Friday, March 07, 2008

IX BIENAL DA CARICATURA DE OURENSE

FESTA DA CARICATURA
Horario da festa:
Sábado 8
18.30 h. Recepción dos debuxantes no Museo Municipal.
19.00 h. Comeza a Festa no Museo Municipal.
21.00 h. Fin da primeira sesión da Festa da Caricatura.
21.45 h. Cea no restaurante Sanmiguel.


Domingo 9
10.45 h. Café na Casa da Xuventude e visita ás súas exposicións (optativo).
11.15 h. Saída para o campus para ver a exposición de homenaxe ao Carrabouxo (optativo).
11.45 h. Visita ás exposicións do Centro Cultural Deputación de Ourense (optativo).
12.30 h. Comeza a segunda sesión da Festa no Museo Municipal.
14.00 h. Fin da Festa da Caricatura.
14.30 h. Xantar no restaurante Sanmiguel, no comedor do 1º andar.

Teléfonos de interese:
Museo Municipal. 988 248 970
Restaurante Sanmiguel. 988 220 795
Hotel San Martín, inclúe o almorzo (pequeno almorço) na súa cafetería. 988 371 811
Casa da Xuventude. 988 228 500

Enderezos e horarios das exposicións:
– Casa da Xuventude. Rúa Celso Emilio Ferreiro, 27.
De 19 a 21.30 h. Pecha o domingo. Abrirá ás 10.45 para os participantes na Festa da Caricatura.
– Centro Cultural da Deputación Provincial de Ourense. Rúa do Progreso, 30.
De luns a venres, de 11 a 14 e de 17 a 21 h.
– Campus Universitario das Lagoas, s/n.
Mostra ao aire libre, visitábel as 24 horas.
– O Liceo de Ourense. Rúa Lamas Carvajal, 5.
De 19 a 21.30 h.
– Museo Municipal. Rúa Lepanto, 8.
De 11 a 13.30 e de 18.30 a 21.30 h. Domingo só de mañá.

Caricaturistas:
Antonio Santos
Artur Ferreira
Estevez
Ferreira dos Santos
Gogue
Javier Carbajo
Kilo da Silva
Leandro
Michel
Nachortas
Omar
Onofre Varela
Paulo Santos
Pinto
Sex
Tonisavski
Zé Oliveira

Asistiran os invitados
Jorge Machado Dias
Siro
Xosé Lois

Tuesday, March 04, 2008

Morreu o Tenor Di Stefano

Giuseppe Di Stefano (Motta Santa Anastasia 24/7/1921 -
Milão 3/3/2008) por Gogue
(Caricatura exposta na IX Bienal de Caricatura de Ourense - 2008)
Tenor Italiano - Estreou-se profissionalmente em 1946 em Reggio Emília na ópera "Manon" de Massenet, o mesmo papel que interpretará na sua estreia no Scala de Milão no ano seguinte. Em 48 já estará no Metropolitan de New York a participar no Rigoletto. Esta rápida ascensão levá-lo-á a todos os grandes teatros de ópera do mundo. Das parcerias com outros cantores destaca-se a sua dupla com Maria Callas com a qual gravou diversas obras, assim como frequentemente cantaram juntos em palco. A sua ultima apresentação em palco deu-se em 92 como Imperador na Turandot.

Saturday, March 01, 2008

O Modernismo, A Caricatura, O Grupo de Coimbra

Por: Osvaldo Macedo de Sousa
(in Diário de Notícias de 10/7/1988)

