Sunday, April 27, 2008
Historia da Caricatura de Imprensa em Portugal (Parte 25)
Por: Osvaldo Macedo de Sousa
1881
Em 1881 a crise mais grave (já que estas se sucedem, em paralelo com os escândalos e quedas sucessivas de governos), foi a "Questão de Lourenço Marques", já que mais uma vez os políticos se deixam subjugar às vontades da "pérfida Albion".
Numa alternância, em promiscuidade de cozinha política, tomam posse os Regeneradores, não tendo desta vez o Fontes a liderá-lo, mas Rodrigues Sampaio... Existiam 4 partidos, o Regenerador, o Progressista, o Socialista, criado em 75) e o Republicano (criado em 76), mas só os dois primeiros tinham peso, e direito á governação. Apesar dos escândalos sucessivos, do levantamento da oposição, e da intelectualidade, denunciados na imprensa, 05 governos mantinham-se, apenas rodando entre eles, ou seja alternando a governação, mudando-se os políticos de uma para o outro, mantendo as mesmas linhas directrizes, e nunca contrariando as decisões anteriores. Em consequência dessa inactividade, ou por não haver diferença de comportamento do novo governo perante o caso, este ano, em mais uma farsa, os Regeneradores são depostos, para nascer um novo governo Regenerador, tendo agora o Fontes como Presidente do Ministério.
Com quase dois anos de atraso, veio a público um novo livro de Raphael Bordallo Pinheiro denominado "No Lazareto de Lisboa", onde Raphael relata a sua experiência de quarentena que teve de passar, aquando do seu regresso do Brasil. Como ele próprio escreve na introdução. «Estas pobres páginas reúnem as recordações que ao voltar à pátria formulei, de muitas coisas que deixei ao longe nas terras que em linguagem nobre se chama ainda de Santa Cruz, e exprimem ao mesmo tempo as primeiras impressões que senti quando, ao pousar o pé no torrão natal, no momento de estender os braços à imagem querida da pátria, em vez de ser apertado nos braços amigos, fui apertado pelos guardas de saúde e médicos do Lazareto.»
A vida, em todos os aspectos, não apenas os políticos, como as suas próprias vivências, são fonte de inspiração e de humor, em Raphael.