Sunday, March 29, 2020

Humour & Vigne - REMINDER - 14th International Cartoon Biennial - 2020 - Jonzac – France DATE LIMITE : 1er Avril 2020



D'abord espérons que ce message vous trouve tous en bonne santé et pas trop démoralisé par le confinement et la sinistrose ambiante. Face à la crise qui secoue actuellement le monde entier, nous aurons besoin de rester solidaire et nous vous invitons plus loin à nous partager vos oeuvres sur ce sujet en particulier.*
Pour le moment nous comptons bien poursuivre les préparations de la Biennale aux dates prévues, et d'adapter notre programme au fur et à mesure de nos besoins dans les conditions qui s'imposent.
C'est un grand plaisir pour nous de vous présenter ci-jointe l'affiche de la14e Biennale Internationale du dessin d'humour au Cloître des Carmes de Jonzac du 26 juin au 5 juillet 2020.
Le dessin a été réalisé par la dessinateur mexicano-cubain Ángel Boligán,, invitée d'honneur au Festival de Jonzac cet été. La conception de la maquette est de Zoran Petrovic, invité d'honneur en 2016.
Nous remercions chaleureusement les deux artistes pour leur précieuse contribution et amical soutien.
Un grand merci aussi à toutes les personnes qui nous ont adressé déjà leur contribution à la14e Biennale.
Normalement elles ont reçu ou recevront individuellement un mail de remerciement dans les 15 jours suivant leur envoi.
Si vous le souhaitez vous avez encore 3 jours pour nous envoyer vos oeuvres.
Petit rappel des conditions de participation :
1- NOM : 14e Biennale internationale du dessin d'humour 2020 - Jonzac – France
2- THÈME : JOIE DE VIVRE (avec ou sans lien avec la vigne)
3- DATE LIMITE : 1er Avril 2020
4- PARTICIPANTS : Dessinateurs de tous pays, de tous sexes, de tous âges, de tous cépages...
5- ENVOIS : maximum 3 œuvres. De préférence sans légendes.
L'index du Catalogue et des participants à l'exposition sera diffusé le mi-mai par nos réseaux et le blog : www.h-et-v-2018.over-blog.com
Pour plus d’infos vous trouverez en PJ :
- l'affiche de la14e Biennale
- les conditions de participation
En espérant vivement avoir de vos nouvelles, nous restons à votre disposition pour d'autres renseignements.

Amicalement,
L'équipe d’Humour & Vigne
* En solidarité avec les victimes du pandémie et toutes les personnes luttant en première ligne pour notre survie, nous programmons lors de la prochaine Biennale une exposition dédiée au Covid-19 et en particulier aux joies du confinement.
En complément de votre contribution à la 14e Biennale nous accueillerons donc également les dessins sur ce sujet jusqu'au 15 avril.
Pour la promotion du Festival nous souhaiterions en publier en partenariat avec la presse régionale et sur nos réseaux sociaux.
Par avance merci.

the English version

Dear friends,
First hope that this message finds you all in good health and not too demoralized by the confinement and the ambient disaster.
Faced with the crisis which is currently shaking the whole world, we will need to stand together and we invite you further to share your works with us on this particular subject.*
For the moment we intend to continue the preparations for the Biennale on the planned dates, and to adapt our program as and when required in the inevitable conditions.
It is a great pleasure for us to present to you the poster of the 14th International Cartoon Biennial at the Cloître des Carmes of Jonzac from 26 June to 5 July, 2020.
The drawing was made by the Mexican-Cuban cartoonist Ángel Boligán, guest of honour at the Jonzac Festival this summer.
The design of the model is by Zoran Petrovic, guest of honour in 2016.
We warmly thank the two artists for their precious contribution and friendly support.
A big thank you also to all the people who have already sent us their contribution to the 14th Biennale.
Normally they have received or will individually receive a thank you email within 15 days of their dispatch.
If you wish, you still have 3 days to send us your works.
Little reminder of the conditions of participation:
1- NAME: 14th International Biennial of Humor Drawing 2020 - Jonzac – France
2- THEME: JOY OF LIVING (with or without link with the vine)
3- DEADLINE: April 1, 2020
4- PARTICIPANTS: Designers from all countries, of all sexes, of all ages, of all grape varieties ...
5- SHIPMENTS: maximum 3 works. Preferably without captions.
The index of the Catalogue and of the participants in the exhibition will be distributed in mid-May through our networks and the blog: www.h-et-v-2018.over-blog.com
For more information, you will find in PJ:
- the poster for the 14th Biennale
- the conditions of participation
Hoping to hear from you, we remain at your disposal for further information.
Best regards,
The Humour & Vigne team
* In solidarity with the victims of the pandemic and all the people fighting on the front line for our survival, we are planning during the next Biennale an exhibition dedicated to Covid-19 and in particular to the joys of confinement.


Thursday, March 26, 2020

Historia da arte da Caricatura de Imprensa em Portugal - 1921 por Osvaldo Macedo de Sousa


