Friday, April 10, 2020

LOREDANO : 'MINHA CACHAÇA É A IMPRENSA' por EDIEL RIBEIRO



Jaguar é fã do cartunista  Steinberg. No início da carreira, “chupava” descaradamente o romeno. 
Como não tinha grana para comprar as revistas estrangeiras, fez amizade com o gerente de uma livraria chamada “América & China”, que ficava na rua do Ouvidor que o deixava admirar os desenhos de Steinberg, publicados na revista “The New Yorker”.
Era tão fã que não admitia que um cartunista não conhecesse Saul Steinberg, segundo ele, o "Picasso do desenho de humor”. 
Cássio Loredano - Divulgação
Um dia, Cássio Loredano, então um rapaz com vinte e poucos anos, recém chegado de São Paulo, que desenhava para o jornal “Opinião” - em um prédio vizinho - foi conhecê-lo na redação do “O Pasquim”, em Copacabana.
“Você não conhece Steinberg!??”, indignou-se.  “Toma! Leia esses livros!” 
Loredano leu tudo que pode de Steinberg. Mas leu também Hermenegildo Sabat, Luis Trimano, e J. Carlos. Copiou os mestres até encontrar o próprio caminho. "No início, era uma poluição violentíssima. Mas, com o tempo, você vai limpando, vai encontrando a essência da fisionomias", conta. 
Loredano Cássio Silva Filho, nasceu no bairro de São Cristóvão, no Rio de Janeiro (RJ), em 1948. Seu pai era um oficial da Cavalaria e sua mãe uma dona de casa, cearense, filha de um abolicionista que libertou os escravos do Ceará, antes mesmo de 1888. Seu pai estava de passagem pelo Rio, e Loredano acabou nascendo no Hospital do Exército. passou a infância entre os Estados do Paraná, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e São Paulo.
Em São Paulo, ainda  adolescente, deixou a casa dos pais e seguiu para Santo André, na Grande São Paulo.
Começou em 1968, no “Diário do Grande ABC”, em Santo André, que tinha acabado de virar diário. Entre 1968 e 1969, atuou como revisor, repórter, diagramador, redator, secretário gráfico, secretário de redação e caricaturista. 
Nelson Rodrigues - Por Loredano
Na capital, trabalhou como repórter na sucursal paulista do jornal O Globo (RJ) onde conheceu, por intermédio de Elifas Andreato, o caricaturista argentino Luís Trimano, ilustrador do Jornal da Tarde (SP). 
Mudou-se, em 1972, para o Rio de Janeiro, e, a convite de Raimundo Pereira (um dos donos do jornal) assumiu o cargo de ilustrador no recém-fundado semanário “Opinião”. Sem verba para fotografia, a direção decidiu que o jornal seria todo desenhado. 
Dono de um estilo único na criação de caricaturas, seu traço forte, preciso e dinâmico, impressiona pela captação de gestos e impressões. 
Nas palavras de Millôr Fernandes, “filho de um oficial de cavalaria, Loredano desde cedo se sentiu obrigado a desmontar o ser humano”. 
No Rio, colaborou, eventualmente, com o “Jornal dos Economistas”, ‘O Pasquim”, “O Globo”, “Jornal do Brasil” e com as revistas “Veja” e “Piauí”.
Morou na Alemanha, França, Itália e Espanha, colaborando para grandes  periódicos como: “Frankfurter Allgemeine Zeitung”, “Die Zeit”, “La Repubblica”, “Il Globo”, “Libération”, “Magazine Littéraire” e “El País”.
No retorno ao País, em 1994, fixou-se novamente em São Paulo, trabalhando para os jornais “O Estado de São Paulo” e “Gazeta Mercantil”. 
Pesquisador, Loredano escreveu livros sobre os cartunistas J. Carlos, Nássara, Guevara, Figueroa e Luis Trimano.
Avesso aos avanços tecnológicos, até hoje ele afirma não saber trabalhar em computadores. "O original é nanquim e papel, um negócio anacrônico mesmo."
Loredano, hoje com 72 anos, divide o apartamento na Rua Marquês de Abrantes, no Flamengo, com a mulher, Rosana Lobo, as filhas e cerca de 4.000 livros.


