Friday, May 30, 2008

Cartoonists helping the victims of the China earthquake - 2008

 Pray for the victims of the earthquake-stricken area.
Please stretch your kindly hands, help the lives threatened by the big earthquake. According to the report of the China National Monitoring Network, an earthquake of 8.0 scales attacked Wenchuan Town in Sichuan Province in China. The whole society are paying great effort to resist earthquake and provide disaster relief to the disaster area.The confirmed national death toll reached 19,509 by 2 pm May 15, nearly all of them in Sichuan, according to the temporary disaster relief headquarters. Another 9,404 were buried in debris, 7,841 were missing and 26,206 people were injured. The rising death toll affects everyone's heart. The tunnels and bridges are totally destroyed in Wenchuan. Another town called Beichuan is completely in ruins. This natural disaster brings great sadness and pain to people in Wenchuan.When the mankind suffering disaster, the lives being threatened by the earthquake, please stretch you kindly hands, bridge the difficulties together with the fellowmen in the disaster area. The confirmed death toll rose to 32,477


We propose that cartoonists all over the world to show your love, pray for the lives in the disaster area with your works, wish them peace and safe.
1 - You can choose from the following subjects: Pray, Love, Endow, Earthquake, Defending nature disaster. Your can also select your own subject.
2 - Deadline: June 15, 2008.
3- 10 works will be selected and awarded by Chinese souvenirs.
4- Technique of works is unlimited. Black and white or color works are acceptable. The size of works should exceed A4 (including). The works should be in RGB, JPG, or TIF. Please send the electronic works to the following email address: redmanart@126.com; or: redmancartoon@163.com.
5- Mailing address: Zhu ChengRoom 2510, FLT & Research Press Building (5thFloor ),No.19 Xi San Huan Bei Road ,Hai Dian DistrictBeijing 100089, China

http://www.redmanart.com// ; http://redman.zbeijing.com/zContent/?id=72

Historia da Caricatura de Imprensa em Portugal (Parte 28) (Almeida e Silva...)