1921

Neste ano surge o "ABC a Rir", do grupo do "ABC" (que tinha aparecido em 1920), que também terá o "ABCzinho" é um grupo jornalístico que nesta década se assumirá como baluarte do humorismo e modernismo, dando trabalho aos principais artistas, e sendo responsável pela viragem de uma série de modernistas, que da via humorística vão-se passando para o género ilustrativo, para a exploração do design gráfico.
Surge também o "Diário de Lisboa", uma instituição que viverá até à década de 90, a qual será, no campo do humor gráfico, um oásis do melhor humor nacional, não só no seu titulo, como noutros criados pela empresa, como será o caso do "Sempre Fixe". Para o edifício do jornal, Stuart Carvalhais e Francisco Valença executam uma série de azulejos, painel que marcou definitivamente a imagem do Diário de Lisboa.
Por esta altura, Stuart e demais humoristas iniciam uma colaboração com as casas Sassetti e Valentim de Carvalho como ilustradores das capas de partituras, o que foi um suplemento de sobrevivência para os artistas, e um enriquecimento gráfico para os compradores.
Era a própria cidade de Lisboa que se transformava. Como escreverá o "ABC" de todos os lados chega gente, tudo quanto havia de inútil nas províncias… A "Imprensa da Manhã" escreverá (7/1/21) Lisboa é o palco de vastíssimo teatro onde os caracteres se decompõem. A cidade quase duplica o numero de habitantes.
Se por um lado fome na província leva com que os camponeses sejam induzidos a transformar-se no proletariado emergente das novas industrias, por outra a Grande Guerra foi também uma das causadoras destas migrações. A mobilização trouxe para a grande cidade os mancebos que foram enviados como carne para canhão, abrindo-lhe os olhos a outras realidades desconhecidas para eles até então, recusando-se depois a regressarem à pachorrenta aldeia. Por outro lado criou uma nova burguesia, de novos ricos, e de oportunistas que como açambarcadores, intermediários se enriqueceram, e criaram uma nova classe que procura mostrar o seu poder económico.
Os artistas irão viver, como consequência, essa explosão de novo riquismo, sendo chamados como decoradores, como gráficos…A partir de agora desenvolver-se-à essencialmente uma tentativa de cosmopolitizar a vida artística das grandes cidades, como Lisboa e Porto.
Cada artista procurava o seu caminho, procurava sobreviver, vendendo aqui um quadro, conseguindo ali uma capa, ou uma colaboração mais ou menos certa num jornal... A própria existência do humorismo na imprensa tinha-se modificado. Se durante a monarquia vivia fundamentalmente em jornais satíricos e humorísticos, agora vive fundamentalmente nos hebdomadários noticiosos, e com excepção primeiro de o Supl. de “O Século” e de “Os Ridículos”, depois do “Sempre Fixe”, todo os outros jornais de humor tinham vidas breves. Em contrapartida toda e qualquer publicação jornalística tomou consciência da importância de ter desenhos de humor, caricaturas, ou tiras de BD.
Os Humoristas, como grupo já não existia. Manteve-se naturalmente uma amizade entre alguns deles, alguma cordialidade entre outros, e sempre que havia a hipótese de participar numa exposição, não a recusavam. As exposições individuais, e essencialmente colectivas de pequenos grupos tornaram-se frequentes, seja em espaços de arte (Galerias), seja em Salões de casa ligadas à cultura....
Quem procurou manter-se fechada aos novos ventos estético foi a Sociedade Nacional de Belas Artes, que dominada por meia dúzia de conservadores, não só procurava não expor obras dos mais ousados nos seus Salões, como atingirá o cumulo de procurar evitar a entrada de modernistas para sócios. Os humoristas, como grupo profissional, não tiveram lugar especial nesta batalha, apenas tiveram artistas que pela arte lutavam o seu lugar nesta sociedade. Ao longo dos anos, os Salões das Belas Artes não só foram premiando artistas no campo da pintura, da escultura, como da caricatura, mas sempre numa opção conservadora.
Neste ano de 21, essa guerra fria de uma década entrará em conflito aberto, com Comícios, acções violentas de rua, agressões verbais, em que Almada Negreiros, na sua turbulência arruaceira de Futurista, não poupará ninguém, mesmo os que estavam do seu lado, como Leal da Câmara, mas que por qualquer gesto ambíguo o contrariasse. O mestre que sempre procurou nunca entrar em conflito com ninguém, vê-se insultado e desautorizado numa querela estúpida.  Má educação também é confundida por vezes com irreverência em alguns humoristas. E este é o único caso importante para o humorismo nesta questão dos Novos com a SNBA.
Humorista que estará sempre do lado dos "velhos", não só agora, mas como posteriormente quando for Presidente da sociedade é Arnaldo Ressano.
Artista por alma e engenho, mas não por profissão, é Arnaldo Ressano Garcia, que tem apresentado trabalhos sob a assinatura de João Maria ou Arnaldo Ressano. Militar de carreira, na qual atingiu o posto de Coronel, neste ano realiza uma exposição de caricaturas no Porto. "O Século" de 30/7/21 noticia desta forma a exposição: Arnaldo Ressano Garcia, coronel de engenharia e professor catedrático da Faculdade de Ciências, que devia ser uma pessoa conspícua e ensimesmada, é, afinal, um irreverente.
O caricaturista é sempre aquele que sai das normas do preconceito, desprezando formalismos e irrompendo pela «blague» com a mesma naturalidade com que os «imortais» sobem placidamente os degraus da Academia.
Trouxe daí, trouxe de Paris, onde esteve há pouco, uma bela galeria e acrescentou aqui mais trabalhos em que são espingardados os «gros bonets» cá da Invicta.
Não são apenas dois traços mais ou menos futuristas e uma parecença laboriosamente agarrada pelos cabelos: são caricaturas, que vêm de dentro para fora - não só superfície mas também aguda psicologia. /…/
Arnaldo Ressano será um dos casos mais interessantes da ambiguidade entre o indivíduo e o artista, já que o primeiro, militar, académico, conservador contrasta profundamente com o artista irreverente, de traço acutilante e exagerado, não ficando o seu bisturi apenas pela pele, mas indo até às almas. Sobre esta dualidade voltaremos mais tarde a falar.
O militarismo e o humor parecem formas de estar que não se coadunam uma com a outra, e por exemplo Celso Hermínio sentiu-se confrontado com essa dualidade, e teve que optar por uma delas, felizmente o humorismo. Com Arnaldo Ressano parece que conseguia separar totalmente os dois mundos, ao ponto de raramente ter feito humor militar. Vivia as duas vidas totalmente separadas.
Ele não foi o único caso de humoristas militares. Houve mais, como por exemplo um outro artista, ao qual já nos referimos anteriormente, e que por acaso é primo de Arnaldo Ressano - João Menezes Ferreira (26/10/1889 - 11/1/1938).
Realizou diversas exposições sobre esta temática, nomeadamente em 1919 "Desenhos do CEP", em 1922 na exposição "Internacional da Independência do Brasil", em 1923 "Impressões da Guerra e Caricaturas", assim como tinha participado nos Salões de Humoristas de 12, 13 e 20. Participará em 28 na 25º Exposição d' Arte da SNBA, em 30 no I Salão dos Independentes, e em 37 na I Exposição de trabalhos dos Artistas Combatentes.
A "Ilustração Portuguesa" de 23/6/1919 descreve-o desta forma (assinado por A. de A.): Menezes Ferreira é um oficial muito distinto que em África e em França prestou serviços batendo-se contra o inimigo. Sabe, pela mais dura das experiências, o que é ser soldado. Conhece os anceios, os horrores, as dúvidas, as esperanças, as torturas e as glórias da vida de campanha.
Ainda estudante, entretinha-se dando largas à sua fantasia de desenhador e do seu lápis cheio de imaginação, de leveza, de graciosidade saíram trabalhos que o impuzeram à admiração e á estima dos próprios caricaturistas profissionais. Naturalmente, os assuntos militares tentaram-no sempre. Na escola, os camaradas e os mestres forneciam-lhe tema que ele aproveitava com uma perícia rara, vendo de um modo admirável, o lado grotesco das pessoas e das cousas.
O velho major antigo, grisalho e ventrudo, trôpego e ultra-pacífico, mal enxergando dois palmos adiante do nariz, com as calças em saca rolhas e a espada a arrastar foi um tipo que Menezes Ferreira fixou nos seus cartões, como essa outra figura interessante, a do cadete janota, espartilhado no dolman, de gola alta, colarinho brunido, monóculo cravado na orbita, ar petulante e provocador, fazendo morrer de ciúmes as meninas da baixa.
Em França não escassearam os assuntos. Encheu de cousas lindas um sem número de álbuns, coisas vividas, flagrantes, únicas e bem pode imaginar-se que o fossem, tratando-se de episódios e de tipos de guerra. O nosso lanzudo foi colhido nas mais circunstancias. Quando um dia se escrever a história da nossa guerra, se a quiserem acompanhar de ilustrações não podem dispensar-se de recorrer às do talentoso oficial. /…/ O capitão Menezes Ferreira enriqueceu o tesouro iconográfico da guerra não só com esplêndidas caricaturas, mas também com óleos, pasteis e aguarelas. O valor que caracteriza esses trabalhos, quasi todos, é tamanha, pela execução e pela intenção, que o próprio museu francês da guerra alguns adquiriu já. /…/» Na verdade foi dos poucos que nos deixou visões sarcástico-humorística da guerra, da vivência na 'front', já que trabalhos de Christiano Cruz, António Soares… são mais dramáticos que humorísticos.
