Wednesday, June 27, 2007

A Mulher no Cartoon 4

Por: Osvaldo Macedo de Sousa

As cartoonistas pioneiras TIVERAM PROBLEMAS?

Trina Robbins responde pelas americanas: "Penso que as primeiras cartoonistas não tiveram problemas - certamente não os problemas que tenho hoje. A tira cómica era algo de tão novo que ninguém na altura pensava nela como "masculino" ou "feminino", e havia bastantes mulheres a trabalhar em banda desenhada para jornais" Contudo Jan Eliot acrescenta: "As mulheres foram inicialmente aceites como cartoonistas porque elas vinham do campo da ilustração one muitas eram consideradas excelentes. Foi na altura considerado ser um campo de estudo e trabalho para mulherers, um dos poucos ... e muito do seu trabalho, e depois os seus cartoons retratavam crianças bonitas e animais/bonecos de estimação. Adicionalmente, muitas mulheres contribuiram para o New Yorker, uma revista que se tornou famosa pelos seus cartoons single panel de alta qualidade. Contudo, nos anos 50, depois da II Grande Guerra, as coisas modificaram-se nos E.U.A. Os homens regressados da guerra reclamavam os empregos que as mulheres tinham estado a preencher na sua ausência, e elas foram encorajadas a ficar em casa e constituir família. Esta atitude estendeu-se também às cartoonistas, e quando a sociedade cartoonista de sucesso - Sociedade Nacional de Carttonistas – foi fundada nos anos 50, as mulheres foram excluidas. Muitas tiveram dificuldade em encontrar editores que aceitassem os seus trabalhos. Dale Messick é um exemplo excelente ... o seu nome era inicialmente Dahlia, e a sua tira cómica "Brenda Starr" foi rejeitada por muitos editores. Quando ela mudou o nome para "Dale" (um nome que tanto pode ser de homem ou de mulher) e o enviou pelo correio em vez de o fazer pessoalmente, o trabalho foi imediatamente aceite para publicação. "Brenda Starr" ainda se publica hoje. Hilda Terry também teve uma experiência única ao tentar co-existir com cartoonistas-homens. Ela publicou uma tira cómica sobre uma adolescente chamada "Teena". Foi posta na lista negra da Sociedade Nacional de Cartoonistas apesar de todo o seu sucesso, e quando viajou com cartoonistas-homens numa tournée para divertimento das tropas, eles abandonavam-na aproveitando uma ida dela à casa-de-banho; iam para o palco sem ela, apanhavam aviões sem ela ... enfim, ela teve mesmo que lutar para competir com eles. Foi finalmente aceite na Sociedade Nacional de Cartoonistas em parte devido à influência de Al Capp e Milton Caniff que favoreceram a sua admissão, e ela depois nomeou Gladys Parker e outras amigas cartoonistas, e só assim, finalmente, se quebrou a barreira contra o sexo feminino na S.N.C."
No caso Europeu, os depoementos das bulgaras Ioana Nikolova e Neda Gougouchkova são esclarecedoras. A primeira escreve - " No passado, as caricaturistas não eram tão populares porque havia muitos caricaturistas-homens cujos nomes já tinham alcançado renome. Por outro lado, muitos jornais e revistas preferiam os caricaturistas-homens, partindo do princípio que as mulheres não seriam suficientemente boas nessa arte devido à sua natureza específica. Eu estou a dizer-lhe isto pela minha própria natureza e experiência pessoal. Como é óbvio, se uma caricaturista acreditar em si mesma, ela não desiste, apesar da discriminação sexual." A segunda acrescenta – "A dificuldade de ser mulher neste tipo de arte é que a maior parte dos homens acha que esta ocupação não é para mulheres. Dum modo geral, habituaram-se com o decorrer do tempo. Eu nunca fui perseguida , com excepção de uma pessoa, que o fez "por amor"! ?"
Naturalmente que não estava à espera que me dissessem que as pioneiras sofreram a amargura da tortura, o desterro. As coisas são mais soft, são subtis, e naturalmente ainda hoje do mesmo se podem queixar muitas artistas. Também é verdade que essa barreira também existe para jovens machos em inicio de carreira...