Por: Osvaldo Macedo de Sousa
1885
Em 1885, surgirão dois novos criadores a quem podemos dar sem pejo o epíteto de caricaturistas, são eles J. M. Pinto e Almeida e Silva
José de Almeida e Silva será o primeiro caricaturista de interesse estético, e satírico, a surgir no Porto desde o aparecimento de Sebastião Sanhudo, ou seja quase uma década depois.
Natural de Viseu (nasceu a 15 de Novembro de 1864, e virá a morrer na mesma cidade a 10 de Outubro de 1945) este artista será fundamentalmente recordado em Viseu como Pintor, sendo localmente conhecido como "o Silva pintor". Filho de um comerciante (com o mesmo nome), subiria na vida a pulso. Como nos diz Júlio Cruz (no Catálogo do Cinquentenário da sua morte - Viseu 1995): «A sua vida não foi fácil: começou como marçano mas como cedo revelava forte vocação artística conseguiu que em 1882, um benemérito, José Ribeiro de Carvalho e Silva, lhe patrocinasse um curso na Real Academia Portuense de Belas Artes. Durante esse tempo e para ganhar algum dinheiro dedicou-se a elaborar caricaturas. /.../ Mais tarde arrependeu-se desta actividade pois, segundo ele afirmou em carta datada de 29.8.1937, foi por cansa dessas caricaturas que lhe terá sido negada uma bolsa no estrangeiro, Almeida Silva achava que a não atribuição da bolsa por parte da Academia do Porto era a vingança dos politicos por ele caricaturados.»
«Terminou o curso em 1890 e nove anos depois era nomeado professor de Desenho na Escola Indus­trial e Comercial de Viseu, sendo transferido a seu pedido para a Escola de Vidreiros da Marinha Grande, em 1919, onde foi director. /.../ Foi um artista profícuo, ressaltando da sua obra o retrato, as paisagens, os monumentos e figuras típicas locais. /.../ Colaborou em inúmeras publicações com destaque para "O Século", "Diário de Notícias", "Diário de Lisboa", etc. Também escreveu contos e narrativas reunidos na publicação "Pergaminhos". Dirigiu a publicação "Álbum Viziense", que apareceu em 1885.»
Curiosamente os seus biógrafos, desde Alberto Meira, passando por ele próprio só apontam o jornal "Charivari" : que inicia a sua publicação em 1886) como local da sua carreira caricatural, contudo os seus trabalhos aparecem primeiro em 1885 no jornal portuense "Maria da Fonte" (1885/6). António Dias de Deus assegura que os seus primeiros trabalhos surgem em 1880 na "Cavaqueira Política", impressa na Litographia Viseense, mas haverá uma outra "Cavaqueira Política" em 1888 que tem obras suas. Publicou também em "O Gymnasta" de 86, "Óbolo ás crianças" de 87, "Revista Ilustrada" de 91, "Portugal-Espanha" de 95, "Notícias de Portugal" de 96. Contudo na verdade a sua obra fundamental ficará registada no jornal "Charivari" (entre Nov. 86 até Maio 1890)
Tinha 21 anos, e estudava artes. A diferença entre os trabalhos de 85 para 86, e anos adiante denota-se um aperfeiçoamento profundo, num estudo do pormenor, sendo um perfeccionista do realismo. Essa formação académica denota-se e destaca-o, no panorama caricatural de então. Como ele próprio diz (numa carta publicada em "O Tripeiro", no artigo de Alberto Meira "Ao soalheiro... ") «desde a minha mocidade vivo sempre na ânsia do perfeito. E, assim, nada do que produzi no passado me deu completa satisfação. »
«Apesar dos meus 72 anos, mais do que nunca vivo de aspirações, baseadas nas forças sempre cres­centes que sinto no meu espírito cujos anos se mantêm e manterão no inverso da feitura da minha idade física, esta mesma dominada pela minha compleição forte e sadia, que me fará viver para a Arte até para lá dos 90 anos. Eu sou uma criatura que faz terror á morte.»
«Vivendo, pois, para o presente e para o futuro, que não do passado, este em nada me interessa. E eu quereria que ninguém me lembrasse o que já se passou na minha vida, de que não conservo notas nem datas, ou documentos de qualquer espécie.»
«Quanto aos meus tempos de caricaturista, em que somente o fui para ganhar o meu pão, não só os desprezo, como até os odeio. Se não fosse o Charivari, eu seria hoje um dos primeiros mestres da pintura portuguesa, pois para isso nasci com toda a compleição artística, demonstrada no meu curso brilhante da Academia de Belas Artes do Porto, onde fui o aluno mais garoto e turbulento, mas também o mais distinto, o que pode ser comprovado pelos meus condiscípulos e contemporâ­neos, de entre os quais o grande escultor Teixeira Lopes.»
«O Charivari obrigou-me, por vontade do público, a atacar homens políticos do Porto, que depois se vingaram, fazendo com que eu perdesse, injustíssimamente, o lugar de pensionista do Estado no estrangeiro, por concurso da Academia do Porto.»
«É certo que, em protesto, logo um amador se me ofereceu para me subsidiar nessa conclusão dos meus estudos artísticos. Factos particulares concorreram, porém, para que eu nunca me pudesse aproveitar desse oferecimento, o que não faria se fosse pensionista oficial.»
«/…/ Mas ainda quanto ao Charivari ;- Desde que vim do Porta para Viseu, em 1891, nunca mais o abri, o que agora fiz para algumas verificações. Salvo nele os retratos da lª página, uma ou outra de caricaturas, e a polémica com o grande Bordalo Pinheiro. Quanto ao resto...»
«/…/ Lembrando-me do meu tempo de caricaturista, em que o público, que é quem compra e manda, queria ver as estampas sempre sombreadas. E até os rapazes vendedores, quando não viam as estampas a fumo, como eles diziam, já se desinteressavam de apregoar o semanário, que assim tinha menos venda.»
«Repito que, em jornalismo, quem manda é o público, sendo preciso servir-lhe o prato que quer. De outro modo deixa de comprar; e o jornal cai, por melhor que seja feito... »
É interessante este testemunho, de lamento pelas sequelas na vida de um artista, que na juventude ousou ser irreverente, ousar satirizar. Naturalmente, não foi apenas este facto que o impossibilitou de ser o grande mestre da pintura portuguesa, mas é natural que poderá ter contribuído, fortemente para lhe modificar o percurso de uma carreira. Curiosa é, também, a importância que ele dá ás primeiras páginas, que eram retratos litográficos, de execução perfeita em academismo técnico, e onde não havia intervenção satírica, e minimizando o desenho satírico. É que ele foi uma segunda voz (a primeira naturalmente foi sempre a de Raphael) na sátira de destes anos de 85 a 90, ultrapassando Sebastião Sanhudo no norte, na crítica nacional.
Almeida e Silva foi um caricaturista a nível nacional, não se restringindo aos "fait divers" portuenses, como o fazia Sebastião Sanhudo que assim se defendia no meio provinciano e vingativo do norte. Caricaturava, satirizava tanto a política camarária, como partidária e governamental, e se necessário fosse, contra os próprios colegas de profissão, como viria a acontecer com Raphael, mas sobre essa questão falaremos no momento oportuno.
"O Charivari", que durou doze anos (1886198), será mesmo uma peça importante nesta história, já que aqui se desenvolverá o início de algumas carreiras de interesse, como a do Alonso - Santos Silva, Simões Júnior ...
Será necessário dizer que, entretanto nesse ano de 1885, para além do referido jornal "Maria Rita" onde um tal Lara publicou trabalhos antes do aparecimento de A. Silva, apareceu também o semanário humorístico "Zé Barros" (com trabalhos assinados por Zé dos Grilos ou Zé da Rita).
Também nesse ano (a 21 de Janeiro) Raphael, por questões políticas e éticas, toma a decisão de encerrar o seu jornal "António Maria", após cinco anos de publicação. Em meia dúzia de palavras, esta decisão está relacionada a um terramoto que se verificou na Andaluzia, e para apoio às vítimas criou-se uma cúpula que propôs uma manifestação de solidariedade. O governo com medo da utilização por parte dos republicanos deste acto, proíbe. Raphael em contraproposta, já que este era um movimento apolítico, propõe uma semana de greve dos jornais, mas perante a cobardia de toda a imprensa, ele resolve ser radical, e fecha o seu jornal. É uma atitude de indignação, e mágoa, não propriamente contra os políticos, mas mais contra os seus confrades da imprensa, indivíduos vendidos ao poder, e às instituições onde tinham segundos empregos ...
Raphael Bordallo Pinheiro (pelo menos desde o ano anterior) começava então a fascinar-se por um novo género criativo, a cerâmica, anunciando no próprio jornal essa paixão, e a construção de uma fábrica nas Caldas da Rainha. Quem estava por detrás desse entusiasmo é o seu irmão Feliciano, que será o gestor da Fábrica, provocando um gradual abandono do desenho humorístico por parte de Raphael.
Só que é difícil calar uma voz satírica, mesmo quando está desgostosa com o meio, e apaixonado por novas formas de expressão artísticas. Além disso, os seus jornais também já eram também o sustento do filho, e acabar esta sua actividade, era acabar com duas carreiras. Por essa, ou outras razões, passados alguns meses, ou seja a 7 de Maio, nasce um novo título, "Os Pontos nos ii". Este, apresenta-se assim: «Ora aqui me teem outra vez. Sou a Maria, a viúva do António..:» e por aí adiante, como podem ler na reprodução da página, já que esta vale não só pelo texto, como pelas ilustrações que a preenchem.
O ideário, e o grafismo, continua o mesmo que subentendia o 'António Maria", ou seja «rir, rir sem descanso, de bocca escancarada até mostrar o cavername, de todos os mil grotescos que por ahi fervilham como formigas n'um açucareiro». Surgia assim uma segunda série do 'António Maria", mas sob outro nome.

Thursday, May 29, 2008

LA DETENCIÓN DE UN DIBUJANTE EN HOLANDA REABRE EL DEBATE (Notícia de El MUNDO.ES)

¿Hasta dónde puede llegar una caricatura?

La Fiscalía estima que sus dibujos atribuyen cualidades negativas a cierta gente
Ha retirado ocho ilustraciones que 'sobrepasan el límite de la libertad de expresión'
Nekschot era amigo y colaboró en la web de Theo Van Gogh, asesinado por un radical


Uno de los polémicos dibujos de Gregorius Nekschot. Los protagonistas son un supuesto Mahoma con Ana Frank.

AMANDA FIGUERAS

MADRID.- Es proverbial la dificultad para concluir si se le deben poner límites a la libertad de expresión y, en tal caso, dónde establecerlos. En Holanda, un caricaturista conocido por el seudónimo de Gregorius Nekschot fue detenido el pasado día 13 acusado de delitos de discriminación e incitación al odio o la violencia a través de los trabajos que publica en su página web.
Todo el Parlamento holandés (Tweede Kamer) se unió para criticar lo que considera "una exageración". Además, parte de la cámara sospecha que detrás del arresto, que duró un día y medio, está el deseo del Gobierno —compuesto por cristianodemócratas, la Unión Cristiana (protestantes) y socialdemócratas— de contentar a sus muchos votantes musulmanes.
Según datos de la Oficina Central de Estadística holandesa, en 2007, de los 16.357.992 habitantes del país, 1.738.452 eran inmigrantes no occidentales, y 1.431.954, occidentales. Los choques entre culturas y, sobre todo, su uso político, han vivido un fuerte crecimiento desde los encendidos discursos del populista Pim Fortuyn en el año 2001 y desde que en 2004 el cineasta Theo Van Gogh fuera asesinado por un islamista radical. Ahora, los problemas relacionados con la inmigración ocupan un lugar preponderante en la agenda.