A sua missão de não deixar que as pessoas se esquecessem dos horrores da guerra, não ficou apenas no desenho, mas também na escrita, e inclusive em conferência (realizada a 22/5/1920). Esta conferência foi encomendada por Leal da Câmara, um dos entusiastas da criação de uma aldeia portuguesa em terras de França, uma forma de eternizar uma homenagem aos portugueses que ali morreram na guerra, mas que acabou por não se concretizar. Pois foi no espólio de Leal da Câmara que descobrimos o manuscrito desta conferência, que aqui transcrevo parte: Leal da Câmara o feld-marechal do humorismo português a quem agradeço as palavras gentis que vem de me dirigir, deu-me ordem de mobilização para esta despretensiosa palestra para a qual ela sabe muito bem que não sou dos mais competentes, embora seja de há muito um pobre artista miliciano doublée de militar profissional.
/…/ Vou expor n'uma rápida palestra algumas considerações muito pessoais do que foi de um modo geral a caricatura nesta grande assembleia geral de pancadarias onde o humorismo sempre logrou encontrar assuntos para se impor e ser utilizado tão contundente  como uma bayoneta, tão demolidor como uma granada, mas servindo sempre a causa gloriosa dos aliados.
O Riso é uma das mais belas faculdades do homem, porque n'ele se resume muita vez a melhor maneira de fazer face à fatalidade, de esbofetear a tirania ou de combater a força bruta e cega, opondo-lhe um decidido desafio.
As expressões do riso, fazendo transparecer toda a gama dos sentimentos e das paixões,  adaptam-se à figura humana como uma mascara maleável, produzindo assim risos perturbadores que desafiam, risos cruéis que são vingadores e claros risos irreprimíveis que libertam.
Vejam V. Exas. este flagrante contraste entre o riso estúpido e carniceiro de um algoz e o riso altivo da vitima entrevendo um futuro iluminado pelo seu martírio. Imaginem V. Exas. um monstro, cuja fealdade física corresponde à sua fealdade moral, arremetendo contra um pigmeu, apenas armado de um lápis e de um papel…
O que acontece ?… Em dois traços o pigmeu caricaturando o monstro imediatamente o relega para o nojo das suas próprias mazelas, chumbando-o assim a grilhetas da execução dos séculos vindouros.
O Demónio por exemplo. Quantas blagues, quantas anedotas, quanta vérve não tem produzido a humanidade à custa d' este pobre-diabo!
É, minhas senhoras, e meus senhores até a própria Dor contem uma boa parcela de Riso.
Vejam em Aristófanes e Juvenal, em Goya e Daumier, mestres humoristas, como se alternam os motivos soturnos com as explosões da mais franca alegria, a cólera misturada com o desprezo, a ironia com a indignação. Só os grandes acontecimentos podem gerar o riso, só os grandes crimes o desafiam e os grandes sentimentos o embelezam.
Deste modo o humorista se não é até certo ponto a juiz implacável de um criminoso é pelo menos o pregoeiro da sentença pronunciada pala consciência humana.
E então armado com os seus méritos e o seu espírito, conduz o monstro a ponta-pés deante de si, fazendo atravessar a multidão com uma tabuleta às costas com dísticos irrisórios, obrigando toda a gente a rir do castigo d'aquelle que pretendia rir ferozmente à custa da nossa dor.
****
A grande guerra, obra machiavélica, gerada por uma raça requintadamente feroz, só por si, forneceu infinitos motivos para que se exercesse a benéfica acção dos humoristas.
Por banda dos aliados, pululam os artistas - a cordas mais sensíveis de uma pátria - interpretando por trinta maneiras as generosas ideias que constituíram o Faeral da Guerra Santa contra o Boche. Tempos houve em que os comentários dos grandes acontecimentos - a guerra de 70 por exemplo - talvez porque o humorismo não atingira ainda o seu grau de desenvolvimento e de importância que nos nossos dias se lhe atribue, tempos houve em que esses comentários se faziam em grandes quadros patrióticos género Detaille, ou Alfonse de Neuville, quer exaltando o patriotismo da França, quer vergastando as prosápias tirânicas da Prússia. Hoje em dia as folhas volantes, os apontamentos em flagrante, a charge, a legenda intimamente ligada a um rápido desenho, que é por si só uma emoção, uma intuição facilmente aprehendida pela maioria, realizam mais facilmente o seu objectivo.
Por outro lado, havendo tantas vezes ideias fecundas e fortes, ou ainda outras delicadas e finas, ou oportunamente divertidas a verdade é que para sua materialização é o chamado "quadro ou grupo escultural" um processo demasiado pesado, solemne e conselheiral.
De resto, n'estas folhas volantes, é o próprio trabalho do artista que nós vemos, tal como sahiu da sua mão e se não vejamos esse extraordinários efeitos dos lápis da penna, do canivete n'uma litografia de Forain, de Jan Veber, ou de Steinlenm n'um desenho de Willete, ou de Faivre, ou as gravuras em madeira de Herman Paul em que, em todas as tiragens e fac-similés , o desenho nos aparece tal como se fora frito inicialmente, com a mesma frescura, a mesma intuição, o mesmo relevo.
A oportunidade de um comentário humorístico nunca se compadeceria com a sua materialização n'um quadro. Muito antes qu'este estivesse terminado, já a ideia se teria volatilizado, esfriando portanto o interesse que ele poderia despertar.
Quero dizer pois, que se os mestres-pintores teem a sua função adentro da sua técnica, apenas os humoristas conseguem vencer, agarrando uma ideia pelos cabelos, dando-lhe corpo e alma, em meia dúzia de traços, que muitas vezes não representam o sentir de uma elite, porque é mais do que tudo isto, o despertar da consciência de uma nação.
Por esta forma conseguem os humoristas enriquecer a iconografia com documentos interessantíssimos, e cheios de verdade, podendo servir de base mais tarde para obras de vulto, realizadas nos remansos dos ateliers, sobre tudo agora que já se esfumou o perigo dos aviões boches e se emudeceu para sempre a voz da Grosse-Bertha.
****
Como eu disse a V. Exas. a guerra dando margem a uma fonte inexgotavel de humorismo, também produzia um grande numero de artistas.
A França, sempre a mais rica em artistas d'este género, surpreende, encanta, delicia-nos o espírito com os seus incomparáveis artistas, as suas incomparáveis legendas.
/…/ Entre nós, infelizmente os humoristas portugueses não foram muito sensíveis aos grandes acontecimentos em que Portugal, para sua honra, andou intrometido.
À excepção de Leal da Câmara no "Miau!", de Christiano Cruz, de Balha e Melo e d'este vosso humilde creado a guerra não teve o condão de sensibilizar os desenhadores humoristas de Portugal, canalizando os seus esforços para as colunas de um jornal que mais tarde poderia prestar óptimos serviços para a documentação da grande guerra.
Foi lamentável.
Durante a minha estada em França, apenas armado com os meus fracos recursos, desde logo me propuz, se conseguisse salvar a pele, a coleccionar n'um álbum humorístico as minhas impressões do C.E.P.
Elle deve sahir em breve, com as reproduções que acabais de ver e que até certo ponto honram não só os artistas gráficos do nosso paíz como o estabelecimento em que está sendo impresso.
N'esse álbum descreverei "tant bien que mal", os bons e maus bocados de nossa vida de França, em que o modesto soldadinho português será apanhado em todos os transes de expedicionário, quer fazenda o namoro em que elle é um allio, usando o seu francês patusco que André Brun classificou de linguagem do Pas compris, quer na sua vida heróica e desprendida das trincheiras em que com toda a simplicidade quasi sem dar por isso, pratica actos de maior valor…
A vida nas trinchieras, a vida nos boletas das fermes da Flandres e do Artois. A cor local d'essas paragens que jamais se apagarão da memória de todos nós… Tudo isso vós vereis em breve n'este meu álbum despretencioso, por meio do qual pretendo interessar todas as crianças grandes e pequenas de Portugal, fazendo venerar ainda mais a figura interessante do nosso soldadinho. Concretizei em "João Ninguém" aquele modesto Português que nas horas difíceis tudo fez para maior glória da Pátria  e a quem todos esquecem chegada a hora de benefícios e compensações.
Procurei assim prestar-lhe a minha humilde e sentida homenagem. Consegui-lo-hei ?
Nesta última parte refere-se ao livro "João Ninguém, Soldado da Grande Guerra", que publicaria no ano seguinte. Na realidade a sua produção editorial não ficaria por este livro, tendo também publicado ao longo dos anos os seguintes títulos: "A Luz do lampadário", "Um Conto de Natal", "O Fuzilado", "Gambúzios Soldado da Grande Guerra", "A Viagem Maravilhosa de Gago Coutinho e Sacadura Cabral", "As Tradições do Colégio Militar"…
Na imprensa, Menezes Ferreira já tinha publicado no "Século Cómico", "Riso da Vitória", assim como publicará no "Diário de Lisboa", "Sempre Fixe"…
Nos anos vinte assumirá postos políticos, nomeadamente será Governador da Madeira, Governador Militar Interino de Moçambique, Governador Militar de Angola, mas com o Estado Novo andará em conflito, e sofrerá as consequências das suas liberdades de pensamento e expressão.