Friday, June 22, 2007

Prémio Stuart de Desenho de Imprensa 2007


A ilustração "Plágio Literário", criada por João Fazenda e publicada no suplemento Ípsilon do PÚBLICO a 16 de Fevereiro, conquistou o Grande Prémio da quarta edição do Prémio Stuart de Desenho de Imprensa.
De acordo com os promotores do prémio (o El Corte Inglés e a Casa da Imprensa), o trabalho "Reflexões Petrolíferas I - A Bandeira", de António Antunes, divulgado a 5 de Agosto do ano passado, foi o premiado na categoria de Cartoon/Caricatura.

José Bandeira na categoria de Tira Cómica, ganhou o seu terceiro Stuart, com o trabalho "Janela de Oportunidade", publicado no "Diário de Notícias" a 9 de Janeiro passado.

A escolha do júri — composto por André Carrilho, vencedor da edição do ano passado, como presidente; Mário Soares, como convidado especial; Faria Artur, pela Casa da Imprensa; e João Paulo Cotrim, pelo El Corte Inglés — foi feita entre 500 trabalhos candidatados por cerca de 70 autores que publicam nos vários títulos da imprensa nacional.
(Apenas publico o desenho de José Bandeira por não ter conseguido as outras imagens)

Henrique Monteiro Menção Honsora do XI SLGC-Vila Real 2007



David Pintor - 3º Prémio XI Salão Luso-Galaico de Caricatura de Vila Real 2007

Patente ao público na Teatro Municipal de Vila Real de 23 de Junho a 31 de Julho


Thursday, June 21, 2007

Paulo Santos 2º Prémio do XI Salão Luso-Galaico de caricatura de Vila Real


Inaugura no dia 23 de junho ás 22h no Teatro Municipal de Vila Real

António Santos - 1º Prémio do XI Salão Luso-Galaico de Caricatura de Vila Real


– ACTA DE REUNIÃO DO JÚRI –


Aos sete dias do mês de Maio de dois mil e sete, pelas vinte e uma horas e trinta minutos, reuniu nas instalações do Grémio Literário Vila-Realense o Júri do XI Salão Luso-Galaico de Caricatura, constituído pelos senhores António Manuel Pires Cabral e Elísio José Fernandes Amaral Neves, assessores da Câmara Municipal para a área da Cultura; Carlos Alberto Esteves Miranda, em representação do Governo Civil de Vila Real; António Duarte Figueira Pinto, em representação da Região de Turismo da Serra do Marão; Jorge Alexandre Quental Esteves Mateus, artista convidado; e Osvaldo Macedo de Sousa pela Humorgrafe.
Após cuidadosa ponderação dos oitenta e quatro trabalhos apresentados a concurso, o Júri deliberou atribuir os prémios previstos no Regulamento do Salão aos seguintes artistas:

Primeiro Prémio (Prémio Câmara Municipal de Vila Real ) – António Santos (Santiago)
Segundo Prémio (Prémio Governo Civil de Vila Real) – Paulo Santos
Terceiro Prémio (Prémio Região de Turismo da Serra do Marão) – David Pintor
Menções Honrosas – Henrique Monteiro e António Amado Lorenzo

Nada mais havendo a tratar, foi a reunião encerrada e dela se lavrou a presente acta que, depois de lida em voz alta e achada conforme, vai ser assinada por todos os elementos do Júri.
Vila Real, 7 de Maio de 2007. O Júri

Wednesday, June 20, 2007

XI Salão Luso-Galaico de Caricatura Vila Real 07


DIA 23 DE JUNHO, INAUGURA O XI CERTÂME DE VILA REAL, DEDICADO AO TEMA "TORGA, OU A POÉTICA DA VIDA"

Pelas 22 horas, na Galeria de Arte do Teatro Municipal de Vila Real, efectuar-se-á a inauguração e respectiva cerimónia de entrega de Prémios do XI Salão Luso-Galaico de Caricatura de Vila Real 2007. Uma organização do Município de Vila Real e do Grémio Literário Vilarealense, com Produção da Humorgrafe, esta exposição estará patente ao público até ao dia 31 de Julho.
Para além dos trabalhos apresentados a concurso, haverá uma pequena retrospectiva de Jorge Mateus, o artista convidado-homenageado, e autor da capa do catálogo.
Como nos outros anos, esta exposição poderá ser vista na Casa da Xuventude de Ourense durante o mês de Agosto (em datas a definir)


Monday, June 18, 2007

A Mulher no Cartoon 3

Por: Osvaldo Macedo de Sousa
QUEM FORAM AS PIONEIRAS ?