GONZALO CÁRCAMO, ENTRE TRAÇOS E CORES por EDIEL RIBEIRO


Um dia, conversando com Jaguar, ele me falou sobre um caricaturista chileno que morava em São Paulo. 

Disse que o artista, chamado Gonzalo Cárcamo, veio parar no Brasil aos 16 anos, fugindo do regime de Pinochet e estava de malas prontas para voltar ao Chile porque não conseguia emprego por aqui.
“Uma puta sacanagem”, disse ele.
Escrevi para ele. É, naquela época - pasmem - as pessoas escreviam cartas! Era 1986, tempos de pré-internet. Eu estava editando um jornal de humor chamado “Cartoon”, e ofereci a ele espaço no jornaleco para ele publicar seu trabalho. 
Alguns dias depois, ele me respondeu. Me enviou uma carta muito bonita e generosa, escrita à lápis. Elogiou a iniciativa de criarmos um jornal de humor e enviou diversas caricaturas, que publiquei em duas páginas, na edição de número 4.
Gonzalo Ivar Cárcamo Luna, ou simplesmente Cárcamo, nasceu em 8 de fevereiro de 1954, na zona rural, próximo a Los Angeles, uma pequena cidade ao Sul do Chile. 
Filho de um rude camponês e de uma dona de casa sensível e doce; apreciadora de artes e leitora de livros. Cárcamo deu os primeiros passos numa casa humilde, mas cheia de quadros nas paredes pintados pela tia Tetey
Em casa, a tia pintora assinava a Seleções Resder´s Digest que trazia estampada na capa lindas aquarelas. Com modestos recursos técnicos ele as copiava. O esforço era imenso. 
Em 1974, iniciou o curso de arquitetura na Universidade Técnica Del Estado, no Chile, mas, apaixonado pelo traço de Oscar Niemeyer, em 1976 decide concluir o curso de arquitetura no Brasil. 
“No Chile há excelentes cartunistas como Palomo e Guillo, mas, com a ditadura militar, não havia como viver de desenho de humor por lá. As ditaduras não têm boa relação com a arte e muito menos com a democracia", afirmava.
Em São Paulo, iniciou a carreira de caricaturista publicando no jornal “Bagatela”, uma espécie de pasquim,  publicado por dois amigos e encartado no jornal “Diário do Grande ABC”, em Santo André.
REPRODUÇÃO
Em seguida, viaja para a Espanha para estudar pintura. Lá, colaborou com o jornal “El País” , levado por Cássio Loredano, que conhecera no “Diário”, em Santo André.
Em 1988, retorna ao Brasil e vai morar em Salvador, onde passa a publicar no “Jornal da Bahia”. Por lá, as coisas não iam bem e após dez anos no Brasil, Carcamo resolve voltar para o Chile. 
Foi aí que ele deu de cara com um exemplar d´ “O Pasquim” que, na época, vinha encartado no “Jornal da Bahia” e resolveu escrever para o semanário carioca.
Jaguar, impressionado com a arte do chileno, publicou duas páginas com os trabalhos do caricaturista, com um texto pedindo que dessem uma ajuda para que o rapaz não voltasse a cair nas garras do ditador Pinochet.
"Isso de publicar na imprensa devo ao  Jaguar. Foi ele que publicou minhas caricaturas no Pasquim, em 1986. Guardo profunda gratidão e admiração por ele, por Trimano, Miran e Paulo Caruso, que me ajudaram a projetar o meu trabalho por aqui", afirma.
A seguir, surge o convite para a exposição "Faces", no Rio de Janeiro, ao lado dos grandes caricaturistas do Brasil: Trimano, Loredano e Chico Caruso. Depois disso, o artista não parou mais, já desenhou para diversos jornais e revistas brasileiras como “Isto É”, “Veja”, “Carta Capital”, “Época”, “Penthouse”, e “Folha de S.Paulo”.
Em 1989, a publicação de suas caricaturas na revista “Gráfica”, dirigida por Oswaldo Miran, impulsiona sua carreira na área editorial. 
Cárcamo publicou cinco livros voltados para o público infanto-juvenil entre eles "O Amigo Fiel", adaptação de um conto de Oscar Wilde;  “Lorotas da Cobra Gabi ”; “ A Fantasia do Urubu Beleza” (Melhoramentos); “Thapa Kunturi” (Companhia das Letras) e “Gelo nos Trópicos” (Companhia das Letrinhas).
"Tenho verdadeira paixão por escrever e ilustrar livros para crianças", confessa.
A partir do ano 2000, aliou a escrita e o desenho à paixão por pintar aquarelas. No mesmo ano, inaugura uma galeria de arte, conhecida como Mangue Galeria em Paraty (RJ).
Hoje, além de ilustrar livros, Cárcamo pinta ao ar livre e dá aulas de aquarela em seu atelier situado no coração da Vila Mariana, em São Paulo.



