Wednesday, April 29, 2020
História da arte da Caricatura de imprensa em Portugal (1925) por Osvaldo Macedo de Sousa
1925
Faz 50 anos que o Mestre
Raphael Bordallo Pinheiro criou a figura do "Zé Povinho", como
símbolo caricatural do nosso povo. Foi nas páginas da "Lanterna
Mágica", e creio que o seu criador nunca pensou que tal imagem triunfasse,
como triunfou. Ainda hoje é uma iconografia viva, usada por todos os homens do
humor, seja gráfico ou teatral, e imprescindível no dia a dia da sátira. Mantêm
as mesmas indumentárias, o mesmo aspecto "saloio", e a mesma
"esperteza".
Não sendo para comemorar este
aniversário, mas na linha da visão caricatural do Zé, é publicado este ano o
livro "Bonecos" do Hugo. O autor era Hugo Pinto Morais de Sarmento,
sobrinho de um grande caricaturista português de nome Julião Machado. Natural
de Luanda (como seu tio), onde nasceu a 19 de Novembro de 1885, formou-se em
engenharia pelo Instituto Superior Técnico de Mitweida (Alemanha) em 1911.
Alberto Meira, nos seus
brevetes Biográficos na revista Prisma, esclarece-nos: Contrariamente ao que seria aconselhado pelas suas predilecções
espirituais, antes guiado pela vontade paterna, não frequentou o Sr. Engenheiro
Hugo Sarmento as escolas de Belas Artes, mas vêmo-lo passar pela antiga Escola
Politécnica de Lisboa e pela Universidade de Coimbra, para finalmente ir ao
estrangeiro em busca do diploma com que entrou na vida prática, essa vida
prática, que o demorou por Angola, pela Alemanha e pelo Brasil, antes que
definitivamente o fixasse em Lisboa.
Sendo assim e tendo por lá deixado rasto dos seus pincéis, difícil se
nos torna, por motivos óbvios, acompanhar, como nos seria grato, o seu labor
artístico.
Mas o investigador ou o crítico, que o puder e queira fazer, não
reconhecerá a inutilidade das suas buscas no Rasensport e nos Bierzeitungen
do Mittweidaer Ballipiel Club, da Alemanha; na Revista da Semana, Lusitânia,
no País, Diário Português, Cruzeiro,
Vamos ler!, do Rio de Janeiro, ou em A
Província de Angola, de Luanda.
Por ali ou pelas produções que nos foi possível relacionar mais adiante
à face dum exame directo, ver-se-á que o Sr. Engenheiro Hugo Sarmento, dispõe
dum traço que muito o aproxima da correcção e do cómico dos desenhadores
ingleses, encantando-se com as páginas das ilustrações norte-americanas, tornando-o
um executor apaixonado das formas clássicas, absolutamente contrário, portanto,
às correntes chamadas modernistas.
Na realidade a sua vida foi
um saltitar entre Angola, Alemanha, Portugal e Brasil, sempre como engenheiro,
e contrariamente ao que Alberto Meira escreve (já que aconteceu posteriormente
a este texto). Hugo Sarmento não se radica definitivamente em Portugal, antes
no Brasil para onde partiu em 1940, e onde viria a falecer em 196???…
O desenho foi sempre um
actividade secundária, e paralela à sua actividade profissional. No nosso país,
para além da publicação do referido álbum, colaborou na Ilustração Portuguesa
(1910), no Sports Ilustrados (1912/13), Seara Nova (1924), "Livros (1925),
ACP (1933), Comércio do Porto Ilustrado (1936), O Diabo (1937)… Pertenceu à
Direcção da SNBA de 37 a
40.
A História da Caricatura Brasileira
recorda-o desta forma: O português Hugo
de Morais de Sarmento, sobrinho de Julião Machado e há muitos anos radicado no
Brasil, teve uma colaboração muito assídua em nossas revistas ilustradas… O
desenho de Hugo se caracteriza por um traço nervosos e alegre, uma caligrafia
fantasiosa, a despeito de ligada sempre ao objectivismo caricatural inerente às
sátiras de costumes, no que sempre se especializou.
A mesma História, assinada
por Herman Lima, fala-nos de outros portugueses que entretanto trabalharam no
Brasil, como Justino e Cunha Barros,
também surgido por esse tempo em nossa imprensa, pareciam porfiar,
curiosamente, em imitar o mestre português da Iluminura (Correia Dias) /…/ Joaquim Guerreiro, português veio para
o Brasil quase ao mesmo tempo que João Brito e Correia Dias. Na caricatura
pessoal deixou alguns trabalhos apreciáveis… Em 1920 regressou a Portugal, para
se fixar em seguida em França.
O Chiado, como centro da irreverência
e da boémia artística será mais uma vez o palco de uma iniciativa marcante para
a arte moderna.