A tradição religiosa diz-nos que primeiro nasceu o homem, e depois a mulher, como se nascesse primeio o ovo, e depois a galinha. No humor não sei quem foi o primeiro. Na Biblia diz que Deus tinha humor, mas quem riu primeiro, o homem ou a mulher ? A serpente não foi.
No maior parte dos casos, a mulher só surge no humor gráfico nas últimas décadas, com os movimentos do Maio 68, e consequentes movimentos de liberalização dos costumes. É certo que Olympe de Gouges (1748/1793), aquando da Revolução Francesa escreveu na Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã: "Mulher, acorda: o sino da razão toca a rebate. Reconhece os teus direitos: O poderoso império da natureza já não está envolvido em preconceitos, fanatismos, superstições, metiras...", mas como estava errada.
O caso da América do Norte é diferente, como escreveu Jan Elliot: "Houve mulheres no cartoonismo desde que esta forma de arte surgiu.". Trina Robbins, a historiadora da mulher cartoonistas nos States acrescenta: " A primeira mulher cartoonista que eu encontrei foi Louise Quarles, que fazia uma tira aos domingos chamada "Bun's Puns" (está no meu livro "Um século de Mulheres no Cartoonismo", cerca de 1901). Ela foi rápidamente seguida por outras como Rose O'Neill, Grace Drayton, Kate Carew, Jean Mohr, Marjorie Organ, Margaret Hays, etc-todas antes de 1910."
Contudo, nos EUA confunde-se bastante o cartoon, na concepção francofona de caricatura de intervenção socio-politica, com a tira cómica, e outras formas de uso do desenho de imprensa, da BD (comics) e até animação. Se a Tira Cómica (Comic strip) triunfou, como filho natural do Cartoon editorial, foi nesse campo que a mulher melhor se enquadrou para sobreviver ao longo dos anos. Só muito esporádicamente as mulheres cartoonistas editoriais conseguiram furar o cerco masculino, e ainda hoje elas são uma raridade que contudo vencem tudo, atingindo com todo o mérito o Prémio Pulitzer, como aconteceu com Signe Wilkinson e Ann Telnaes.
Em relação ao resto do mundo a história é outra. Na realidade, os meus conhecimentos não são muito profundos, mas a ignorancia está generalizada, já que os nomes de mulheres pelo menos não aparecem nas Histórias a que eu tenho acesso.
Surgem sim a partir da decada de setenta. Sim Claire Bretecher aparece mais cedo em França. Em relação aos países das cartoonistas que nos responderam podemos transcrever as suas informações: "No meu país – responde a colombiana Nani - a referencia que tenho é Consuelo Lago, tem um personagem que se chama a "negra nieves"; "No meu país, Uruguay, - escreve Raquel Orzuj - não existe uma tradição da arte de humor gráfico da mulher. Alguns especialistas na disciplina, consideram-me uma pioneira da mesma". Na realidade na américa Central e Sul a luta é recente, mas com alguns objectivos conseguidos.