A la izquierda, un dibujo en el que Nekschot se dirige al MDI y le dice 'Aquí no hay un profeta', en alusión a la publicada en 'Jyllands Postem' (drch)
En medio de las protestas y los llamamientos al bloqueo de productos holandeses por parte de radicales en algunos países musulmanes, el ministro de Justicia holandés expresó su deseo de endurecer el tratamiento de la blasfemia.
Se da la circunstancia de que Nekschot colaboraba con Van Gogh. En la página web del director, aparece uno de sus dibujos: un hombre con ropas de estilo musulmán, con un cuchillo entre los dientes, y un cartel agujereado entre las manos en el que se lee 'Islamsterdam'.
Tras estudiar el caso, la Fiscalía decidió finalmente retirar ocho de los trabajos de Nekschot colgados en su página web porque "sobrepasan los límites de la libertad de expresión". Afirma que atribuyen cualidades negativas a ciertos grupos de gente, que insultan y constituyen un delito según el código penal holandés.
El acusador: ¿vigilante o censor?
La denuncia por el tratamiento vejatorio de Nekschot (el apellido ficticio que utiliza el artista y que significa "tiro en la nuca") hacia musulmanes y personas de raza diferente de la caucásica fue realizada en 2005 por el Organismo Antidiscriminación en Internet (Meldpunt Discriminatie Internet -MDI-).


Uno de los últimos dibujos de Nekschot. La rata lleva una camiseta con las siglas MDI, el organismo que le denunció.
Las autoridades han estado tres años tratando de conocer su identidad para poder detenerle, y ahora los detractores del arresto advierten del peligro de que su nombre real pueda llegar a difundirse, lo que creen que pondría en riesgo su vida.
El director del MDI, Niels van Tamelen, explicó en el diario vespertino 'NRC Handelsblad' que recibieron "cerca de 80 denuncias de musulmanes o de sus organizaciones y de gente de color que se sentía insultada" por los dibujos de Nekschot.
En febrero de este año, también a instancias de este organismo, se cerró un blog alojado en WordPress llamado 'SIOE' —el acrónimo de 'Parad la Islamización de Europa', en sus siglas en inglés). Algunos comentarios que se mantienen en el foro de la página aseguran que "la libertad está bajo amenaza en Europa".
Uno de los portavoces de prensa de esta página confirmó el cierre, pero explicó que no tuvieron más que cambiar de servidor para continuar con sus actividades.
La diputada holandesa del Grupo de la Alianza de los Demócratas y Liberales por Europa en el Parlamento Europeo Sophie in 't Veld, en declaraciones a elmundo.es, se quejó de la detención: "No es un asesino y le han tratado como tal. Además, es muy raro que la policía haya tardado tres años en dar con él porque usara un seudónimo".
Por su parte, el diputado del partido demócrata-liberal D66, Boris van der Ham, calificó la detención de "desproporcionada", postura que comparten tanto los liberales (VVD) y socialistas (SP) -ambos en la oposición- como el Partido Laborista (PvdA), en la coalición de Gobierno.

Nekschot dibuja al primer ministro holandés. La ilustración va acompaña de este texto en holandés: "Balkenende hace un gesto hacia la comunidad musulmana. El pollo es halal".
Delito frente a suspicacia
En España, el pasado verano, la revista satírica 'El jueves' tuvo que responder judicialmente por una portada en la que aparecía el Príncipe Felipe manteniendo relaciones sexuales con Doña Letizia. El Código Penal tipifica el delito de injuriar al Heredero, pero ¿qué sucede cuando no hay una ley clara que establezca qué es herir la susceptibilidad y qué es un delito?
Para el dibujante Ricardo Martínez, los dibujos más polémicos de Nekschot sólo buscan "provocar por provocar". En su opinión, "uno puede dibujar lo que quiera, otra cosa es que este dibujo de un supuesto Mahoma sodomizando a Ana Frank a mí me parezca muy malo y que no muestra sin ninguna inteligencia, pero tampoco creo que se deba criminalizar al dibujante".
Julio Rey, creador junto a José Gallego de viñetas humorísticas en EL MUNDO, calificó el referido dibujo de "atentado contra el buen gusto, ordinario y machista", y dijo que existen otras maneras para expresar la misma idea sin herir sensibilidades.
Él mismo sufrió las consecuencias de hacer un dibujo que "enfadó" a unos pocos. Fue hace años, cuando en una viñeta escribió la palabra "Mahoma" en una camiseta que vestía Gaspar Llamazares. "Las secretarias del periódico tuvieron que soportar muchas llamadas de personas que querían insultarnos. A algunos les sentó muy mal".
"Larga vida a la libertad de expresión. Tres hurras por la risa abundante", decía Nekschot hace unos días en un mensaje en su web en el que daba las gracias a todos los que le han apoyado tras su detención.
Lejos de amedrentarse, ha colgado en nuevas creaciones con mensajes agresivos. En uno de ellos aparece una rata con una camiseta con las letras MDI que sodomiza a un hombre con barba y gorro musulmán.

Sunday, May 25, 2008

60 Anos de Israel



Saturday, May 24, 2008

FECO-Portugal tem BLOG


A FECO-Portugal, cujo movimento de criação se iniciou aqui no Buraco a Fechadura, já tem blog em http://fecoportugal.blogspot.com/O projecto FECO-Portugal conta já com mais de uma vintena de pré-associados e prepara-se para- dentro em breve, formalizar a sua existência.Ao mesmo tempo, decorre neste momento a votação para o seu logotipo. O conjunto dos logos sujeitos a votação pode ser apreciado acima (clicando sobre a imagem é mais fácil apreciá-los).
Todas estas propostas são de autoria de pré-associados da FECO e são também eles quem vota.
Z. O.
http://chavedoburaco.blogspot.com/

Thursday, May 22, 2008

Historia da Caricatura de Imprensa em Portugal (Parte 27)