O MULTITALENTOSO MARIANO por EDIEL RIBEIRO



Mariano - Arte: Willian
“A santíssima trindade da caricatura brasileira é formada por quatro cartunistas: Nássara, o espantoso; Chico, o virtuoso; Loredano, o tortuoso e Mariano, o raivoso.” (Jaguar) 
RIO DE JANEIRO - Outro dia, escrevi aqui n´O Folha de Minas (MG) e no “O Dia” (RJ), sobre a “Muda Brasil Tancredo Jazz Band”, uma banda composta só por cartunistas; formada por Chico, Paulo Caruso, Reinaldo, Luis Fernando Veríssimo, Aroeira e Cláudio Paiva. Esqueci do Mariano.
Ele me ligou: “Ediel, eu também tocava nessa banda!”, reclamou.
Tocava sim. Era o clarinetista. 
Mariano é multitalentoso. Fez e faz tantas coisas que é impossível lembrar de todas elas. 
Essa semana, fez mais uma coisa que nunca tinha feito: 70 anos.
Faz aniversário no mesmo mês em que “O Pasquim” fez 50 anos. A história do Mariano, por sinal, se confunde com a do semanário carioca. Estão juntos desde a criação. 
Quando Mariano chegou ao “O Pasquim”, aos 20 anos, o jornaleco ainda engatinhava. Era um bebê. O cartunista ficou até o fim. Só não é mais antigo que o Jaguar, que ficou para apagar a luz. 
Mas Mariano fechou a porta, depois que a luz apagou. 
Mariano é natural do Espírito Santo (ES) e carioca por adoção. Chegou ao Rio no início dos anos 70.
Por incentivo de colegas da faculdade, em 1971 mandou seu primeiro desenho para “O Pasquim”. A publicação foi o início de sua promissora carreira de cartunista, chargista e ilustrador. 
Publicou nos jornais “O Globo”, “Jornal do Brasil”, “Última Hora”, “O Pasquim”, “Opinião”, “Movimento”, “O Nacional” “Terceiro Mundo”, “Cartoon”, “Jornal do País” e “Jornal da Ciência”.
Foi um dos pioneiros na criação de charges animadas para telejornais nas TVs "Manchete" (1998) e “Bandeirantes" (1990).
Único cartunista a vencer o Salão de Humor de Piracicaba nas três principais categorias: charge (1982), caricatura (1984) e cartum (1988) . Foi premiado em diversos outros salões de humor, no Brasil e no exterior. 
Jaguar é enfático: “Quando eu ainda tinha saco para ser jurado de concurso de caricatura, dar o prêmio para o Mariano já estava virando rotina. Era só bater o olho no desenho dele e não tinha pra mais ninguém”.
Mais Mariano não é bom só no desenho, escreve também muito bem. Tem dois livros publicados: “Abre-te Sésamos”, de 1981 e “Até aí Morreu Neves”, de 1985.
Outra coisa: criou e mantém até hoje o site “Charge On Line”,  no ar desde 1996 como a principal referência do humor gráfico na internet.
Arte: Mariano
Além de cartunista e chargista, Mariano também manda bem na ilustração. Uma caricatura que fez para ilustrar uma matéria sobre o sucesso que o filme “Vai Trabalhar Vagabundo” vinha fazendo na França, rendeu elogios do ator Hugo Carvana que chegou a pedir ao Jaguar o original da caricatura do menino.
Além das charges que Mariano levava prontas para o jornal, sempre pegava uma ilustração para fazer. De preferência, às das crônicas do Aldir Blanc.
Até que um dia, o próprio Aldir pediu para que Mariano passasse a ilustrar todas as suas crônicas. A parceria durou vários anos e rendeu dois livros: “Rua dos Artistas e Arredores” e “Porta de Tinturaria”.
O jornal de Ipanema foi uma verdadeira escola para o garoto. Com Jaguar conheceu, através da New Yorker e dos livros de Siné, Sempé, Wolinski, Steinberg a história da caricatura no Mundo.
Com Fortuna aprendeu a só entregar a charge para o editor no último minuto: “Assim, não dá tempo para ele fazer nenhuma alteração no seu trabalho”, dizia o mestre.
Com Millôr aprendeu ética, integridade, civilidade e cordialidade.
Henfil e sua luta pela aprovação da Lei de Direitos autorais,  lhe ensinaram a lutar por seus direitos.
Se apaixonou pela simplicidade, economia e minimalismo visionário do  traço do Nássara.
Com Fausto Wolff e sua incorruptível ideologia, fez um curso completo de caráter.
Com Ziraldo aprendeu a ser generoso; com Redi, a modéstia e com os colegas do “baixo clero do traço” Nani, Agner, Calicut, Lapi, Guidacci, Duayer, Reinaldo e outros, a amizade e companheirismo.