No Irão sabemos que existem 4 cartoonistas, na Turquia igual número, na Croácia cerca de meia dúzia, nos paises de Leste vão surgindo agora, como nos relata a Bulgara Nezhna Filipova – "A caricatura e a banda desenhada já existem na imprensa búlgara há 50 anos. Antes disso, apenas páginas humorísticas em periódicos, Não há testemunhos sobre mulheres-cartoonistas antes deste período.". Neda Gougouchkova acrescenta: "Eu sou uma das primeiras mulheres a trabalhar na área dos cartoons na Bulgária. No início dos anos 70 do século passado, os cartoonistas na Bulgária eram predominantemente homens e alguns dos nomes mais populares são Ilya Beshkov, Alexander Vendov, Stoyan Vendev, e também Todor Tzonev, que foi um aluno bastante talentoso de Iliya Beshkov. Mesmo nos dias de hoje ele é um dos nomes mais celebrados no campo dos cartoons e das artes plásticas satíricas. Como eu sou uma das primeiras mulheres cartoonistas, posso confidenciar que, depois da minha graduação na Academia de Belas Artes (com Placard como nuclear) participei pela 1ª vez numa Bienal do Cartoon intitulada "Motores, Carros e Ambiente" que teve lugar em 1979 nas salas de exposição da União dos Artistas Búlgaros, e ganhei o Prémio Satírico Placard. Logo a seguir, em 1981, ganhei o Prémio de Jovens Artistas na Bienal Knokke Heist na Bélgica, e na Bienal de Artes Satíricas em Gabrovo, Bulgária. Depois participei em muitas exposições de cartoons tanto na Bulgária como no estrangeiro. A partir de 1985-1988 outras mulheres-cartoonistas começaram a expôr mas os seus nomes apareceram só temporáriamente." Creio que existem actualmente meia dezena inscritas na Associação de Cartoonistas Bulgaros.
Na maioria dos casos apontam a década de setenta para o surgimento de mulheres como profissionais do humor gráfico. Em Portugal, o caso que conheço melhor, encontramos mulheres a participar nos Salões de Humoristas na década de dez, depois na década de vinte. São artistas plásticos que aproveitam as iniciativas irreverentes dos humoristas para se imporem no meio dificil, e masculino que é o das artes plásticas de então. Na realidade não são humoristas, eventualmente usam um tom de ironia, um tom sócio-pitoresco mas nada mais, como é o caso de Maria Adelaide de Lima Cruz. Mamia Roque Gameiro publicará algumas anedotas ilustradas, mas dedicar-se-á fundamentalmente à historieta e ilustração Infantil. Angela Caldas, Guida Roque Gameiro Ottolini, Maria Fernanda, Maria Luisa Pinto Rodrigues, Marinela, Otília são assinaturas que aparecem num ou outro raro desenho humorístico. A primeira mulher a publicar na imprensa portuguesa com continuidade, e de forma interventiva é Maria Almira Medina.
Entretanto algumas mulheres aparecem no campo da ilustração, da tira de histórias infantis... No Humor gráfico seria necessário passarem-se quase meio século para surgir outro expoente das artes da caricatura, de seu nome Joana Campante. Isso na década de noventa, para se ir desvanecendo no ensino e outras vertentes de ilustração, já que o mercado é dificil. Entretanto o retrato-charge de livros de Curso vai apresentando artistas como Mimi, Cesarina Silva, a imprensa regional já publicou cartoon de Amélia Correia e na ilustração Cristina Sampaio trabalha na fronteira do cartoon...

