Friday, July 25, 2008

Joaquim Cachulo um caricaturista a descobrir

Visitando o blog de Fernando Campos (http://www.ositiodosdesenhos.blogspot.com/), do qual sou um apreciador do seu trabalho humoristico,vim a descobrir esta noticia sobre um excepcional caricaturista que infelizmente não conheço, assim como não tive noticia desta exposição na Figueira da Foz.
Coloco aqui para desfrute de todos a mensagem que Fernando Campos pôs no seu Blog (desde já peço desculpa por piratar esta noticia):
Joaquim Cachulo é, talvez, o mais notável dos artistas gráficos figueirenses. Fez uma extraordinária exposição de caricaturas no Casino da Figueira e eu não achei, nas edições on line dos “jornais” da terra, uma só referência a este facto. O humor, a sátira, a inteligência e o espírito crítico estão há muito banidos da imprensa da Figueira da Foz. Não existe, em nenhum dos seus jornais uma única colaboração assinada por um artista gráfico. Não há cartoons, caricaturas, charges ou seja o que for. Nada. Nada que não seja a mais rutilante palermice lambe-cús. Isto é também, infelizmente, mais um sinal da decomposição inexorável desta cidade.
Numa cidade de zombies acríticos, mortos, moribundos abúlicos (ou indignados anónimos, que proliferam como coelhos pela blogosfera), espanta-me ainda que lhes cheguem (aos jornais), as páginas para a necrologia e para a louvaminhice e o lambecusismo.
E não me espanta por isso (eu não sou daqueles que se indignam porque deus criou as moscas!), que a exposição do Quim, um GRANDE artista gráfico, tenha passado em claro aos jornais da sua terra. Ao invés, na minha busca, encontrei imaginem, no boletim da Sociedade Figueira-Praia, uma entrevista com um marchand de arte (vigarista, em francês, segundo Picasso)!
É de gritos. Um dia destes dedico-lhe uma posta.

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Das peças da expo de Joaquim Cachulo escolhi estas para ilustrar este postal.
Representam Álvaro Cunhal e Pedro Santana Lopes. Trata-se de um trabalho precioso e delicado, em gesso e pasta de moldar.

Tuesday, July 22, 2008

Museu Leal da Câmara da Rinchoa e sua edições

No final da minha conferencia a direcção do Museu teve a gentileza de de obsequiar com uma série de publicações do Museu, as quais partilho com voces este manancial interessantissimo de cultura. Um museu de humor deve ser irreverente. Nunca pensei encontrar um puzzle de Leal da Câmara. A Casa-Museu tem um magnidico, e bem dificil o que nos dá mais tempo para apreciar esta magnifica obra parisiense de Leal da Câmara.
Um trabalho realizado ainda durante a vida do artista e que serviu para o homenager na grande retrospectiva da SNBA em 1947, meses antes da morte do artista
Uma excepcional tese do Mestre Elvio Melim de Sousa sobre uma casa que tão conhece, já que foi seu director durante largos anos.
Finalmente uma obra essencial para nos guiar pelo Museu e fundamentalmente para nos recordar em casa os magnificos espaços, as excelsas obras expostas nesta pequena casa tão grande em cultura.


Museu Leal da Câmara virado para a juventude com uma forte componente pedagógica

O Museu Leal da Câmara tem várias publicações interessantissimas para os jovens, para que as visitas sejam didaticas e cativam as novas geraçlões para a arte e compreensão desta


Um exemplrar da reedição dos contos infantis de Ana Castro Osório com ilustrações de Leal da Câmara acompanhada do respectivo caderno de Fichas de trabalho para maior interactividade dom os mais pequenos
Todo um trabalho de louvar, num mMuseu pequeno, desconhecido do grande publico que é urgente descobrir por uma população mais vasta. Quantos moradores das Mercês, de Rio de Mouro, visinhos do Museu, já lá entraram?