1883

Os anos de 83 e 84, no campo da evolução caricatural são a estagnação, aparecendo apenas no Porto ''A Parra" e na mesma cidade Sebastião Sanhudo publica o "Almanach d'O Sorvete - Procissão de Celebridades Portuenses".
De 1883 é o jornal "Zum-Zum", onde desenha um tal Réné que na primeira página do nº 1 faz a seguinte saudação “A Raphael Bordallo" - «O teu lápis, conforme queres brandi-lo, retalha como um chicote, fura como um estoque, rasga como um punhal e esbofeteia como a mão vingadora d' um forte. D' uma sociedade a decompor-se e a putrificar-se, tens mostrado como um médico as chagas e as pustulas. Como da operação cirúrgica resultaria a morte rápida, tu observador e artista, achaste que era mais útil, apontar-lhe constantemente e heroicamente as origens da gangrena e os pontos invadidos pela corrupção fatal. Para os que te teem comprehendido, tens sido mais do que mais que o artista, tens sido o benemérito. A esses tem evitado o contágio e com o teu lápis tens-lhe insuflado no sangue a vacina do bom senso e da dignidade altiva. De cegos tens feito rebeldes e tens ensinado por meio da troça sagrada onde está o Ridículo e onde está o Justo. Para triumpho e prémio basta-te o teres visto invertidas as scenas com a tua propaganda tenaz. Pelo teu processo claro e impresionativo, não só tens revolucionado as intelligencias, como tens alterado o valor que se ligava aos antigos e deturpados vocabulos da língua. A Honra o Bom-senso, a Justiça e a Moralidade, cujas definições appreendidas nos Diccionários se applicavam aos vultos célebres, vasios e hirtos, passaram, pela influencia do teu lápis mágico, para os mais obscuros, para os mais humildes, para os mais uteis d' entre nós e elles, ao contrario, ficaram figurando como espantalhos, proprios para excitar a nossa piedade e quasi todos o nosso despreso. A tua obra de valor e de utilidade, e ainda vae em princípio, pode egualar-se á d'esses artistas superiores, que como Cham, como Gill, como Punch, como Gavarni abalavam tanto como os grandes escriptores, ou mais do que elles as sociedades gastas, o preconceito estuito e as estafadas noções da Justiça.»
«Por esse serviço que tens feito, por esse combate intransigente que tens sustentado, vem hoje um companheiro obscuro, buscar ao teu nome, que honra a primeira página d'este jornal humilde, a fortaleza de que precisa armar-se para entrar na grande lucta.»
Dois artistas estão impostos: Raphael e Sanhudo. «Aprendizes de feiticeiro» têm aparecido de vez em quando, que assinam sob pseudónimo como o Zirra, Yves, Samuel, Rene ... depois há os casos do Jacinto Navarro (de O Penacho) o Joaquim Costa (de O Alfacinha), dos irmãos Cabral (Augusto e João no Binóculo de Ponta Delgada) ... até que em 1884 surge Manuel Gustavo Bordallo Pinheiro (sobre quem falaremos mais tarde, já que ele é «o herdeiro presuntivo da nossa glória e dos nossos bonecos, a carne da nossa carne, o lápis do nosso lápis») nas páginas do ''António Maria" em Lisboa.
Foi um início muito tímido com cópias "d'aprés Busch", com histórias narrativas, e desenhos incipientes do jovem de 17 anos, ainda sem ousadias satírico-políticas. Nasce assim o primeiro, entre os primeiros de uma escola dita raphaelista .
A caricatura, em Portugal nasceu com o liberalismo, mas cresceu pelo republicanismo, ou talvez se possa dizer que o Republicanismo desenvolveu-se pela caricatura. Assim a primeira caricatura conhecida, como já vimos refere-se de forma pouco elogios a para o Rei que foge para o Brasil. Em 48 no Patriota já se defende que «a única resposta contra a monarquia é a liberdade». (30/5/1848).
A liberdade tem como símbolo o chapéu frigio da Mariana, e como à liberdade se vai aliar o sonho republicano. 5eri também este o símbolo do movimento nascente, da resposta contra um regime decadente há vários séculos. Nesta luta pela liberdade, ou pelo republicanismo, a sátira do século XIX foi a "água mole em pedra dura" (em o Sorvete de 25/5/1881); foi o trabalho de paciência, desmascarando a fraqueza do regime, a fraqueza dos partidos monárquicos que no seu rotativismo enganavam alternadamente o povo. Se o nome do partido mudava, o mesmo não acontecia com a filosofia política, as directrizes governamentais, e por vezes nem os políticos mudavam.
Perante esta inoperância governativa, a não concretização do desenvolvimento que o liberalismo deveria conduzir, certos sectores da sociedade e da monarquia começaram a pôr em causa do regime. É que nem sempre a caricatura teve como fim a implantação da república, antes a caricatura acompanhou a insatisfação, acompanhou a transformação do pensamento da oposição, lutando paralelamente pela liberdade ...
«O estado das coisas actualmente é este; quando pensarem que (o palanque do trono) realmente está seguro - desabará. O bicho (republicano) roí-lhe o miolo, e as luminárias estão quase no fim. Os naturalistas chamam a este bicho a phyloxera do throno, nós chamaremos ao trono a phyloxera do povo» (Sanhudo in O Sorvete de 28/3/1880). Esse trabalho, no qual a caricatura foi crucial, foi um trabalho de opinião: «O resultado das últimas eleições republicanas em Lisboa, estabelece a medida do movimento progressivo com que se vai apertando sobre os factos a grande prensa chamada... opinião» (RBP in António Maria 10/11/1881)
Magalhães Lima (in "A Revolta" 1886) afirmará que de «todos os jornais, de todas as publicações, de todas as manifestações feitas, promovidas e organizadas pelo Partido Repúblicano em Portugal, nenhuma conseguiu ainda exceder o efeito produzido por uma só página d'António Maria».
A opinião é símbolo de liberdade de pensamento - é satirizar a politica; é criticar a sociedade e o governo; é aquilo que o governo não gosta, e por isso este trabalho contra a phyloxera do povo nunca é pacifico. Contra estes desparasitadores o governo tem à mão a polícia, a lei, a justiça, e o juiz Veiga será a mão ditatorial mais famosa contra o republicanismo.
«Enquanto a polícia se entretêm a fechar as portas dos botequins republicanos, divertem-se os gatunos a abrir as portas aos cidadãos constitucionais» (RBP, in Ant. Maria 25/5/1882). Um entretenimento que fechou vários periódicos, que impôs muitas multas, apreensões de edições, emigrações como fuga à prisão...
Não foi fácil esta luta, como não o é qualquer luta por um ideal, e se João Cabral se queixava da corda que prendia o "Balão Cativo" («O Zé é um balão aquecido pelo oxigénio republicano, mas a corda do governo monárquico é muito forte», in O Binóculo 27/1/1884), com persistência, ela haveria de ceder...

Tuesday, May 20, 2008

Morreu o grande mestre Will Elder. A BD e o humor estão de luto


Morreu no dia 14 de maio Will Elder Will Elder (1921-2008), um dos "desenhadores-monstros" da EC Comics, a "editora-choque" dos anos 50 e mais tarde conhecida por ter criado a revista "Mad".Elder trabalhou na Época de Ouro da EC Comics até ao final das linhas editoriais de Horror, Crime e Ficção Científica suspensas com o aparecimento do código de pré-censura - o famoso selo "Approved by Comics Code" que aparece nos cantos dos Comics. Entre os feitos de Elder conta-se também a sua contribuição para os primeiros números da "Mad" que ajudou a criar o típico humor da revista. Claro, que Harvey Kurtzman (1924-1993) foi o parceiro principal nesta aventura, e juntos também criaram a personagem "Little Annie Fanny" para a revista "Playboy" em 1962.O trabalho de Will Elder (e Kurtzman, a EC Comics e a "Mad") foram uma forte influência para autores como Robert Crumb e Art Spiegelman.Na Bedeteca de Lisboa existe o livro "Horror comic of the 1950's" (uma antologia da EC Comics e com uma bd desenhada por Elder) e vários números da revista "Mad" entre 1967 e 1979.