O Museu de Arte
Contemporânea, apesar do seu nome, sempre esteve mais na retaguarda que na
vanguarda, e mesmo Columbano que deveria ser um homem de ideias abertas, na sua
Direcção deste Museu manteve-o fechado aos Modernistas. Assim, quando o Café
"Brasileira do Chiado" resolve redecorar o seu espaço com uma série
de pinturas encomendadas a um grupo de artistas modernistas, torna-se o primeiro
espaço público com uma exposição permanente de arte Moderna. Isto aconteceu em
1925, e os artistas seleccionados foram Stuart, Jorge Barradas, Almada
Negreiros, Bernardo Marques, Pacheko, Eduardo Viana e António Soares.
Estas telas, que nem todas
ficaram como referência importante na carreira dos seus autores, são no entanto
um retrato bastante querente da vanguarda nacional de então. Mereceram
naturalmente todo o género de críticas, e mesmo o "Sempre Fixe", onde
a maioria dos artistas representados também colaboraram, não se coibiu de
satirizar os trabalhos sob a pena do académico Francisco Valença.
O Bristol-Club, em 1926
seguirá o exemplo, e o seu interior será um segundo (o primeiro era a
Brasileira) Museu da Arte Contemporânea Portuguesa. Este Club será não só um
espaço de exposição permanente, assim como as suas encomendas de cartazes e
grafismos publicitários para revistas resumem o melhor que se criou no âmbito
do modernismo gráfico desta década. Foram tempos onde os Clubes, os Cabarets,
com as Jazz-band, a "movida" da noite, dominaram a criação plástica.
Artista que surge por estes
anos, e que se dedicará à novas paixões sociais, como o desporto e o cinema é
Filipe Rei, um criador de excelente traço e humor, que passará como um cometa
reluzente, mas breve, no panorama gráfico nacional.
O jornalista Alberto Meira,
nos seus "Verbetes Biográficos", agora em "O Tripeiro", Ano
III, pág. 40 apresenta-nos o artista: Filipe
Júlio Sourton Rei nasceu em Lisboa, a 4 de Setembro de 1900, e faleceu também
ali, em 26 de Outubro de 1931.
/…/ Que saibamos, o seu contacto com o público deu-se através de
"ABCzinho", em 1922, chamado por Cotinelli Telmo, ao tempo dirigindo
o interessante jornal infantil, patrocinado pela revista "ABC". Devem
estar na memória de quase todos os leitores de "O Tripeiro" as
construções que para aquele publicação fazia Filipe Rei. /…/ A sua alma bem
formada, o sentido amplo da arte que o animava, contentavam-se em apreciar de
longe a sua obra, confundido com a massa anónima das crianças que o adoravam
sem o conhecer, mas que entusiasticamente falavam no «Tio Pirilau», o autor das
histórias ilustradas que as faziam delirar e dos seus melhores brinquedos: as
construções do "ABC zinho"
Decorridos poucos anos veio fixar-se no Porto, ocupando a sua actividade
nos escritórios de importante empresa industrial. /…/ A par dos referidos
trabalhos obrigatórios soubemo-lo desenhador, aguarelista, decorador e
desportista.
Publicamente houve ocasião de se apreciar os desenhos desse
desventurado moço nas páginas de "Cócórócó", 1º ano - Porto,
1924-1925, quando o espirituoso semanário tinha à sua frente Arnaldo Leite e
Carvalho Barbosa, na parte literária, e, na parte artística, Cunha Barros, que
ali se revelara um caricaturista delicado e de traço gracioso, vindo mais tarde
a fixar-se em trabalhos de ilustrador e decoração.
Mas, voltando a Filipe Rei. Em 1925 apareceu como ilustrador do
semanário de crítica e humorismo «Cinema» (no sentido de variedade de assuntos
e não no de cinematografia), tendo como director literário Marcos Guedes - o
velho jornalista de O Primeiro de Janeiro
e colaborador literário de Sebastião Sanhudo, na última fase de «O Sorvete».
Apesar da diferença de idades, os orientadores deste novo semanário
completavam-se. Um expunha a ideia; o outro realizava-a em traços vigorosos
cheios de animação, de ironia e de graça. Infelizmente foi efémera a vida de
«Cinema». Marcos Guedes não conseguiu ver nem apreciar o segundo número, que
com tanto carinho tinha elaborado, em virtude de ter sido acometido de doença
grave que lhe inutilizou todas as suas faculdades intelectuais. Assim quem
possuir os nªs 1 e 2 daquele jornal possui a colecção completa.
O nosso Artista, porém, não desistiu e, em 1928, vemos o seu lápis a
dar vida e graça a um novo semanário, de título infeliz - e também de curta
existência - «Off-Side - humorístico, de sport e crítica geral».
Episodicamente dir-se-á que o seu muito interesse pelo desporto se
manifestou, segundo nos informaram, na direcção do Club de Foot-Ball
Ramaldense, e , depois, na Associação de Foot-Ball do Porto.
Como decorador, ornamentou inúmeras salas de espectáculos particulares
e de bailes, merecendo especial referência a decoração da sede da efémera
Corporação dos Bombeiros Voluntários da Invicta, da qual foi apaixonado animador.