Museu Leal da Câmara na comemoração do 60º aniversário da morte do artista



Ontem tive uma conversa simpatica com as pessoas que quiseram ir comemorar o 60º aniversário da morte de Leal da Câmara na sua Casa-Museu. Foram poucas, mas pessoas interessadas. A realidade é que este genial artista de craveira internacional, naturalmente está esquecido em terras lusas. Poucos serão os portugueses que sabem quem foi este excepcional artista, e o que é ainda mais grave poucos são os artistas portugueses que conhecem esta obra.
O Museu peca pelo problema de todas as casas de cultura portuguesa, ou seja a falta de orçamento, mas mesmo sem dinheiro, mas com muita força de vontade e devoção dos funcionários, esta pequena casa não para de ser activa, com representações teatrais, pequenas exposições, conferencias...
Se não há dinheiro para ir de férias para o estrangeiro, há muita coisa para se ver em Portugal, e num dia de calor, nada como um passeio até esta simpatica "República Livre da Rinchoa", um oásis calmo, sereno entranhado de ternura e humor entalada no meio da loucura urbanistica da actualidade. Dividido em dois polos, um dedicado inteiramente aos saloios, o outro com as caricaturas, as pinturas, os móveis, as cerãmicas que este excelso artista realizou. Vão ver que não é tempo perdido.
Neste momento encontra-se na sala polivalente uma exposição sobre "Leal da Câmara Pedagogo - Amostragem de trabalhos de Alunas suas"

Sunday, July 20, 2008

La revista Tebeosfera (www.tebeosfera.com) renasce

Estimado amigo/a
El lunes de la presente semana lanzamos la nueva etapa de la revista Tebeosfera (http://www.tebeosfera.com/), publicación de estudio sobre el cómic y el humor gráfico. Durante unos días hemos estado comprobando su funcionamiento y solventando asuntos técnicos. Con todo, se trata de un número 0, de presentación y avance, previo a lo que será el primer número de la revista web plenamente operativa. La nueva Tebeosfera se plantea como un proyecto serio y colectivo de información, opinión y catalogación. Abrimos esta nueva etapa con un gran catálogo de tebeos publicados en España, el mayor de todos los existentes hasta ahora (con casi 6.000 colecciones de tebeos catalogadas), una gran base de datos de obras teóricas sobre historieta (cerca de 500 libros), y un montón de artículos, reseñas y noticias pensadas para satisfacer todos los paladares. Nuestras pretensiones es ir actualizando nuestros contenidos diariamente, agrupando los trabajos de mayor peso en bloques monográficos que se irán ofreciendo como números de la publicación. Todo lo incorporado alimentará una gran base de datos que esperamos sea de utilidad tanto para el aficionado como para el investigador. Nuestra filosofía editorial es simple: ordenar las publicaciones, documentos, artífices y eventos de nuestra historieta y dar a comprender a todos, sean aficionados o no al cómic, que este es un medio de altura, con mil facetas, imbricado en nuestra cultura más allá de la mera anécdota .Algunas aportaciones de interés en este número de presentación son:
Editorial del núm. 0
Catálogo de tebeos españoles (de 1880 a 1992)
Texto introductorio al catálogo de tebeos
Catálogo de libros y documentos sobre historieta
Introducción a la primera bibliografía de monografías sobre cómic:
Ensayo introductorio y panorámico sobre el medio historieta
Al resto de documentos de este número puede accederse en la portada de nuestra revista:
Gracias por tu atención.
Manuel BarreroDirector de Tebeosfera
http://www.tebeosfera.com/
http://www.tebeosfera.es/
Tebeosfera.blogspot.com

Thursday, July 17, 2008

Le caricaturiste Siné renvoyé de Charlie Hebdo

Philippe Val, directeur de la publication de l’hebdomadaire satirique, reproche au caricaturiste d’avoir tenu dans une chronique des propos antisémites liés au futur mariage de Jean Sarkozy.
AFP - LIBERATION.FR : mercredi 16 juillet 2008

Le caricaturiste Siné, accusé d’avoir tenu dans une chronique des propos antisémites liés au projet de mariage de Jean Sarkozy, a été renvoyé de l’hebdomadaire satirique Charlie Hebdo, a indiqué hier le directeur de la publication, Philippe Val.
Dans une chronique publiée le 2 juillet par Charlie Hebdo, Siné ironisait sur une éventuelle conversion au judaïsme de Jean Sarkozy avant son mariage annoncé par la presse avec la fille du fondateur des magasins Darty.«Je suis rarement d’accord avec ce que Siné raconte mais il y a une latitude à Charlie pour exprimer des opinions différentes des miennes» et «cette latitude est bordée par une charte qui proscrit notamment tout propos raciste et antisémite dans le journal», a ajouté le directeur de la publication. «Siné a dépassé cette limite», selon lui.Dans un communiqué qui sera publié dans Charlie Hebdo daté d’aujourd’hui, Philippe Val écrit: «Les propos de Siné sur Jean Sarkozy et sa fiancée, outre qu’ils touchaient la vie privée, colportaient la fausse rumeur de sa conversion au judaïsme. Mais surtout ils pouvaient être interprétés comme faisant le lien entre la conversion au judaïsme et la réussite sociale et ce n’était ni acceptable ni défendable devant un tribunal.»Contacté, l’Elysée ne souhaitait pas faire de commentaire mardi soir. Jean Sarkozy n’a pu être joint. «Val voulait des excuses auprès de Jean Sarkozy et de la famille Darty. Je lui ai demandé s’il ne se foutait pas de ma gueule. Je préfère me couper les roubignolles», a déclaré pour sa part Siné, qui collabore à Charlie Hebdo depuis la relance du titre en 1992. Il avait également participé à l’ancienne formule.«Je reproche à Jean Sarkozy de se convertir par opportunisme. S’il s’était converti à la religion musulmane pour épouser la fille d’un émir, c’était pareil. Et (la fille d’)un catholique, pareil, j’ai jamais fait de cadeau aux catholiques», a expliqué le dessinateur et chroniqueur, âgé de 79 ans.