Thursday, June 14, 2007

A Mulher no Cartoon 2

Por: Osvaldo Macedo de Sousa


ALGUMA VEZ LHE FIZERAM SENTIR ESSA IDEIA ? "Onde quer que vá, sinto-me sempre num mundo de homens. – declara Donna Barr - Todas as mulheres nasceram para uma zona de combate - temos que lutar em cada minuto das nossas vidas. E, pergunto eu, onde estão as nossas medalhas ? Hm? E o nosso pré ?".
As outras artistas reafirmam: "Tudo, todos, todos os dias" (Catherine Doherty); "Sinto que vivo num mundo de homens, mas isso pode ser mudado desde que eu saiba que sou uma alma espiritual e que a alma não tem identificação sexual" (Antonia Toneva Beeroo); "Sim. Em pequenas coisas, na maior parte dos casos. Eu sempre ignorei". (Signe Wilkinson); "Sempre. Na maior parte dos casos, são os próprios homens-cartoonistas que me fazem sentir assim. Hoje mesmo recebi uma mensagem dum cartoonista do grupo e-mail a que pertenço, que descreve a banda desenhada como um"espaço de homens jovens". Ele nem pensou quando usou a palavra "homens". Assumiu automáticamente que no grupo apenas haveria homens." (Trina Robbins).
"Na minha condição de Mulher Americana, - respondeu-nos Raquel Orzuj – Uruguaya, venho de um Continente com uma cultura ancestral "machista", incentivada por dominadores Espanhois, Portugueses..., que criaram uma identidad americana de poder masculino, relegando a mulher a desenvolvimentos e resistencias psicológicas, sociológicas, culturais, económicas e outras que incidiram e diferenciaram a muito largo prazo sua identidade mulheril". Nani corrobora esse pendor latino-machista : "Sim, meus propios companheiros desenhadores, mas creio que é normal pois o homem tende a defender esu territorio, já que tem uma forma um pouco primitiva de entender a vida".
"Sou retratista há 30 anos – responde Eve Myles - caricaturista há 20. Não publico cartoons. Sempre trabalhei em retratos. No início, poucas pessoas perguntavam - quem é o artista ? - e ficavam admiradíssimos ao perceberem que o artista era eu. Isto já não é assim hoje em dia. No que concerne os clientes, é-me mais fácil vender retratos e caricaturas às mulheres, desde que não as desfavoreçam. Os homens geralmente querem mais cabelo, se são carecas, mas de resto aceitam o meu trabalho mesmo que não lhes seja lisonjeiro.".
Claro que nem todas têm o mesmo historial, umas tiveram melhor sorte nos contactos, outras sofreram a questão de quotas... Curioso é o depoimento de Jan Eliot: "Quando me tentei inscrever a primeira vez, houve um editor que me disse: "Temos a Lynn e a Cathy, para que precisamos de si ?" Ele estava a referir-se a Lynn Johnston e Cathy Guisewite, as cartoonistas que criaram "Para o melhor e para o pior" e "Cathy" respectivamente. O que ele quis significar foi que duas cartoonistas já eram sificientes para preencher uma espécie de "quota", como se o mundo do cartoonismo não precisasse de mais de duas mulheres. Uma vez que parece não haver limite para o número de homens-cartoonistas, isto pareceu-me assaz injusto. Um cartoonista é um cartoonista."
"Contudo, no mundo do cartoonismo, os homens ultrapassam em número as mulheres. Na maior parte dos eventos em que se juntam cartoonistas, as mulheres perdem-se na multidão, ou então jula-se que elas são as esposas dos homens-cartoonistas. Consegue ser bastante intimidatório."
"O meu marido teve uma experiência única num destes eventos. Ele ia num elevador de hotel durante a conferência anual dos Prémios Reuben da Sociedade Nacional de Cartoonistas, a maior organização de cartoonistas nos Estados Unidos. Ele usava uma tarjeta com o nome da conferência, e um dos outros homens que seguia no elevador perguntou-lhe qual dos cartoons era de sua autoria. Ele respondeu: "Nenhum, eu sou apenas o cônjuge". O homem olhou-o durante um minuto e depois disse: "Sabe, junto de minha residência mora um casal de "gays" e isso não me incomoda nada." Para este homem era tão inconcebível que o cônjuge-cartoonista fosse uma mulher que ele imediatamente concluiu que o meu marido só podia ser "gay"."
Costuma-se dizer que por detrás de um grande homem há sempre uma grande mulher, mas nunca ouvi dizer que por detrás de uma grande mulher há um grande homem. Talvez porque a maioria não admite que a mulher triunfe, que mesmo o suplante, razão de muitos divorcios. Contudo há também grandes homens por detrás de mulheres, que as apoiam, que as incentivam, e merecem uma palavra especial, já que também eles são depressiados pelos companheiros de género. Contudo não estamos aqui para falar dos homens.