Tuesday, April 07, 2020

ERTHAL E COISA & THAL por EDIEL RIBEIRO


O cartunista Erthal anda sumido. 
Digitalizando a coleção do jornal “Cartoon” - um tablóide de humor que editei no final da década de 80 - me deparei com uma charge do cartunista Erthal, que, na época, trabalhava no jornal “O Globo”. 
Conversei com alguns amigos, e ninguém sabia do Erthal. Ou melhor, quase ninguém. Edra, cartunista mineiro, sabia. 
Fui atrás do homem.
Julio Cesar Dias Erthal, o Erthal, nasceu em Niterói, no Rio de Janeiro, no ano de 1962. 
No final da década de 80, Erthal vinha de uma produtora de animação de um argentino e fazia “frilas” para algumas agências de publicidade, inclusive num dos setores de criação da "TV Globo", (núcleo Roberto Talma). 
Ao mesmo tempo, tocava a carreira de cartunista, participando de Salões Nacionais de Humor.
Foi duas vezes vencedor do Salão Carioca de Humor (1990 e 1995), na categoria “caricatura”; primeiro lugar no Salão Nacional de Humor de Volta Redonda, na mesma categoria (1990); e primeiro lugar no Festival Internacional de Humor de Pernambuco (1999), na categoria “charge”. 
Auto-caricatura - Erthal
Um dia, indicado pela diretora de uma agência de publicidade, procurou o jornal “O Globo” que estava precisando de um chargista para cobrir as férias do Chico Caruso.
“A diretora, ansiosa, até insistiu que eu fosse naquele mesmo dia à redação. Resisti um pouco. Meu foco era a publicidade, não pensava na charge como uma profissão. Mas fui”, diz ele. 
Erthal dividia a charge política, na página de opinião do jornal do jornalista Roberto Marinho, com Aroeira, outro cartunista carioca. Mesmo com a volta do Chico Caruso ao trabalho, Erthal foi efetivado e ficou no diário de 1992 a 2002.
“A equipe de arte de “O Globo” era jovem e super talentosa. Foi um imenso prazer trabalhar com aquela turma, em especial, com o Chico Caruso. Um craque. Uma referência”, diz. 
Charge do Erthal no jornal Cartoon
Além de “O Globo”, o chargista colaborou com os jornais “O Pasquim”, “Cartoon” e as revistas “Época”, “Veja” e “Manchete”.
Criou vinhetas animadas (Plim-Plim) para os 30 anos da “TV GLOBO” (entre as preferidas do público) e contribuiu com o curta premiado “O Curupira” (MultiRio), em 2003. 
Publicou em 1998 o livro “Fatores de Risco”, uma coletânea de seus trabalhos na imprensa, eleito o melhor livro de caricaturas pelo 11º Troféu HQMix. Em 2008, foi premiado no concurso literário Horácio Pacheco, da Academia Niteroiense de Letras, na categoria “crônica”.
O cartunista mantém na internet o blog “Coisa & Tal” (https://erthalcartoon.blogspot.com/ ). Coisa linda. Um portfólio de trabalhos recentes. São tiras, cartuns, caricaturas e charges. Publicados e inéditos, como a excelente tira Zig & Zag.
Entre os novos projetos, Erthal se dedica, principalmente, aos livros infantis. Tem dois prontos, e outros tantos em fase final  de desenvolvimento.
Sobre as influências em seu trabalho, ele comentou: “As influências são muitas. Tantas, que não saberia listar. Difícil, teria que escrever um tratado (risos). Mas as influências que considero mais visíveis nos meus desenhos (excluindo-se a charge) são: Disney (toda trupe genial de animadores clássicos, encabeçada por Milt Kahl); Dick Browne (Hagar o Horrível); Albert Uderzo (Asterix); e Bill Watterson (Calvin e Haroldo). E bem mais recentemente: Ronald Searle”. 
Fã dos clássicos, tanto na música, quanto na pintura e na literatura, Erthal é bem conservador. “Tenho ídolos na música (Bach, Jobim, Mozart, Djavan); na literatura (Rubem Braga, Guimarães Rosa); na pintura (Rembrant, Michelângelo); e ídolos que nada têm a ver com a arte também”, diz.
Hoje, Erthal mora em Niterói, onde trabalha como servidor público - uma profissão de pouco “risco”.