Wednesday, July 16, 2008

Etats-Unis. Vives réactions après une caricature plus que maladroite du «New Yorker». (In LiberationDe notre correspondante à New York MARIA MASCARO)

C’est la couverture du dernier numéro du magazine intellectuel The New Yorker et elle suscite la polémique : une caricature se voulant satirique de Barack Obama et de sa femme, Michelle, dans le bureau ovale. Lui, habillé en djellaba, turban autour de la tête, babouches aux pieds ; elle, coupe afro à la Angela Davis, kalachnikov en bandoulière et portant un pantalon treillis. Ils se tapent du poing d’un air entendu, reprenant le geste échangé en public le soir où Obama a décroché la nomination du Parti démocrate, en juin à Minneapolis. Au mur, un portrait du chef d’Al-Qaeda, Oussama Ben Laden (les détracteurs d’Obama et une partie de la presse ont longtemps joué sur le lapsus Obama-Oussama). Dans la cheminée, un drapeau américain en flammes.
Sur le même sujet
Quitter l’Irak et gagner en Afghanistan
A peine en kiosque, lundi, l’hebdomadaire new-yorkais a déchaîné les critiques, à gauche comme à droite. Le dessin a immédiatement été repris par la blogosphère et fait l’objet de commentaires en boucle sur les chaînes d’info câblées. «Le New Yorker peut penser, comme sa rédaction nous l’a expliqué, que sa couverture est une parodie satirique de la caricature que les détracteurs d’extrême droite du sénateur Obama font de lui. Mais la plupart des lecteurs la jugeront de mauvais goût et offensante. Et nous sommes d’accord», a commenté Bill Burton, porte-parole d’Obama. Le candidat républicain, John McCain, a également dénoncé cette caricature, qu’il juge «totalement inappropriée». «Je comprends que le sénateur Obama et ses partisans la trouvent offensante», a-t-il dit.
Satire. Face au raz-de-marée, le directeur du magazine, connu pour ses caricatures à l’humour décalé et généralement plus subtil, s’est senti obligé de réagir et de préciser dans un communiqué que ce dessin entendait «dénoncer la campagne de peur et de désinformation menée contre le sénateur». Dans une interview au site HuffingtonPost.com, David Remnick, directeur du New Yorker, a reconnu : «Normalement, je préfère que le travail parle de lui-même et n’avoir pas à expliquer une plaisanterie, une nouvelle ou un article. […] L’image cherche à être aussi claire que possible et le titre devrait aider à la comprendre.» Et c’est là que le bât blesse. Le titre, «la politique de la peur», ne figure que dans la table des matières du magazine. L’article associé à la couverture n’a rien à voir avec le dessin : c’est une enquête sur les débuts en politique d’Obama.
Une satire exagère des éléments vrais, argumentent les critiques du New Yorker. Or le dessin en question repose sur des rumeurs fausses au sujet du candidat démocrate et de son épouse, mais solidement ancrées dans la psyché d’une partie des Américains. Un sondage publié vendredi par Newsweek montre que 12 % d’entre eux pensent qu’Obama est musulman (il est chrétien), que 39 % croient que, enfant en Indonésie, il a fréquenté une madrasa (école coranique) alors qu’il est allé tour à tour dans une école catholique et une école publique.
Stéréotypes.Ces allégations placent Obama dans une situation délicate. Outre le fait que la caricature propage une imagerie détestable sur les stéréotypes visant les Afro-Américains (forcément en colère) et les musulmans (de dangereux terroristes), elle force le sénateur à devoir constamment démentir qu’il est musulman, impliquant de fait qu’appartenir à cette religion pose problème. La communauté arabo-musulmane s’est du reste déjà plainte des réserves d’Obama à son encontre, alors qu’il se veut le chantre d’une Amérique multiraciale et multiculturelle. Le sénateur s’est ainsi déjà rendu dans des églises, des temples et des synagogues. Mais jamais il n’a visité une mosquée. Plusieurs leaders arabo-américains attendent toujours d’être reçus par le sénateur. Le New Yorker, une publication de gauche qui soutient la candidature Obama, ne lui a pas facilité la tâche.