Por vezes um momento é mais importante que uma vida, assim como o soldado pode ser mais relevante que um general, um amanuense mais vital que um ministro, alguns desenhos mais importantes que uma longa carreira artística. É o caso da intervenção do Grupo de Coimbra, três breves aparições que modificaram o rumo da arte em Portugal.
Vigorava então o naturalismo, estilo academizado que perduraria longas décadas, nas artes pictóricas, que na caricatura tinha a designação de raphaelismo . Na viragem do século, Leal da Câmara e, principalmente, Celso Hermínio esboçaram a primeira revolta contra o academismo pelas suas intervenções satíricas e estéticas. Porém, a verdadeira ruptura só se daria, sub-repticiamente em 1909/10, pela obra impressa de Correia Dias, Luiz Philipe e Christiano Cruz.
«Não parece exagero dizer que, na década que abrangeu os 1ms da monarquia e os começos da República, Coimbra deu ao País um verdadeiro escol. /…/ Curiosidades intelectuais, inquietação moral e social e ânsia de cultura para a busca de soluções aos problemas nacionais foram as características dessa geração que deixo, na actividade literária e artística do País, mostras iniludíveis de méritos, ainda não esquecidos nem apagados.». São palavras de Nuno Simões, companheiro desse grupo de artistas em Coimbra, no elogio fúnebre a Christiano Cruz, em 1951, recordando desta forma essa geração, esses tempos.
A curiosidade, inquietação e irreverência são características da juventude, dos estudantes, e foi precisamente nesse meio que o Grupo de Coimbrase formou, e desenvolveu a nova linha estética, que viria a dar no modernismo. As influências e linhas mestras do novo pensamento estético provieram do estrangeiro, através das publicações que cá chegavam, provieram de uma necessidade interior de síntese, de forma.
A síntese, perante o barroquismo raphaelista, foi o elemento revolucionário que se impôs no desenho, raiando por vezes a abstracção, a qual deu à pintura o tom cézaniano que dominaria o modernismo. O curioso é que estes artistas encerrados em Coimbra compreenderam melhor o que se estava a passar no mundo europeu das artes do que aqueles portugueses que viviam por Paris no contacto directo, mas ao qual passaram de lado ou muito superficialmente.
O grupo começou a organizar-se à volta de um jornal de Liceu, O GORRO, e desenvolveu-se na tertúlia e na elaboração de outras revistas, como a Águia, a Sátira e a Rajada. As figuras importantes deste movimento foram:
- Cristiano Cruz, sobre quem já escrevi neste jornal, e que, para além da força sintética e expressionista do traço caricatural, se tem descoberto ultimamente uma pintura plena de força fauvista, cézariana e por vezes até raiando a abstracção. Ao mudar-se para Lisboa, em 1910, veio influenciar pessoalmente uma geração de artistas, como Stuart, Almada, Soares ... que continuariam as experiências do modernismo. Christiano abandonou a arte em 1921, «exilando-se» em Moçambique;
- Luiz Philipe, um criador que não sobreviveu muito tempo nas artes e que desapareceu no anonimato do quotidiano. Sobre ele escreveu Nuno Simões. Era «o mais velho da corja dos trocistas. (. .. ) Apreende a sua garra implacável as figuras e as almas, amolga-as, deprime-as, para fazer resultar o juízo final em que a alma e corpo se procuram, um como que toque de trombeta de apuro de contas, e conclusão de quem a vida espionasse, só pelo prazer de ver-lhe, em cada onda, toda a babugem de grande mar revolto.» Os seus trabalhos apareceram em O Gorro, Ilustração Portuguesa, A Águia, A Sátira, e ao apresentar-se no Porto, em 1916, no II Salão dos Modernistas, despedia-se da Arte;
- Outro grande artista deste grupo foi Fernando Correia Dias, um mestre da caricatura-síntese que também abandonaria a arte portuguesa, ao emigrar para o Brasil, em 1915, e onde morreu. Sobre este artista falaremos na próxima crónica.

Fernando Correia Dias, a síntese Caricatural

Por. Osvaldo Macedo de Sousa
(In Diário de Notícias de 17/7/1988)

