Tuesday, October 28, 2008

Em 1914 tenta recuperar o seu lugar em Paris, mas novos ventos sopravam na Europa, e a Guerra impede-lhe o intento de permanecer em Paris. Perdido entre os dois mundos não tem outro remédio senão voltar para o seu país. Era um turista forçado em ambos os lados.
Intenta liderar o modernismo, intenta educar a caricatura para novos moldes de critica política, novas formas de encarar a arte. O pedagogo vai-se impondo cada vez mais. Não se sente bem estar a satirizar os ex-colegas de luta que são agora regime, que são agora governo. Foi colaborando em “Os Grotescos”, “A Águia”, “A Montanha”, “O Mundo”, “Capital”, “Ilustração Portuguesa”, “A Batalha”, “O Riso da Vitória”, “A Risota”, “Sempre Fixe”, “O Sol”… editou “O Miau”. Em Espanha manteve colaboração com “La Esfera, “España”, “El Zorro”. No Brasil colabora com “A Noite”…

Seria este último jornal que lhe proporcionaria uma nova aventura em Espanha. A ideia era entrevistar as figuras de relevo no campo cultural, político e social sobre a Guerra. Estas entrevistas realizadas em 1916, acabariam por serem, também, reunidas num livro chamado “Miren Ustedes”, em 1917.
Esta viagem foi também o reencontro de amigos que logo aproveitaram a sua presença para lhe pedirem uma conferência sobre um dos seus novos campos de batalha, a Publicidade Artística. Em Paris, tinha-se iniciado nessa actividade criativa e pedagógica, realizando diversas conferências sobre a nova arte da publicidade. Para Espanha realizou diversas campanhas publicitárias encomendadas pela revista Mundo Gráfico (Jabon Flores del Campo). Assim em 1916, já que estava em Madrid, pedem-lhe que faça uma palestra sobre a Arte da Publicidade. Esta realizou-se no Ateneu Cientifico Y Literário Y Artístico de Madrid. Quem fez as apresentações foi Garcia Gaudriz: «Leal da Câmara, todos lo sabeis, es un espanol, ha sido un madrileno. Todas las primeras firmas de nuestra juventud le tutean y mañana mismo van a congregarse para festejarle como merece, como al camarada que regresa al hogar. Pasó por Madrid Leal da Cámara influyendo en nuestra vida, dando un matiz nuevo y una expressión insólita a la caricatura nacional, después se marchó a Francia, donde continuó colaborando con compatriotas nuestros, entre otros Paco Sancha, y allí higo célebre su nombre por todo el mundo. Quien no conoce los periódicos que el fundó y, entre otras cosas menudas é interesantisimas, esa colección de postales de los soberanos de Europa, que ha recorrido y que forma el piso intimo de tantos y tantos estudios y saloncitos? »

Leal da Cámara, como hé dicho, ha influido ya una vez en la vida española; ahora viene, a influir de nuevo. Esta noche, antes que nada, pretende influir en los intelectuales y en los artistas el deseo de salir a la calle, el deseo de dejar la torre de marfil, el deseo de querer la vida…»
Da conferência e seu tema reza assim o próprio: «Expliquei depois o que já tivera ocasião de explicar em múltiplas conferências em Portugal, isto é, o estudo da Publicidade sob o ponto de vista psíquico, e não me esqueci de apresentar o gráfico que mostra os principais estados de alma por que passa um freguês, a partir da indiferença inicial até ao acto da compra, e desenvolvi o que sabem todos os que se dedicam à psicologia, ou sejam várias maneiras de despertar e fixar a atenção, de provocar o interesse, de fazer nascer o desejo e de determinar a vontade.»
Se foi importante para o mundo da publicidade espanhola não sei. Em Portugal acabaria por nunca ser acarinhado e a sua sobrevivência foi quase um acto de caridade em o deixar ser professor de artes e ofícios para as meninas que frequentavam a escola industrial.


Espanha, grata pelo seu contributo artístico ainda o chamaria em 1944 a Madrid para o nomear Membro de Honra do Circulo de Artes de Madrid, onde lhe foi oferecido um jantar de honra com os velhos amigos e novos admiradores.
Viria a morrer a 21 de Julho de 1948 na sua casa da Rinchoa (arredores de Lisboa) onde deixou criada a sua Casa-Museu.
Leal da Câmara foi um turista forçado não só em Madrid, também o foi na sua terra, já que sempre foi um irreverente, por isso uma pessoa incómoda porque via a arte não como um diletantismo, mas como uma ferramenta de pedagogia.Se ele nos deixou um magnifico legado de obras geniais que fazem o registo do seu tempo, fazem o registo da história dos homens de uma forma descarnada, mais importante é o seu legado em descrever o Humor como a suprema arte da pedagogia: «O humorismo é se deter à beira do caminho e desse lugar contemplar a vida que vai correndo».


Comments:
Una conferencia muy interesante, que releída con calma aún lo resulta mucho más.
Un fuerte abrazo,
 
confirmo lo dicho por Kap (pero el dormiba a la conferencia ;-)) .
Un fuerte saludo italiano desde Francia
P.s.
muchas gracias para los libros, me gustan mucho
 
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