Saturday, March 21, 2020

Coronavirus, Angelita e Jacinto por SIRO LOPEZ IN VOZ DE GALICIA



Un dos contos máis conmovedores de Castelao fala de dous vellos que tamén tiveron mocidade, que casaron por amor e viviron amándose totalmente, sempre xuntos. Un día leváronlle o viático ao vello e o seguinte morreu. A compañeira dos seus días vestiuno, afeitouno e púxolle as mans en cruz.
Despois entraron catro homes e sacaron a caixa onde ía o morto. A vella saíu á porta da casa e coa voz amorosa dos días da mocidade, despediuse do seu compañeiro:
-¡Deica logo, Eleuterio!
E os veciños taparon as bocas e riron cos ventres. A despedida da vella foi rolando e chegou ao Casino, e o «deica logo Eleuterio» converteuse en motivo de risa. Todos, todos riron e ninguén se decatou da dor coa que a vella namorada chamará pola morte aquela noite.
Hoxe, 19 de marzo, morreu en Madrid, por infección de coronavirus, o meu amigo Jacinto. El e Angelita, a muller, tamén se coñeceron moi novos, casaron namorados e viviron un para outro. Xente boa, cordial, xenerosa, divertida, foron outros pais para a miña filla, compañeira da súa na universidade.
Jacinto tiña algún ano máis ca min, pero estaba ben de saúde; facía cada día longas camiñatas sen perder o folgo e, hai dúas semanas, nunha revisión rutinaria, confirmáronlle o bo estado do aparato respiratorio. Porén o coronavirus venceuno en pouco tempo. O luns ingresárono no hospital e hoxe, cando o fillo foi compartir con el os 30 minutos autorizados, dixéronlle que acababa de morrer. A Jacinto non o axudou a morrer Angelita, a compañeira dos seus días. Morreu so, como as máis das vítimas do coronavirus; na soidade arrepiante de quen non ve un rostro querido, de quen non sente a calor da man amiga. Porén, non é menos cruel a soidade da viúva. Non puido ver o cadáver, estar co cadáver, pensar e sentir ante o cadáver; despedilo, quizais, cun «deica logo Jacinto», que todos entenderían e non faría rir a ninguén. En Paseata arredor da morte, no capítulo titulado «A realidade comunicativa do cadáver», García-Sabell di que o morto é xa unha ausencia e, endebén, ante o cadáver do ser querido temos a convicción de que unha parte nosa, que estaba nel, vaise con el; pero tamén que unha parte súa queda en nós. Ese consolo non o puido experimentar Angelita, que, ademais, debe sufrir a anguria da perda do home, soa, confinada, sen o alento dos seus. Eis a verdadeira traxedia desta pandemia: unha nova enfermidade, unha nova morte, unha nova dor para as que, hoxe, non hai resposta.



