Monday, February 19, 2007

O eterno carnaval por Raphael Bordallo Pinheiro



Saturday, February 17, 2007

SALÃO NACIONAL HUMOR DE IMPRENSA ACABOU

Apesar do Presidente da Câmara ter garantido a sua manutenção, quando proferiu suas palavras de circunstancia na inauguração do 20º certamen, veio agora o veredicto final de que esta iniciativa não tinha qualidade suficiente para merecer o apoio da autarquia.
Foram vinte anos a dar prémios de jornalismo gráfico. Não creio haver outras autarquias, ou outras entidades oficiais interessadas em apoiar esta iniciativa, razão pela qual considero que este salão acabou mesmo, de forma inglória e triste.
Agradeço a todos os artistas que ao longo destes anos colaboraram neste projecto, e lhe deram todo o seu apoio com as suas obras expostas

Friday, February 16, 2007

Caricaturas Crónicas 30

MELOMANIAS CARICATURAIS
Por:Osvaldo Macedo de Sousa

Enquanto o Feio é o inverso do Belo, o Bel-canto não é o oposto da desafinação, nem a ópera a Caricatura do pregão. O Zé prefere o segundo, rindo-se do primeiro, contudo não se ri do político “Falstaf” que é a caricatura da oratória, e não da cantata, porque quem costuma fazer «cantar» é a Polícia.
Se o local de reunião dos políticos é «para-lamentar», a reunião dos Zés é o «lamento por», enquanto que a sala de ópera não era apenas «para-canto», mas também para passeio de jóias e peles, tendo como fundo os gorgolejares das divas.
Nasceu da burguesia para a burguesia, e aí triunfou com os dandismos melómano-políticos, numa simbiose de “high-life” e “ventil”, onde a sociedade procurava distinguir os «mais bem vestidos», e os políticos dos Partidos que lhe assegurassem a reforma.
O Teatro de S. Carlos, o nosso lírico da capital exerceu esse misto de casa de música, e de ascensor social, que quanto mais se sobe (nas Ordens), se desce na categoria (sócio-monetária), sendo por isso conveniente, neste Teatro, estar sempre na mó de baixo.
Cada ordem é uma camada de tipos, como tipos era a fauna que se cristalizou nesta visão caricatural: «a Viscondessa (ou a namoradeira); o Claquer («um herói» do aplauso); a Menina das 100 contos de renda (de peso menor que a sua fortuna, acompanhada sempre por um poeta á procura de editor); o Diletante Velho (sempre da oposição conservadora e saudosista); o Brasileiro Soares (que adormece facilmente, mas que desperta nos momentos fundamentais); a Srª Condessa (o orgulho da raça); o Marialva (presente nas noites de pateada); o Provinciano (que nada compreende deste mundo, mas está sempre fascinado); o Crítico dos Corredores... etc.» (Julião Machado in «Comédia Portuguesa» de 10/11/1888). Passam os tempos, mudam-se a os nomes, nem sempre se alteraram as vontades,
Vontade de aí entrar e ouvir música tem existido, mas nem sempre é fácil seguir as suas as modas, nem sempre é possível alugar um fato condigno (hoje já existe a liberalização do traje, não necessitando de se mostrar as naftalinas). Para solucionar essa questão, a primeira caricatura portuguesa sobre o Teatro de S. Carlos (Cecília, in «Patriota», 17/2/1848), propunha sacos de serapilheira como traje unificador e democrático.
No ano seguinte (10/11/1849) propunha-se a armadura como traje, visto nem sempre ser pacífica a visão de um espectáculo lírico, pois na altura ainda o futebol não catalizava as frustrações: «Para ficarem mais em carácter, os diletantes vão trocar a casaca pelos trajes do Bairro Alto; cochilla de cinco estrelinhas em lugar de claque d'um estalo só e rolo adesivo em vez de violetas na boutauniére.» (Raphael B. Pinheiro, in «Pontos nos ii», 26/11/1885)
Lutas, querelas, partidarismos fizeram a história deste teatro lírico, em que o «Rigoleto» vê a sua filha política, violada pelo Poder; em que «Aida» desafia Radamés «à volta» a abandonar a política; em que a «Madame Butterfly» se suicida por deficit no orçamento; a «Tosca» crê ter derrubado o regime com um simples gesto teatral; e «Sonâmbulos» andamos todos nós, nas eleições... porque por cada «dó de peito» nos sufoca um imposto, por cada «duo amoroso» se convence o Zé no voto, por cada «ária» se impõe um primeiro-ministro. A política é um libreto operático em constante adaptação, em jogos de coluratura de bel-canto, de diletantismo, de disputas pelo estrelato, a constante procura do papel principal.
O São Carlos era (ou ainda é?) um espectáculo de peles e cachuchos, onde a peixeira da primeira ordem nem sempre «gosta como o tenor apregoa» (Jorge Barradas, in Riso da Vitória de 30/1/1920). O São Carlos é um espectáculo onde, nos intervalos, se ouve música e canto, em entremezes de grandes compositores.
Neste mundo de melomania caricatural, onde o fantasma da Mimi domina os bastidores, os intervalos também são importantes, porque enquanto vão e vêm as jóias, descansam os ouvidos.