KAFKIÁLOGO Por: Carlos Alberto Villegas Uribe.


- ¿Gregorio?
- Sí, cuéntame
- ¿Cómo te encuentras?
- Pasé una mala noche
- ¿Que fue lo que sucedió?
- Tuve una horrible y reiterada pesadilla.
- ¡No me digas! ¿Cómo fue esa pesadilla?
- Soñé que despertaba convertido en un monstruoso insecto.
- Eso te sucede por juntarte con el tal Kafka.
- No lo creo, aunque es cierto que es bastante depresivo.
- Y tu tienes un carácter bastante influenciable, eso explica tu pesadilla.
- Aunque mi pesadilla no es tan horrible como la realidad de Kafka.
- Tampoco, no te dejes impresionar Kafka no es el único obligado a estudiar.
- Pero, su padre lo obliga a estudiar Derecho y Kafka precisamente detesta el Derecho.
- Pues debería estar agradecido, ¿Cuantos desearían tener un papá que le financiara sus estudios
universitarios?
- Y no sólo lo obliga a estudiar Derecho. se inmiscuye en sus afectos. ¿Recuerdas a Milena?
- Si, claro, la hermosa Milena Jesenska. ¿No es esa la periodista y traductora checoeslovaca que
está casada?
- Pues esa es otra de las pesadillas de Kafka, porque ninguno de los dos se decide a separarse.
- Gregorio, traje tu desayuno predilecto, huevos revueltos con pan recién horneado y café con
leche caliente; dime ¿Puedo Pasar?
- Claro, pasa, pero prométeme que veas lo que veas, no vas a gritar, pasa y búscame debajo de
la cama.
FICHA TÉCNICA: Villegasuribe. MPC20. E1. PU: Gregorio. PT: 210. Autor. Mibonachi Progresivo en Clave 20. Entrada única. Palabra Umbral: Gregorio. Palabras Totales: Doscientas diez


Monday, April 06, 2020

Cabrona morte... por Siro Lopes (in Voz de Galicia)