Fonte: http://www.bedeteca.com/

SALIO ARTEFACTO NRO. 7 de Omar Zevallos

Esta é uma das melhores revista virtuais sobre humor que há neste momento. Coordenada por Omar Zevallos, é fundamental visita-la. Nuevamente con ustedes y con las mismas ganas de llevar un buen material sobre el arte del humor, la caricatura y las diversas manifestacionbes artísticas; les ofrecemos esta vez una entrevista exclusiva con la notable ilustradora y humorista gráfica colombiana, Elena Ospina, con quien hablamos desde Madrid.
Además, hay un homenaje al viejo Bugs Bunny que cumplió 70 años, una nota con el sorprendente Julian Beever, la segunda parte del análisis sobre la risa y una graciosa galería de los Mickey feos. No se la pierdan, pueden bajarda desde aquí:
http://www.deartistas.com/artefacto/Artefacto7.pdf
http://www.deartistas.com/artefacto/Artefacto7.pdf
http://omarzevallos.blogspot.com/search/label/Artefacto
O también desde aquí: http://www.filesend.net/download.php?f=2248b14b2d70737d84f7a51ee148a5ea

Saturday, May 17, 2008

FICÇÕES NO AR DO HUMOR

Por: Osvaldo Macedo de Sousa

Será que tudo não passa de uma ficção, de um reflexo de sombras no fundo da caverna da nossa existência, manuseadas consoante os interesses dos Diógenes no poder?
Na vida contemporânea é cada vez mais difícil discernir onde começa a ficção e acaba a realidade; onde termina o real e inicia a fantasia; onde se desenvolve o sonho e se divaga no pesadelo… porque se uns vivem nas nuvens, a maioria não consegue ver mais além do miradouro da sobrevivência quotidiana.
Será essa a realidade, a luta diária na selva da sobrevivência? Somos Homens ou bichos?
Será que os animais também têm ficções na sua vida? Se têm, não são cómicas, já que o ser humano tem o monopólio (será?) desse grão divino do riso. Bem, a hiena come merda e ri. Mas, ri de quê? Certamente é uma ironista (não uma humorista) que ri, sem saber que o faz, porque segundo os cientistas elas não têm o poder da ficção para desenvolver a inteligência da comicidade. Contudo, nunca repararam no sorriso do tubarão ou do crocodilo quando mastiga um Homem? Ou o sorriso do touro quando volteia o toureiro no ar ??… ???
Partindo do pressuposto, já que a ciência nos está sempre a surpreender com novas descobertas, que os animais não sabem ser ficcionistas, não deixam de conseguir moldar a sua existência na evolução da espécie. São criativas no “existencialismo”. Isto para não falar do animal político, um ser camaleónico, sempre em mutação, seja encarnando a grande porca (da politica), seja depenado no papagaio da retórica parlamentar, enraivecido no cão selvagem das finanças, maquiavelizado na raposa matreira das gestões publicas…. Mas isto tudo são ficções do Esopo e de La Fontaine.
Este ano o Moura BD é dedicado à temática da Ficção Cientifica porém como hoje em dia tudo é cientifico, até a politica, a apresentação da moda, a estruturação das empresas… temos alguma dificuldade em enquadrar o género humorístico nesta temática.
Todo o humorista é um ficcionista com alguma cientificidade, mas muito empirismo. É um ficcionista que na sua ingenuidade sonha com mundos melhores, com “bons selvagens” na política. Acreditam que com um sorriso nos lábios ou com a revolução de uma gargalhada desmascaram os corruptos, os caciques, os ditadores, os oportunistas. Mas tudo não passa de uma ficção nada cientifica.
Apesar disso existe um certo paralelismo entre os criadores humoristas e os criadores de ficções científicas. Ambos partem da realidade para o sonho. O sonho dos ficcionistas é a eventualidade do futuro, enquanto que o dos humoristas é a eventualidade do presente.
Ficcionar a vida é a arte dos sonhadores, voando uns para o mundo da fantasia, aterrando outros de “trombas” nas crueldades da realidade sem contudo descartarem o sonho. Quando à fantasia se associam divagações de tecnologias avançadas, a descobrir, a idealizar, então andamos por esse mundo de ficcionismo científico.
Se nos associarmos a meditações critico-filosóficas acabamos por dar o trambolhão dos incautos do riso e viajar pelo humor. Ficção Cientifica e Humorismo gráfico, curiosamente poucas vezes foram companheiras da mesma aventura, porque com o humor não se brinca….O que não quer dizer que noutras ficções mais narrativas, como a BD, literatura… o humor não tenha acompanhado as divagações futuristas dos criadores.
A ficção científica é uma criação que, partindo de um mundo real, ultrapassando-o com divagações tecnológicas, reconstrói-o no outro lado do espelho como um mundo paralelo. Esse universo fantástico, parecendo longínquo na sua apresentação, na realidade parte de fundamentos concretos, de conquistas por divulgar ou por explorar. Pela cenografia e enredo parecem fantasias futuristas extraordinárias. Quando o leitor olha para essas deambulações não procura, nem necessita de um contraponto real para os aceitar, antes navega nos novos mundos com prazer. É o campo do futurismo, de universos oníricos vestido de cenografias e figurinos extravagantes.
O humorismo, para atingir os seus objectivos parte da realidade, viaja pela ficção, mas tem de regressar com um ponto de vista reconhecível. Tem de ter obrigatoriamente um contraponto na realidade para que em contraste, em incongruência, em grotesco possa despoletar a chispa de humor e fazer-nos rir ou sorrir. O humor vive do conhecimento, da cultura do público, porque se este não estiver na mesma onda de conhecimento, não compreenderá a “graça”, não transformará a ideia em riso.
O riso é a explosão de satisfação pela realização da descoberta. É o prazer por ter conseguido seguir a lógica da ilógica do pensamento humorístico, razão pela qual tem de possuir no seu intelecto os códigos culturais, de sabedoria para os compreender.
Talvez por isso, o humorista tenha alguma dificuldade em fazer humor com as ficções científicas, já que essa via os obriga a ter conhecimento profundo sobre essa matéria, para poderem ter um distanciamento critico-cientifico humorístico para brincarem com dignidade com o assunto. Por outro lado ele necessita também de ter presente até que ponto o público domina, e compreenderá as suas deambulações ficcionais. Finalmente, é necessário que o público tenha a cultura suficiente, não só para compreender, mas sobretudo para encontrar a dimensão humorística. Se compreender, mas não encontrar a linha que o desenhador elaborou pelo grotesco, então é um fracasso no âmbito da comicidade. O público terá que ter a mesma dimensão de conhecimento para a paródia, a alegoria, ou o humor resultar.
Enquanto na literatura, na narrativa gráfica, ou mesmo na ilustração os devaneios ciêncio-futuristas são enquadrados numa ficção especial, com pormenores explicados ao correr da pena, no humor gráfico de uma imagem simples e imediatista, não é possível dar explicações extras ao público para que ele compreenda a síntese. Sim, de síntese se trata o humor gráfico, uma imagem que vale milhares de palavras mas apenas para quem as saiba escutar nos espaços, para quem saiba ler nas entrelinhas.
As confluências que iremos encontrar ao longo da história entre o humor e a ficção científica estão ligadas aos avanços tecnológicos reais, ou desejados, que se tornam míticos por se considerarem como sonhos com aparência do inatingível para o comum dos mortais.
As primeiras ficções humanas deste género são portanto oníricas, e apesar de hoje podermos encará-las como cientificas e até humorísticas pelo seu grotesco, na época eram mais a sombra dos pavores que dominava a alma da sociedade, o pavor pelo desconhecido, pelo infindável do universo. Falo dos monstros fantasiados pelos marinheiros, pelos descobridores e aventureiros que tentavam ir mais além dos mundos conhecidos, dos seres fantásticos desenhados no mapa-múndi. São figuras ditas cientificas do “fim do mundo” ou mitológicos que acabaram por não corresponder à realidade.
Se na térrea visão havia pesadelos fantasistas, no céu onde viviam os deuses, donde podia cair todas as fatalidades do desconhecido, criou-se um campo ainda maior de futurismos e extravagancias cientifico-fantasistas. Desde muito cedo a mente humana voou pelos espaços infindáveis à procura dos sonhos, de razões filosóficas para a nossa existência, para a nossa triste vida.