Tuesday, July 15, 2008

Sex - Maria josé Mosquera ganha mais dois prémios internacionais


SEX , María José Mosquera é uma artista que muito admiro e que infelizmente nunca premiei nos meus salões. A vontade do juri é de um colectivo, e não pessoal do seu director, e apesar de estar sempre com seus desenhos entre a selecção final, acabou por nunca ter sido premiada. Felizmente há outros juris que lhe dão prémios e é com orgulho que noticio aqui mais dois prémios internacionais: Segundo premio na categoría de humor em San Andrés de Rabanedo e "Especial Appreciation" no 2nd International Exhibition CarCaricature - Zagreb 2008

O FARELO suplemento de A Peneira

Recebemos uma carta da direcção de A Peneira que nos diz:
Estimad@s amig@s
Logo dun longo parentese "O Farelo" vai sair de novo à rua.
Coñecemos, pola nosa relación coas "Xornadas de Humor" de ourense, que te adicas a estas cousas do humor. Non sei de coñeciches "O Farelo" na sua primeira estapa. Gustariamos contar contigo nesta nova xeira.
Pretendemos sair unha vez ´mes comezando o vindeiro dia 16 se nos chegan suficientes traballos, senon quedaria para a primeira semana de agosto.
Queremos contar con tod@s. Saúdos.
Guillermo Rodriguez Fdez.
www.apeneira.com
Rua Sarmiento Rivera 17, baixo, 36860 Ponteareas España

Para quem quer publicar o seu humor tem aqui uma boa porta aberta, porque na primeira série já deu provas de boa qualidade e seriedade.

Homenagem a Siro Lopez no XII SLGC-Vila Real

O Presidente do Municipio entregando a troféu a Siro Lopez

Panorâmica da exposição das obras de Siro que acompanham o XII Salão Luso-Galaico de Caricatura


Entrega dos Prémios do XII Salão Luso Galaico de Caricatura de Vila Real a 12 de Julho de 2008


1º Prémio a José Bandeira
2º Prémio a Michel Casado
3º Prémio a António Santos (Santiago)
Menção Honrosa a Franjo Padin (na foto) e a Gogue (que não pode estar presente)


Antonio Santos, Michel, Siro e Padin
Eu, José Bandeira, Presidente da Região do Turismo, Presidente da Câmara Municipal, Antonio Santos (Santiago), Franjo Padin, Michel Casado, Siro Lopez e o representante do Governo Civil de Vila Real



Monday, July 14, 2008

SALIO LA REVISTA ARTEFACTO 9

 Como ya es habitual cada mes, ya está disponible el número 9 de la revista virtual de arte "Artefacto" para que la disfruten los amigos y colegas del arte, el humor, la caricatura y el diseño gráfico. En este número tenemos una entrevista exclusiva con el genial humorista chileno Guillo, que acaba de presentar su libro "Pinochet ilustrado".
Además, una nota con el alucinante pintor argentino Helmut Ditsch, considerado el artista más caro del mundo; una entrevista con el humorista Martín Favelis radicado en España y mucho más. No se la pierdan.
Pueden descargarla gratuitamente desde aquí: http://artefacto.deartistas.com/uploads/2008/07/artefacto9.pdf
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Friday, July 11, 2008