Desde mozo entendín a morte como parte da vida e seguindo a tradición galega convertina en protagonista de narracións, viñetas e conferencias humorísticas, como a que lin na asemblea da Asociación Española do Corazón, en A Coruña, no 2002, coa que os cardiólogos riron moito.
Si, durante décadas leveime ben coa morte, bromeei con ela e ata me divertía descubrirme entre as siluetas que fan a danza macabra, na escena final da película O sétimo selo, de Igman Bergman. Porén, des que se vale do coronavirus e se converteu na «desgraza traidora, que vén e nunca se sabe onde vén», que Rosalía temía; anóxoa, aborrézoa e non podo arredar da mente os versos que escribiu alguén tan cabreado coma min:
«Muerte, si otra muerte hubiera// que de ti me libertara//
a esa muerte pagara//
porque, a ti, muerte te diera».
O último amigo que perdín por infección do coronavirus foi Dositeo Rodríguez, conselleiro da Presidencia nos gobernos de Fraga e persoa cordialísima. En xaneiro contoume que escribira un libro sobre os seus anos con Fraga, baseándose nas crónicas de La Voz e nas miñas caricaturas, e pediume autorización para reproducilas. Respondinlle que usara cantas quixera, ofrecinme a enviarllas con alta resolución para garantir unha boa reprodución e envieille un quilo de bicos para Carmela, a súa dona, tan entrañable coma el. O 22 de marzo mandoume un vídeo de debuxos animados no que un paxaro de cores ledas canta unha canción moi divertida e rítmica a outro paxaro escuro e triste. Dille que na vida hai problemas, pero preocuparse é duplicalos; e ofrécese a axudalo: «Mírame a min. Chámame se estás mal e fareite sorrir». E repite o retrouso: «Non te preocupes. Se feliz». Rematan bailando e voando xuntos. Cinco días despois Dositeo estaba morto e eu non deixo de pensar que aquel paxaro optimista é coma el era.
Non foi o coronavirus, senón un cancro implacable quen levou ao escritor Xosé Luís Franco Grande, o 31 de marzo. Presentáranos Ramón Piñeiro en 1973 e aquel día os dous soubemos que eramos da mesma raza: a dos tímidos patolóxicos. Iso creou unha corrente de simpatía entre nós, que se mantivo sempre. Foi doado: eu son de bo xorne e el un arroutado, todo corazón, leal e xeneroso. Cando publiquei o artigo García-Sabell no franquismo, felicitoume e agradeceumo, entusiasmado, porque -pensaba- terá que facer reflexionar aos membros da Academia.
Aquel día pregunteille se tiña datos dunha cea de galeguistas, nos anos 50, nas aforas de Santiago, na que Otero Pedrayo e Álvaro Cunqueiro debateron, durante dez minutos cada un, sobre «o sexo dos anxos». Eu coñezo o feito por Ramón Piñeiro e Fernández Albor, que asistiron, pero Xosé Luís non sabía nada. Días despois escribiume para suxerirme outras vías de investigación. Incrible; estaba gravemente enfermo, pero pensaba en min, e tres días antes de morrer publicou un artigo na Voz, que ditou á filla. Morreu coas botas postas, as do galeguismo; botas de sete légoas, coas que chegou tan lonxe e a tantos amigos, que están a recordalo en artigos fermosísimos. Eu nin o intento e limítome a renegar da morte cabrona que leva a quen quero.



11. International Eskisehir Cartoon Festival ‘OUR DIFFIRENCES AND SIMILARITIES’ Eskisehir, TURK


As Aktiffelsefe Cultural Association, we organize the 11th International Eskisehir Cartoon Festival this year. The theme of the festival is "Our Differences and Similarities". We would be very glad if you could contribute to our festival with your works. Participation terms are attached. 