Friday, March 20, 2020

Historia da arte da Caricatura de imprensa em Portugal 1920 por Osvaldo Macedo de Sousa


Durante a primeira década de republicanismo houve duas ditaduras, um 'regicídio', quatro revoluções grandes, muitas revoluções de bastidores, muitos ministérios e ministros. De Janeiro de 1920 a Março de 21 haverá sete ministérios…
Este ano de 20 foi o ano de uma série de exposições, hábito que só se desenvolveu com a República. Desta forma encontramos em Fevereiro uma exposição de Menezes Ferreira no Salão Bobone, com desenhos de humor de guerra, tema em que se especializou este humorista militar de carreira.
Em Março será a vez de Leal da Câmara, na Rua do Século, que abandonou o Porto, para se instalar definitivamente em Lisboa, tendo como profissão, não a de humorista de imprensa, mas a de Professor da Escola Industrial. Faz um contrato com os Móveis Olaio, passando a exercer a actividade de designer de interiores para aquela firma. O desenho, e a pintura fica como uma segunda via. De todas as formas vamos encontrando trabalhos seus na "Ilustração Portuguesa", "ABC a Rir", "O Século"…
Em Maio, expõem Jorge Barradas e o recém-chegado do "exílio", Almada Negreiro. Sobre o primeiro, escreve  a "Ilustração Portuguesa" (Maio): Jorge Barradas é um dos mais intensos e originais humoristas portugueses e que pela sua Arte tão femenil, tão aristocrática tão subtil ele tem um logar aparte e inconfundível na pintura humorística da nossa terra. Como Prejelean ele é o artista da mulher e sabe como ninguém fixar as suas mil e uma atitudes, todas as frivolidades do seu espírito, todas as graças, todas as perversões. Se Rafael Bordalo é o artista combativo da Sociedade Portuguesa, ironista e sarcasta sem temor, Barradas é o comentador dos ridículos e o anotador flagrante das visíveis passagens da fauna que a compõe.
Armando Ferreira, crítico do jornal "A Capital" (de 20/5) escreverá: Barradas tem uma técnica muito original, muito interessante que, só por si, bastaria para o tornar um consagrado em qualquer paíz de grande intensidade e desenvolvimento artístico. O seu traço não define linhas nem contornos, não dá a rigidez angulosa e fria das saliências bruscas; é um arame fino, contorcido, elegante, que origina as sombras, os efeitos, as expressões as mais cómicas, as mais deformadas, e sendo leve se cuaduna magnificamente à verve fina e mordaz das legendas que Barradas, espírito irónico da nossa pequena «Toute Lisbonne» coloca sob os seus desenhos.
Em relação a Almada Negreiros, o mesmo crítico A.F. escreve (de 27/5 in "A Capital"): Ali no Teatro de S. Carlos estão expostas umas dúzias de trabalhos de Almada Negreiros, filiado no género avançado das artes… e das letras.
O expositor é uma criança de 10 anos cujos primeiros desenhos e borrõesitos denotam alguma cultura e dão esperanças. Certamente que ao entrar na exposição ninguém irá procurara arte, desenho rigoroso sob qualquer forma a mais moderna, mas simplesmente os entretenimentos, as blagues, o divertimento de um colegial que anda ainda nos primeiros rudimentos da pintura.
Procurando bem, entre os bonecos, as sujidades de caixa de tinta barata que o jovem Almada Negreiros expõe pour epater - 15$00 cada folhinha de papel - encontrará o visitante de olhar mais lúcido uma meza - a do meio - onde uns trabalhos de 1915, 1914 denotam as qualidades, a técnica, o sentimento, a forma do jovem Almada Negreiros que nessa data, com mais alguns anos por cima dos que revela hoje, ainda tinha produções compreensíveis e até admiráveis. Deixou-se porém dessa banalidade e elevando, aprimorando o seu género é hoje aquela creança de cabelos negros que expõe… «A mulher com raiva a todas as creanças do prédio até ao 5º andar…e mais que houvesse», e outras «fumisteries» do autor do K4 O quadrado Azul.
Estiramentos, contorções, estilisações extremas que vão até ao cubismo de Picasso, ou aos rabiscos cheios de intuição do filho do meu porteiro, é esta a 2ª Descoberta de Portugal na Europa no séc. XX: a 1º foi por Amadeu de Souza Carneiro, na Liga Naval, com versos de Almada Negreiros.
A entrada é grátis e não vale contrariar.
É curiosa esta disparidade de crítica perante a obra de dois modernistas, como que houvesse um limite, uma fronteira para a irreverência estética. Em relação à referência errada do nome de Amadeo não sabemos se foi gralha tipográfica, ou ignorância do crítico.
Nestes anos de fim de década surge um novo artista em Lisboa, que reivindica ser discípulo de Cristiano Cruz, e que vem para se integrar neste núcleo residual artistas irreverentes, que teimosamente procuram colocar o nosso país no trilho da contemporaneidade plástica. Esse jovem artista é Bernardo Marques natural de Silves (21/11/1898). Vem para a capital em 1918 para a Faculdade de Letras, mas o ambiente do Chiado em breve fariam ressaltar o seu gosto e aptidões plásticas. Começa a publicar na imprensa em 1920, na "Ilustração Portuguesa", no "ABC"…. e expõe no III Salão dos Humoristas de Lisboa.
Parecendo um paradoxo, na realidade passados sete anos de silêncio, o Grupo dos Humoristas Portugueses, ou o que restava dele, e sua virtual sociedade, realiza um retardatário III Salão. Aqui se pode ver quão dispersas andavam as vontades dos artistas. Tanto o Porto em 1915, quando realiza o Salão dos Humoristas e Modernistas, como os outros Salões de Modernistas do Porto não se inserem numa continuidade do projecto de Lisboa. Nem este de 1920 em Lisboa toma em conta os realizados no Porto, e apresenta-se como o terceiro. Contudo as presenças em todos eles foram quase sempre dos mesmos.
Os Salões de Lisboa, tiveram grande impacto na história das nossas artes, sendo o segundo de melhor qualidade modernista, mas com menos impacto no público. Os do Porto de imediato procuram demarcar-se do Humorismo, para se imporem como modernistas, independente dos diferentes género plásticos apresentados.
Este de 20 intenta recuperar a linha original, contudo já perdeu o ‘comboio’ da irreverência, assim como perdeu toda a sua força reivindicativa de grupo profissional, para ser apenas uma mostra de trabalhos de artistas humoristas, ou próximos deles.
Sobre a sua preparação, temos uma entrevista de Armando Ferreira a pessoa não identifica, em "A Capital" de 27/5, e que nos esclarece: Anuncia-se para 5 de Junho a abertura da exposição dos Humoristas nas salas do belo palácio Foz (aqui em segredo no ex-Maxim's). A nota é excelente no nosso meio artístico: os humoristas! Mas esse Portugal onde os habitantes tem aquela expressão tão banalizada - tou-jours gais - não tivesse o seu punhado de artistas-humoristas, no género caricatura, no género blague, no género comentário que outro paíz melhor os havia de apresentar ?