EMMÉRICO HARTWICH NUNES UM SIMPLICISSIMUS MODERNISTA

Lisboa 6/1/1888 – Sines 18/1/1968

Por: Osvaldo Macedo de Sousa

Recordar Emmérico Nunes é abrir a arca do esquecimento, é reabrir a história deste país tão bem esquecida oficialmente pelo poder. Emmérico é um desconhecido mestre das nossas artes, por isso toda e qualquer iniciativa que traga ao conhecimento mais um pouco da sua obra é sempre de louvar. Eu, que até sou um curioso da sua obra, pouco conheço do que ele realizou além fronteiras, ou na pintura. Infelizmente nunca tive a oportunidade de abarcar a sua vasta e dispersa obra pictórica, publicitária, decorativa e internacional.
Não é minha intenção fazer aqui a sua biografia, já que ele nos deixou seus passos bem descritos numa autobiografia que eu recomendo a leitura. Apenas desejo deixar aqui a minha modesta deambulação pelos seus tempos e obra enquadrada na época.
Nascido no seio de uma família com formação artística (pai arquitecto, mãe pintora, poetisa…) sempre esteve rodeado pelas musas e pela irreverência, apesar de uma educação Burguesa de classe alta, e portanto conservadora.
Sabemos que ainda criança se lançou nas primeiras aventuras editoriais caseiras, com o que hoje se poderia apelidar fanzines, aos quais ele deu por títulos pomposos de “O Paiz”, “Risota”, “Folhas Volantes”… o que testemunha uma consciência satírica de um jovem com 10 anos.
Em sua casa liam-se os jornais humorísticos da época, razão pela qual ele é desde tenra idade admirador de Raphael Bordallo, e mais ainda de Leal da Câmara e Celso Hermínio que ele usufruiu na Corja, na Marselheza, e que logo marcaram o seu pendor satírico expressionista.
O pai, como um bom chefe de família preocupado com o futuro da prole, tenta encaminha-lo para o comércio, primeiro no Liceu Politécnico, depois na Escola Comercial Peixoto. O mesmo tinha tentado Manuel Maria Bordallo Pinheiro ao querer amarrar Raphael às mangas-de-alpaca, só que a irreverência juvenil quebra na maior parte das vezes essas vontades. A teimosia artística convence o pai a deixa-lo estudar na Escola de Belas Artes onde frequenta as classes do Condeixa, do Alberto Nunes… O pai cauteloso questiona Malhoa sobre o futuro do seu filho, e este profere a célebre sentença: «Se você pode, acho que faz bem em tirar o pequeno da Escola e mandá-lo estudar para Paris. Aqui em Lisboa está 8 anos a marcar passo. Mas em Paris o ambiente e os métodos de ensino, se ele souber aproveitar, farão dele um artista em metade desse tempo.» O veredicto estava dado, e lá seguiu o seu destino em 1906/7 emparceirando-se com outros bolseiros, ou irreverentes das artes que viviam Paris como um sorvedouro de artes. Ai não se restringiu às Academias Livres do Ferdinand Cormon, à Academie Julien, frequenta mesmo a École dês Beaux Arts durante quatro anos. Em 1910 faz umas incursões de pesquisa pela Inglaterra, Holanda e Bélgica e em 1911 encontramo-lo em Munique a frequentar a Kunstakademie ou o Atelier de Heimann… De toda aquela geração de estudantes a voarem para além fronteiras na procura de novos caminhos estéticos, ele e Amadeo de Souza-Cardoso serão os que melhor aproveitarão as chances oferecidas. Emmérico estudou com os mestres possíveis, para poder renega-los e criar o seu estilo imbuído pelas boémias parisienses ou alemãs, para captar o novo ambiente plástico da Europa.
Amadeo em suas cartas revela um pouco o ambiente de então ao escrever: «os amigos compatriotas, que marcham numa rotina atrasada. Arte é bem outra coisa que quase toda a gente pensa, é bem mais que muita gente julga. Tudo quanto para aqui se faz é medíocre, aparte raras coisas.»
«Hoje os artistas preocupam-se com a realidade, pretendem imitar a natureza como se ela fosse imitável, não sentem emoções grandes, porque são neutras de nascença as suas almas - em suma, é o ocaso duma religião que passou.»
Em Portugal a arte não vive, sobrevive. As correntes estéticas não germinavam, nem se desenvolviam, copiavam-se. Os ismos dominantes eram o chiadismo, o cafezismo, o pedantismo, e o pedintismos de bolsas… o academismo regente era a imitação vazia de escolas e quando alguns quiseram gritar uma nova liberdade estética, esse grito soou vazio, porque ninguém pode ser livre de algo, se não conhece as prisões dessas regras. Primeiro tem que se conhecer os Mestres a fundo para os poder renegar.
Em Paris o que os pensionistas encontraram foi um ambiente de anarquia filosófica-estética, onde chocavam, e entrecruzavam-se o naturalismo, o expressionismo, o fauvismo, o pontilismo… e tantos outros ismos irreverentes ou académicos. Raros foram os que conseguiram visualizar algo entre tanta informação nova, optando a maioria por se socorrer do que conheciam melhor da sua formação em terras lusas. Regressou a maioria com os mesmos tiques plásticos, mas com alguns deslumbramentos mais cosmopolitas, com a paleta menos sombria…