Best regards

Aktiffelsefe Cultural Association
Eskisehir Branch Public Relations Department
          
11. International Eskisehir  Cartoon Festival ‘OUR DIFFIRENCES AND SIMILARITIES’ Eskisehir, TURKEY



Dear Cartoonist Friend,
Eskisehir International Cartoon Festival is a cultural organisation organized once in two years by Aktiffelsefe Cultural Association. We organize the eleventh one which started in Istanbul first and then moved to Eskisehir. The themes before were Mixed (1997), East – West (2000), Water and Life (2003), Global Warming (2005), Intercultural Tolerance (2007), Energy (2009), Philosophy (2012), Voluntariness (2014), World Heritage (2016) and the theme of the tenth festival was Black-White ‘Compromise’. The tenth festival was organized in cooperation with Eskisehir City Council and 287 cartoonists from 52 different countries participated with 961 cartoons. Festival took place with a panel and an exhibition held in   Eskisehir Haller Youth Center.
The theme of this year’s eleventh International Eskisehir Cartoon Festival has been determined as “Our Differences and Similarities”.
Aktiffelsefe suggests a wholistic development way that can make it possible for both the individual and the society to create solutions for the problems of the modern world by doing voluntary works in different subjects.
With this regard, the idea that the differences and the similarities constitute a way for us to understand all the living things and our place in the whole, that they don’t seperate but unite, form the theme of the 11.th International Eskisehir Cartoon Festival.
Hypatia the philosopher who pioneered the education of many people in The School of Alexandria which is known for its famous library and which is one of the most effective institutions in ancient ages, lived in a time when many differences and different views emerged. She tried to prevent these differences from seperating the people and she gave importance to the things that unite us rather than seperate us. With the inspiration of Hypatia, it is worth considering that our differences besides our similarities can unite us and can help us to create a better society.
Millions of sand particles in a beach are different from each other but they can be together in harmony in a whole. We too are one of the millions of different creatures living on earth. Each one of them being unique is a part of harmony on earth. Our differences and similarities are not good or bad, they are natural factors that move us forward when we realize them. 
Similarity is a very good opportunity to empower two things. Difference always shows us that there are new things we can learn from another. We think that differences and similarities don’t create a problem, on the contrary, they are indispensable in creating a better society which tolerances different life styles and different points of view. Our starting point is the differences and similarities are natural. We expect your cartoons with the theme ‘Our Differences and Similarities’.
The cartoons that will be exhibited in this festival will also be exhibited later in other cities of Turkey such as Adana, Ankara, Antalya, Bursa, Eskisehir, Istanbul, Izmir, Izmit, Mersin where there are branches of Aktiffelsefe and also in other exhibitions which will be organized abroad by other institutions that collaborate with Aktiffelsefe Cultural Associaton.

FESTIVAL CONTENT AND ACTIVITIES:
PARTICIPATION TERMS:
THEME
  1. The theme of the exhibiton is “Our Differences and Similarities”. Cartoons with different subjects can not participate in the festival nor the exhibition. Organizing Committee has all the rights. The Committee works under the leadership of the cartoonist Tan Oral.
TECHNIQUES
  1. Technique is free. It can be black white or coloured.
  2. Size is A4 or A3. Cartoons with sizes other than these will be evaluated but not be exhibited.
  3. One or more than one cartoon can be sent.
SENDING TERMS (POSSIBLE IN TWO WAYS)
  1. Via E-mail: contact@cartoonfest.org
    The works that will be sent via e-mail should be scanned with 300 dpi resolution and uploaded as JPEG format. (2 MB max.) Names of the works should be as follows: name and surname of the artist_country_work no.jpeg (alikorkmaz_turkiye_1)
  2. Via postal office: The works that will be sent via post should not be framed or paspartu. The participation form attached should be filled and resent.
Postal Address: Aktiffelsefe Kultur Dernegi Visnelik Mah. Gul Sok. No:18 26020 Eskisehir – Turkey
RESENDING OF THE WORKS
  1. The works will be archived in Aktiffelsefe International Cartoon Festival archives and will not be resent. (If resending is required, it should be declared.)
USING RIGHTS OF THE WORKS


DEADLINE
  1. The deadline for the cartoons to arrive to the Organizing Committee of the Cartoon Festival is August 15th, 2020.
WHAT IS AKTIFFELSEFE CULTURAL ASSOCIATION?
Aktiffelsefe Cultural Association is a philosophical-cultural movement which was founded in 1989. It has no commercial, political and religious purposes and it is formed by volunteers.  
Aktiffelsefe contributes to the society with public interest activities, to the cultural world with cultural activities, to the nature with ecology activities and to the people in need in emergencies with GEA search and rescue activities. Aktiffelsefe does all these activities based on universal principles:
Aktiffelsefe Cultural Association Eskisehir Branch 
Public Relations Unit
Aktiffelsefe Cultural Association
Visnelik Mah. Gul Sok. No:18  26020 Odunpazari - Eskisehir / TURKEY
Tel: +90 222 220 51 66 
Whatsapp: +90 553 167 26 93
E-mail: contact@cartoonfest.org
Web: www.cartoonfest.org
For your questions, you can send e-mail or phone between 09.00 a.m. and 7:30 p.m.







PARTICIPATION FORM
NAME:
SURNAME:

COUNTRY:

DATE OF BİRTH:
ADDRESS:
PHONE:

E-MAİL:

INSTAGRAM:

EXHIBITIONS:
1.
2.
3.

AWARDS:
1.
2.
3.

BOOKS:
1.
2.
3.
I accept all terms and conditions of the festival which is organized by Aktiffelsefe Cultural Association.
                                                                                                                    Signature


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