Friday, June 08, 2007

A MULHER NO CARTOON

Por: Osvaldo Macedo de Sousa

Nos meus vinte e cinco anos de investigação e produção de eventos no humor gráfico, por diversas vezes fui confrontado com a questão de ausência de mulheres nos meus eventos, nos eventos dos outros ou na imprensa.
Mais de uma ocasião tentei organizar um Forum sobre a questão, fazer uma exposição... mas nunca tive apoios, já que é um tema sem "interesse". Essa oportunidade surgiu em 2001 no AmadoraCartoon, uma dos sub-componentes do Festival Internacional BD da Amadora.
Contactei mais de uma centena de mulheres cartoonistas dos cinco continentes (de 30 países), e só obtive respostas de duas dezenas e meia de artistas (de 9 países). Por outro lado, só foram contactadas mulheres triunfantes (das outras não temos registos nem contactos), quando 90% a 99% delas ficam pela intenção e sonho, sendo essas as que mais teriam para dizer das dificuldades e barreiras que lhes são impostas.
As Cartoonistas que me responderam foram: Anja Brand-Heemskerk (Netherlands), Antónia Toneva Beeroo (Bulgária), Catherine Doherty (Canada), Cesarina Silva (Portugal), Donna Barr (USA), Elena Steier (USA), Eve Miles (USA), Elizabeth W. Pankey (USA), Gerrie Hondius (Netherlands), Horacek (USA), Ioana Nikolova (Bulgária), Jan Eliot (USA), Joanne Applegate (Australia), Karen Fulk (USA), Martha Montoya (Colombia), Megan Kelso (USA), Nani (Adriana Mosquera) (Colombia), Neda Gougouchkova (Bulgária), Nezhna Filipova (Bulgária), Ourideia (USA), Raquel Orzuj (Uruguai) , Sepideh Anjomrooz (Irão), Signe Wilkinson (USA), Susan Kelso (Canada), Susan Moreno (USA), Trina Robbins (USA)


O CARTOONISMO É UMA PROFISSÃO DE HOMENS ?

"A tua abordagem é de facto terrível" ironisa Gerrie Hondius. Donna Barr satiriza: " Que pergunta peculiar ! Calculo que seja tanto uma profissão de homens como colocar tijolos ou cozinhar esparguete". Estamos ou não estamos no campo da irreverência? Todos sabemos que a mulher tem um cerebro e inteligencia igual ao do homem, que na criatividade não há diferença entre raças, géneros ou idades... não é preciso dizerem-me isso. Contudo a verdade é que quase não há mulheres nesta profissão.
Sei que parece uma questão sexista, mas quando olhamos para as Histórias da Caricatura / cartoon dos diferentes países raras são as vezes que encontramos nomes de mulheres. Porque não existem, porque são ignoradas ?
"A tua pergunta – escreve Tina Robbins - já é a resposta: é um campo dominado por homens, e como em todos os campos dominados por homens, estes não querem desistir do seu "clube só para rapazes". Olha para os Taliban como o exemplo mais extremo dum "clube só para rapazes" – eles sentem-se tão ameaçados de perder o seu poder se as mulheres chegarem à igualdade que puramente as impedem de ler, de ir à escola, de ter empregos, até de serem vistas em público."
"A caricatura não é uma profissão de homens - acrescenta Antonia Toneva Beroo - mas foi aceite como tal devido ao conteúdo ousado que algumas caricaturas têm que transmitir." "Pergunto-me sempre a mim própria: por que não existem mulheres cartoonistas famosas ? - escreve Nezhna Filipova - será que o apelo, escolhido para a mulher, de ser mãe e ser amável é mais forte e mais importante ? Quando eu faço os meus cartoons, não me sinto num mundo diferente, masculino, porque para mim os cartoons e a banda desenhada são um tipo de linguagem, uma forma de expressão, eu não acho que esta linguagem seja masculina ou feminina." Sepideh Anjomrooz considera: "Penso que o cartoon é como uma ponte de comunicação que nos aproxima, ultrapassa a fronteira geográfica. Nesta ponte nós falamos do que tem que ser e do que não há. Na minha opinião, o cartoon não é uma profissão para homens. Porque o cartoon tem as suas raízes no racional e não no sexual. Mas é verdade que o número de mulheres cartoonistas é menor que o dos homens. Não só no Irão, mas em todo o mundo. Tal não se deve à cultura mas sim, acho eu, à natureza da mulher que está mais focalizada na estética e nas emoções".
Contudo creio que as colombianas vão ao cerne da questão. Martha Montoya considera que "a família e a sociedade influenciam as raparigas a não seguir nessa direcção". Para Nani, "não existem profissões só para homens ou só para mulheres, tal como medicina que começou sendo exercida por homens e pouco a pouco as mulhere foram colonizando este campo, até converte-lo em algo habitual. O mesmo se passará com o cartonismo, pouco a pouco se integraran mais mulheres neste campo."
A presença da mulher como criativa no ambito do humor gráfico, é no fundo a história da luta pelos seus direitos de igual acesso a qualquer profissão, ao direito á opinião. Essa luta para ter espaço em todas as profissões não passa pela atribuição de quotas, como ironicamente os politicos ridicularizam a questão. Essa luta é apenas educacional, mas não deixa de ser uma guerra com colateralidades.