Por isso a exposição constitue um novo facto no nosso mazombo meio. Um dos expositores, dos que pertence à comissão, apanhado na faina de congregar, mexer, movimentar toda essa bohémia que vai expor, cede ao suplicio duma entrevista… volante:
- Quando abre o certamen ?
- De 5 a 10 tem de abrir…
- Quem expõe dos nossos ?
- Mandou-se convite a todos os artistas novos, como Alberto Souza, Milly Possoz, Rey Colaço, M. Jourdain que, embora não humoristas são modernistas e…
- Mas seguros quem ?
- Até agora temos a certeza de Leal da Câmara, Emmérico Nunes, Jorge Barradas, Almada Negreiros, António Soares, Manuel Gustavo Bordallo Pinheiro, Ernesto Canto, Menezes Ferreira, Stuart Carvalhais, Valença, Cotinelli Telmo, Rodrigo Castañe, Rocha Vieira, Alfredo Cândido, Sanches de Castro, Amarelhe… Alguns já mandaram os trabalhos, tal o entusiasmo… outros continuam na indiferença e preguiça que são costumes dos antigos bohémios e artistas, esquecendo que a vida de hoje é muito diferente. A Hespanha há poucos anos não tinha caricaturistas. Basta dizer que o presidente dos humoristas hespanhois é… Leal da Câmara.
- A propósito de hespanhois. Consta que figuram na exposição…
- José Francez, esse bom amigo que Portugal tem em Hespanha, acha-se empenhadíssimo nessa representação. Ao convite que ha pouco tempo os nossos humoristas receberam para irem expor a Madrid com os artistas hespanhois, correspondeu-se agora convidando-os a cá virem.
E assim teremos cá, Ribas, colaborador de quasi todas as revistas hispano-americanas, Bartolozi, artista que os leitores da Esfera bem conhecem, Ki Hito, do Blanco y Negro, Robledano, do Nuevo Mundo, Tovar do Liberal; Sileno, do Blanco y Negro, Mari, da Esfera, etc.
/…/ - Quem está à frente da comissão ?
- O artista do Simplicissimus, Emmérico Nunes, cujos hábitos de trabalho o impunham a este espinhoso cargo. Foi sob o modelo da última exposição dos humoristas de Zurich que se elaborou o programa e condições da nossa nova exposição de humoristas.
Segundo palavras da auto-biografia de Emmérico houve uma tentativa de se realizar uma exposição luso-espanhola em Madrid, mas o único português que respondeu foi o próprio Emmérico, que mereceu então uma série de páginas elogiosas na imprensa espanhola, que reproduziu os trabalhos enviados. Em contra-resposta àquele convite, Emmérico pôs-se em campo para responder àquele convite, com realização semelhante, nascendo assim o III Salão dos Humoristas.
Afinal a exposição não se realizou no Palácio Foz, em local que o jornalista confidenciava pejorativamente ter sido o Maxim's, nem se inaugurou entre 5 e 10, mas a 1 de Julho nos Foyers do Teatro Nacional de São Carlos.
Apesar da maior nobreza do local, não teve grande repercussão mediática. Inclusive este Teatro, com a República foi castigado pelo sua vida nobiliárquica anterior. Após algum abandono, tentativas de ocupação pelo teatro declamado, só em 1919 conseguira reabrir as portas ao Teatro Lírico, numa luta pela sua reintegração no meio social de elite. Esta exposição surge ainda no âmbito de múltiplas ocupações não operáticas deste espaço.
Se os primeiros Salões, tinham como objectivo a defesa da arte nacional, e se denominaram dos Humoristas Portugueses, este terceiro Salão abre logo com uma extensa participação de artistas espanhóis, mais concretamente 14 artistas, todos residentes em Madrid. É , como já vimos uma reacção a um convite espanhol, assim como a uma nova visão internacional das artes, num universalismo que tanto o modernismo, como o futurismo reivindicavam. Havia também a presença de estrangeiros residentes em Portugal, como Adolfo Castañe, J. Blatte, Albert Jourdan, Jimmy Savin. Os portugueses participantes foram: Armando de Basto, Stuart Carvalhais, Emmerico Nunes, Domingos Rebelo, António Soares, Ruy Vaz, Ernesto do Canto, Norberto Correia, Almada Negreiros, João Maria (Arnaldo Ressano), Balha e Mello, Jorge Barradas, Leal da Câmara, Alfredo Cândido, Francisco de Castro, Hypolito Collomb, Christiano Cruz, Apeles Espanca, Martinho da Fonseca, Bernardo Marques, João de Menezes Ferreira, Ramos Ribeiro, Rocha Vieira, Sanches de Castro, Alberto Telles-Machado, Xico, Viriato Silva, José Pacheco, um conjunto de 237 peças nas vertentes de pintura, desenho, desenho humorístico, escultura, arquitectura e artes industriais.
Nós cremos que foi um fracasso de público, e de repercussão na imprensa, mas Emmérico Nunes nas sua auto-biografia diz  que à exposição, além da representação humorística, concorreram a ela pintores e escultores, arquitectos e ceramistas e obteve um grande êxito, tanto artístico como comercial.
Dos artistas anunciados na entrevista, denota-se a ausência de Manuel Gustavo Bordallo Pinheiro, cada vez mais afastado deste meio, muito doente, e que entretanto faleceria. Ausentes também Cottinelli Telmo, Francisco Valença e Amarelhe. Havia uma série de repetentes. Nesta exposição vamos reencontrar 17 dos participantes dos primeiros dois Salões de Lisboa, 12 dos quais com presença em todos eles, e 4 que estiveram em todas as exposições com a designação de Humoristas (12, 13, 15, 20). Novos aparecem nove nomes onde se destacam Arnaldo Ressano, e fundamentalmente Bernardo Marques.
Há frente da Comissão organizadora estava Emmérico Nunes, o veterano que já tinha estado na Exposição dos Livres (1911), e nos Humoristas de Lisboa e Porto. Outra figura importante, mas que se manteve sempre de bastidores, é Manuel Cardoso Martha, como Secretário Geral dos salões. Com obras presentes, mas ausentes do país encontramos Christiano Cruz (em Moçambique), Almada (em Madrid) e Hypolito Collomb (no Brasil). 
A 29 de Agosto, "O Século" inicia uma nova tira cómica da autoria de Rocha Vieira, chamada "As Fitas de Juca & Zeca", como substituto das Aventuras do Quim e manecas" de Stuart, que tinham desaparecido em 1918. Segundo António Dias de Deus, esta tira é uma das pioneiras "Daily Strips" europeias. Mais uma vez o nome de Acácio de Paiva, ou Belmiro surgem como autor de alguns, ou todos os argumentos
Rocha Vieira, de nome completo Alfredo Carlos da R.V. é açoriano, natural de Angra do Heroísmo (1883), viria para o continente ainda jovem. Estudou na Sociedade Nacional de Belas-Artes de Lisboa com os Mestres Casanova e António Ramalho, assim como com o Mestre Roque Gameiro. Os seus primeiros trabalhos gráficos surgem em 1907 em a "Paródia - Comédia Portuguesa", aparecendo depois em "O Sindicalista" (1913), "O Pai Lino" (1914), contudo a sua carreira artística desenvolve-se fundamentalmente em "O Século", para cuja empresa trabalhará 41 anos. Trabalhará em todas as suas publicações, sejam noticiosas, humorísticas, infantis, de moda, almanaques…Encontram-se trabalhos seus também no "Sports Ilustrado", "A Batalha", "A Renovação", "Europa", "Espectro", "ABC a Rir", "Sempre Fixe", "Diário de Notícias"…