Em dado momento daquela vida tão prodigamente dotada de dons naturais,
os fados, bons ou maus, não o sabemos nós, levaram Filipe Rei a retirar-se do
País, aceitando um lugar de destaque numa importante empresa de Casablanca
(Marrocos). Mas também ali foi curta a sua permanência, porque, decorridos
poucos anos, regressava a Lisboa, vencido, doente, para em breve desaparecer da
cena da vida, deixando memória duma das mais curiosas figuras da sua geração…
Em relação à identificação do
"Tio Pirilau", António Dias de Deus, no seu livro "Os Comics em
Portugal" contesta: Filipe Rei,
durante algum tempo, gozou (ou sofreu) com a identificação que lhe fizeram,
como sendo o "Tio Pirilau". Hoje sabe-se, sem sombra de dúvida, que o
"Tio Pirilau", correspondente dos leitores do "ABC zinho",
era Cotinelli Telmo.
Monday, April 27, 2020
The 10th International Cartoon Contest Grafikatur| Germany
Theme: Mobility
Conditions:
You may submit photocopies (no return) of up to three cartoons per contest
A
single item should not exceed a size of 297 x 420 mm and must be colored
The
cartoons may not contain any words
The
Sender’s Address must be clearly indicated on the back of each photocopy, where
applicable containing the contestant‘s Facebook Address
Prizes:
Goldene Feder˝ (Golden Plume) –
EUR 1000
Silberne Feder˝ (Silver Plume) –
EUR 800
Bronzene Feder˝ (Bronze Plume) –
EUR 600
Deadline: 30June 2020
Address
for sending artworks:
Stadt Lübben (Spreewald)
Fachbereich IV Postfach 1551-1561
D-15905 Lübben (Spreewald)
GERMANY
Sunday, April 26, 2020
The I U I Youth Cup “Longing for Spring” Anti-Coronavirus International Cartoon Competition (UYACC) 2020
Deadline May 30, 2020
The I U I Youth Cup “Longing for Spring”
Anti-Coronavirus International Cartoon Competition (UYACC) is an open online competition.
Themes:
1. Anti-Coronavirus
2. Expressing
positive attitudes such as hope, warmth, bravery,
environmental protection, joint efforts for a better Earth, etc.
*Both themes are required to be expressed in the
artworks.
Format:
1. The objects of the competition are cartoons,
drawings, graphics or other works of art created by artists.
2. The minimum resolution of electronic editions or
scanning copies should be 300dpi in the form of TIFF or JPG.
3. The minimum size of paper works should be
A4(210mm×297mm) and the maximum size is A3 (297 x 420 mm) to make sure that the
scanned original is clear, undistorted and complete. Original works are also
welcome You can find the address in Contact Information.
4. Only submission by email is valid and should be
sent to cmiassn@vip.163.com by May
30, 2020. All the submissions should include the entry form, the work and a
brief introduction to the work. (No word limitation).
*Photos and Videos are welcome to express support for
this global fight against the coronavirus.
*Based on your works, a letter to those who are still
struggling against the epidemic, poetry, songs or any other forms showing your
feelings are also welcome. Your words may be selected and published in the
e-book of selected works of this competition.
All above-mentioned works can be sent along with your
entry to the designated email. Let’s contribute our strength to the global
fight and hope for the best!
Notice:
1. The contest will be divided into 2 Groups:
• Adult
Group - 18 and above
• Youth
Group - ages under 18
2. Timetable
• Submission
deadline: Beijing Time 24:00 on May 30,
2020
• Jury
Meeting: June 2020
• Contest
Result will be published on the website www.cmiassn.org
in June 2020
3. The Jury has the final right of the ranking of the
works, as well as distribution of the statutory prizes. The Jury’s decisions
are final.
The Organizers will award the following prizes and
diplomas for each winner.
AWARDS ARE SUBJECT TO TAXATION ACCORDING TO CHINESE
TAX REGULATIONS.
AWARDS
AND PRIZES
Adult Group: (Ages above 18)
• Grand
Prix (1) 1000 USD
• Gold
Medal (2) 800 USD
• Silver
Medal (3) 500 USD
• Bronze
Medal (4) 300 USD
• Outstanding
Nominated Awards (40) 200 USD
Youth Group: (Ages under 18)
• Creative
Star (1)
• Gold
Medal (2)
• Silver
Medal (3)
• Bronze
Medal (4)
• Outstanding
Nominated Awards (40)
• Presents
and certificates will be provided by Qingjin Tec.
*All the participants will receive an e-book
of the selected works in this competition.
Final Provisions:
1. The Organizers reserve the right:
• To
use the submitted works for advertising purposes such as news reports, media
broadcasts, as well as circulation on the internet and social media without any
special fees paid to the authors.
• To
use the submitted works for the post-contest art-related activities such as: to
be published materials, printed materials, circulated on phones, the internet,
in publications, video materials, etc.
2. Organizers are
the arbiters of the rules and regulations.
3. By sending her/his work the artist agrees to the
mentioned above rules and regulations.
Contact Information:
Mailing Address:
Organizing Committee of UYACC,
2801 Suite, No.7 Building, Tianchang Yuan Media Village,
Beiyuan Road, Chaoyang District, Beijing 100107
Friday, April 24, 2020
História da arte da Caricatura de imprensa em Portugal (1924) por Osvaldo Macedo de Sousa
1924
A memória de Raphael Bordallo
Pinheiro mantinha-se viva, fundamentalmente pela mão de dois homens, que contra
ventos e marés, procuraram criar um Museu consagrado à obra do Mestre. Esses
Quixotes da Museulogia caricatural são o Dr. Cruz Magalhães, e Luís Calado
Nunes.
