as vozes que se solidarizaram com os cartoonistas (o "negrito", ou "bold", é de minha autoria)"
Não se deduza deste texto qualquer ataque a Nuno Saraiva, que, além de criar semanalmente duas, quase sempre, excelentes pranchas, é também o autor do argumento, logo, das legendas respectivas. Ele limitou-se a seguir a forma de escrever mais usual, "cartoonista", embora haja igualmente vários críticos e divulgadores a aportuguesar o vocábulo híbrido para "cartunista". Eu sou um deles, já há alguns anos.
O que ainda torna mais digna de reparo a insistência nesta grafia incompreensível é que, logo no título do episódio, surge a palavra Vudu (bem como na penúltima vinheta da 2ª prancha) a aportuguesar, e muito bem, a palavra cuja grafia original é Voodoo.
Há aqui algo de incoerente. Ou terá a ver com o facto de o aportuguesamento para "Vudu" não afectar ninguém (digo eu...), enquanto que os cartunistas portugueses (alguns, claro) se sentiriam diminuídos no estatuto que acham que lhes confere a grafia com os dois ós (oo), tal como se está a voltar a ver muita gente a escrever com dois éles (o sr.de Meirelles, o sr. de Vasconcellos, os Mello...), coisa que tinha ficado esquecida - ou apenas guardada para melhor altura? - após o 25 de Abril... »
Vejamos: Football evoluiu, na língua portuguesa, para Futebol.
Como? Assim: foot passou a fute e ball passou a bol, em ambos os casos respeitando apenas o som original das palavras em inglês. Ganhámos assim, para a língua portuguesa, mais dois correctos neologismos: futebol e futebolista.
Qual será o motivo, então, para se continuar a escrever cartoonista, uma palavra absurdamente híbrida? Por pretensiosismo provinciano, digo eu, talvez porque "cartoonista" pareça dar um certo estatuto, por ser um vocábulo com matiz estrangeirado...
Claro que se foot deu fute, cartoon dá cartune, logo, quem cria cartunes é cartunista. Obviamente que a língua está em constante modificação, absorvendo estrangeirismos, enriquecendo-se com neologismos, originados especialmente nas novas tecnologias.
Vem isto a propósito do episódio Vudu, da interessante série Na Terra Como no Céu, onde, logo na primeira vinheta da prancha inicial (ver no topo da postagem), se pode ler o seguinte:
"(...) por ter publicado as caricaturas do profeta Maomé, foram várias as vozes que se solidarizaram com os cartoonistas (o "negrito", ou "bold", é de minha autoria)"
Não se deduza deste texto qualquer ataque a Nuno Saraiva, que, além de criar semanalmente duas, quase sempre, excelentes pranchas, é também o autor do argumento, logo, das legendas respectivas. Ele limitou-se a seguir a forma de escrever mais usual, "cartoonista", embora haja igualmente vários críticos e divulgadores a aportuguesar o vocábulo híbrido para "cartunista". Eu sou um deles, já há alguns anos.
O que ainda torna mais digna de reparo a insistência nesta grafia incompreensível é que, logo no título do episódio, surge a palavra Vudu (bem como na penúltima vinheta da 2ª prancha) a aportuguesar, e muito bem, a palavra cuja grafia original é Voodoo.
Há aqui algo de incoerente. Ou terá a ver com o facto de o aportuguesamento para "Vudu" não afectar ninguém (digo eu...), enquanto que os cartunistas portugueses (alguns, claro) se sentiriam diminuídos no estatuto que acham que lhes confere a grafia com os dois ós (oo), tal como se está a voltar a ver muita gente a escrever com dois éles (o sr.de Meirelles, o sr. de Vasconcellos, os Mello...), coisa que tinha ficado esquecida - ou apenas guardada para melhor altura? - após o 25 de Abril... »
GERALDES LINO