No campo do humor gráfico, a sua presença é sentida pela quantidade de trabalhos, não pela qualidade, já que nunca passará de um académico, com um humor popular, sem grandes rasgos satíricos. Contudo os historiadores da Banda Desenhada destacam-no, principalmente como introdutor da tira diária de jornal (1920), da prancha dominical de jornal ("As proezas do Necas & Tonecas" 1922), e da H.Q. realista de continuação (1921).
Virias a morrer em 1947 (4/11) em Lisboa
Como já referimos, figura impar na história da BD, e da ilustração infantil é Stuart Carvalhais, que ao longo destes anos 20 terá diversos suportes editoriais onde publicar, como é o caso das revistas "A.B.Czinho", "Pim-Pam-Pum", "Tic-Tac", "O Sr. Doutor"… Nestas mesmas revistas vamos encontrar artistas como Cottinelli Telmo, Raquel Roque Gameiro, Bernardo Marques…
Neste ano morre Manuel Gustavo Bordallo Pinheiro, desaparecendo assim uma das últimas grandes figuras da segunda fase do humorismo português. Morreu doente, e esquecido, já que serão poucas as referências a este desaparecimento na imprensa, e nenhuma as homenagens.
Em 1927 Leal da Câmara ficará encarregue do seu elogio, aquando da inauguração da Aula de Desenho Ornamental com o seu nome na escola Industrial Fonseca Benevides. Dirá então : Falar de um artista é sempre grato ao nosso espírito mas, quando esse artista foi um querido amigo, um companheiro de lutas pela Arte, uma personalidade que teve semelhanças connosco sob o ponto de vista psíquico e profissiona1 e foi um professor cuja cadeira nós temos a grande honra de ocupar, já não é somente prazer o que sentimos pois falar desse artista torna-se um dever de gratidão e de respeito pela sua memória gentil.
/…/ Lembro-me do Manuel Gustavo da primeira época, cheio de vida e de mocidade, do tempo em que desenhava tudo e todos com aquele traço enérgico, rectilíneo, que se desenvolvia em linhas quebradas vigorosas e que, no seu conjunto representavam as charges mais hilariantes e inesperadas.
Esses desenhos, já nesse tempo contrastavam com a grafia nervosa e ligeira do pai Bordalo, pela audácia e pelo vigor bem próprios da sua exuberante juventude.
/…/ Seguindo e acompanhando seu pai, com a modéstia admirativa que foi uma das características da psicologia de Manuel Gustavo e que ele próprio definiu inconscientemente por uma forma jocosa, em uma legenda célebre posta ao baixo de uma sua auto-caricatura - a pior obra de meu pai!... - o nome de Manuel Gustavo não tomou, talvez, todo aquele valor que o seu talento merecia mas, no decorrer dos anos e já metido nesta dureza da luta pela vida e em frente das mil dificuldades que se apresentam a quem deseja vencer e trilhar caminhos inéditos, Manuel Gustavo começou a tomar conhecimento de si próprio, a libertar-se da pesada tutela artística de seu ilustre pai, a avaliar a sua própria força, a estudar o seu métier de professor, o seu oficio de desenhador e mais tarde o de ceramista em que foi verdadeiramente notável.
A sua curiosidade intelectual levou-o a procurar outras formas diferentes das que seu pai encontrara para o barro das Caldas sob a égide de Bernard Palissy.
Observador inteligente, Manuel Gustavo foi procurar, às formas clássicas, aquela beleza peregrina que foi bela, ainda o é e, estou certo, será bela eternamente.
/…/ Quando se fizer a história das artes decorativas em Portugal que é necessário não confundir com o estudo, estreitamente etnográfico das manifestações populares mas sim, com o culto e sensível desenvolvimento estético dessas bases tradicionais aplicadas aos utensílios complexos da nossa vida e do nosso conforto, estou certo que Manuel Gustavo será considerado como uma das pilastras desse esforço renovador na Arte Portuguesa que pretende tão somente conquistar um campo mais vasto e mais útil ao génio inventivo dos nossos artistas criadores.
Será talvez bastante o dizer que as obras de Manuel Gustavo, a linha directriz da sua existência, essa trajectória que nós todos descrevemos na ansiedade de perfeição e de perpetuidade, foram um exemplo de elegância e de beleza discretas e asseguraram a Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro não só a admiração dos seus contemporâneos, dos que o conheceram e estimaram, mas certamente, a adesão da própria posteridade que verá neste desenhador e ceramista um dos artistas típicos deste período de perturbação estética em que a arte procura novos horizontes, e novas expressões e representam esta sede ardente de beleza que está fervente na alma das gerações modernas.
A 10 de Setembro de 1931, o "Sempre Fixe" homenagea-lo-á, com um texto de Francisco da Silva-Passos:
S. MANUEL GUSTAVO
Santo sim ! Três vezes santo, pelo seu coração amantíssimo, pelo seu carácter impoluto, pela sua generosidade risonha para os humildes.
Meu querido, meu saudosíssimo Manuel Gustavo, companheiro constante e fiel, carinhoso, inimitável e inesquecível !
Revejo-te agora na minha retina saudosa, através das minhas lágrimas (que tu sabes sinceras) como da última vez. Depois da tua doença; magrinho, tremente, sorrindo com esforço - Tal qual como eu estou hoje !
/…/ Já sabem que Manoel Gustavo Bordallo Pinheiro nunca, a não ser doente com gravidade, um só dia deixou de dar aula na Escola Industrial de Rodrigues Sampaio, em que foi sempre ilustre, solícito e sábio professor, honrando, sem contesto, a sua arte, sob mais esse aspecto.
Mas de que falaríamos nós naqueles intermináveis colóquios nocturnos ?
Das nossas conquistas amorosas ? Dos nossos projectos de glória ?…
Eu talvez, de tempos a tempos, lhe anunciasse um projecto glorioso de poema heróico, e ao seu coração sempre jovem, sempre alegre, confiasse algum sonho de amor roseo evanescente… Ele nunca me falou senão … do Pai Raphael. « Meu pai, duma vez…» «Quando meu Pai publicou aquela página…» «Tu sabes que meu Pai, lá fora…»
- Ó Manoel Gustavo, mas morto teu Pai, deves mostrar quanto vales…
- Eu só valho a obra de meu Pai.
E foi toda a sua vida ! O culto do Pai, o grande, o genial Raphael Bordallo, o amor da Mãe e da Irmã, a devoção de conservar a Fábrica das Caldas.
Manoel Gustavo viveu a  esconder-se, contente e orgulhoso, detráz da figura brutal de Raphael. Mas era um grande artista; um formidável desenhista; e foi um ceramista ilustre e um renovador.