Ao longo dos anos dez o
projecto foi-se desenhando, com muita desconfiança por parte da Câmara
Municipal de Lisboa, e com o total alheamento dos outros caricaturistas. Em 1916 a Casa de Cruz
Magalhães (no Campo Grande) onde as obras, e cópias das obras foram sendo
depositadas, abriu temporariamente as portas. A 21 de Março de 1921, o Museu
inaugurou uma estátua de Raphael frente ao edifício. Esteve encerrado a casa de
Agosto de 22, a
Julho de 24. A
2 de Julho de 1924 Cruz Magalhães doou o edifício e as obras à Cidade de
Lisboa, como forma de obrigar a Câmara a tomar definitivamente uma posição
perante tão importante núcleo Museológico. A partir desta data, a caricatura
teve oficialmente o seu primeiro Museu, homenageando um dos seus mais altos
valores.
Os Salões dos Humoristas, foi
algo que ficou atravessado na garganta dos artistas gráficos, já que serviu
para relançamento desta arte no início do novo regime, serviu, como força
motriz de profundas alterações estéticas e programáticas, mas das muitas
intenções e sonhos, nada se concretizou. Por isso é natural que alguns artistas
continuassem a sonhar com uma recriação da Sociedade, de uma Instituição Profissional
que os defendesse nesta actividade tão mal protegida no âmbito profissional e
social. Assim neste ano de 1924 vimos surgir de novo o nome de Salão dos
Humoristas, por duas vezes.
No Porto (Páscoa 1924), surge
uma exposição colectiva sob a designação de “Salon dos Humoristas”, que se
dizia “a favor do Recolhimento das
Meninas Desamparadas”. Parece um trocadilho irónico, mas era na realidade
uma acção benemérita. Tinha como Presidente da Comissão Organizado Licínio
Pinheiro Perdigão, sendo participantes Laura Alves Costa, Adolfo Faria de
Castro, Licínio Pinheiro Perdigão, Manoel de Freitas e Ricardo Spratley, todos
amadores, em que a dita Laura não tinha mais de 13 chilreantes primaveras. Não tinha nada a ver com as exposições
anteriores, ou com a classe profissional de Humoristas, antes uma usurpação.
Em Lisboa também haverá um
Salão. Uma carta de 21 de Junho de 1924 dirigida a Leal da Câmara, em nome de
uma Comissão Organizadora, e assinada por Emmerico Nunes, Menezes Ferreira,
Jorge Barradas, Francisco Valença, Alonso e Alfredo Cândido diz o seguinte: “Exº. Sr. Para tratar dum assunto de
urgência e de grande interesse e utilidade, a Comissão Promotora da 4ª
Exposição do Grupo dos Humoristas Portugueses, pede a comparência não só dos
concorrentes à actual exposição como dos antigos expositores a uma reunião que
deve realizar-se na próxima Segunda-feira, 23 do corrente, pelas 17 horas
exactas, no Salão Nobre do Teatro de S.Carlos. Serão credores de muita gratidão
dos signatários quantos de dignarem honrar com a sua presença aquela reunião. Sem
o formalismo de 1911/13 da Sociedade, havia um grupo de humoristas em Lisboa
que procurava manter o espírito de realização de tempos a tempos de uma
exposição dos Humoristas.
Na realidade durante esse mês
de Junho decorreu em Lisboa (Foyer Teatro de S.Carlos) o IV Salão dos
Humoristas Portugueses, com a participação dos sempre presentes Jorge Barradas,
Sanches de Castro, Emmérico Nunes, Menezes Ferreira, Leal da Câmara, assim como
Mouton Osório, Eduardo Faria, Martins Barata, Roberto Nobre, Roberto dos
Santos, Rocha Vieira, Francisco de Castro, Viriato Silva, Armando Boaventura,
Jorge Segurado, Mamia Gameiro, Maria Adelaide Lima Cruz, Laura Rodrigues,
Amélia de Cruce Formigal, Clementina Carmen de Moura. O mais curioso é o
aumento significativo de participações femininas, numa género dominado
totalmente na imprensa por homens.
Como nos casos anteriores
haverá participações de trabalhos que dificilmente podiam ser considerados
humorísticos, como os de Leitão de
Barros, Martins Barata…
Segundo a crítica, foi um
Salão “decadente e apático”. O "Diário de Lisboa" de 19/6 vai ao
ponto de afirmar em cabeçalho: Já não há
humoristas na nossa Terra. Assim se conclue da exposição de São Carlos.
E prossegue: Dizem que é uma exposição de humoristas.
Mas não é. É uma exposição de trouxe-mouxe, sem unidade nem intuito, e onde há
apenas os altos e baixos das coisas feitas sem norte.
O que se vê é que acabaram os humoristas portugueses, ou pelo menos
andam zangados com a arte e com o público artista.