O que mais fascinava estes jovens era por um lado a boémia parisiense, o convívio entre idealistas das estéticas, do pensamento inovador na viragem do século… Por outro, a oportunidade de verem ao vivo, de copiarem os mestres do passado no Louvre, nas reproduções que aqui se encontravam com maior facilidade. Em relação às vanguardas, a maior parte delas passavam ao lado, nas tertúlias de outro café, nos disputas de outros círculos… e além disso, para se enveredar por essas irreverências era necessário estar filosoficamente nessa onda, nesse via de criatividade o que não acontecia à grande parte dos artistas que viviam por Paris. Não tinham formação estética, filosófica ou ideológica para avançarem nessa senda. Isso não quer dizer que no meio dos modernistas moderados não vamos encontrar um ou outro trabalho de tendência cubista, futurista, dadaista… numa linha mais irónica, de paródia ou de simples desvio ocasional na obra de um artista.
Em Portugal estas novas formas de abordar a arte, procurando recusar o passado, mas sem saber qual o futuro, ficaram conhecidas como Modernismo. Este é um movimento sem bases programáticas definidas, só uma vaga filosofia de utilitarismo plástico, de síntese de expressão estrutural com alguma ideologia de socialismo estético. É por essa razão que o humor gráfico está quase sempre presente na obra desses jovens, quando não é ele que lidera as vanguardas mais ousadas do traço.
Temos que recordar que este início do séc. XX, em consequência do que se foi desenvolvendo com o liberalismo, é uma revolução no estatuto do artista. Antes ele era um assalariado do Poder (religioso ou politico), um protegido do mecenas… Agora ele é livre… de morrer à fome. Pode não obedecer ao gosto dos outros, mas ao mesmo tempo tem de comprar o gosto do crítico, do galerista. A sobrevivência será sempre o factor principal da obra de qualquer artista, e nestes novos tempos, a ligação ao mundo empresarial (comércio, industria) será uma das possíveis saídas artísticas.
O personagem mais importante desta era modernista será o papel, como veículo experimental, ou como cartão para reprodução na imprensa, no cartaz, na publicidade… O desenho já não é um simples croqui, é a obra final num diálogo mais democrático com o novo público. As técnicas não tem barreiras de suporte e os óleos, os pateis, as aguarelas… assim como a desconstrução da realidade em colagens, foto-montagens… invadem o papel “moderno”.
Emmérico Nunes que não queria seguir a carreira comercial teve de passar a vida dependente desse mundo. A imprensa, o cartaz, e publicidade, o design são uma vias mais fáceis de sobrevivência, as quais exigem novas linguagens, sínteses de comunicação. Há uma perfeita harmonia entre o desejo de ser vanguarda e a necessidade comercial das novas formas de comunicação. O Modernismo será pois a conjugação dessas duas vontades.
Já todos sabiam que a Política é essa grande porca que nunca morre, antes se transforma, se renova em cada ninhada igual à anterior. Por isso a sátira política chegou a um momento que apenas se repetia, sendo um triste espelha da politica, uma serpente a morder a cauda, sem dar nada de novo. Por isso Christinao Cruz, na senda do novo pensamento modernista que domina a Europa, defende: «Depois de Bordallo ninguém fez nada na caricatura política que mereça menção: e embora a ela se dediquem muitos... E aos quais, note, eu não penso em negar talento, mas ao examinar uma página dos jornais humorísticos actuais eu vejo sempre uma página do 'António Maria' apenas virada do avesso... /…/ A caricatura impessoal, a única que lá fora tem feito grandes artistas, não é conhecida em Portugal. O irritante e perspicaz quem é, acompanhando sempre a vista de um desenho impessoal, na esperança de ver surgir as convencionais figuras dos nossos estadistas, é um sintoma da mania política do nosso público. É preciso fazer-lhe desviar a atenção para a caricatura social, para a caricatura de costumes, enfim, para a verdadeira caricatura: a impessoal.»
André Brun, no Catálogo do Salão dos Humoristas de 1913, acrescentará: «O Humorismo, desde que for a reconhecido, baptizado e deitado à margem da arte séria, for a sempre vivendo, e se bem que o não vissem senão sob o aspecto d'um garoto da rua, gracioso e impertinente, ia criando músculos e caminhando com serenidade.