Saturday, February 10, 2007

Charlie Hebdo em tribunal por causa do fundamentalismo muçulmano

Jornal francês em tribunal por publicar caricaturas de Maomé
Começou esta semana em Paris o julgamento do jornal satírico Charlie Hebdo, acusado por organizações islâmicas de ter tentado deliberadamente ofender os muçulmanos com a publicação das caricaturas de Maomé.
O jornal francês reproduziu a maior parte das caricaturas publicadas pelo jornal dinamarquês "Jyllands-Posten" em Setembro de 2005, que geraram enormes protestos em muitos países muçulmanos.
O julgamento que hoje começa é visto como um teste à liberdade de expressão no país. A organização Repórteres sem Fronteiras já manifestou o seu apoio ao jornal.
“Apoiamos Charlie Hebdo no seu compromisso com a liberdade de expressão e direito à sátira e condenamos as muitas formas de intimidação que foram dirigidas a este semanário", afirma a organização.
O jornal "Liberation" voltou a publicar as caricaturas esta quarta-feira para manifestar a sua solidariedade com o "Charlie Hebdo".
Desde que as caricaturas foram publicadas pela primeira vez que se debate a legitimidade de publicar textos opinativos, caricaturas ou cartoons que ofendam a sensibilidade religiosa de parte da população.
Os queixosos pedem 30 mil euros de indemnização e a publicação de passagens chave da sentença.

Friday, February 09, 2007

THREAT AND ATTACK TO CARTOONIST HUSEYIN CAKMAK*


Cartoonist Huseyin Cakmak first threatened and later attacked.
Huseyin Cakmak had criticized Lefkosa-Turkish Mayor Cemal Bulutoglulari because of his environmentally unfriendly policies in the "Afrika” newspaper. Following this criticism, the mayor had threatened and insulted Mr. Cakmak on the phone.
Huseyin Cakmak reported the phone conversation and the mayor’s insults in the Afrika Newspaper. Shortly after this report, on the evening of January 31, 2007, while he was looking for a pharmacy for his sick wife and 7 year old daughter, he was attacked by individuals of unknown identity who threw stones and eggs at his car in Lefkosa. After Huseyin Cakmak entered a pharmacy to buy the medicine, the same individuals approached his car and began to harass his family. The attackers also followed Cakmak's car on his way home. Huseyin Cakmak noted the license plate number of the attacker’s vehicle and provided all details about the incidence to the police.
The Afrika Newspaper published an article about the event on February 1, 2007 which reads as follows:
"Who could have been behind this? We looked at his last writings in the newspaper. He was arguing with Lefkosa-Turkish Mayor Mr. Cemal Bulutoğluları... Mr. Cakmak had received some threats and insults on the phone from Mr. Bulutoglulari...
Last night, when our friend Cakmak gave an explanation to the police we called the Lefkosa-Turkish Mayor Cemal Bulutluoglu and told him about the event.
We wondered if he had an idea about this event.
Mr. Bulutluoglu gave us very short and clear answer:
"You know I have a lot of supporters in Lefkosa. You think one of them got angry after reading these writings in the newspaper?"
You can interpret this in any way you like..."
Huseyin Ekmekçi, a writer of the Yeni Duzen Newspaper, published in the North Cyprus, wrote on February 2, 2007:
"Our cartoonist friend Huseyin Cakmak has been the victim of a highly unpleasant attack a few days ago.
It was really a nasty situation. While he was looking for a pharmacy for his sick wife, some people walked over to him.
Lefkosa-Turkish Mayor Cemal Bulutoğluları follows the press...
He likes writings that praise him. But he can not tolerate critics.
I got a taste of his anger twice... I couldn't get any chance to speak to him like dear Cakmak...
Cemal Bulutoğluları opened the phone, attacked me and hung up.
He had cursed to me once in person, too..."
Huseyin Cakmak doesn't have any safety for his life and it is necessary to inform the world public opinion about this terrible event. We request your support and solidarity messages. Please, also pass on this news to others.
*Huseyin Cakmak
President of the Turkish Cypriot Cartoonists Association
FECO Cyprus Representative
1989 European Council Award Winner