Lembra-nos muito bem a exposição dos humoristas portugueses de alguns
anos atráz. Tinha qualquer coisa de forte: tinha espírito mesmo. Podia não ser
completa mas via-se.
A exposição agora patente no salão de S. Carlos não honra pela
qualidade, e, sobretudo, é uma demonstração da apatia dos nossos primeiros
artistas pintores e desenhadores do humorismo, dos nossos artistas cuja arte,
mesmo fora dos limites do bom humor, pela sua liberdade e pela sua intenção
está bem ao lado do chamado «humorismo» do lápis e do pincel.
/…/ Leal da Câmara tem um quadro vago do seu processo largo. Não vale.
D. Adelaide Lima Cruz, no humorismo, apresenta-se com bizarrias. /…/ Jorge
Barradas apresenta três quadros do Brasil, já conhecidos, mas nada de
humorismo. /…/ Valença, uns trabalhos sem classe. Mouton Osório, caricaturas
vulgares. Emmérico Nunes, dois ou três trabalhinhos de pouco estofo. Sanches de
Castro não faz humorismo; creio que se está a divertir com o público. Enfim: é
um processo de viver alegremente a vida. Menezes Ferreira tem uns bonecos
engraçados; Eduardo Faria, idem; Santos Silva, idem, idem … e por aí além numa critica acérrima aos
trabalhos. Pede desculpa por estar a penalizar os artistas, mas é em defesa
desta arte, porque o nome do
"Humorismo", apesar de envolver uma ideia de alegria espiritual, não
se deve prestar a traço, a ridículos. É amesquinhar a arte ligeira portuguesa.
O nosso maior desejo é que este «fandango» não tenha repetição, e que
os artistas portugueses, senhores de graça e do espírito moderno, de todas as
classes, tendências, processos e actividades promovam rapidamente uma exposição
digna dos seus títulos.
Em relação à imprensa
humorística, esta ia existindo, pelo menos tentava existir, e este ano sai mais
um denominado "Risota", que
apresenta o seu projecto com as seguintes palavras: Rir, caríssimos leitores, é ainda dos prazeres mais baratos neste tempo
de vida cara. Mas, apesar dessa baratesa toda, quantas vezes o riso tem um
valor tão grande que todo o ouro do mundo, junto, jamais pode igualar !… Sim,
quantas vezes sucede um riso evitar uma lágrima, uma alegria esconder uma
tristeza !
E' isto bem frequente na nossa vida íntima.
*****
Mas não será com esse riso que A Risota quer rir. A Risota quer rir
muito, mas de mofa, de toda esta paródia republicana !
Dentro desta pagodeira há muito que levar para a chacota, há muito de
que troçar ! Bastaria a Feira de S. Bento para nos dar assunto !
Porém, como todos nos merecem o mesmo, a todos prometemos o nosso
humor, não esquecendo sequer esse ventríloquo, que lá de longe move os
cordelinhos de todos estes bonecos de barro que brincam comnosco !
Contamos já com a violência para nos fazer calar !
Porém. à cobardia de uma extorsão (porque eles são capazes de tudo)
saberemos responder com todo o nosso aprumo, servido pela nossa voz, que não
haverá mordaça que a faça enrouquecer sequer, porque ela há-de ouvir-se sempre
clara e altiva por qualquer forma.
Daqui o prometemos a todos os Antoninhos Marias, a todos os estadistas
de via-reduzida, a rodos os batoteiros políticos que pretendem levar o país à glória!
Vai, pois caríssimos leitores, levantar o pano, para… os primeiros
risos…
De boas intenções está o
humor cheio, e os últimos a rir, que são os políticos, e homens cinzentos das
administrações, riem sempre melhor sobre as falências, sobre os destroços dos
ingénuos. Naturalmente "A Risota" não sobreviveu muito tempo, o mesmo
acontecendo à nova versão de "A Corja", ao "Cócorócó", ao
"Porto Por um Canudo", ao "Ki-Ki-Ri-Ki" um jornal que nasce
em Angola, e depois surge como publicado em Lisboa, para logo desaparecer.
A imprensa nas colónias é
muito difícil de se consultar, e também não está estudada. Do pouco que sei,
acho que jornais humorísticos foram raridades naquelas paragens, e os outros
utilizaram por vezes reproduções de desenhos da Metrópole, ou trabalhos de
artistas locais de fraca qualidade.
Artistas que despontam nesta
época são Eduardo Faria e Roberto Nobre. O caso mais interessante deles é que
serão dos raros humoristas "engagé". Não quer dizer que os outros não
tivessem consciência política e social, só que estes, por vezes com vida dupla,
vão trabalhar não só na imprensa geral, como nos jornais partidários do
anarco-sindicalismo, e comunismo, por vezes na clandestinidade. O primeiro,
inclusive criando uma imagem de boémio, e bêbado conseguirá ludibriar a policia
política e manter uma actividade clandestina. Dos dois, Roberto Nobre é o que
tem melhor qualidade estética.