/…/ Um dia - o de hoje - a Arte chegou enfim a uma franca simplicidade. Despiu-se de todos os falsos atavios que séculos tinham ido sobrepondo sobre a nudez deslumbrante e já não busca iludir com grandes gestos, mas convencer com raciocínio. Reduzir a vida às equações claras e positivas, e quando a arte, professada por pontífices solenes e académicos, chegou a esta meta, encontrou, esperando-a tranquilamente e olhando-a com um sorriso, o Humorismo. Esse que ela sempre tomara, até então, por um gaiato irreverente, verificou-se que for a quem sempre conduzira o facho da verdade.»
Esse novo universo de critica social é capitaneada em França pelo “Rire”, “L’Assiete au Beurre”, na Alemanha pelo “Simplicissimus”, pelo “Meggendorfer Blatter”… jornais que eram devorados em Portugal pelos jovens irreverentes, e que levará 4 artistas a viverem em Coimbra a impor o modernismo em Portugal. São eles Christiano Cruz, Correia Dias, Luiz Philipe e Cerveira Pinto. Aconteceu em 1909. Quando se realiza em 1911 uma exposição dita de Os Livres, já o modernismo vivia entre nós, e essa exposição de bolseiros de Paris nada trouxe á pacata cidade de Lisboa. O seu mentor, Manuel Bentes defendia: «A Arte não tem sistemas, tem emoções /…/ Queremos ser livres ! Fugimos aos dogmas do ensino, às imposições dos mestres, e, quando possível, às influências das escolas, porque cremos que os artistas têm uma só escola - a Natureza; um dogma único - o Amor".»
De livres eles não tinham nada, pois dependiam totalmente das bolsas do estado, e só vieram mostrar que pouco tinham aprendido de inovador nesses anos de estudo além fronteiras. Não fugiam aos dogmas de escolas e dos mestres, porque não as dominavam, porque não ousavam. O único que se distinguiu naquela mediania foi Emmérico Nunes que não esteve presente em pessoa, mas enviou trabalhos, numa cumplicidade com os compatriotas que procurou manter sempre, enviando trabalhos para os salões do Humoristas também.
A sua ascendência germânica facilitou-lhe a vida em Munique. A sua abertura estética para o Modernismo, com um espírito arguto de critica satírica deram-lhe espaço para ser de imediato aceite nos quadros do jornal “Meggendorfer Blatter”, o segundo jornais mais importante do humor germânico. Em Paris ele apreendeu a simplicidade elegante da sátira social, misturando o traço arte-nova com o expressionismo, explorando as linhas geométricas do cosmopolitismo, com um traço agressivo da acutilância critica. Ele era um bom sucessor de um Leal da Câmara, de um Celso Hermínio juvenis que para sobreviverem acabaram por adoçar o traço. Emmérico, por seu lado estava nos países que amavam essa forma irreverente de desenhar, e assim se manteve durante duas décadas no “Meggendorfer Blatter, assim como colaborará com o “Fliegende Blatter”, o “Zuricher Ilustrierte Zeitung”, o “Haagscher Courant”, “Der Spatz”, “Buen Humor”… um trabalho que fez dispersar mais de dois milhares de desenhos, originais quase todos perdidos nas redacções desses periódicos de além fronteiras. Devido a esta longa colaboração com os jornais germânicos, suíços e holandeses li em alguns textos sobre Emmérico como o artista português que mais publicou no estrangeiro. Isso é falso porque não nos podemos esquecer de um Julião Machado que trabalhou durante quase três décadas no Brasil, de Leal da Câmara que teve colaboração em Paris de 1900 a 1915, de Correia Dias que também no Brasil trabalhou de 1914 a 1931, do Zeco, do Hugo Sarmento… ou do Brito que trabalha em Paris desde 1970 até aos nossos dias. Foi contudo um dos artistas que mais sucesso teve além fronteiras, porém esse sucesso infelizmente não teve repercussão significativa na sua carreira em Portugal.
A sua vida será uma constante viagem entre a Alemanha, a Suiça e Portugal. Os tempos eram conturbados, novos ventos estranhos arrasavam o espírito livre da Europa, e se um dia se realizar a recolha de todo esse material publicado além fronteiras ver-se-á um excepcional retrato dos costumes, das vicissitudes dos pequeno-burgueses e novos ricos europeus, desde o cosmopolitismo urbano do centro da Europa ao mundo rural da Baviera, dos cantões suíços cheios de ironia, de bom humor.
E. N. nunca trabalhou para o “Simplicissimus”, mas como não dava jeito fazer um trocadinho com o “Meggendorfer” usamos essa muleta para dizer que Emmérico Nunes é um “Simplicissimus” Modernista. A corrente estética é semelhante entre os dois jornais, ou seja a síntese plástica aliada ao expressionismo satírico. Emmérico Nunes foi o artista português que melhor simboliza essa linha, à qual poderíamos ligar Christiano Cruz ou António Soares. Noutras variantes ainda mais sintéticas e menos expressionistas temos todos os outros ditos modernistas como Almada, Barradas, Collomb…