O espaço passou a ser, para além das estrelas onde estava escrito não só o nosso passado como o nosso futuro, também a casa dos deuses, o caminho donde viemos, ou donde poderão vir outros mundos. Aí se instalaram os céus divinos. Dai se descreveram a chegadas de carros de fogo com seres extraordinários. Para aí tentou caminhar Ícaro com suas asas de cera. Para aí se idealiza o inicio de uma relação em “Lua de Mel”.
A fantasia dos humoristas gráficos da idade contemporânea viajou nos astros, idealizou personagens mecânicos, parodiou a vida, não como uma ficção científica, mas como uma ciência ficcionada.
As duas primeiras provocações, com que se confrontaram no âmbito das tecnologias foi com a máquina a vapor e com a máquina fotográfica.
O vapor, apesar de já ser conhecido desde a Idade Clássica em engrenagens “divinas” e brinquedos desenvolvidos pelos Gregos, foi esquecido durante séculos para só vir revolucionar a sociedade no séc. XIX.
Aquando do desenvolvimento da caricatura já o vapor estava implantado na sociedade ocidental, mas continuava a parecer, aos olhos incrédulos do povo como uma máquina diabólica saída da mente de cientistas loucos. O mesmo acontecerá com os primeiros carros, invenções assassinas criadas apenas para atemorizar os homens de boa fé. Só com o tempo, e através da experiência da utilidade destas máquinas, essas criações deixaram de pertencer ao mundo mitológico da ficção científica, para se banalizar no quotidiano e não se passar sem a sua existência.
Em relação á exploração do mundo com uso e abuso das máquinas, Júlio Verne será um escritor extraordinário que não só familiarizou os leitores com a ficção científica, como instruiria a sociedade das potencialidades das máquinas. Portugal, apesar do alto nível de analfabetismo no séc. XIX, estava sempre a par das novidades literárias europeias, principalmente francesas, e apesar de poder não ser compreendido pela maioria dos leitores, Raphael Bordallo Pinheiro acabará por fazer uma alusão ao livro “Volta ao Mundo em Oitenta Dias” de Júlio Verne em 1883, com um desenho comentário. Génio da ficção cientifica, Verne encontrou em Raphael um apreciador, pelo menos desta aventura.
Quanto à máquina fotográfica, era uma engrenagem diabólica que enclausurava as almas num papel; era uma caixa mágica que vinha alterar profundamente a visão do mundo. Deu uma nova perspectiva do espaço, encurtando distâncias, já que colocava uma paisagem, uma personagem, uma cultura que se situava a milhares de quilómetros, á distância de um simples olhar. Dessa forma se desmistificou seres, revelou culturas, criou novas perspectivas do já conhecido… Essa caixa mágica que desconstruiu ficções, criando outras; que descarnou a realidade crua; que revelou mundos exóticos ou fantasistas mais parecia a criação de um irreverente caricaturista, do que o resultado de investigações tecnológicas. É verdade que Nadar, um dos grandes pioneiros da fotografia era também caricaturista do desenho que procurava novas visões do mundo através das tecnologias, que procurava fixar o momento instantâneo do mundo como registo de um presente que passa rapidamente e se transforma em passado num piscar dos olhos.
Em Portugal, de imediato, houve alguns indivíduos que se equipararam com tecnologia para também eles divagarem pela imagem do nosso povo, da nossa terra. Raphael Bordallo Pinheiro, o grande mestre do jornalismo e da caricatura em Portugal (que este ano comemoramos o centenário do seu falecimento) não possuía nenhuma destas máquinas. Era um humorista irreverente, que retratava satiricamente a sociedade, que explorava o retrato-charge para fixar em ironia os políticos e demais homens que se destacavam para poderem pertencer ao álbum das glórias nacionais. Era um indivíduo incómodo para o poder porque “retratava” de forma grotesca os governantes, razão suficiente para as Finanças, sedenta de impostos, o cadastrasse não como artista, ou jornalista, mas como retratista fotográfico. Retratistas eram indivíduos possuidores de máquinas fotográficas (na altura não eram de bolso mas enormes). Quem tem máquinas para o seu trabalho é porque é um industrial. Quem é industrial tem que pagar impostos como tal, como empresário. Por essa razão Raphael, o retratista-charge dos governos tinha que pagar impostos como retratista fotográfico, mesmo que não usasse ou não possuísse tal máquina que roubava as almas, o fácies político.
A fotografia era algo que atemorizava os Homens incrédulos cientificamente, encarando essas máquinas como diabólicas. Porém por mais ficções que tentassem desenvolver á sua volta, ela só queria ser um instrumento de registo dos momentos, dos eventos, das viagens. Rapidamente se assumiu como peça importante do jornalismo, não só como técnica de registo, como logo a seguir como técnica de impressão na imprensa.
Nadar, que também tinha a obsessão do espaço, levou a sua máquina para o céu de Paris, juntando duas fantasias do Homem, a imagem e o espaço. As viagens deram espaço a essas ficções que tinham por comum o termo viação, acrescentando-lhe também o “a”, em aviação. Os carros, os aviões dominaram a velocidade das mentes criativas, que do Balão conseguiram passar para o aeroplano, recuperando o ar insuflado nos Zepelins, passando pelo avião, o helicóptero, o foguetão.
A Guerra não é uma ficção, é uma tragédia que o Homem leva colada ao seu ADN. A única forma do ser humano sair desse atoleiro da animalidade política, é pela irreverência do riso, é divagar sobre a loucura com a loucura do grotesco. Seja pela via do Dadaismo, surrealismo, abstraccionismo… a alma artística foge á anárquica realidade, para criar um novo mundo de anarquia estética onde se possa ainda sonhar com a salvação da humanidade. Essas irreverências estéticas acabam sempre por possuir o riso dentro de si, de forma assumida como humor, seja em ironia disfarçada. Os intelectos que recusam o humor, defendendo a seriedade da arte pela arte, mais não fazem que usar a má comicidade dos objectos, dos seres, das cores para fingirem que acabaram de descobrir o indescobrivel. A todos esses está reservado o reino dos céus naif, nesta sociedade humorística, em que se transformou a Idade contemporânea.
Quem segue a via do humor, sem medo, sem vergonha, com ousadia e irreverência lhe está designado o inferno do quotidiano. È com ele que o artista trabalha e para quem trabalha.
Dentro dos ficcionistas gráficos, aqueles que desenvolvem a narrativa ainda podem sonhar com “Super-Heróis” que nos vêm salvar de todas as ameaças dos “homens maus”. Aqui a ficção cientifica é um campo de girassóis florescente, mas quando o humorista descarna a realidade, demonstrando quão grotesco é o ser humano, não há super que nos valha, apenas uma boa gargalhada na cara do perigo. Sempre é melhor rir que cuspir, para nos defendermos do vento.
Após o dilúvio de cuspidelas, dizem que vem a bonança. Após a destruição total, virá algo mais? Claro, mais não seja as máquinas que substituem o Homem e nos dão tempo para desfrutar a vida.
O Robot, esse ser “maravilhoso” que faz tudo por nós é um sonho que se tornou realidade, depois de tantos anos como simples ficção científica. Já se falavam dessas máquinas nos tempos dos Gregos Clássicos, que ajudavam os homens da religião a manter ilusões divinas. Máquinas que poucos conheciam, mas que faziam mexer os mecanismos milagrosos dos oráculos.
Com o séc. XIX, a Revolução Industrial, o Robot renasce como ficção, mas também como realidade que tem sido construída lentamente por experimentalismo. As máquinas souberam crescer, souberam conquistar memórias, inteligência… mas ainda estão sob controlo humano, porque ainda não tem autonomia criativa.
Esse dom ainda pertence ao Homem, e de inventores todos temos um pouco. Uns inventam desculpas por chegarem tarde ao trabalho, a casa com ficções tão cientificamente estudadas que logo se desmascaram. Outros inventam formas de estar no emprego, sem trabalhar, ou mesmo de não pôr lá os pés. Outros formas de tornear a vida com facilidades.
Stuart Carvalhais foi um deles, um artista que de tanto “mentir” sobre a vida, se tornou um dos maiores humoristas do séc. XX. Ele inventou quão filosófica pode ser a vida dos “perdidos na vida”; quão poética pode ser um simples caminhar de varinas; quão séria é a queda de um bêbado, ou o desespero de um genro… Fez da vida quotidiana uma grande ficção científica.