Natural de S. Bráz de
Alportel (27/3/1903), José Roberto Dias Nobre foi jornalista, crítico de
Cinema, humorista e ilustrador, com obra publicada em "A Época", Alma
Nova", "A Batalha", "Civilização, "Sempre Fixe"
"O Diabo"…
O "ABC" de
"11/9/1925 fala-nos do "Triunfo de Roberto Nobre" - Roberto Nobre, ganhando o primeiro premio
no concurso de desenhos aberto pelo Bristol, teve um dos mais belos triunfos
que os meios artísticos nos últimos anos teem registado.
Novo, talvez mesmo o mais novo da nova geração, Roberto Nobre venceu
rapidamente - e o seu triunfo de agora pelas circunstancias em que se deu, é um
triunfo de novela, um triunfo para biografia.
Há três anos Roberto Nobre apareceu pela primeira vez em Lisboa,
trazendo alguns desenhos bizarros, estranhos, modernistas.
Realizou então uma exposição com D. Isaura Cavalheiro e foi aplaudido.
Mas no ano seguinte, Roberto voltava e desta
vez alguns críticos, numa incompreensível mudança de opinião,
negavam-lhe o valor que no ano anterior lhe haviam concedido. Com ele ficaram
apenas os que tinham uma fé absoluta no seu talento e na arte moderna de que
ele era um soberbo interprete.
Magoado com a injustiça de que tinha sido vitima, Roberto Nobre
exilou-se na província e seu nome foi olvidado.
Alguns amigos, porem, insistiram
pelo seu regresso a Lisboa, insistiram tanto, que há dois meses Roberto
resolveu atende-los. Algumas portas se lhe abriram e entre elas a do A B C, a
quem todos os que principiam e teem talento, merecem a maior estima. Outras,
porem, se lhe fecharam, inexoravelmente. E, é neste momento de indecisão que o
jovem artista concorre ao concurso do Bristol. Não havia que hesitar: entre os
desenhos apresentados, o de Nobre destacava-se duma maneira tal, que não
permitia duvidas sobre o artista a quem devia ser concedido o premio
E Nobre foi premiado.
E o seu nome é hoje o nome de um triunfador - um triunfador que chegou
e venceu.
he 2nd International Cairocature Cartoon Contest-Egypt/ 2020 (The Scientists)
المسابقة الدولية الثانية – كايروكاتير 2020
العلماء
Theme
cartoon
The Scientists (The importance – their life – their effective in our world …etc.)
The Scientists (The importance – their life – their effective in our world …etc.)
Rules:
Each Participant Can Send Up To 3 Cartoons only not more
Must Send His (Full Name, Post Address, and Email Address & Phone Number) Via Word File.
Send Cartoons Must Be 300 Dpi Resolutions, A4 & Jpg Format.
Each Participant Can Send Up To 3 Cartoons only not more
Must Send His (Full Name, Post Address, and Email Address & Phone Number) Via Word File.
Send Cartoons Must Be 300 Dpi Resolutions, A4 & Jpg Format.
NOTE:
Send Cartoons must not Won Prizes Before.
Prizes:
• Prizes: Golden, Silver, Bronze
There will be Special Prizes.
Cartoons can be used for any promotion purposes
(Printing, websites, Newspapers, posters, invitation cards....etc.)
without the permission of the artist and without any payment.
PDF catalog for final selected cartoons
Send Cartoons must not Won Prizes Before.
Prizes:
• Prizes: Golden, Silver, Bronze
There will be Special Prizes.
Cartoons can be used for any promotion purposes
(Printing, websites, Newspapers, posters, invitation cards....etc.)
without the permission of the artist and without any payment.
PDF catalog for final selected cartoons
Deadline:
1/6 / 2020
1/6 / 2020
Cartoon
Must Be Sending To:
cairocature@gmail.com
cairocature@gmail.com
The
results and accepted works will publish in our Facebook page
https://www.facebook.com/cartoonandcaricature/
https://www.facebook.com/cartoonandcaricature/
Thursday, April 23, 2020
INTERNATIONAL CARTOON COMPETITION & EXHIBITION MALAYSIA 2020 Deadline: May 23, 2020
Theme:Save Our Heritage
The organizer of the competition is the Rossem
Cartoon House (BKR), Malaysia Cartoon & Comic House (RKKM), Perbadanan
Muzium Negeri Kelantan.
Eligible Participants:
• Opened to all artists from all over the world
above 18 years of age.
Theme: Save Our Heritage Technical Criteria: ·
All artworks to be prepared at 300 dpi.
· Size A3 (297mmx420mm) in JPEG format.
· Entries: Max. 3 cartoons.
· Submitted works can be in color or black and
white, in any style or technique.
·
Submitted works must not violate copyright laws.
·
By virtue of submitting an entry, the entrant certifies the work as his own and
permit the organizers to have full right to reproduce all or a part of the
entered material free of charge for publication and/or display in media related
to the exhibition.
Submission:
•
Send your cartoons and your CV (Name - Address - Phone number - Email address)
via the following e-mail address: rossemkartun@gmail.com
• Deadline:
May 23, 2020
Exhibition:
June 1, 2020
•
All participants whose works will be exhibited will receive a digital catalogue
and a digital certificate of participation.