III International Competition of Satirical Drawing «DZHMELYK»



 
III International Competition of Satirical Drawing «DZHMELYK»

Dolyna, Ukraine, 2020
The founder: Dolyna City Council.
Organizers: CI «The City Center of Culture, Sport and Tourism» of Dolyna
City Council, Ukraine Association of Cartoonist.

1.    The Competition can be attended by citizens of Ukraine, foreigners, stateless persons. Participation in the Competition is free.
2.    Competition is held in the following age categories:
Category I (from 7 to 11 years old);
Category II (12 to 17 years old)
Category III (17 years and older)
3.    Theme of work: bumblebee, bee, wasp, bee products and others.
4.    The winners of the Competition will be awarded with prizes and monetary rewards. Prize fund of the Competition is 40 thousand hrn. The organizer may assign additional prizes in any form or quantity determined by him.
5.    To participate in the Competition, the competitioner fills in the Entry Form and sends the work. The works are accepted in two variants on a choice:


original versions of the handwritten drawing or qualitative copies on a dense
paper at the address:

«Dzhmelyk»
Dolyna city council
5 Prospect Nezalezhnosti,
Dolyna, Ivano-Frankivsk region,
Ukraine 77504


   by e-mail:  contestdolyna@gmail.com
 
 
 
Necessarily! For an electronic version the title of the file has to be next:
 
surname → space → country → space → work number
 

6.    A competitioner can submit no more than 3 works, on a sheet of paper from A4 to A3. For the electronic version: A4 format, RGB color concept, 300 dpi resolution, maximum file size up to 3 MB.
7.    The deadline for submitting works is    May 20, 2020. 
8.    Each work (original or copy) must be described in reverse way as follows: surname, name and address of the author, year of birth, telephone or electronic contact, optional work title. Also, with the drawings, the participant's Entry Form  must be sent  in printed or electronic form (if the work was sent by e-mail).
9.    The submitted work must be authored. The participant accepting the terms of this Regulation confirms that he is the author of the work he sent and has the right to his unlimited copyright and related rights to use and dispose of the work submitted.
10.  Works submitted to the Competition that do not meet the conditions set forth in this Regulation will not be included in the Competition. Also, works that promote violence, religious and ethnic hatred are not allowed to the Competition.
11.  Submissions will be evaluated according to the following main criteria:
- having a sense of humor;
- interesting plot;
- creative approach;
- technique of execution;
- conformity of works to the subject of the Competition.
12.  The quantitative and personal composition of the jury is determined by the organizer, approved by the mayor's decree. The jury selects works for the exhibition and defines the winners of the Competition in three age categories. The jury's decision is final and can not be appealed.
13.  The organizers of the contest provide catalog printing. Each participant of the Competition, whose work is included in the number of selected works of the winners, will receive a catalog of the Competition.
14.  The winners of the Competition will be announced and awarded during the Festival of Humor «Vesela Kopytcya» on July 7, 2020. The selected works will be exhibited in The Dolyna Regional Museum of Tetyana and Omelan Antonovych «Boykivschyna» (Dolyna, Chornovola St., 2a).
15.  This Regulation is the only document that determines the conditions of the Competition. Changes and additions to this Regulation are made in the order of its adoption. 
16.  The organizers of the Competition reserve the right to use works in conducting further exhibitions, to prepare and publish informational materials, printed products (catalogs, calendars, booklets), publications on the competition, etc. in the media and on the Internet. The organizers are obliged to provide the corresponding reference to the author of the work in any public reproduction of the works of the participant.
17. E-mail for help: dmckst@gmail.com
Tel.: +38 (050) 6405330 - Galyna Kurus, Director of the Organizing Committee of the Competition.
http://rada.dolyna.info
Dolyna city council, Nezalezhnosti ave. 5, the city of Dolyna, Ivano-Frankivsk region. Ukraine 77504

конкурс сатиричного рисунку «Джмелик»

III competition satirical drawing "Dzhmelik"

м. Долина, Україна, 2020 рік
Dolyna, Ivano-Frankivsk region, Ukraine 2020


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