Nesta efervescência de fantasias humorísticas que Portugal tem a felicidade de ser prolífero, já que somos um povo de inventores, de desenrascadores, de improvisadores do quotidiano poderíamos falar em muitos mais criadores humoristas, mas alma paralela de Stuart temos um Francisco Valença. Um homem que de tanto trabalhar a arqueologia (como desenhador técnico) via melhor o futuro com um sorriso no presente. Subjugados aos olhares censórios do regime, foram grandes ficcionistas que com a cientificidade do humor souberam criar novos mundos de humor, dentro do mundo corriqueiro que era a simples sobrevivência sob a ditadura da tristeza. Para tudo havia solução no riso ou sorriso, desde a segurança viária, como a segurança de pensamento.
Foram tempos em que a ficção política não se podia desenvolver, por questões de segurança de estado, não fosse um humorista inventar que se poderia governar em democracia. Foram tempos em que foi posta em risco o futuro da inteligência humana, em que as mentes foram obrigadas a rir-se nas entrelinhas da ficção anedótica,
O futuro da humanidade depois de tudo terem descoberto no planeta terra (ou pensarem que tudo conheciam), o Homem voltou a dirigir o seu olhar para os céus à procura do que os astros lhes reservavam. Não satisfeitos com as previsões dos astrólogos que são semelhantes ás previsões do tempo, resolveram dar mais apoio aos astrónomos. Novos territórios havia para conquistar, e se não se conseguia ver, pelo telescópio, “índios” na lua, de certeza que eles por ali andavam escondidos, emboscados bem perto para nos assaltarem. De certeza que o Planeta Marte seria o local ideal que qualquer estratega usaria como base de invasão.
Se o Planeta era vermelho para se distinguirem melhor, de certeza que deveriam ser verdes. Teriam orelhas de corneta, porque passavam o tempo a coscuvilhar as conversas da terra… Mas afinal quem são os humoristas, os da ficção científica ou os contadores de anedotas? Alem disso as suas naves não podiam ser como as nossas, já que pertencem a civilizações mais avançadas e, como toda gente sabe, o que fez andar a civilização foi a roda, então suas naves seriam redondas como a roda, para rodarem mais rapidamente pelo espaço. È certo que para além da roda, o que o povo menos conhece mas que tenta diariamente descortinar no universo da sobrevivência, são as moedas, esses objectos redondos que rapidamente voam dos nossos bolos.
Foram então décadas de obsessão por marcianos, por invasões do espaço sideral alimentadas por relatos de visões de luzes estranhas que possuíam velocidades astronómicas, que nos vigiavam nos momentos mais conturbados da nossa história, para além dos relatos de navios e aviões desaparecidos no triangulo das Bermudas. Perante o desconhecimento, perante tantas dúvidas nada como enfrentar os medos com o riso e contar umas boas anedotas sobre o caso. Os estúpidos, os grotescos passaram a ser os extra-terrestres no imaginário anedótico.
Eram tempos em que as Nações mais desenvolvidas tecnologicamente começaram a corrida para o espaço, não só por questões de orgulho nacionalista, como por sonharem com a conquista de novos territórios, novas colónias espaciais. A ganância por vezes dá seus frutos científicos, já que para se ganhar dinheiro é necessário investir dinheiro, e da impotência de se levantar um foguete para além da atmosfera, se ultrapassou para além da estratosfera. Duas potências correram contra o tempo para serem os primeiros, já que o segundo é do grupo dos últimos. Depois dos foguetões, vieram os satélites…
O primeiro satélite lançado no espaço foi obra dos soviéticos. Foi baptizado como “Sputnik”, o qual passou a poluir o espaço com um “bip, bip…” constante que incomodou por muito tempo o sonho americano, nesse pesadelo de ser sempre o segundo. Contudo no imaginário do povo esse “bip, bip”, teria muito mais força que uma simples bola a girar á volta da nossa cabeça, era algo mais profundo e em Portugal de imediato passou a pertencer á gíria popular como símbolo de supositório. Se estava doente nada como um sputnik pelo rabo acima. O supositório também era um objecto de ficção científica, pois para muitos não compreendiam como uma coisa que entra por onde se deita fora, possa curar doenças que se situam noutros espaços mais nobres.
Depois da era de Marte, depois de se esgotarem as anedotas marcianas, este tema criativo esmoreceu, renascendo o eterno fascínio por aquela rocha ambulante que tem feito sonhar a humanidade ao longo dos séculos, a Lua. Não bastava olha-la na sua distancia tranquilizadora. Não bastava temer o seu desaparecimento periódico, ou ela influenciar os períodos terrestres. Era necessário ir lá, se possível enterrar a bandeira da nação para reivindicar a sua posse, para mais tarde recordar, já que ainda não é possível urbaniza-la. Foi um pequeno passo do homem Armstrong, um grande passo para a humanidade que se concretizou em 1969. Ainda hoje há muita gente que não acredita que já lá estivemos, e que o que se vê nas televisões mais não é que uma montagem de Hollywood, uma criação da ficção cientifica.
Nesta corrida entre americanos e soviéticos acabaria por ser ganha pelos americanos, após terem sido sempre segundos no lançamento do primeiro satélite, no envio de um animal para o espaço e de por um Homem em orbita.
A forma da Lua, a sua composição, o que ela tinha no lado escondido, os fatos espaciais, os foguetões foi um mar turbulento para a imaginação fantasista dos humoristas, que se aproveitaram para descarregar suas ideias e dessa forma preencher as páginas vazios dos jornais que lhe pagavam para terem graça e divertirem o povo stressado com a conjuntura politico económica, obcecado pelas dificuldades da sobrevivência económica do Jet7… Em Portugal foi essencialmente importante, já que dava uma aragem nova ás corriqueiras anedotas de bêbados e sogras, temática em que tinha caído o nosso humor gráfico: Viviam-se tempos de ditadura, de censura em que a politica governamental, ou a sátira social sobre a miséria e exploração eram proibidas.
Apesar de tudo, poder-se-ia ter explorado mais este filão, só que como a cultura espacial do nosso povo e dos próprios humoristas era muito limitada, também não seria muito conveniente entrar demasiado nesse mundo desconhecido, não fosse cair no buraco negro da PIDE que veria entre linhas o incentivo a Super Novas…
Em 1974, com a revolução para a Democracia, os caricaturistas tomaram posse de novos mundos políticos, preferindo outras estrelas de pés de barro que povoam a constelação das nossas desgovernações. È a era do fundamentalismo político, ou futebolístico, em que nada mais interessa ao Homem. Foram tempos de novas naves cruzarem os nossos ares, tempos de sonharmos com outras ficções científicas, tempos de sonharmos com Super-Herois que nos salvassem dos pesadelos quotidianos, que nos salvassem destes “homens maus”…
Ainda não conseguimos acordar desse pesadelo, sair da Guerra das Estrelas, contudo o cansaço de olhar sempre para os mesmos asteróides sem brilho, outros interesses se desenvolveram e o humor procura de tempos a tempos retratar outras vivências, outras existências.
Hoje o espaço está de novo no interesse social, não só porque a Europa também tem o seu projecto espacial, como Portugal está integrado nas forças científicas que o desenvolvem. Inclusive já temos o nosso satélite. A grande maioria não sabe para que serve, mas temos muito orgulho nele.
Quanto a ficções cientificas isto está cada vez mais difícil, porque a velocidade da luz é tão estonteante, que mal fechamos os olhos já temos novas realidades, seja nos telemóveis, nos computadores, nas novas naves que cruzam o espaço, nas novas armas que nos destroem… contudo nada trava a mente humana e há sempre algo mais além, pelo menos um sorriso de condescendência pela pequenez do Homem perante o Universo.
Pelo sorriso o mundo pula e avança, como um planeta colorido nas mãos dos humoristas. Enquanto soubermos rir das nossas desgraças, das nossas ficções e fixações poderemos pensar que há esperança para esta humanidade da terra, porque de outras humanidades noutros planetas eles que se preocupem com isso.
A nossa preocupação é mesmo saber se tudo isto que nos rodeia é mesmo uma anedota. Será que tudo não passa de uma ficção política, e a realidade cientifica não passa de um shoping-center onde nos perdemos sob o poder de um cartão de crédito? Será que a América existe e nós apenas somos uma sombra na caverna de Platão? Será que o “Super-homem” existe e o que vimos cruzar o céu, não é nem um pássaro nem um avião? Será que…