Prizes
and awards
First
prize : RM2,000.00
Second
prize : RM1,500.00
Thirt
prize: RM1,000.00
Five
special mentions
The
Coordinator of the Gathering: Rossem Facebook : Balai Kartun Rossem
Rodrigo de Matos y su pasión por el humor gráfico por Francisco Puñal Suárez
Rodrigo de Matos y su pasión por el humor gráfico por Francisco Puñal Suárez
La vida itinerante de
Rodrigo de Matos por varios países le ha permitido, como persona sensible,
tener un espíritu inquieto, construir miradas sobre la condición humana y las
contradicciones del mundo en que vivimos. Transformar la realidad de manera
artística es su objetivo.
Rodrigo nació en Silva Porto
(Angola) en 1975, vivió hasta la edad de 15 años en Brasil, luego, en Portugal,
se graduó de periodismo en la Universidad de Coímbra, trabajó como periodista
en Lisboa durante seis años, antes de convertirse en dibujante e ilustrador
profesional, tras tomar el curso de Ilustración de Editorial y Prensa, en la
Escuela Superior de Dibujo Profesional (Esdip), de Madrid.
Rodrigo de Matos vive desde
el 2009 en Macao, (antigua colonia portuguesa, que en 1999 fue transferida a
China), donde en junio de este año cumplirá diez años de ser colaborador del
diario “Ponto Final”, además de publicar sus ilustraciones en el semanario
“Expreso”, de Portugal.
En Macao ya ha realizado dos
exposiciones personales: “Humoralia”, en el 2012, una recopilación de sus
caricaturas publicadas en “Ponto Final”, y “Punacotheca”, en el 2018, en la que
mostró obras en las que experimentó con varias técnicas pictóricas, sin
abandonar el humor.
Con una carrera de 12 años
en caricaturas editoriales, y galardonado en el 2014 con el Gran Prix del
Concurso Press Cartoon Europe, de Bélgica y el tercer premio del 14th
International Editorial Cartoon Competition, de Canadá, Rodrigo es un pescador
de ideas en la actualidad noticiosa de la política internacional.
“El humor gráfico, -dice
Rodrigo- por su carácter multidisciplinario -porque es periodismo, arte y
humor, simultáneamente- es donde puedo explotar mejor toda mi creatividad e
intereses. He trabajado durante varios años como periodista de la prensa
escrita, un oficio bastante exigente, y después de haber pasado por algunos
periódicos en Portugal y Macao, y a pesar de que se trata de una magnífica
profesión en la que aprendes muchas cosas sobre el mundo, me sentí bastante
castrado en mi vena creativa cuando me dediqué únicamente al periodismo
escrito. En la caricatura editorial, por el contrario, el grado de libertad es
(al menos debe tender a ello) mucho mayor. Y poder, al mismo tiempo,
desarrollar mi capacidad humorística es, para mí, fascinante, porque siempre me
interesa por hacer reír y reflexionar a la gente”.
“Para percibir una broma,
-expresa- hay que razonar. Si queremos luchar contra una peligrosa tendencia
-observable en nuestros días- de alienación de las masas en relación a lo que
pasa en el mundo que las rodea, el humor y la sátira pueden ser dos herramientas
preciosas. La risa nos ayuda a mantener el «músculo» cerebral tonificado. Y eso
es esencial para cumplir nuestro papel en la defensa de nuestros derechos y
libertades y no dejarnos engañar por las fuerzas menos bien intencionadas que
habitan la sociedad».
“El humor gráfico no
cambiará el mundo. Pero, ciertamente, una buena caricatura puede servir para
que una persona sienta reforzadas sus convicciones, sentir que no es el único
en pensar de determinada forma, o, por otro lado, si está en desacuerdo con la
idea que interpretó de la viñeta en cuestión, razonar de forma dialéctica para
encontrar los argumentos que expliquen por qué su opinión es mejor. En
cualquier caso, si consideramos, como principio, que es preferible una sociedad
formada por individuos esclarecidos, con capacidad intelectual para analizar el
mundo a su alrededor, que por una masa amorfa y manipulable, entonces la
importancia del humor gráfico es innegable. No es la única arma a utilizar en
esta lucha, pero es capaz de hacer algún aporte”-finaliza.
Tuesday, April 21, 2020
Theme for Caneva Ride 2020, Italy : You learn by making mistakes
RULES
"CANEVA RIDE" 2020
1 –
THEME - Pro Castello di Caneva promotes the international award Caneva
Ride! (Caneva Laughs!) for humoristic sketches and satirical costume about the
theme “Sbagliando si impara” You Learn by Making Mistakes
2 –
PARTICIPATION - The award is open to all cartoonists of the world from 16 years
old. Participants can apply individually or in groups (in case of several
authors, the referent for all communications with the award’s promoters shall
be indicated).
3 –
TECHNIQUES - Up to three unpublished works, realized by any technique,
color or black and white, which haven’t been awarded in other prizes. The
maximum format shall be A4 (21 X 29.7 cm).
4 -
TERMS AND DEADLINES - The works must be received no later than midnight
on 24 May 2020 at canevaridecontest@gmail.com in .jpg, .tiff or .pdf format at a resolution of 300 dpi,
together with a registration form with personal data (name, surname, full
address, telephone number, in the case of minors the name of one parent
authorizing the participation). The individual files must not exceed the
weight of 5 MB. For more
works, proceed with individual submissions.