A modernidade de Emmérico Nunes está condicionada ao diálogo com o seu público. Para além de ma paleta mais aberta, com cores fortes e expressionista, a síntese do traço, numa caligrafia de comunicação directa sem barroquismos, dominarão a sua obra.
As guerras e instabilidades no centro da Europa foram empurrando Emmérico Nunes para esta ocidental praia, onde aos poucos foi constituindo família, e um abrigo. Contudo esse abrigo será sempre precário visto não haver por cá bases sólidas para uma sobrevivência desafogada de um artista. Aqui vai ter se sujeitar ao que há, espalhando a sua criatividade do humor adulto ao humor infantil. Da publicidade ás artes decorativas. Da pintura de retrato á paisagem. De restaurador a Professor de meninos irrequietos.
Para além de trabalho para empresas privadas no âmbito da publicidade (Vacuum, Portugal e Colónias, Agencia Geral do Ultramar…) acabará por pertencer à elite da “politica de espírito” de António Ferro, um grupo de modernistas que deu um novo visual de Portugal além fronteiras nas Feiras Internacionais de Paris e de Nova Iorque, no Mundo Português…
Na imprensa, que é o que interessa mais a esta casa onde estamos a conferenciar ele deixou obra na “Ilustração Portuguesa”, “Diário de Lisboa”, “Riso da Vitória”, “Có-có-ró-Có”, “ABC a Rir”, “ABC”, “ABCzinho”, “Domingo Ilustrado”, “Senhor Doutro”, “Sempre Fixe”, Voga, “Civilização”, “Espectro”, “Ilustração”, “Magazine Bertrand”, “Eva”, “Noticias Ilustrado”, “Joaninha”, “Acção”… Neste percurso português duas fases de destacam, a década de vinte e o trabalho na “Acção”. A década de vinte é o seu período mais significativo do seu contributo para o modernismo português, ousando, sendo irreverente ao mesmo tempo que impunha uma linha mundana e cosmopolita cheio de ironia de influencia do seu trabalho germânico. Destacdo obras do Riso da Vitória, capas do ABC, a capa do livro “Fantoches”… O ambiente português, e o gosto das linhas editoriais foram entretanto adoçando o lápis de Emmérico Nunes na imprensa. O período da “Acção” mostra um traço caligráfico com influencias da estética dominante nos USA dessa época, mas com um cunho pessoal de contrastes entre o claro e escuro e com um tom satírico mais profundo, um pouco mais à direita (na linha editorial do jornal), mas também com um matiz de revolta, de desconsolo com a vida.
Em toda a sua obra está subjacente um lado pedagógico, uma vontade de educar as massas, se não pela ironia, pelo menos pelo gosto estético, ou pela moral ética das histórias mais infantis do ABCzinho, Senhor Doutor…
Como escreveu António Ferro, «O Magazine é a espuma da vida, tudo quanto ela tem de branco, de rendilhado”. Foi esse mar sempre revolto, mas pacificador que deu voz ao modernismo, que os fez sonhar com novas terras estéticas, com um novo povo mais educado em beleza estética. «Eu sei bem que o público não sente a necessidade de arte, – disse Christiano Cruz em entrevista - da mesma maneira que não sente a necessidade de lavar os pés. Mas as necessidades criam-se e essa tarefa só nos pode caber a nós, dada a impossibilidade de mandar o meio, a Paris, educar a vista…»
Emmérico Nunes foi um desses educadores, um artista mal amado, como quase todos os outros artistas nacionais. Um artistas que poucos conhecem, e que deve ser urgentemente recuperado, assim como toda a sua obra internacional. Estas capas, estes trabalhos para crianças são arte menor? Sim sabemos que é essa a ideia das principais cabeças mandantes deste país. Não interessa olhar demasiado longe para ver a boa arte. Hoje em dia todo o município que se preze tem o seu Museu de Arte Contemporânea. Se não tem um museu tem um centro, se não é um centro é uma colecção, como se o futuro dependesse de hoje, e não do passado. Antes de reverenciarmos desalmadamente os artistas de hoje em Museus, trabalhos esses que irão para o lixo daqui a uns anos após o esfriamento do subjectivismo dos seus directores, devemos primeiro conhecer a fundo o passado, e saber que um simplicissimus modernista é significante de obras de um época fundamental da nossa historia da nossa identidade cultural

Thursday, July 03, 2008

Jaime Galo visita la "Expo Mujeres Dibujantes" en Santiago de Chile

El periodista Jaime Galo visita la "Expo Mujeres Dibujantes" en Santiago de Chile.Entrevista a las ilustradoras Daniela Gallardo (Poemics), Daniela Cartagena (Diseño), Natalia Izquierdo (Diseño), a la escritora Alicia Morel (Perico trepa por Chile), al gestor de la exposición Antonio Perez.Adicional, especial mención a la ilustradora Elena Poirier (El Peneca, Simbad).

http://www.videoreportajes.cl/ Link--> Expo Mujeres Dibujantes

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