«Correia Dias, o mais fino, equilibrado e inteligente artistas» (palavras de Virgílio Correia). foi um caso de breye e fulgurante passagem pelo humorismo português. Pertencente ao Grupo de Coimbra foi, com Christiano Cruz e Luis Philipe, um dos introdutores de uma nova visão estética, que viria a desenvolver-se em modernismo.
Natural de Penajoia, onde nasceu em 1892, fez estudos em Coimbra, e por aí ficou numa carreira de artista e dinamizador satírico. Em 1909 funda o jornal O Gorro, um jornal dos alunos do Liceu de Coimbra, o qual reúne os jovens que designei por Grupo de Coimbra. É por essa altura que se desenvolve a linha-síntese, uma exploração estética das formas que os lança na vanguarda da arte nacional, que os coloca a par do que. se realiza na Europa. As caricaturas-síntese de Correia Dias são breves traços caligráficos, que desnudam a estrutura das formas ao ser mais simples, que raia a abstratização dos elementos representados.
Virgílio Correia diz, em 1914, que ele «imprimiu nas suas obras um cunho de delicadeza que o leva para bem longe da caricatura indígena em que Bordalo e Celso floresceram». Não é só no traço que há uma ruptura, pois continuadores do traço de Celso, na linha-síntese, o Grupo de Coimbra procura desprender-se da anterior visão satírica, panfletária, e por vezes cruel, para uma nova visão irónica, numa opção de crítica social. Quase se poderia dizer que eles defendem que é na alteração das condições sociais que pode haver alteração política, e não pela alteração política que se cria as condições sociais. A história deu-lhes razão.
Sem deixarem de ser críticos, na mordacidade da ironia, eles opõem-se à sátira directa, à identificação dos culpados, já que são muitos mais do que aqueles que parecem ser. Esta viragem no humor, segundo Virgílio Correia, é uma característica de Coimbra (?), que «não gerou senão artistas equilibrados e sãos. (…) Correia Dias segue a regra geral. Tudo na sua arte é ligeiro, transparente. Até quando magoa o faz com elegância, com linha, sem descompor as figuras em contorcionamentos borrachos de indivíduos alçados sobre botas de palmilhas bocejantes».

Veiga Simões acrescenta: "Afóra o Stúdio e os magazines extrangeiros que muita vez o surprehendi a folhear, creio que toda a sua arte resultou do seu temperamento bondoso e sensual como as pérolas saem do coração das ostras ou das penhas emana o crystal da água viva. A graça e a malícia são peculiares na sua obra em que o exagero consegue ter um sentido piedoso. E é por isso que ao mesmo tempo se amam os seus bibelots, em que a ternura tem sorrisos formosos e as caricaturas pessoaes, em que o artista prefere a cobrir de pacaro os modelos, dar ao lapis um ar de conselheiro moral, diríeis, um lápis comovido que sublinha somente para ver se corrige o que é aleijado.»
Infelizmente não é conhecida a sua obra, que se dispersa por vários géneros criativos, como se pode comprovar pelo anuncio publicado em A Rajada "Caricaturas e Desenhos Cartazes; Vitraes; Capas de Livros; Pastas; Ex-Librisj Piro-Grravuras; Móveisj etc. Coimbra - L. da Feira, 16.» A luta pela sobrevivência fazia-o caricaturista, publicista, cartazista, ilustrador, ceramista, vitralista, designer de móveis, de tapetes, de encadernações, e até de monumentos funerários e de jardins. Toda uma obra por descobrir e catalogar a que eu conheço são as obras publicadas no Gorro, na Rajada (de que foi Director Artístico / Coimbra-1912), Século, Ilustração Portuguesa, Aguia.
Apesar de ter sido um dos introdutores do modernismo, via caricatura, em Portugal, não apareceu em qualquer dos Salões de Humoristas e Modernistas realizados na segunda década deste século em Lisboa e Porto, não acompanhando dessa forma a evolução estética nas suas manifestações públicas. Apenas teve um gesto pessoal, em 1914, ao expor os seus trabalhos nas salas da Ilustração Portuguesa, onde foi elogiada a «obra diáfana de um decorador consumado.» Além da síntese, ele desenvolve também um decorativismo que reinará em Portugal nos anos 20/ /30.
Entretanto, em 1915, «Correia Dias vai para o Brasil expôr os seus trabalhos, tentar aplicar as suas aptidões de artista decorador». Partiu e lá ficou a conhecer o êxito que cá não tinha. Casou-se com a poetisa Cecília Meireles, para a qual fez ilustrações dos livros, trabalhou em jornais, fez ex-líbris ... No campo decorativo desenvolveu uma série de motivos de cerâmica marajoara (dos Índios da ilha de Maràjó), criando um estilo de raízes brasileiras, que explorou na cerâmica e na tapeçaria.
Em 1934 visita Portugal com a sua mulher, e a 19 de Novembro de 1935 suicida-se no Rio de Janeiro.


This page is powered by Blogger. Isn't yours?