5 – JURY
Luca
Salvagno Cartoonist, President of the Jury
Pietro
Francesco Manfè Pro Castello Caneva
Mario
Zorzetto Heirs Toni Zampol
Vicenzo
Bottecchia Cultural comics operator
Giancarlo
Rupolo Photographer
6 – AWARDS
FIRST
PRIZE euro 600,00
SECOND
PRIZE euro 250,00
THIRD
PRIZE euro 150,00.
The
premium is gross of witholding tax, according to the tax legislation in force
in the relevant countries.
The
Jury reserves the right to report further works, which will not receive cash
prizes.
During
the exhibitions of the works there will be the possibility for visitors to
indicate their favorite work.
The
authors, participating in the competition, give the non-exclusive right to
publish the works on any support for promotional purposes of the Pro Loco
Castle without having anything to claim as copyright.
7 –
EXHIBITION - Opening of the exhibition and prize giving will be held Saturday,
14 June 2020 at Villa Frova, Caneva.
Monday, April 20, 2020
PALOMO UM CHILENO COM ALMA CARIOCA por EDIEL RIBEIRO
"A marcha militar está para a música assim
como Pinochet está para a Democracia." (Palomo)
Rio de Janeiro - Em 1994, fui convidado - eu e
um monte de cartunistas - para desfilar na Ala dos Cartunistas da Escola de Samba Acadêmicos da
Rocinha.
A Escola, com o enredo “Humor Pra Dar e
Vender”, fazia uma homenagem ao humor e aos humoristas.
O samba, ainda lembro, tinha um refrão
forte que dizia: “sou carioca/sou sacana como o quê/ tá sobrando no barraco/
humor pra dar e vender.”
Por problemas etílicos, acabei não
desfilando, mas, em um dos ensaios, conheci, através do Ziraldo, o cartunista
Palomo, um dos meus ídolos.
José Palomo Fuentes é um dos mais
consagrados cartunistas latino-americano, chileno, adorava o carnaval carioca.
Volta e meia visitava o Brasil, para participar da folia.
Colaborou com “O Pasquim” no auge do
semanário. Boêmio e bem humorado, era amigo do Henfil, Ziraldo e Jaguar com
quem frequentava o Bar do Marcô, em Santa Tereza.
“Henfil, um dos mais impressionantes
cartunistas brasileiros, costumava dizer que o humor é como o vinho. E assim
como as videiras e galhos, combinados com o clima, a luz solar e a água, dão de
um clarete a um vinho tinto espesso e denso, da mesma maneira que cada
sociedade elabora o humor com o qual processa sua experiência de vida social”,
disse.
Morando no México onde se exilou desde
que Augusto Pinochet chegou ao poder e instaurou a Ditadura Militar Chilena
(1973-1990), a agonia de Palomo começou no início de setembro de 1973, quando
voltava para casa, depois de um dia de trabalho. Palomo foi avisado por um de
seus vizinhos, um exilado brasileiro, que a polícia estava em sua casa
esperando para prendê-lo.
O cartunista se refugiou na embaixada
mexicana onde pretendia ficar até a tempestade diminuir. Tinha um
encontro marcado com o poeta, cantor e compositor Victor Jara, com quem
celebraria o lançamento de seu álbum “Canto por Travessura”, ilustrado por ele.
Mas, foi avisado pelo embaixador
que o amigo tinha sido detido e levado para o Estádio Nacional, de
Santiago, onde fora torturado e assassinado, como aconteceu com muitas pessoas
que nunca mais foram vistas.
A carreira de Palomo como cartunista
começou no Chile, em 1963, aos 20 anos. Trabalhou nos
jornais “Clarín”, “El Mercurio”, “El Siglo”, “La Quinta Rueda”, “El Peneca”,
“El Pingüino” e “La Chiva”, entre outros.
No México, onde chegou como exilado
político, em 73, foi co-fundador dos jornais “Unomásuno”, “La Jornada” e
“Reforma”. Além disso, colaborou em “El Dia”, “El Economista” e “El Universal”.
Os trabalhos mais conhecidos de Palomo é
a tira “O Quarto Reich”, publicada no jornal “Unomásuno”, onde retratou, ao
longo da década de 1970, as ditaduras que assolaram a América Latina e a
história infantil “Matías e o Bolo de Morango”, consideradas duas jóias de
humor universal.
A obra de Palomo é reconhecida por sua
universalidade, por sua capacidade crítica e por seu humor implacável e
terrivelmente politizado.
“Quando vejo fotos de soldados chilenos
queimando livros, acho que esses pobres desgraçados nunca imaginaram o que
teria acontecido se, em vez de queimá-los, eles os tivessem lido. De vez em quando
eu desenho meu terrorista favorito, uma sombra que, furtivamente, joga uma
cópia de Don Quixote ou Treasure Island em um quartel”, disse.
"Para mim, desenhar nunca foi um
trabalho, sempre fiz o que gosto: desenhar. Então, eu nunca trabalhei na minha
vida", contou.