Thursday, June 14, 2007

A Mulher no Cartoon 2

Por: Osvaldo Macedo de Sousa


ALGUMA VEZ LHE FIZERAM SENTIR ESSA IDEIA ? "Onde quer que vá, sinto-me sempre num mundo de homens. – declara Donna Barr - Todas as mulheres nasceram para uma zona de combate - temos que lutar em cada minuto das nossas vidas. E, pergunto eu, onde estão as nossas medalhas ? Hm? E o nosso pré ?".
As outras artistas reafirmam: "Tudo, todos, todos os dias" (Catherine Doherty); "Sinto que vivo num mundo de homens, mas isso pode ser mudado desde que eu saiba que sou uma alma espiritual e que a alma não tem identificação sexual" (Antonia Toneva Beeroo); "Sim. Em pequenas coisas, na maior parte dos casos. Eu sempre ignorei". (Signe Wilkinson); "Sempre. Na maior parte dos casos, são os próprios homens-cartoonistas que me fazem sentir assim. Hoje mesmo recebi uma mensagem dum cartoonista do grupo e-mail a que pertenço, que descreve a banda desenhada como um"espaço de homens jovens". Ele nem pensou quando usou a palavra "homens". Assumiu automáticamente que no grupo apenas haveria homens." (Trina Robbins).
"Na minha condição de Mulher Americana, - respondeu-nos Raquel Orzuj – Uruguaya, venho de um Continente com uma cultura ancestral "machista", incentivada por dominadores Espanhois, Portugueses..., que criaram uma identidad americana de poder masculino, relegando a mulher a desenvolvimentos e resistencias psicológicas, sociológicas, culturais, económicas e outras que incidiram e diferenciaram a muito largo prazo sua identidade mulheril". Nani corrobora esse pendor latino-machista : "Sim, meus propios companheiros desenhadores, mas creio que é normal pois o homem tende a defender esu territorio, já que tem uma forma um pouco primitiva de entender a vida".
"Sou retratista há 30 anos – responde Eve Myles - caricaturista há 20. Não publico cartoons. Sempre trabalhei em retratos. No início, poucas pessoas perguntavam - quem é o artista ? - e ficavam admiradíssimos ao perceberem que o artista era eu. Isto já não é assim hoje em dia. No que concerne os clientes, é-me mais fácil vender retratos e caricaturas às mulheres, desde que não as desfavoreçam. Os homens geralmente querem mais cabelo, se são carecas, mas de resto aceitam o meu trabalho mesmo que não lhes seja lisonjeiro.".
Claro que nem todas têm o mesmo historial, umas tiveram melhor sorte nos contactos, outras sofreram a questão de quotas... Curioso é o depoimento de Jan Eliot: "Quando me tentei inscrever a primeira vez, houve um editor que me disse: "Temos a Lynn e a Cathy, para que precisamos de si ?" Ele estava a referir-se a Lynn Johnston e Cathy Guisewite, as cartoonistas que criaram "Para o melhor e para o pior" e "Cathy" respectivamente. O que ele quis significar foi que duas cartoonistas já eram sificientes para preencher uma espécie de "quota", como se o mundo do cartoonismo não precisasse de mais de duas mulheres. Uma vez que parece não haver limite para o número de homens-cartoonistas, isto pareceu-me assaz injusto. Um cartoonista é um cartoonista."
"Contudo, no mundo do cartoonismo, os homens ultrapassam em número as mulheres. Na maior parte dos eventos em que se juntam cartoonistas, as mulheres perdem-se na multidão, ou então jula-se que elas são as esposas dos homens-cartoonistas. Consegue ser bastante intimidatório."
"O meu marido teve uma experiência única num destes eventos. Ele ia num elevador de hotel durante a conferência anual dos Prémios Reuben da Sociedade Nacional de Cartoonistas, a maior organização de cartoonistas nos Estados Unidos. Ele usava uma tarjeta com o nome da conferência, e um dos outros homens que seguia no elevador perguntou-lhe qual dos cartoons era de sua autoria. Ele respondeu: "Nenhum, eu sou apenas o cônjuge". O homem olhou-o durante um minuto e depois disse: "Sabe, junto de minha residência mora um casal de "gays" e isso não me incomoda nada." Para este homem era tão inconcebível que o cônjuge-cartoonista fosse uma mulher que ele imediatamente concluiu que o meu marido só podia ser "gay"."
Costuma-se dizer que por detrás de um grande homem há sempre uma grande mulher, mas nunca ouvi dizer que por detrás de uma grande mulher há um grande homem. Talvez porque a maioria não admite que a mulher triunfe, que mesmo o suplante, razão de muitos divorcios. Contudo há também grandes homens por detrás de mulheres, que as apoiam, que as incentivam, e merecem uma palavra especial, já que também eles são depressiados pelos companheiros de género. Contudo não estamos aqui para falar dos homens.

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