Thursday, February 01, 2007
Caricaturas Crónicas 29
A SCENA DRAMÁTICA
Por:Osvaldo Macedo de Sousa
Nos tempos que correm, porque há outros que não correm, como acontece com os projectos em Portugal, existe a «Cena Dramática». Mas o dramático da cena, é que não sei se a cena mais dramática é o Zé em lágrimas ou o Zé passivo.
Houve tempos em que as lágrimas lhe corriam nas faces, perante a representação, perante a história da menina órfã, maltratada pela madrasta, pela vida, e que vence todos os tormentos na descoberta do «príncipe» encantado...; perante a representação de um acto heróico, finalizado num belo casamento...
Há tempos em que o Zé está passivo perante o écran, lendo maquinalmente as legendas, indiferente ao calor humano da representação, mas interessado pelo calor da comodidade. Na boa verdade, porque também existem más verdades, o culpado desta indiferença, em comodismo, como não podia deixar de ser, é o político, o responsável de tudo o que nos corre mal.
É que, perante tanto teatrismo político; tanto «actor» no Parlamento a cantar a «canção do ceguinho»; tanta representação da história do menino bom, que apenas quer ajudar o Tesouro a gastar «bem» o dinheiro da nação... o Zé já não vai ao teatro, não acreditando nos verdadeiros actores, confundindo-os com algum político, que o quer cravar com alguma coisa.
O teatro é a história da vida, e a primeira questão que se põe no crescimento do Zé-Menino é «ser ou não ser» político, ou seja, em terra de aldrabões, ser ou não ser.
O despertar da juventude é o descobrir que quem está na «caixa do ponto» é o político, não «deixando» muita coisa, tentando orientar o guião da nossa vida representada («Scena Portuguesa -. o Ponto» R.B.P. in «António Maria» de 4/5/1882).
A seguir vem o despertar das paixões, as aventuras de «Romeu e Julieta ou Julieta e Rometa - a situação é esta, o que não se sabe é o final do acto...». (R.B.P. in «António Maria» de 18/1/1883). Envenenamo-nos nós, ou envenenamos nós a Lucrécia Bórgia governamental?
Os finais podem ser vários pode o Zé tomar consciência da teatrologia política: «Até agora, as reuniões só têm sido amostras da loquella pública onde o Hamlet (Zé) diria com sobeja razão -Palavras e mais palavras, só palavras!»· (R.B.P. in "Pontos nos ii» de 30/1/1890).
Pode o Zé ser ludibriado, como: «Margarida Zé-Povinho, deslumbrado pelas jóias que Mephistopheles copiosamente, colocou sob os seus olhos, vai ceder a sua branca virgindade e o seu não menos branco voto, a esquecendo o modesto ramo de violetas que o platónico e belo Siebel republicano lhe faz, apaixonadamente à porta» (Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro in António Maria» de 12/11/1891 )
Facilmente se fascina o Zé com Teatro de Marionetas (R.B.P. in «Pontos nós ii» de 11/8/1887), é hipnotizado por representações fantásticas, cujos bonecos nunca se sabe por quem são manipulados, podendo ser homens, podendo ser o Partido, podendo ser o Burnay-FMI, podendo ser....(?) ... A vida é um Teatro a que nós assistimos passivamente, como passiva é a atitude do Zé perante o Teatro.
Tempos houve que os Teatros Dramáticos esgotavam, as estrelas da representação eram representados na imprensa caricaturais como glórias da nossa cena quotidiana, em assinaturas como Raphael Bordalo Pinheiro (também ele actor na sua juventude), Julião Machado, Celso Hermínio… Amarelhe, Pacheco, Santana, Jorge Rosa…
Hoje… choramos nós perante o Zé em representação aculturada, maltratado pelo padrasto ocidental, pela vida… sem a salvação… sem frequentar as salas da “Scena Dramática”, apenas preocupados com o Dramático da Ceia.
Nos tempos que correm, porque há outros que não correm, como acontece com os projectos em Portugal, existe a «Cena Dramática». Mas o dramático da cena, é que não sei se a cena mais dramática é o Zé em lágrimas ou o Zé passivo.
Houve tempos em que as lágrimas lhe corriam nas faces, perante a representação, perante a história da menina órfã, maltratada pela madrasta, pela vida, e que vence todos os tormentos na descoberta do «príncipe» encantado...; perante a representação de um acto heróico, finalizado num belo casamento...
Há tempos em que o Zé está passivo perante o écran, lendo maquinalmente as legendas, indiferente ao calor humano da representação, mas interessado pelo calor da comodidade. Na boa verdade, porque também existem más verdades, o culpado desta indiferença, em comodismo, como não podia deixar de ser, é o político, o responsável de tudo o que nos corre mal.
É que, perante tanto teatrismo político; tanto «actor» no Parlamento a cantar a «canção do ceguinho»; tanta representação da história do menino bom, que apenas quer ajudar o Tesouro a gastar «bem» o dinheiro da nação... o Zé já não vai ao teatro, não acreditando nos verdadeiros actores, confundindo-os com algum político, que o quer cravar com alguma coisa.
O teatro é a história da vida, e a primeira questão que se põe no crescimento do Zé-Menino é «ser ou não ser» político, ou seja, em terra de aldrabões, ser ou não ser.
O despertar da juventude é o descobrir que quem está na «caixa do ponto» é o político, não «deixando» muita coisa, tentando orientar o guião da nossa vida representada («Scena Portuguesa -. o Ponto» R.B.P. in «António Maria» de 4/5/1882).
A seguir vem o despertar das paixões, as aventuras de «Romeu e Julieta ou Julieta e Rometa - a situação é esta, o que não se sabe é o final do acto...». (R.B.P. in «António Maria» de 18/1/1883). Envenenamo-nos nós, ou envenenamos nós a Lucrécia Bórgia governamental?
Os finais podem ser vários pode o Zé tomar consciência da teatrologia política: «Até agora, as reuniões só têm sido amostras da loquella pública onde o Hamlet (Zé) diria com sobeja razão -Palavras e mais palavras, só palavras!»· (R.B.P. in "Pontos nos ii» de 30/1/1890).
Pode o Zé ser ludibriado, como: «Margarida Zé-Povinho, deslumbrado pelas jóias que Mephistopheles copiosamente, colocou sob os seus olhos, vai ceder a sua branca virgindade e o seu não menos branco voto, a esquecendo o modesto ramo de violetas que o platónico e belo Siebel republicano lhe faz, apaixonadamente à porta» (Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro in António Maria» de 12/11/1891 )
Facilmente se fascina o Zé com Teatro de Marionetas (R.B.P. in «Pontos nós ii» de 11/8/1887), é hipnotizado por representações fantásticas, cujos bonecos nunca se sabe por quem são manipulados, podendo ser homens, podendo ser o Partido, podendo ser o Burnay-FMI, podendo ser....(?) ... A vida é um Teatro a que nós assistimos passivamente, como passiva é a atitude do Zé perante o Teatro.
Tempos houve que os Teatros Dramáticos esgotavam, as estrelas da representação eram representados na imprensa caricaturais como glórias da nossa cena quotidiana, em assinaturas como Raphael Bordalo Pinheiro (também ele actor na sua juventude), Julião Machado, Celso Hermínio… Amarelhe, Pacheco, Santana, Jorge Rosa…
Hoje… choramos nós perante o Zé em representação aculturada, maltratado pelo padrasto ocidental, pela vida… sem a salvação… sem frequentar as salas da “Scena Dramática”, apenas preocupados com o Dramático da Ceia.