Tuesday, February 06, 2007

GREAT CARICATURISTS FROM THE WORLD

at http://www.caricatura.ro/great.htm

Thursday, February 01, 2007

Caricaturas Crónicas 29

A SCENA DRAMÁTICA
Por:Osvaldo Macedo de Sousa

Nos tempos que correm, porque há outros que não correm, como acontece com os projectos em Portugal, existe a «Cena Dramática». Mas o dramático da cena, é que não sei se a cena mais dramática é o Zé em lágrimas ou o Zé passivo.
Houve tempos em que as lágrimas lhe corriam nas faces, perante a representação, perante a história da menina órfã, maltratada pela madrasta, pela vida, e que vence todos os tormentos na descoberta do «príncipe» encantado...; perante a representação de um acto heróico, finalizado num belo casamento...
Há tempos em que o Zé está passivo perante o écran, lendo maquinalmente as legendas, indiferente ao calor humano da representação, mas interessado pelo calor da comodidade. Na boa verdade, porque também existem más verdades, o culpado desta indiferença, em comodismo, como não podia deixar de ser, é o político, o responsável de tudo o que nos corre mal.
É que, perante tanto teatrismo político; tanto «actor» no Parlamento a cantar a «canção do ceguinho»; tanta representação da história do menino bom, que apenas quer ajudar o Tesouro a gastar «bem» o dinheiro da nação... o Zé já não vai ao teatro, não acreditando nos verdadeiros actores, confundindo-os com algum político, que o quer cravar com alguma coisa.
O teatro é a história da vida, e a primeira questão que se põe no crescimento do Zé-Menino é «ser ou não ser» político, ou seja, em terra de aldrabões, ser ou não ser.
O despertar da juventude é o descobrir que quem está na «caixa do ponto» é o político, não «deixando» muita coisa, tentando orientar o guião da nossa vida representada («Scena Portuguesa -. o Ponto» R.B.P. in «António Maria» de 4/5/1882).
A seguir vem o despertar das paixões, as aventuras de «Romeu e Julieta ou Julieta e Rometa - a situação é esta, o que não se sabe é o final do acto...». (R.B.P. in «António Maria» de 18/1/1883). Envenenamo-nos nós, ou envenenamos nós a Lucrécia Bórgia governamental?
Os finais podem ser vários pode o Zé tomar consciência da teatrologia política: «Até agora, as reuniões só têm sido amostras da loquella pública onde o Hamlet (Zé) diria com sobeja razão -Palavras e mais palavras, só palavras!»· (R.B.P. in "Pontos nos ii» de 30/1/1890).
Pode o Zé ser ludibriado, como: «Margarida Zé-Povinho, deslumbrado pelas jóias que Mephistopheles copiosamente, colocou sob os seus olhos, vai ceder a sua branca virgindade e o seu não menos branco voto, a esquecendo o modesto ramo de violetas que o platónico e belo Siebel republicano lhe faz, apaixonadamente à porta» (Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro in António Maria» de 12/11/1891 )
Facilmente se fascina o Zé com Teatro de Marionetas (R.B.P. in «Pontos nós ii» de 11/8/1887), é hipnotizado por representações fantásticas, cujos bonecos nunca se sabe por quem são manipulados, podendo ser homens, podendo ser o Partido, podendo ser o Burnay-FMI, podendo ser....(?) ... A vida é um Teatro a que nós assistimos passivamente, como passiva é a atitude do Zé perante o Teatro.
Tempos houve que os Teatros Dramáticos esgotavam, as estrelas da representação eram representados na imprensa caricaturais como glórias da nossa cena quotidiana, em assinaturas como Raphael Bordalo Pinheiro (também ele actor na sua juventude), Julião Machado, Celso Hermínio… Amarelhe, Pacheco, Santana, Jorge Rosa…
Hoje… choramos nós perante o Zé em representação aculturada, maltratado pelo padrasto ocidental, pela vida… sem a salvação… sem frequentar as salas da “Scena Dramática”, apenas preocupados com o Dramático da Ceia.

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