Monday, May 12, 2008

El dibujante de Jaén Arturo Molero gana el concurso de humor gráfico de la fiesta del caracol de Lleida

LLEIDA, 8 May. (EUROPA PRESS) -
El dibujante de Jaén Arturo Molero ha resultado ganador de la primera edición del Concurso Internacional de Humor Gráfico Caracolero al que se han presentado 679 dibujos procedentes de lugares tan diversos como América del Sur, China y también de toda España, informó hoy la Federación de Collas del Aplec del Cargol (Fecoll) de Lleida.
La obra es un curioso caracol hipnotizador que invita a mirar fijamente su caparazón. El concurso está organizado por la Fecoll con motivo del Aplec del Cargol, la fiesta que reunirá entre el 23 y el 26 de mayo a 12.000 peñistas y en la que se consumirán doce toneladas de caracoles. La Federación ha contado con la colaboración del colectivo de dibujantes leridanos Humoràlia.
El ganador es miembro de la Asociación Profesional de Ilustradores de Madrid y también de Viñeta '6', de su localidad natal donde impulsó los 'Encuentros sobre el cómic en Jaén'.
Molero, nacido en 1972, es autodidacta y polifacético. Ha sido guionista, copresentador y humorista de un programa de radio, es autor de viñetas de cómic y ha trabajado en el sector del diseño y la ilustración. También ha participado en varias propuestas artísticas como la II Muestra de Cómic Joven El Jueves, Ilustrado Don Quijote (Madrid), 101 Great Caricaturists and Portrait Artists of the World (Rumanía), Encuentro Internacional de Humoristas Gráficos (Granada).
En el concurso han participado 63 humoristas gráficos de España y 38 de Argentina, además de dibujantes de Irán (23), Brasil (21), China (21) o Italia (18de la República Dominicana, Indonesia, Azerbayan, Iraq, Nigeria y Uzbequistan.

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