Sunday, June 03, 2007

Zé Oliveira Homenageado e Condecorado

Três galardões para Zé Oliveira, um reconhecimento internacional e nacional de um artista mal aproveitado em terras lusas. Todos que amam o humor, o cartoon, que admiramos este artista, tambem nos sentimos honrados por estas iniciativas, por este reconhecimento.

No passado Sábado, Zé Oliveira recebeu a Medalha de Mérito Cultural J. Carlos, atribuída pela Associação Brasileira de Desenho e Artes Visuais - ABD, em cerimónia que decorreu em Leiria, no Auditório 1 da ESTG-Escola Superior de Tecnologia e Gestão.
Na mesma altura, foi-lhe atribuída a Medalha de Honra ao Mérito da Casa-Museu Maria da Fontinha, de Além do Rio (Castro Daire).
Foi-lhe também entregue o Diploma de Reconhecimento ao Mérito, do Elos Clube de Leiria, que fora outorgado em 22 de Abril de 2007, data do primeiro aniversário da instituição.

Quem foi J. Carlos ?
José Carlos de Brito e Cunha, caricaturista brasileiro, nasceu no Rio de Janeiro em1884.Desenvolveu um importante trabalho de nacionalização da arte da caricatura no Brasil. Começou como caricaturista em 1902, no "Tagarela" e colaborou em diversas revistas como Avenida, O Malho e Fon-Fon. Em 1908 criou e dirigiu a revista Careta, de que foi único ilustrador até 1922. Era uma publicação norteada por princípios de Liberdade e Democracia.
Compôs um retrato vivo da sociedade brasileira do início do século XX, retratando a vida carioca, as praias, o carnaval, a moda e costumes e criando personagens típicos da cidade. Fez capas e criou personagens para a revista infantil Tico-Tico. Foi consagrado pela crítica por saber sintetizar em poucas linhas as personalidades que desenhava. O seu traço, inicialmente Arte-Nova, viria a evoluir para arte-Déco.
Faleceu em 1950.
Fontes: http://www.edukbr.com.br/http://daniellathompson.com/
Historia del humor gráfico en el Brasil (Lailson de Holanda Cavalcanti - Editorial Milénio - Lleida - Espanha)

O que a Casa-Museu Maria da Fontinha
Situado em Além do Rio (Castro Daire), este Museu foi construído durante os anos de 1982 e 1984, por iniciativa de Arménio Vasconcelos, em homenagem a sua avó, que dá nome à instituição, situanda num local de beleza deslumbrante.Foi inaugurado o Museu em 5 de Agosto de 1984, pelo Presidente da República Portuguesa, General António Ramalho Eanes. Ali se pode apreciar um rico acerva de 1400 quadros, 250 esculturas; centenas de peças e alfaias de etnografia; milhares de exemplares de mineralogia e geologia; idem, de moedas romanas; porcelanas "Companhia das Índias"; faianças e cerâmicas portuguesas; curiosidades diversas e, inequivocamente, o maior acervo de pinturas (cerca de 300), esculturas (cerca de 30) e peças, oriundas do Brasil e ou de Autores Brasileiros (neste momento, talvez o maior acervo no exterior ao Brasil).As entradas são gratuitas. A Casa-Museu é financiada inteiramente pelo seu Director e pelas empresas de que este é Administrador.

O que é o Elos Clube
É um movimento de congregação de valores humanos para defenderem a aliança e promoverem a boa compreensão dos povos de língua portuguesa. Situado acima das contingências de formulações políticas internas de cada país, o ELOS respeita o sentir e as convicções de cada elista como cidadão, alheio a sistemas de governos e a doutrina de governantes, desde que não subversivos. Também os não distingue por sua condição social, económica ou religiosa. Os Elistas nivelam-se por um mesmo conteúdo moral e por uma mesma dose de idealismo na luta pela congregação das pessoas que, onde estiverem, falem adaptem ou cultivem a língua portuguesa.

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